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Seja bem vindo! Curso de Enologia Carga horária: 50 hs Conteúdo programático: Introdução História Uvas Brancas Uvas Tintas O Solo O clima Plantio e colheita Vinhos Tintos Vinhos Brancos Vinhos Rosados Espumantes O Vinho e o Tempo A Degustação Como escolher o vinho ideal Armazenamento Servindo o Vinho Pratos e Vinhos Tabela de Temperaturas Vocabulário básico Glossário do Vinho Tipos de Adega Principais Acessórios para Vinho Bibliografia Introdução A enologia é uma ciência que estuda tudo o que envolve a produção do vinho, desde a colheita do solo, até o engarrafamento e a venda. Muitos que bebem vinho diariamente não fazem a mínima ideia de como esta bebida chegou até as prateleiras do supermercado, porém o processo é demorado, desde o plantio das uvas, até o envelhecimento em barricas de madeira. O profissional responsável por este trabalho é conhecido como Enólogo. Como existem poucas faculdades com cursos especializados em Enologia, o mais comum é que este profissional seja formado em Agronomia e tenha especialização em Enologia. As faculdades mais famosas de Enologia estão na Itália e na França. A melhor faculdade da América do Sul está localizada em Mendoza, na Argentina, que por sinal é o lugar originário dos vinhos de qualidade do país vizinho. Atualmente, existem apenas quatro instituições com este curso no Brasil. Dessas quatro, a Universidade Federal do Pampa oferece o curso em modalidade bacharelado; o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia nas cidades de Bento Gonçalves e Petrolina oferecem o curso em nível tecnológico e a Universidade Federal de Pelotas oferece a formação como técnico. Veja abaixo alguns significados: Enologia: é a ciência que se dedica a tudo que envolve a produção do vinho, como por exemplo o plantio, escolha do solo, produção, envelhecimento, etc. Enólogo: é o profissional responsável pelas tarefas de enologia, como a coordenação, supervisão, produção, envelhecimento, engarrafamento, controle de qualidade, etc. Enófilo: é a pessoa que gosta de apreciar e estudar vinhos, e se dedica profissionalmente ou apenas por prazer. Diferente do enólogo, o enófilo é apenas um apreciador, e não pode elaborar vinhos. Sommelier: também conhecido como Escanção, é o profissional conhecedor de todos os vinhos e assuntos relacionados a bebida. O sommelier pode trabalhar em lojas de vinhos, supermercados e restaurantes, elaborando carta de vinhos, orientando os clientes a respeito da melhor escolha para acompanhar os alimentos escolhidos, além de cuidar da compra, armazenamento, etc. História Infelizmente, não se sabe em qual data ou local o vinho pode ter sido feito pela primeira vez, porém a bebida esteve presente na vida do homem desde as primeiras civilizações. Na Geórgia, na região do Cáucaso, foram encontradas as mais antigas vinhas cultivadas no mundo, e datam da Idade da Pedra. Cientistas acreditam que esses podem ser os primeiros sinais de viticultura, ou seja, de um plantio feito pelo homem. É provável que os vinhos também tenham surgido nesse período, mesmo que alguns equipamentos vitícolas e as primeiras prensas terem sido encontradas na Armênia em 4.000 a.C. O Gilgamesh (uma série de poemas e lendas sumérias compiladas por volta do século VII a.C.), que é uma das obras literárias mais antigas da humanidade, tem um trecho, que trata da fabricação do vinho, na tábua 10. Já no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, é possível ler que Noé se tornou lavrador e plantou um vinhedo, e no Talmude, o livro sagrado dos judeus, também fala sobre vinho. Como podemos perceber, o vinho é muito mais antigo do que imaginamos. Os arqueologistas aceitam o acúmulo de sementes de uva como uma evidência, ao menos de probabilidade, de elaboração de vinhos. E foi na Geórgia também que as mais antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas. Escavações em Catal Hüyük na Turquia, em Damasco na Síria, na Jordânia e em Byblos no Líbano revelaram sementes de uvas da Idade da Pedra (Período Neolítico B), cerca de 8000 a.C. De acordo com Homero, o poeta grego mais famoso da Antiguidade, que viveu por volta do século VIII a.C., em suas narrativas, tanto na história da Guerra de Troia na Ilíada, quanto nas aventuras de Ulisses, na Odisseia, há relatos da