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Universidade Federal do Maranhão Departamento de Oceanografia e Limnologia Curso de Oceanografia Disciplina de Ictiologia Professor: dr. Jorge Luís Silva Nunes Alunos: Ana Paula Chaves Silva Gabriel Silva dos Santos RELATÓRIO DE AULA: SISTEMAS São Luís 2016 Introdução A ictiologia é a ciência que estuda os peixes, esse termo é derivado do grego (ichthyo = peixes + logos = estudo); os peixes são um dos grupos com maior número de espécies viventes, tem morfologias e cores variadas, com inúmeras adaptações que favorecem quase todos os tipos de estratégias de alimentação e reprodução, são vertebrados aquáticos e possuem a capacidade de fazer variar sua temperatura corporal de acordo com a do meio ambiente (PECILOTERMOS). Respiram por meio de trocas gasosas com o meio, promovidas geralmente pelas brânquias. Embora tenhamos conhecimento de que os peixes não são de um grupo monofilético, os peixes exibem a maior diversidade de espécies do que qualquer outro grupo de vertebrados, possuem mais de 31.000 espécies e representam aproximadamente 50% das espécies de vertebrados existentes (conhecidas), isso porque seu habitat (oceano, lagos e rios) correspondem a quase ¾ da área do nosso planeta. Suas formas variam de acordo com as condições ambientais em que vivem sendo a mais comum a fusiforme (sofre pouca resistência da água à locomoção). Quase sempre apresentam simetria bilateral e se locomovem em sentido longitudinal, sendo que nadadeira caudal funciona como principal apêndice locomotor. Em relação ao tamanho, os maiores podem atingir até 20 metros, como o tubarão-baleia; e os menores, não mais que alguns centímetros (Moreira. H. L. M; 2001). Existem três grupos principais de peixes atuais, cada qual vindo de um caminho evolutivo diferente, o grupo mais primitivo inclui os peixes sem mandíbula, as Classes Myxini (peixes-bruxa) e Petromyzontida (lampreias) originadas há mais de 500 milhões de anos. O grupo dos peixes ósseos inclui a Classe dos Sarcopterygii, a mais primitiva com registros há 410 milhões de anos, inclui os peixes celacantos e os pulmonados e a Classe Actinopterygii, mais recente (250 m.a.) e diversa, a esta classe pertencem todos os peixes com raios nas nadadeiras (Bemvenuti M. A. & Fischer L. G.;2010). Há ainda a Classe dos Chondrichthyes que inclui tubarões, raias e quimeras; são predadores ativos que sofreram modificações ao longo do tempo desde sua origem há 440 milhões de anos, tiveram seu ápice em diversidade no Devoniano e no Carbonífero e seu declínio no Permiano (251 m.a.).Em sua maioria são marinhos com aproximadamente 1200 spp. sendo ~30 spp. dulcícolas e 165 epécies spp. marinhas registradas no Brasil (Rosa, R.S. & Gadig, O.B.F. 2014). Sua maior característica é o esqueleto formado por cartilagem e são derivados de peixes que possuem essa estrutura formada por ossos – por isso os esqueletos cartilaginosos são ainda considerados uma sinapomorfia – e essa diferença de composição, permite uma maior leveza da sua massa corporal em um todo além de possuírem o corpo coberto por escamas placóides que diminui o atrito com a água apesar de alguns possuírem hábitos bentônicos, mas aos pelágicos isso possibilita uma maior agilidade. Tais fatores juntos contribuem para a redução do gasto energético, o que é muito importante para a sobrevivência dos tubarões por exemplo que nadam constantemente para manter ativo o seu sistema respiratório, são animais que possuem uma boa diversidade de especializações como a capacidade de predação bem desenvolvida, mecanismo peculiar de osmorregulação, estruturas de percepção sensorial bem elaboradas além de diversas estratégias reprodutivas. Justificativa: A escolha do tema foi dada mediante a vontade de aprofundar os conhecimentos sobre os sistemas de peixes cartilaginosos pois o estudo da morfologia é importante para entender o comportamento desses animais e assim definir melhores medidas efetivas de conservação. Aspectos Específicos SISTEMAS SISTEMA RESPIRATÓRIO Os elasmobrânquios possuem de 5 a 7 pares de fendas brânquias, sendo elas posicionadas, normalmente, na lateral do corpo dos tubarões, após a boca, variando de espécies, pode terminar antes ou chegar até o meio da primeira barbatana dorsal e na parte ventral das raias e um par de abertura não respiratórias, o espiráculos, localizados