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AULA 1 Vamos iniciar trabalhando alguns conceitos relacionados com a matemática financeira, conceitos básicos que permitem entender o funcionamento do dinheiro no tempo. Os recursos financeiros, quando aplicados, rendem juros, que é a remuneração por deixarmos o dinheiro em uma instituição financeira, por exemplo. No entanto, eles também sofrem impactos com a inflação, pois quando projetamos um fluxo de caixa futuro, os montantes de lucros projetados são impactados pela inflação. Isso equivale dizer que o mesmo montante, se comparado hoje a daqui um ano, não possui o mesmo poder de compra. É o efeito inflacionário!!! Todos esses aspectos devem ser analisados quando realizamos projetos ou investimentos. Para nos aprofundarmos nos cálculos, é necessário destacar alguns conceitos: CAPITAL: É qualquer valor expresso na moeda corrente de um país e disponível para uma operação financeira (CASTANHEIRA, MACEDO, 2008, p. 14). É o montante ou quantia existente no instante inicial da operação financeira. Pode aparecer também como valor presente, valor atual, principal. O capital também é tratado na matemática financeira como Valor Presente (PV = Present Value) e o montante como Valor Futuro (FV = Future Value). TEMPO: Também chamado de período, prazo, número de períodos. Corresponde ao tempo que determinado capital ficará aplicado ou, ainda, à quantidade de parcelas ou períodos de capitalização. JUROS: É o valor (remuneração) que o capital receberá pelo tempo que ficará aplicado. Mas também pode representar a remuneração do capital que é utilizado nas atividades da empresa. O cálculo dos juros é realizado com a aplicação de uma taxa sobre o capital empregado, pelo tempo da operação. MONTANTE: É o valor do capital inicial acrescido dos juros, calculados de acordo com o período de tempo da operação. É conhecido como o valor futuro do capital. OBSERVAÇÃO : Os cálculos que seguirão como exemplos nas questões de matemática financeira utilizam todas as casas decimais. No texto, em função do espaço, aparecem somente 4 a 5 casas após a vírgula, mas o cálculo foi desenvolvido com a utilização de todas as casas possíveis. Se por acaso você for refazer os exemplos e não chegar exatamente no valor, não se assuste! Refaça a questão com todas as casas após a vírgula, não somente as 4 ou 5 casas que aparecem no texto da resolução das questões. Juros Simples e Compostos O cálculo dos juros pode ser pela Capitalização Simples ou Composta, conhecidos como Juros Simples e Juros Compostos. Juros Simples A taxa de juros incide somente sobre o capital inicial, não incidindo sobre os juros acumulados no período (VIEIRA SOBRINHO, 2008, p. 21). Os juros calculados não são somados ao capital para se calcular os próximos juros. A equação para o cálculo dos juros simples é: Para os exemplos apresentados, iremos utilizar Vieira Sobrinho (2008) e Castanheira e Macedo (2008). Vamos ver um exemplo: qual é o valor do juro obtido por um investidor que aplicou R$12.500,00 pelo período de 40 dias, a uma taxa de juros simples de 1,8% ao mês? Mas antes de aplicarmos a fórmula, precisamos deixar o tempo e os juros na mesma base, ou em dias ou em meses. Dividindo 1,8% ao mês por 30 dias, temos 0,06% ao dia. Ao utilizar uma taxa na fórmula, é preciso dividir por 100 = 0,06 / 100 = 0,0006. Agora sim: Se quisermos calcular o montante, usa-se a equação: Em alguns cálculos, a variável que precisamos calcular é o Capital, o tempo ou os juros. Nesse caso precisamos adaptar o cálculo, vejam o exemplo: qual será a taxa mensal de juro simples que fará um capital de R$ 200.000,00 formar um montante de 272.000,00 daqui a 12 meses? OBS: também é possível calcular a taxa utilizando = i = J / C . n Juros Compostos Um empréstimo é contratado a juros compostos quando, no final de cada período, os juros devidos são pagos ou incorporados ao capital. Se forem incorporados ao capital, os próximos juros incidirão sobre o capital e os juros incorporados (HUMMEL, TASCHNER, 1995, p. 35). Usa-se a equação: E o montante é calculado com: No juro composto, o valor do juro calculado em um período incorpora ao capital. Os novos juros são calculados sobre o novo valor. Exemplo: Exemplo: qual será o valor do