produção e do consumo do vinho na época. Aliás nas aventuras de Ulisses é citado o vinho de Maro, forte e doce, o qual o herói utilizou para adormecer o cíclope Polifemo. Na Geórgia, as sementes encontradas foram classificadas como Vitis vinifera variedade sativa, o que podemos imaginar que serve de base para o fundamento de que as uvas eram cultivadas e o vinho possivelmente elaborado. A idade dessas coincide com a passagem das culturas avançadas do Oriente e da Europa, perto de uma vida nômade, para uma vida sedentária, iniciando o cultivo. Além da pedra, nesse período também começam a surgir as primeiras cerâmicas e utensílios de cobre nas margens do Mar Cáspio. O kwervri - um jarro de argila - existente no museu de Tbilisi, na Geórgia, datado de 5000 - 6000 a.c, é outro indício desse período. Neste mesmo museu existem também pequenos segmentos e galhos de videiras, datadas de 3000 a.C., que parecem ter sido parte dos adornos de sepultamento, provavelmente com significado místico de serem levadas para o mundo da morte onde poderiam ser plantadas e proporcionar novamente prazer. Existem muitas lendas sobre o local onde teria iniciado a produção de vinhos e a primeira delas está no Velho Testamento. É possível observar que o capítulo 9 do Gênesis, afirma que Noé plantou um vinheiro do qual fez vinho, bebeu e se embriagou, após ter desembarcado com os animais. As videiras provavelmente faziam parte da carga da Arca, e onde quer que ele tenha a construído, ele tinha vinhedos e já sabia produzir o vinho. O vinho está associado à mitologia grega, e existem diversas lendas sobre a descoberta do vinho. A mais falada de todas, é uma versão persa que fala sobre Jamshid, um rei persa semi-mitológico que parece estar associado a Noé, pois teria construído um grande muro para proteger os animais do dilúvio. As uvas eram mantidas em jarras para serem comidas fora da estação, na corte de Jamshid. Em um certo momento, uma das jarras estava cheia de suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro diferente. Com isso, as uvas foram deixadas de lado por serem inapropriadas para comer e também porque foram consideradas como um possível veneno. Vendo isso, uma donzela do harém ingeriu o "possível veneno" no intuito de se matar. Ao invés da morte, ela começou a se sentir alegre e teve um sono tranquilo e repousante. Ela narrou o fato ao rei que ordenou então que uma grande quantidade de "vinho" fosse feita. Após isso, Jamshid e sua corte beberam e aproveitaram a nova bebida. Outros bebedores de vinho eram os mesopotâmios. Mais tardiamente, eles até tentaram o plantio de videiras, porém inicialmente importavam o vinho de outras regiões. Há registros de que dois séculos e meio depois, o rio Eufrates foi usado para o transporte de vinho da região da Armênia para Babilônia, a cidade que sucedeu Kish e Ur. Apesar de não terem sido os primeiros a fazer vinho, os egípcios certamente foram os primeiros a saber como celebrar e registrar os detalhes da vinificação em suas pinturas que datam de 1.000 a 3.000 a.C. Haviam até os que entendiam muito sobre o assunto, e diferenciavam as qualidades dos vinhos de forma profissional. Foram encontradas nas tumbas dos faraós, pinturas que retratavam com detalhes as etapas da elaboração do vinho, como a colheita da uva, a prensagem e a fermentação. Além disso, haviam as imagens mostrando a forma como os vinhos erambebidos: através de canudos em jarras ou taças, em um ambiente festivo e elegante, e outras vezes, licencioso. O consumo de vinho parece ter sido limitado aos nobres, ricos e sacerdotes. Como mostram os registros do presente que Ramsés III (1100 a.C.) fez ao deus Amon, os vinhedos e o vinho eram oferecidos aos deuses, especialmente pelos faraós. O vinho trouxe, em particular, um novo valor nas relações pessoais e comerciais, na medida em que leva naturalmente a festividades, confidências e senso de oportunidade. O interesse dos gregos pelo vinho pode ser analisado pela descoberta recente da adega do rei Nestor de Pilos, cidade do Peloponeso (sul da Grécia). A adega do rei tinha capacidade estimada em 6.000 litros, armazenados em grandes jarras denominadas pithoi. O primeiro vinho bebido na Borgonha, segundo alguns historiadores, foi trazido provavelmente de Marselha ou diretamente da Grécia. Entre Paris e a Borgonha, na