pouco atrás dos olhos. Para a entrada da agua os peixes abrem a boca para a entrada de agua que será direcionada para as fendas branquiais pelo canal orobranquial, entrando em contato com a os filamentos branquiais na lamela onde ocorrem as trocas gasosas e o oxigênio é absorvido para a corrente sanguínea e transportado para o coração enquanto uma água rica em dióxido de carbono é expelida para o ambiente pelas fendas branquiais, a maioria dos tubarões necessitam nadar continuamente com a boca aberta para manter o fluxo de água, quanto mais rápido é esse fluxo de agua, mais eficiente é essa oxigenação algumas espécies possuem a capacidade de realizar um movimento de sucção, abrindo e fechando a boca em posição de descanso para manter a entrada de água, já na maioria das raias a entrada da água ocorre pelos espiráculos por serem de maioria bentônicas e a boca ficar em contato com o sedimento, a direção para qual o sangue corre é oposta o fluxo da água visando um maior aproveitamento do oxigênio. Figura 1 - Entrada e Saída de água Sistema Circulatório Os chondrichtyes como todos os outros peixes, possuem o sistema circulatório fechado no qual o sangue nunca sai da rede de vasos sanguíneos composta por veias, artérias e capilares; é o responsável, através do transporte do sangue, pela distribuição, condução e remoção de substancias dos vasos para o tecido do corpo, é essencial esse tipo de comunicação (vasos sanguíneos/tecidos do corpo). O sistema circulatório é simples, o sangue é bombeado pelo coração, circula pelas brânquias – onde é oxigenado no processo de entrada de água devido a função de absorção de oxigênio das brânquias – pelos capilares do corpo, voltando ao coração no final do ciclo. Portanto o coração dos chondrichthyes é composto por uma única bomba com duas câmaras cada uma com apenas uma cavidade, um átrio e um ventrículo, pelo coração só passa o sangue venoso pois ele provém do corpo e não das brânquias – sangue rico em CO2 – antes de chegar ao coração. O sistema circulatório é composto por um coração responsável pelo bombeamento e condução do sangue pela rede de vasos sanguíneos que por sua vez é composta por veias (vasos sanguíneos que levam sangue em direção ao coração); artérias (carregam o sangue a partir dos ventrículos do coração para todas as partes do corpo); arteríolas (vasos sanguíneos de dimensões pequenas que resultam das ramificações das artérias); capilares (vasos sanguíneos com formas de tubo de pequeníssimo calibre, constituem a rede de distribuição e recolhimento de sangue nas células) e vênulas (pequenos vasos sanguíneos que fazem o sangue pobre em oxigênio voltar dos capilares para as veias, participam nos intercâmbios entre os tecidos e o sangue e também nos processos inflamatórios, podem influencias o fluxo de sangue nas arteríolas através da produção e secreção de substancias vasoativas e difusíveis). Sistema Excretor O sistema excretor dos chondrichthyes é formado por um par de rins do tipo mesonéfrico (série de túbulos renais enrolados) queficam localizados acima do celoma em cada lado da aorta dorsal, esses órgãos são importantes para a filtração do sangue, formação da urina e eliminação dos excretas; a urina de cada rim é coletada por uma série de tubos segmentares que se reúnem no ureter (tubo pelo qual a urina é propelida através de movimentos de contração por peristalse) que se dirigem para trás, desembocam por uma papila urogenital única, situada dorsalmente na cloaca – órgão comum no sistema digestório, excretor e reprodutivo – onde a ureia eliminada; uma característica interessante dos chondrichthyes é que como são em sua maioria animais marinhos, eles mantem alta concentração de ureia no sangue o que é muito importante para manter o equilíbrio osmótico e evitar a perda de agua para o meio por osmose. Como as aves marinhas os elasmobrânquios possuem um órgão excretor acessório que auxilia na excreção de sal. A glândula retal é composta por diversos túbulos rodeados por capilares. Cada túbulo é composto por um único tipo de célula epitelial; como outras células epiteliais de transporte, as células tubulares da glândula retal possuem muitas mitocôndrias e invaginações basolaterais, semelhantes a microvilosidades, que aumentam a área de superfície para a troca de íons com o sangue. Os túbulos são capazes de transferir NaCl do sangue para o