juro correspondente a um empréstimo de R$15.000,00 pelo prazo de um ano, a uma taxa de juro composto de 2,5% ao mês? Em alguns casos, é solicitado capital, a taxa de juros ou o período. Nesse caso podemos usar as seguintes fórmulas: OBS: para a resolução das fórmulas pode ser utilizada calculadora financeira ou o Excel para os cálculos. Exemplo: a que taxa de juro composto devem ser emprestados R$35.000,00 para, em oito meses, obtermos um montante de R$42.000,00? i = 0,02305 x 100 = 2,30% ao mês de juro Tema Taxa de Juros Efetiva e Nominal A taxa nominal ocorre quando a taxa de juros é calculada em um determinado período, por exemplo anual, mas a capitalização dos juros é mensal. O período de referência dos juros é diferente do período de capitalização da taxa. A taxa efetiva ocorre quando o período de tempo de referência da taxa é igual ao período de capitalização dos juros. É a taxa real da operação. Para o cálculo dos juros compostos e montantes, é utilizada a taxa efetiva. Se a taxa estiver nominal, pode-se transformar a mesma em taxa efetiva, dividindo-se pelo período de meses da taxa de capitalização. É a taxa proporcional ao período efetivo. Exemplo: se a taxa for de 24% ao ano com capitalização mensal, a taxa efetiva será de 2% ao mês. Taxas Equivalentes Duas ou mais taxas são equivalentes se, ao mantermos constantes o capital e o prazo de aplicação do capital, o montante resultante da aplicação for o mesmo, quaisquer que sejam os períodos de capitalização (CASTANHEIRA, MACEDO, 2008, p. 58). Como exemplo, vamos utilizar uma taxa de 24% ao ano com capitalização mensal, que é diferente da taxa de 2% ao mês pela capitalização dos juros compostos. Para que as taxas sejam equivalentes, devem produzir o mesmo montante no final do período. Na qual: Exemplo: taxa anual de 12% para taxa mensal (taxa equivalente). OBS: um ano tem 12 meses = 1/12. Se fosse de mês para anos = 12/1. Exemplo: determine a taxa trimestral equivalente a uma taxa de juro composto de 36% ao ano. OBS: um ano tem 4 trimestres = 1/4. Se fosse de trimestre para anos = 4/1. Fluxo de Caixa Antes de iniciar sobre séries de pagamentos, vamos entender sobre Fluxo de Caixa, sua disposição gráfica. Fluxo de Caixa é uma sucessão de recebimentos ou de pagamentos, em dinheiro, previstos para determinado período de tempo (VIEIRA SOBRINHO, 2008, p. 64). A seguir estão relacionadas entradas e saídas de uma empresa, no primeiro semestre do ano: Graficamente, o fluxo de caixa líquido é assim representado: Se houverem valores negativos, saídas de caixas, a seta estaria apontada para baixo. Efeitos inflacionários Inflação é o aumento generalizado dos preços. A inflação precisa ser considerada em cálculos financeiros, para se apurar qual é a taxa de juros global e a taxa de juros real. Vamos ver cada uma dessas taxas: a) Taxa de Juro Global Algumas modalidades de cálculos levam em conta um indexador (para levar em conta a inflação nos cálculos financeiros) e uma taxa de juros.É a correção monetária para compensar o efeito inflacionário nos preços. Exemplo: o rendimento da caderneta de poupança é determinado pela Taxa Referencial (TR), acrescido de 0,5% ao mês. A TR é utilizada para compensar os efeitos inflacionários e a taxa de 0,5% ao mês é o ganho proporcionado pela poupança. A equação para determinar a taxa global é a seguinte: Onde i global = é o rendimento total da taxa da operação (não é a soma das taxas). b) Taxa de Juro Real Taxa de Juros Real é a taxa efetiva, após excluídos os efeitos inflacionários. É o ganho real proporcionado por determinada aplicação, após excluídos os efeitos da perda monetária pela inflação. É determinado pela equação: Exemplo: vamos supor que, em determinado período, uma roupa sofreu os seguintes aumentos 1º - 2% 2º - 4% 3º - 7% Vamos comparar com a inflação do período, que foi de: 1º - 2% 2º - 3% 3º - 5% a) Qual foi a taxa de aumento global do período? b) Qual foi a taxa de aumento global da Inflação do período? c) Qual foi a taxa de aumento real do período? Tema Série de Pagamentos Consiste em uma série de pagamentos ou desembolsos, em períodos diferentes. Castanheira e Macedo (2008, p. 92) classificam uma série ou renda de acordo com quatro parâmetros. Quanto ao prazo Temporária, quando a duração