cidade de Vix em 1952, uma imensa jarra grega foi descoberta. Era feita de fino bronze e tinha cerca de 2 metros de altura e capacidade de 1.200 litros, originária de 600 a.c. Os principais exportadores de vinho provavelmente foram as ilhas gregas, sendo a ilha de Chios, situada ao leste, próxima ao litoral da Lídia, a mais importante delas e a que possuía o melhor vinho. As características de suas ânforas (vasos antigos de origem grega) foram encontradas em quase todas as regiões por onde os gregos fizeram comércio, como o Egito, a Itália, Rússia e Bulgária. A Ilha de Lesbos, ao norte de Chios também possuía um vinho muito famoso, e, provavelmente, foi a fonte do Pramnian, o equivalente grego do fantástico vinho búlgaro Tokay Essenczia. Acredita-se que os vinhos doces eram os preferidos (Homero descreve uvas secadas ao sol), porém haviam diferentes tipos de vinho. O pai de Odisseu, Laerte, tinha seus vinhedos com orgulho e alegria e gabava-se de ter 50 tipos diferentes de uva. Com relação à prática de colocar resina de pinheiro no vinho, utilizada na elaboração do moderno Retsina, parece que era rara na Grécia Antiga. Apesar disso, era comum fazer outras misturas diferentes com os vinhos, e na verdade, raramente eram bebidos puros. Era normal adicionar água, porém quanto mais formal fosse a ocasião e mais sofisticada a comida, mais especiarias aromáticas eram colocadas no vinho. O vinho representava para os gregos, além dos aspectos comercial, hedônico e medicinal, um elemento místico, expresso no culto ao deus do vinho, Dionísio ou Baco ou Líber. Dionísio - filho de Zeus (deus dos deuses) com a princesa Sêmele - era considerado na mitologia grega o Deus do Vinho, pois tinha conhecimentos sobre o plantio e colheita da uva. Além disso, conhecia os segredos da produção do vinho. Dionísio era um dos doze deuses olímpicos (habitava o Monte Olimpo), portanto era um dos mais importantes da mitologia e religião grega. Ele era responsável por realizar o plantio e colheita da uva, e também fazia a produção do vinho. Nas pinturas e esculturas, Dionísio é representado como um jovem belo de cabelos longos e quase sempre alegre, efeito da embriaguez por vinho. Em algumas imagens aparece segurando uma taça de vinho ou um cacho de uva. No sul da Itália, o vinho chegou através dos gregos a partir de próximo de 800 a.C. Os etruscos, porém, já viviam ao norte, na região da atual Toscana, e produziam vinhos e os vendiam até na Gália e, provavelmente, na Borgonha. No entanto, não se sabe se eles trouxeram as videiras de sua terra de origem (provavelmente da Fenícia ou da Ásia) ou se cultivaram uvas nativas da Itália, onde, desde a pré-história já havia videiras. Com a vitória na longa guerra com o Império de Cartago no norte da África, com o objetivo de controlar o Mediterrâneo Ocidental (entre 264 e 146 a.C.) houve um ponto crítico da história do vinho em Roma. A vitivinicultura ganhou muita importância, pois os romanos começaram a investir com seriedade na agricultura. O senador Catão foi o primeiro a escrever sobre o tema em sua obra De Agri Cultura. No entanto, o manual mais famoso foi escrito por um cartaginês, Mago, e traduzido para o latim e para o grego. Este manual estimulava a plantação comercial de vinhedos e a substituição de pequenas propriedades por outras melhores e maiores. Uma data que foi marcante para o progresso de Roma foi 171 a.C., quando a primeira padaria da cidade foi inaugurada. Até então, os romanos se alimentavam apenas de mingau de cereais. Agora que Roma se alimentava de pão, a sede e o desejo por vinho provavelmente aumentaria. Os primeiros cultivos de vinhos de qualidade (de vinhedos específicos) apareciam, equivalentes aos grandes crus de hoje. Os melhores vinhedos estavam na costa da Campânia, na baía de Nápoles e na península de Sorrient. O famoso Opimiano (em homenagem ao cônsul Opimius) é dessa época, safra de 121 a.C. do vinhedo Falernum que foi consumido até 125 anos depois, conforme registros históricos. Mesmo assim, pela opinião dos romanos, os vinhos gregos ainda eram considerados os melhores. Aconteceu uma aceleração na plantação de vinhedos após a destruição de Pompéia pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C. Plantações de milho se tornaram vinhedos, causando um desequilíbrio do fornecimento a