lúmem tubular. Embora a osmolaridade das secreções tubulares seja semelhante à do plasma, as secreções possuem uma concentração muito maior de NaCl, pois a ureia é retida no sangue. Dois mecanismos independentes são responsáveis pelo movimento transepitelial de Na+ e Cl-. As células tubulares epiteliais transportam ativamente o Cl- do sangue através de transporte transcelular ao passo que Na+ se move entre as células tubulares epiteliais do sangue para o lúmem tubular através de transporte paracelular. O processo de transporte realizado pelo epitélio tubular funciona de forma semelhante ao das células de cloreto das brânquias dos teleósteos e das glândulas de sal das aves utilizando uma combinação entre o NKCC, a Na+/K+- ATPase, os canais de K+ e os canais apicais de Cl-. A principal fonte de entrada de Cl- nas células epiteliais é o NKCC. Os movimentos de entrada de Na+ e de K+ são revertidos pela ação dos canais de K+ basolaterais e da troca de Na+ e K+ através da Na+/K+-ATPase. Uma vez que Cl- entra no citoplasma da célula epitelial, ele pode escapar através da membrana plasmática apical por canais de Cl-. A glândula retal também é um local de excreção de Na+ que se move entre as células, do liquido intersticial para o lúmem do túbulo. Esse transporte paracelular é direcionado pelo potencial eletroquímico transepitelial. A secreção de sal pela glândula retal ocorre em pulsos após um tubarão ter enfrentado uma sobrecarga de sais através da ingestão de água ou de alimento rico em sais. As perturbações osmóticas desencadeiam a liberação de hormônios que estimulam a secreção da glândula retal. As alterações na osmolaridade e no volume de sangue estimulam a liberação de peptídeo atrial natriurético pelo coração. Nos tubarões a liberação desse peptídeo desencadeia liberação de um hormônio neuroendócrino, o peptídeo intestinal vasoativo (VIP vasoactive intestinal peptide). Quando o VIP se liga ao seu receptor acoplado a proteína G, ele ativa a adenilato-ciclase, aumentando a síntese de cAMP, que ativa a proteína-cinase A (PKA protein kinase A). O principal alvo da PKA neste processo é o próprio canal de Cl- apical; a fosforilação abre o canal. A PKA também pode afetar o tráfego intracelular, gerando de mais canais de Cl- até a membrana apical para aumentar ainda mais a condutância do Cl-. Embora as alterações da concentração do Cl- provavelmente direcionem este processo, a atividade do NKCC também é durante a estimulação da secreção de sal. O efluxo de Cl- gera uma diminuição reguladora no volume celular e nos níveis citoplasmáticos de Cl-. As alterações no volume celular desencadeiam a fosforilação de NKCC, que normalmente está inativado na membrana basolateral. Embora as proteína-cinases exatas que fosforilam o NKCC ainda não tenham sido estabelecidas, a PKA não está envolvida. Estas proteína-cinases, sejam quais forem suas naturezas, também devem ser ativadas através de fatores hormonais ou neuroendócrinos (Moyes C.D. & Schulte P.M. 2010). Sistema digestório Os tubarões, em sua maioria, possuem dentes pontiagudos que permitem agarrar e cortar presas grandes, podem haver várias fileiras de dentes e esses não são fixados em suas maxilas com crescimento continuo da última fileira até a primeira, possibilitando uma troca constante de sua dentição à medida que vai perdendo, já nas raias, pela maioria possuir hábitos bentônicos os dentes são achatados, parecidos com placas utilizados para abrir carapaças e conchas de moluscos e crustáceos Possuem um esôfago curto e largo, com algumas saliências para evitar que parte do alimento escapes quase não se diferencia do estomago, estes possui formato em “U”, é cheio de rugas que permitem que a dilatação para acomodar um maior número de comida, possuem glândulas secretoras que secretam ácidos e enzimas digestivas fortes que quebram o ossos e amaciam o que foi ingerido, partes que não podem ser digeridas são regurgitadas, passando para o intestino que é curto porem tem uma grande área de absorção em decorrência do seu formato em espiral, apenas uma papa liquida adentra essa estrutura onde ocorre a absorção de nutrientes e distribuído para a circulação sanguínea. Sistema sensorial Visão A muito tempo acreditava-se que os elasmobrânquios possuíam uma visão ruim, o que estudos posteriores desmentiram mostrando a existência de pigmentos visuais e de faixas