é limitada. Perpétua, quando a duração é ilimitada. Quanto ao valor Constante, quando todos os pagamentos ou recebimentos, ou saques ou depósitos têm valores iguais; Variável, quando os pagamentos ou recebimentos, ou saques ou depósitos não têm todos os valores iguais. Quanto à forma Imediata, quando o primeiro pagamento ou recebimento, ou saque ou depósito ocorre no primeiro período, podendo ser: postecipado, quando a ocorrência é no final do período, ou seja, sem entrada; ou antecipado, quando a ocorrência é no início do período, ou seja, com entrada (considerando essa entrada igual às demais parcelas); Diferida, quando o primeiro pagamento ou recebimento, ou saque ou depósito não ocorre no primeiro período, havendo, portanto, um prazo de carência, podendo ser: postecipado, quando o primeiro movimento ocorre um período após o término da carência ou diferimento; ou antecipado, quando o primeiro movimento coincide com o final de carência ou diferimento. Quanto à periodicidade Periódica, quando a periodicidade entre os pagamentos ou recebimentos, ou saques ou depósitos é igual; Não periódica, quando a periodicidade entre os pagamentos ou recebimentos, ou saques ou depósitos não é igual entre as parcelas. Quando uma série uniforme é simultaneamente Temporária, Constante, Imediata Postecipada e Periódica, temos um Modelo Básico de Renda. Para calcular séries de pagamentos e recebimentos iguais com termos vencidos (postecipados), as equações a seguir devem ser utilizadas: • Fator de Valor Atual: quando se tem as prestações e quer calcular o capital atual. As prestações são denominadas de P: Exemplo: um automóvel é anunciado em 36 prestações mensais iguais de R$1.499,00, sendo que o primeiro pagamento será em 30 dias. Determine o preço à vista deste automóvel, sabendo que a loja cobra 1,99% ao mês de taxa de juro. • Fator de Recuperação de Capital: quando se tem o valor do capital e quer se calcular as prestações: Exemplo: um automóvel cujo preço à vista é de R$54.356,00 deverá ser financiado em 36 parcelas mensais e iguais, sendo o primeiro pagamento em 30 dias, à taxa de juro de 2,99% ao mês. Determine o valor das prestações. • Fator de Acumulação de Capital: quando se tem o valor das prestações e se quer calcular o montante final (futuro): Exemplo: uma empresa buscando manter um bom relacionamento com seu banco efetuou 38 depósitos mensais de R$ 5.000,00 na instituição financeira. Sabendo que a taxa mensal de juro é de 3% ao mês, qual é o saldo à disposição da empresa após o último depósito? • Fator de Formação de Capital: quando se tem o valor do montante final (futuro) e se quer calcular as prestações: Exemplo: qual é a quantia que devo depositar no final de cada mês, durante dez anos, para constituir o montante de R$1.000.000,00, se a taxa de juro é de 2% ao mês? Em algumas séries a primeira parcela acontece no momento da operação, no momento zero, corresponde à renda antecipada. É dada uma entrada do mesmo valor das demais parcelas. Nesse caso utilizamos a fórmula: Para Saber Mais: Existem alguns sites que podem auxiliar, principalmente quando precisamos fazer rapidamente alguns cálculos, disponibilizando calculadoras para os mesmos. Seguem alguns links, clique nos botões: SAIBA MAIS SAIBA MAIS Agora que você já está por dentro do assunto, não deixe de acompanhar as explicações do professor Guilherme, no vídeo a seguir: • Fator de Formação de Capital: quando se tem o valor do montante final (futuro) e se quer calcular as prestações: Exemplo: qual é a quantia que devo depositar no final de cada mês, durante dez anos, para constituir o montante de R$1.000.000,00, se a taxa de juro é de 2% ao mês? Em algumas séries a primeira parcela acontece no momento da operação, no momento zero, corresponde à renda antecipada. É dada uma entrada do mesmo valor das demais parcelas. Nesse caso utilizamos a fórmula: Tema Descontos simples e compostos Desconto é um abatimento concedido ao devedor pela antecipação do pagamento de um título. Também é dado desconto quando um título é resgatado antes do vencimento. No desconto o valor futuro do título é conhecido e se quer determinar o atual valor do título, a diferença representa o desconto na operação. O desconto é aplicado sobre o montante ou valor futuro. Desconto Simples (ou Bancário ou Comercial) A taxa de desconto é aplicada sobre o montante ou valor futuro. O desconto comercial é calculado sobre o valor da dívida no seu vencimento. A equação para seu cálculo é: Exemplo: uma empresa pretende saldar um título de R$3.900,00 três meses antes do seu vencimento. Sabendo que a taxa de juro simples corrente é de 24% ao ano, determine o desconto comercial que vai obter e que valor ela deve pagar. OBS: taxa de 24% ao ano / 12 meses = 2% ao mês D = 3.900 . 