Roma, desvalorização das terras e do vinho. O imperador Domiciano, no ano 92 d.C. editou um decreto desautorizando a plantação de novos vinhedos e mandando destruir metade dos vinhedos nas províncias ultra marítimas. O objetivo foi a proteção do vinho doméstico contra a concorrência do vinho das províncias e manter os preços para o produtor. Este decreto durou até 280 d.C., quando o imperador Probus o revogou. O espanhol de Gades (hoje Cádiz) Lucius Columella criou o manual De Re Rustica (Sobre Temas do Campo), aproximadamente em 65 d.C, e nele é possível encontrar muita informação sobre a vitivinicultura romana da época. Vários detalhes importantes são encontrados no manual, como a técnica de plantio em estacas com distância de dois passos entre elas (praticamente a mesma técnica usada hoje em vários vinhedos europeus), a produção por área plantada (que é a mesma dos melhores vinhedos da França de hoje), colheita, prensagem, tipos de terreno, fermentação, etc. Em relação ao paladar, os romanos preferiam os vinhos doces. Para isso, faziam a colheita o mais tarde possível, ou, optavam pela técnica grega, que consistia em colher o fruto um pouco imaturo e deixar no sol para secar e concentrar o açúcar (vinhos chamados Passum). Também utilizavam outra técnica para obter o vinho mais doce e forte, que era ferver para aumentar a concentração de açúcar (gerando o chamado Defrutum) ou ainda adicionar mel (gerando o Mulsum). Eles gostavam também de preparar o semper mustum (mosto permanente), um mosto que tinha a fermentação interrompida por submersão da ânfora em água fria e, assim, contendo mais açúcar. Essa técnica é a pioneira do método de obtenção do Süssreserve das vinícolas alemãs. Para o envelhecimento, os mais doces e fortes eram expostos ao ar livre e os mais fracos contidos em jarras enterradas no chão. Um dos métodos utilizado para o envelhecimento era o fumarium, um quarto de defumação onde as ânforas com vinho eram colocadas em cima de uma lareira e o vinho defumado, tornando- se mais ácido, mais pálido, e com cheiro de fumaça. Para a maioria das áreas da criatividade humana, a época foi de obscuridade após a queda do Império Romano. Com isso os vinhedos parecem ter permanecido em latência até que alguém os fizesse ganhar destaque novamente. O simbolismo do vinho na liturgia católica, felizmente fez com que a Igreja desempenhasse o papel mais importante do renascimento, desenvolvimento e aprimoramento dos vinhedos e do vinhonessa época. Com isso, a Igreja foi proprietária nos séculos que se seguiram, de diversos vinhedos nos mosteiros das principais ordens religiosas da época, como os beneditinos, franciscanos e cistercienses (ordem de São Bernardo), que se propagaram por toda Europa, levando junto o conhecimento da elaboração do vinho. Três mosteiros franceses ganham destaque nessa época. Um deles, cisterciense, está em Clairvaux na região de Champagne. Já os outros dois situam-se na Borgonha: um beneditino em Cluny, próximo de Mâcon (fundado em 529) e um cisterciense em Citeaux, próximo de Beaunne (fundado em 1098). O mosteiro cisterciense de Eberbach, na região do Rheingau, na Alemanha também é famoso, pois foi o maior estabelecimento vinícola do mundo durante os séculos XII e XIII e hoje abriga um excelente vinhedo estatal. Você sabia que hospitais também foram centros de produção e distribuição de vinhos? Além disso, não apenas cuidavam dos doentes, mas também recebiam viajantes, pobres, estudantes e peregrinos. Um dos mais conhecidos foi o Hôtel-Dieu ou Hospice de Beaune, fundado em 1443, até hoje mantido pelas vendas de vinho. Durante a Idade Média, além dos hospitais, as universidades também se destacavam na divulgação e no consumo do vinho. Num tipo de turismo da época, os estudantes ganhavam salvo conduto e ajuda de custos para viagens de intercâmbio cultural com outras universidades. Esta forma primitiva de turismo começou pela Universidade de Paris e depois foi propagada pela Europa. O primeiro livro impresso sobre o vinho foi impresso na idade média, por volta do ano de 1.300 pelo espanhol ou catalão Arnaldus de Villanova, médico e professor da Universidade de Montpellier. O livro Liber de Vinis continha uma visão médica do vinho - provavelmente a primeira desde a escrita por Galeno - e falava das propriedades curativas de vinhos