visuais de destaque, além de possuírem visão binocular onde as imagens provenientes dos dois olhos são combinadas no cérebro para formar uma imagem tridimensional, utilizada para olhar espacialmente e visão monocular que engloba um campo de visão de um único olho, utilizada para visualizar a profundidade (McCombi, D.M; Kajiura, S.M, 2007 e McCombi et al 2009), os tubarões possuem uma grande quantidade de bastonetes (estruturas que identificam luminosidade) e há presença da membrana tapetum lucidum (é uma membrana que reflete a luz melhorando a visão em ambientes de pouca luminosidade) o que possibilita a formação de imagens mesmo em locais escuros, há também o auxílio de músculos que são capazes de puxar para mais perto ou mais longe da retina suas lentes oculares formando melhor a imagem e também ajudam no controle da direção de onde os tubarões olham, algumas espécies desenvolveram uma membrana que é utilizada como proteção na hora de ataques que recobre o seu olho, chamada de membrana nictitante, outra espécies que não possuem essa membrana desenvolveram a habilidade de rolar seus olhos com a parte de fora para dentro em ambos os mecanismos o tubarão se torna cego, se guiando apenas Figura 2 - Trato digestivo em destaque por outros instintos. Os olhos dos tubarões localizam-se na parte lateral do corpo antes fendas braquiais e nas raias os olhos ficam posicionados em sua dorsal assim, ao se enterrarem elas continuam visualizando se há presença de predadores. Audição Os ouvidos são minúsculos poros localizados no topo da cabeça levam ao ouvido interno e possuem 3 tubos internos cheios de fluidos que são sensíveis a aceleração nos três planos, fornecendo assim o reconhecimento de seus movimentos, além de responderema gravidade informando sua inclinação na agua, seja de cabeça pra cima, de cabeça para baixou ou de lado, os receptores são muito sensíveis a estímulos de baixa frequência e irregulares que são os emitidos por possíveis presas feridos estudos identificaram que emissões sonoras variadas atraem os tubarões, porém acredita-se que eles tenham uma maior capacidade de ouvir sons vindo de cima e da frente, os tubarões apresentam 1,5 vezes maior sensibilidade a captação das vibrações dos que a as raias. Figura 3 –Membrana nictitante em Galeocerdo Cuvier Linha Lateral A linha lateral é uma estrutura para identificar alterações mecânicas essa estrutura é bem desenvolvida, se estende da cabeça até a calda de ambos os lados, é subepidérmica, formada por pequenos canais tubulares, visível externamente por uma fileira de microscópicos poros que se ramificam-se na cabeça do tubarão, esses poros dão origem a células ciliadas, que possuem um neuromastos grande e dois menores que se estendem até uma cúpula gelatinosa cilíndrica que fica parcialmente exposta, qualquer onda mecânica que passe através da água entra nesses poros causando vibrações nessas cavidades gelatinosas o que faz com que em resposta às células ciliadas se dobrem e assim provocando impulsos elétricos que chegam aos neurotransmissores e enviam a mensagem ao cérebro onde é interpretado, qualquer vibrações fora do comum de baixa e média frequência na água seja de presas ou predadores é recebida, além de alterações nas correntes, temperatura e pressão, assim como possíveis parceiros. Ampolas de Lorenzini Em 1678 ao remover a pele, Stefano Lorenzini descobriu um liquido cristalino ao retirar a pele que a Figura 4 – Linha lateral de tubarões cobria, as ampolas de lorenzini, em 1909 Parker descobriu que elas reagiam ao ser tocado, em 1938 Alexander Sand percebeu que com certos estímulos as correntes passada para os nervos aumentavam ou diminuíam, na década de 60 Murrey ativou acidentalmente um campo magnético e percebeu que as ampolas reagiram e que também variavam de acordo com a polaridade da campo, na década de 70 Adrianus Kalmjin provou que os animais produzem campos elétricos ao se moverem na água do mar e que os tubarões de cativeiro percebiam e atacavam um amplificador enterrado na areia do aquário que emitia ondas elétricas , sendo assim, as ampolas são eletro receptores que localizam-se em pequenos poros que estão mais concentrados no focinho dos tubarões e na ponta do disco das raias são ligados por longos canais a estruturas em forma de saco contendo fluidos gelatinosos que se junta a ramificação do nervo da linha