0,02 . 3 = R$234,00 Para se obter o valor do título (valor presente, sem o desconto), é necessário diminuir o valor do Desconto (D) do Montante do título (M) = Valor presente = M – D OU Valor Presente = M . (1 – i . n) Exemplo: uma dívida de R$3.000,00 foi paga quatro meses antes do seu vencimento, a uma taxa de desconto comercial simples de 2,5% ao mês. Qual foi o valor líquido pago pela dívida? Valor Pago = 3.000 . (1 – 0,025 . 4) = 3.000 . (1 – 0,1) = 3.000 . 0,9 = R$2.700,00 Desconto Composto De acordo com Vieira Sobrinho (2008, p. 55), o desconto composto é aquele em que a taxa de desconto incide sobre o montante futuro, deduzido dos descontos acumulados até o período imediatamente anterior. A taxa de desconto incide, no primeiro período, sobre o valor futuro do título, no segundo período, sobre o valor futuro do título menos o valor do desconto correspondente ao primeiro período, e assim sucessivamente. Sua fórmula é: xemplo: determine o desconto comercial composto de um título de R$40.000,00 que vencerá daqui a um ano, supondo uma taxa efetiva de desconto igual a 1,8% ao mês. Para se calcular o valor dotítulo, com uma taxa de desconto comercial composto: Exemplo: um título de R$27.000,00 é descontado oito meses antes do seu vencimento, pela taxa de desconto de 1,5% ao mês. Qual é o valor pago pelo título, considerando o desconto composto calculado? Tema Sistemas de Amortização de Dívidas Amortização de dívidas corresponde aos pagamentos periódicos para a quitação das mesmas. O pagamento compreende a devolução do capital e os juros incidentes no empréstimo. Os dois principais sistemas de amortização são: a) Sistema de Prestação Constante (SPC); b) Sistema de Amortização Constante (SAC). Sistema de Prestação Constante (SPC) É conhecido também por Sistema Francês de Amortização ou Sistema Price. O valor de cada prestação é composto de juros e de uma fração do capital. Nesse sistema a amortização de uma dívida é realizada em prestações periódicas, iguais e sucessivas. O valor das prestações é constante em todos os períodos. Os juros são maiores nas prestações iniciais e menores nas prestações finais, pois a taxa de juros é aplicada sobre o saldo devedor. A seguir é apresentada uma figura demonstrando como se compõem os valores da parcela: Figura 01 – Representação da composição das prestações no Sistema de Prestação Constante Vamos analisar um exemplo: calculando os valores das parcelas de juros e a amortização de um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, a ser liquidado em 5 prestações mensais e iguais, considerando a taxa de juros de 3% ao mês. Cálculo das prestações: Tabela 1 – Composição dos valores dos juros e amortização pelo Sistema de Prestação Constante Sistema de Amortização Constante (SAC) Neste sistema a amortização da dívida (não a prestação) é constante. No Sistema de Amortização Constante, o valor das prestações apresenta-se decrescente e formado por parcelas do capital mais os juros. Figura 02 – Representação da composição das prestações no Sistema de Amortização Constante Vamos analisar um exemplo, calculando os valores das parcelas de juros e a amortização de um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, a ser liquidado em 5 prestações mensais, considerando a taxa de juros de 3% ao mês. Tabela 2 – Composição dos valores dos juros e amortização pelo Sistema de Amortização Constante O valor da amortização é sempre o mesmo (R$ 2.000,00), fazendo com que os juros sejam menores que no SPC, se comparado o total de juros calculados durante o período. As prestações são maiores no início, se comparado ao SPC, mas depois vão reduzindo, pois o saldo devedor é amortizado mais rapidamente.
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