aromatizados com ervas para diversas doenças. Um fato marcante e trágico ocorreu na história da vitivinicultura, da segunda metade do século passado, em especial na década de 1870, até o início deste século: uma doença parasitária das vinhas, causada pelo inseto Phylloxera vastatrix, cuja larva ataca as raízes. Trazida à Europa em vinhas americanas contaminadas, a Phylloxera destruiu praticamente todas as videiras europeias. Felizmente, com a descoberta de que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao inseto, elas passaram a ser usadas como porta-enxerto para vinhas europeias. Com isso, as próprias videiras americanas foram o remédio para a tragédia que elas próprias causaram às vitis europeias. É fundamental lembrarmos das descobertas, sobre a fermentação e os microrganismos, feitas por Louis de Pasteur (1822-1895) e divulgadas na sua obra Études sur le Vin. Essas descobertas estabelecem o marco fundamental para o desenvolvimento da enologia moderna. A elaboração dos vinhos, a partir do século XX, tomou novos caminhos com o desenvolvimento tecnológico na viticultura e da enologia, ganhando novas conquistas como a colheita mecanizada, o cruzamento genético de diferentes cepas de uvas e o desenvolvimento de cepas de leveduras selecionadas geneticamente, a fermentação a frio na elaboração dos vinhos brancos, etc. Apesar de muitos considerarem os vinhos dos séculos passados mais artesanais, os vinhos de hoje têm mais qualidade. Porém, algumas "tecnologias" irritam os amantes do vinho, como por exemplo as substituições da rolha e da cápsula por artefatos de plástico. A História do Vinho no Brasil Foi pela expedição colonizadora de Martim Afondo de Souza, em 1532, que as primeiras videiras do Brasil foram trazidas. O fundador da cidade de Santos, Brás Cubas, é reconhecidamente o primeiro a cultivar a vinha em nossas terras. Trazida pelo jesuíta Roque Gonzáles, a videira chegou em 1926 no Rio Grande do Sul. Ele plantou videiras europeias em São Nicolau, nos Sete Povos das Missões. Apesar de que houvesse necessidade da produção de vinho para utilização na missa, a dificuldade de adaptação de variedades viníferas em nossas terras impossibilitou a disseminação da vitivinicultura no Brasil. Com a vinda de sessenta casais açorianos e madeirenses radicados em Rio Grande e Porto Alegre, assinala-se então, em 1742, o renascimento da vitivinicultura rio-grandense. D. João VI, no ano de 1813, atesta oficialmente a primazia de Manoel de Macedo Brum da Silveira no plantio de videiras e produção de vinho no Rio Grande. A introdução da variedade americana Isabel, por Thomas Master, na ilha dos Marinheiros, por volta de 1840 foi sucedida de grande sucesso. Sua rusticidade e resistência fizeram que ela se implantasse preferencialmente na região em detrimento das cepas viníferas, mais frágeis. A uva Isabel foi-se espalhando nas áreas de colonização alemã, como São Leopoldo. O grande surto do crescimento da vitivinicultura gaúcha surge a partir de 1875, devido à chegada da colonização italiana, já que os italianos traziam na bagagem, além das cepas de uva europeias da região de Vêneto, o hábito do consumo do vinho como um alimento, e o ainda chamado espírito vitivinícola. Por causa de doenças fúngicas, as cepas começaram a morrer com o passar do tempo, porém a força italiana e o desejo de manter sua tradição permitiram aos imigrantes que encontrassem uma maneira de cultivar que pudesse se adaptar a região. A variedade chamada de Isabel (vitis labrusca), de origem americana, foi achada na região no vale do rio dos Sinos, onde os imigrantes levaram para a encosta Superior do Nordeste, sendo que esse cultivo se adaptou muito bem aquelas condições, e permitiu a continuidade da produção de uvas e vinho. A preocupação com a melhoria de qualidade e as melhorias das técnicas agronômicas, fizeram com que, há algumas décadas, se iniciasse novamente o plantio de variedades viníferas. Vinícolas multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini & Rossi e a Heublein, estabeleceram-se na Serra Gaúcha, a partir de 1970, trazendo equipamentos de alta tecnologia e técnicas viticultoras modernas. Junto aos calouros da Serra, essas empresas implementaram também um programa de estímulo à modificação do sistema de plantio, passando da latada à espaldeira. Estimularam, igualmente, a