lateral e ligados ao sistema nervoso, eles são capazes de reconhecer alterações de salinidade, temperatura e pressão da agua, e em cada ampola possui uma única célula ciliada, porem possui maior sensibilidade de detectar campo elétrico formados por outros animais como ondas cerebrais e contrações musculares cardíacas e de onde eles vem, portanto se houver algum peixe escondido entre o sedimento os tubarões são capazes de localiza-los através dessa estrutura, além de ser muito útil para migrações se guiando pelo campo magnético da terra em decorrência disso são excelentes predadores de topo de cadeia, Olfato O nariz dos tubarões localiza-se no focinho e na parte ventral das raias e ao nadarem a água passa por suas narinas que são compostas por numerosas lamelas olfativas que são dobras de pele que aumentam a área de contato com a agua, aumentando a chance de sentir odores, elas recobertos por um epitélio olfativo cheios de neuroreceptores (Meredith, T.L; Kjiura, S.M. 2010), esses são completamente separados da boca, portando não tem função de respiração, espécies bentônicas são capazes de bombear agua para as narinas mesmo em posição de descanso quando o tubarão capta um cheiro ele apresenta natação em zigue zague, ele segue nadando em um sentido até não sentir mais o cheiro e então muda de sentido e assim por diante. Sistema muscular O esqueleto do tubarão é composto de cartilagem, isto é uma estrutura flexível que cresce com o tubarão e é mais leve do que o osso, ela é constituída por células especializadas chamadas condrócitos, suas partes rígidas como vertebras de dente foi adquirida através de calcificação mineral. Os músculos responsáveis por movimentar o corpo do tubarão pode ser de dois tipo, os músculos vermelhos que estão presente em finas camadas por debaixo da pele, esses músculos possuem um bom suprimento de sangue e permitindo assim que o tubarão nade muito tempo em velocidade baixa sem que haja cansaço, isso ocorre porque há a quebra das gorduras no corpo do tubarão e os músculos brancos que possuem uma circulação de sangue pobre em oxigênio, são capazes de dar tiros muitos rápidos porem curtos, geralmente são utilizados para perseguir uma presa isso ocorre pois a há quebra de açucares que são transformados em energia. Esses músculos estão dispostos de forma longitudinal. Figura 7 – Distribuição muscular de tubarões Sistema reprodutivo A reprodução dos peixes cartilaginosos é mais evoluída do que a dos peixes ósseos, aproximando-se mais das aves e de outros mamíferos do que dos osteichthyes. Nos peixes ósseos a fêmea (com exceção dos syngnathidae) produz milhares ou até milhões de ovos todos os anos que passam pelo estado larval antes de completar seu desenvolvimento e ainda sim a taxa de sobrevivência é baixa. Os chondrichthyes produzem um número reduzido de descendentes, porém com uma probabilidade de sobrevivência muito maior haja visto que os filhotes já nascem completamente formados e independentes, são a cópia em miniatura dos adultos. Este modo de reprodução requer um alto gasto energético de ambos, mas principalmente da fêmea que por sua vez deve ter a uma pele bem espessa que a do seu parceiro para suportar as mordidas e sobreviver a este ato complexo e violento de reprodução. Os machos possuem um par de ductos deferentes que conduzem apenas esperma. A extremidade anterior de cada ducto é contorcida formando o epidídimo onde os espermatozoides são armazenados, e o volume dos fluidos aumentado. A extremidade posterior de cada ducto se expande formando a vesícula seminal, as duas vesículas seminais podem se fundir antes de chegar a cloaca. Nas fêmeas os funis ovarianos localizam-se na parte anterior do corpo e muitas vezes podem se fundir na linha mediana; os ovidutos passam pela glândula de casca que envolvem os ovos com albúmen, e em algumas espécies, com uma casca córnea. Alguns tubarões retém os ovos em desenvolvimento no interior dos ovissacos ou úteros expandidos; a nutrição do embrião pelo vitelo pode ser suplementada por uma placenta vitelínica simples. A fecundação é interna em todas as espécies; os clásper pélvicos possuem uma estrutura esquelética que amplia a eficiência da cópula, durante este ato apenas um clásper é introduzido na cloaca da fêmea, o esperma flui pela fenda dorsal do clásper que se limita dorsalmente a papila cloacal. O clásper flexionado