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Aula 1 Introdução ao estudo da Enologia Enologia I Profª. Gisele Nobre Conteúdo (Plano de Ensino ENO I) Introdução ao estudo da Enologia Constituição do cacho e da baga da uva Composição química do mosto e do vinho Análises básicas da matéria-prima (densidade, grau Babo, AT, pH) Estabelecimento vinícola: estrutura, elaboração, conservação, expedição Limpeza e Sanitização da indústria vinícola Preparação da cantina para a colheita; Colheita, transporte e recepção da matéria-prima Obtenção de mostos e operações pré-fermentação Emprego do dióxido de enxofre na Enologia Enzimas, Fenômenos enzimáticos do mosto Correções do mosto (açúcar e acidez) Legislação vinícola nacional Práticas Visitas técnicas (Locais: ) Aula em laboratório: análises básicas da uva Conceitos A Enologia é a ciência que estuda os aspectos relacionados com vinho. Isto inclui a plantação de vinhas e a produção de vinho (produção, envelhecimento, engarrafamento, etc.). Abrange várias disciplinas, desde a geologia, marketing, estatística, etc. Ou seja, qualquer ciência que contribua para a qualidade do vinho, quer seja na sua produção, quer seja na comercialização do mesmo. A diferença entre a viticultura e a enologia é que a viticultura engloba apenas os aspectos do cultivo da uva e os factores que podem influenciar o seu desenvolvimento. A viticultura não se dedica unicamente à uva como matéria-prima para vinho, mas também para a produção de outros produtos alimentícios e consumo. O Enólogo é um profissional com características definidas, dentro do perfil ocupacional da indústria, e para as tarefas de coordenação, supervisão e execução, sendo responsável pela produção e por todos os aspectos relacionados com o produto final desejado, como o vinho, espumante, suco, brandy ou graspa. Muitas vezes, o enólogo exerce também funções de vendedor e assume a parte de marketing relacionado com o produto que vende. A degustação de vinhos no processo de elaboração e no produto final, são fundamentais para o Enólogo, pois é nestas etapas, que são avaliados as características fisico-químicas que o vinho possui, ou poderá possuir. Desta forma, o profissional é capaz de decidir quais escolhas devem ser tomadas para melhorar o produto. Etmologicamente a palavra Enologia vem do Grego, em que “Oinos” significa Vinho e “Logos”, se refere ao estudo ou ciência. Tecnicamente, a Enologia é a ciência que trata de tudo que é relativo a vinhos e mostos de uva. Abrange produtos derivados, como mosto concentrado, suco de uva, vinagre, destilados e subprodutos como ácido tartárico, óleos, etc. Atualmente, os enólogos estão envolvidos em assessorias altamente especializadas, tanto nos campos da viticultura e/ou da enologia, quanto no campo das análises laboratoriais que fornecem suporte às duas anteriores. Esta atividade ocorre em seus países de origem ou fora deles. O aperfeiçoamento é constante aos que se dedicam à pesquisa das inúmeras facetas da fermentação (físicas, bioquímicas, microbiológicas, etc.), na busca pela melhoria dos processos de elaboração e na oferta de produtos enológicos altamente específicos. Aliás, acompanhar o surgimento das várias ferramentas que fazem disponíveis hoje, se faz necessário a todos os profissionais. O Tecnólogo em Viticultura e Enologia atua nos diversos setores da indústria de vinhos. Planeja, gerencia, implanta e avalia todas as etapas de produção, desde a escolha das cepas de uva, plantio, colheita, processamento, fermentação, envase, armazenagem e comercialização, até a degustação e atividades de sommelier. A análise sensorial, o controle de qualidade, a supervisão dos processos de produção e conservação, as atividades de controle ambiental, a cultura do vinho, dos espumantes e conhaques são também atribuições deste profissional. Áreas de Atuação Estabelecimentos vitícolas e enológicos; Em laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas de vinhos e derivados; Laboratórios de fiscalização de vinhos e derivados; Estabelecimentos de comercialização de vinhos e derivados; Instituições de pesquisas científicas e tecnológicas, como colaborador e como professor de disciplinas de sua área de formação; Em departamentos de controle de qualidade; Estabelecimentos de produção e comercialização de produtos enológicos; Em atividades dos setores de marketing, planejamento vitivinícola, gastronomia e serviço do vinho. Assessoria enológica completa; Avaliação dos processos de elaboração e sugestão de avanços tecnológicos para produtos finais; Desenvolvimento de produtos específicos para nichos de mercado diferenciados; Pesquisa científica voltada às questões pontuais, como por exemplo, análises de controle, solução de eventuais problemas, vinho e saúde. LEI Nº 11.476, DE 29 DE MAIO DE 2007. Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Enólogo e Técnico em Enologia. Vinho “exclusivamente a bebida que resulta da fermentação alcoólica completa ou parcial da uva fresca, esmagada ou não, ou do mosto simples ou virgem, com um conteúdo de álcool adquirido mínimo de 7% (V/V a 20° C)”. Mosto Mosto é um líquido turvo, mais ou menos viscoso, obtido pelo esmagamento ou prensagem da uva madura. O rendimento em mosto varia com a cultivar e seu grau de maturação. Em torno de 100kg de uva resultam 65 a 75 litros de mosto. Classificação dos Vinhos "Art. 8o Os vinhos serão classificados (Lei 10.970 de 2004): I – quanto à classe: a) de mesa; b) leve; c) fino; d) espumante; e) frisante; f) gaseificado; g) licoroso; h) composto; II – quanto à cor: a) tinto; b) rosado, rosé ou clarete; c) branco; III – quanto ao teor de açúcar: a) nature; b) extra-brut; c) brut; d) seco, sec ou dry; e) meio doce, meio seco ou demi-sec; f) suave; e g) doce. Fatores que influenciam a qualidade da uva e do vinho É possível corrigir as deficiências das uvas, mas não se é possível elaborar um grande vinho sem utilizar uvas de qualidade. Cada vinho tem um estilo, um perfil que são determinado pelos seguintes fatores: os solos onde se cresce a videira; o clima, como todos os fatores que o integra e condicionam; as variedades de uva utilizadas; a mão do homem, que cuida da terra, conduz o vinhedo, elabora, amadurece o vinho e o coloca no mercado. A combinação destes fatores dá lugar a diferentes tipos de vinhos. Composição do Vinho Identifica-se mais de mil constituintes no vinho, dos quais mais de trezentos já foram dosados. Assim, a composição de um vinho além de complexa é variada e depende: da qualidade da uva, da data da vindima, das condições em que a colheita é realizada, do modo de vinificação, da idade do vinho, etc. Substâncias de gosto açucarado: estes são os elementos da suavidade, da gordura, da doçura dos vinhos. As substâncias açucaradas do vinho pertencem a basicamente a dois tipos: os açúcares propriamente ditos e aos alcoóis, que depois da água (que representa 80 a 90% do volume) são os componentes mais abundantes no vinho. Substâncias de gosto ácido: a acidez do vinho está constituída por diversos ácidos orgânicos, alguns provenientes da uva como o ácido tartárico, málico e cítrico; e outros originados pela fermentação como o ácido succínico, láctico e acético. A principal propriedade dos ácidos é decontribuir em grande medida na acidez do vinho, a qual: favorece a conservação por inibir o desenvolvimento dos organismos patogênicos; confere ao vinho certo frescor (um vinho com pouca acidez será chato, e muito ácido será enérgico e duro). aumenta a aspereza dos taninos, notada durante a degustação; influencia a tonalidade e a estabilidade da cor; Uma diminuição da acidez acarretará na falta de brilho, de cor, aromas, paladar chato, além disso, o vinho fica mais frágil ao ataque de microorganismos. Substâncias de gosto salgado: o vinho contém de 2 a 4g destas substâncias por litro. São os sais dos ácidos minerais e de alguns ácidos orgânicos. Participam do sabor do vinho e dão-lhe frescor. Substâncias de gosto amargo e adstringente: os polifenóis são encontrados no vinho em teores que variam de 2 a 7g/L, possuem grande importância em Enologia. Estas substâncias exercem um papel organoléptico e tecnológico essencial, são eles que determinam direta ou indiretamente a longevidade, a qualidade organoléptica, a complexidade e, portanto, a qualidade geral do vinho. Dão aos vinhos a sua cor e uma grande parte do seu sabor. O grupo polifenólico de maior interesse enológico é o dos flavonóides. Dessa família, os principais representantes são as antocianas e os taninos. As antocianas são os pigmentos responsáveis pela cor do vinho tinto. Os taninos participam da cor e do gosto. Além disso, embora não tenha cor, reagem com as antocianas, formando substâncias coloridas. Portanto, participam da evolução da cor. Participam também do corpo do vinho, além de serem diretamente responsáveis pelas sensações gustativas de adstringência e de amargor. Tanto as antocianas quanto os taninos tem uma relação direta com a qualidade organoléptica, de maneira geral, e com a qualidade e longevidade do vinho, em particular. Substâncias nitrogenadas: possuem pouca influência sobre o gosto, mas são importantes como substâncias nutritivas indispensáveis das leveduras e das bactérias. Algumas delas insolubilizam-se e provocam problemas na conservação dos vinhos brancos em garrafa. Vitaminas: o potencial vitamínico do vinho pode contribui para o valor nutricional desta bebida. O aporte regular de substâncias vitamínicas em nossa alimentação é uma necessidade que cada um deve satisfazer e o vinho contribui moderadamente para isso. Substâncias aromáticas: o aroma do vinho resulta da mistura harmoniosa de um número acentuado de substâncias pertencentes a diferentes famílias de compostos (ácidos, aldeídos e cetonas, alcoóis, ésteres) responsáveis pelo caráter aromático do vinho.
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