é introduzido na cloaca da fêmea e permanece preso a ela por meio de barbas, ganchos e espinhos localizados na porção distal do clásper. Os elasmobrânquios desenvolveram três estratégias reprodutivas diferentes: oviparidade, ovoviviparidade (ou viviparidade aplacentária) e viviparidade. A oviparidade consiste na produção de grandes ovos protegidos por capsulas de quitina com várias aberturas que permitem diferentes tipos detroca entre o embrião e o meio externo, possuem filamentos para a fixação no substrato marinho. Conforme a espécie o desenvolvimento embrionário pode durar de 3 a 15 meses, durante esse período o embrião se alimenta de substancias nutritivas do saco vitelino. A ovoviviparidade é o tipo de reprodução mais comum entre os tubarões. Os ovos não possuem uma casca e desenvolvem-se no interior do útero, onde se completa o desenvolvimento embrionário. Não existe placenta, por isso os embriões se alimentam a partir do saco vitelino e de ovos nutritivos produzidos pela mãe em algumas espécies pode existir o canibalismo intra-uterino, em que embriões em estado de desenvolvimento mais avançado comem os menos desenvolvidos. A redução na produção da secreção na casca feita pelas glândulas nidimentais e o aumento significativo na vascularização dos ovidutos e sacos vitelínicos são as diferenças mais notáveis entre as formas de ovíparas e ovovivíparas. A viviparidade é a estratégia mais evoluída e também a mais exigente, ela ocorre em espécies ao qual o suprimento de alimentos não se limita ao vitelo. Os embriões desenvolvem-se no interior do útero onde existe uma placenta a qual estão ligados através de um cordão umbilical. Nos primeiros meses de vida os neonatos possuem uma cicatriz de nascimento que parece com um umbigo e que desaparece com o tempo; conforme a espécie o período de gestação pode variar entre 10 e 24 meses. Os elasmobrânquios não apresentam cuidado parental. Existem alguns relatos de reprodução assexuada de tubarões, por partenogênese, ou seja, sem participação de um macho. São conhecidos três casos, todos ocorridos em cativeiro e com três espécies de tubarões diferentes. o 1º caso em 2001- Tubarão Martelo (Sphyrna tiburo) ocorrência registrada no aquário do zoológico de Omaha, em Nebraska/ EUA (Chapman D.D. et al; 2007). o 2º caso em 2007– Tubarão Galha-negra (Carcharhinus limbatus), ocorrência no aquário de Norfolk Canyon, na Virgínia/EUA (Feldheim K.A. et al; 2010) o 3º caso em 2011- Tubarão-zebra (Stegostoma Fasciatum) ocorrência registrada em um aquário em Dubai/Emirados Árabes Unidos. (Robinson D.P. et al; 2011) Conclusão Há um consenso de que as raias formam um grupo monofilético (Bartoidea) mas existem ainda relações com os tubarões que geram controvérsias a esse consenso; alguns pesquisadores consideram que os tubarões e raias forma grupos monofiléticos cada, outros consideram 3 grupos como no esquema acima e há pesquisadores ainda que consideram que os Bartoidea seriam um grupo especializado de tubarões. Como foi descrito no relatório, características do ciclo de vida desses animais como crescimento lento, maturação sexual tardia, baixa fecundidade e alta longevidade os tornam frágeis e sujeitos a sobrepesca, todos esses aspectos somados a falta de políticas de conservação para esses grupos, impactos causados a biodiversidade e riqueza das espécies dessa classe vem se agravando ao longo dos anos. No Brasil, pouco se conhece sobre a conservação das espécies marinhas, principalmente quando trata se de tubarões que devido a mídia tem uma imagem de “devoradores de humanos”, o que desfavorece e desestimula a adesão a causa e até mesmo a criação de políticas de conservação. Tanto para o ecossistema como para o ser humano, os tubarões são de grande importância. Por serem grandes predadores, estão no topo da cadeia alimentar e contribuem para o controle e a saúde das populações das espécies que são suas presas. Além disso, muitas vezes se alimentam de bichos doentes e velhos. Referências BEMVENUTI, M. A.; FISCHER, L. G. 2010. Peixes: Morfologia e adaptações. Cadernos de Ecologia Aquática 5 (2): 31-54. BORNATOWSKI, H; ABILHOA. V. Tubaroes e Raias Capturados pela Pesca Artesanal no Paraná, 2012. CASPER, B. M. The hearing abilities of elasmobranch fishes, Scholar Commons, 157, University of South Florida, 2006. 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