produção de cepas viníferas. Essas medidas tiveram como consequência um grande salto qualitativo no vinho brasileiro que hoje, a despeito das dificuldades de solo e clima, ostenta padrão internacional de qualidade. Uvas Brancas É importante conhecer os tipos de uvas que produzem os vinhos, por isso criamos dois capítulos para explorar os tipos de uvas brancas e os tipos de uvas tintas. Airem País: Espanha É a uva mais numerosa na Espanha, e seus cachos são apertados e grandes. Esse tipo de uva branca gera vinhos de aroma característico e com proporção alcoólica entre 12 e 14%. É considerada a variedade principal na D.O. dos Vinhos de Madrid e está presente principalmente em Ciudad Real, Toledo, Cuenca, Albacete, Madrid e Murcia. Alarije País: Espanha Essa uva é uma das mais numerosas na comarca de Cañamero (província de Cáceres), e está presente em grande parte das vinícolas extremeñas (Extremadura). Albarello País: Espanha Esse tipo de uva produz vinhos singulares e aromáticos, porém está presente apenas nas margens do Ulla e em proporções escassas. Apesar dos nomes parecidos, a uva branca Albariño possui notáveis diferenças com a Albarello. Albillo País: Espanha Essa uva branca, relativamente neutra e com elevado índice de glicerol, deixa os vinhos mais suaves. Também conhecida por Pardina na D.O Ribera del Duero. É cultivada principalmente em Madrid, Galícia e Ávila. Alcañon País: Espanha Produz vinhos brancos com aroma bem particulare é natural da zona do Somontano. Alvarinho Países: Portugal (vinho verde) e Espanha Também conhecida na Espanha como Albariño, é uma uva que confere ao vinho aroma, certa efervescência e boa acidez. Arneis País: Itália (Piemonte) É encorpada e seca, e possui perfume de frutas brancas (pêra e melão) e amêndoas. É encontrada no Piemonte. Assyrtico País: Grécia (Santorini) É a uva grega de brancos com boa acidez, especialidade da ilha vulcânica de Santorini, no Mar Egeu. Baladí País: Espanha Essa uva também é conhecida como Baboso Blanco, Calagraño, Bastardo Blanco, Jaén, Jaén Blanco y Valadí. Seus cachos são de tamanho grande e suas uvas são de cor amarela, e além disso, é uma uva que precisa de muito sol. É natural da La Rioja e se cultiva em Canarias, Andaluzia, Valencia e La Rioja. Os vinhos feitos com a uva Baladí são pálidos e possuem aromas afrutados, sem muito álcool. Ela é usada, normalmente, misturada com outras variedades. Barbera País: Itália A Barbera é a uva mais plantada do Piemonte, no noroeste da Itália. Naturalmente rica em acidez, e com poucos taninos, os sabores típicos mais encontrados nos leves vinhos da uva Barbera são de cereja. Também é conhecida como: Barbera d’Asti, Barbera d’Alba, Barbera d’Aosta, Barbera Belas, Barbera Dolce, Barbera Forte, Barbera Grossa, Barbera Riccia, Barbera Sarda, Barbera Vera, Barbare, e Barbera del Monferrato. Beba País: Espanha É uma variedade de uva branca, usada tanto para a produção de vinho quanto para uva de mesa. É também conhecida pelo nome de Eva, e tem cachos grandes, com uvas de forma redonda e cor verde amarelado. É uma variedade vinífera autorizada em Estremadura, usada na D.O Ribera del Guadiana. Também é conhecida como Beba de los santos ou Beba dorada. Esta uva produz vinhos frescos e afrutados. Borba País: Espanha Esta uva é bastante produtiva, mas a qualidade desta casta é bastante questionada. É comum em várias comarcas extremeñas (Estremadura). Boal País: Portugal A uva Boal ou Bual é um tipo de uva é usado na Ilha da Madeira para vinhos fortificados típicos da região. Essa uva, nativa de Portugal, está na Ilha da Madeira desde sempre integrando e participando da elaboração dos famosos vinhos licorosos da ilha. Calagraño País: Espanha Esta é uma das antigas variedades naturais de Rioja. Produzia vinhos brancos duros, porém que respondiam bem para criança. O Conselho Regulador da D.O.da Rioja deu por desaparecida, mas parece que ainda existem algumas nos arredores de San Asensio e algumas outras localidades riojanas. Cayetana País: Espanha Presente principalmente em Badajoz (99%) e Cáceres, é uma uva de grande rendimento. Chardonnay Países: França (Borgonha), Austrália, Estados Unidos (Califórnia), Argentina, Nova Zelândia, Chile, África do Sul, Brasil Esta uva está espalhada em todo o mundo, e é fácil de vinificar e cultivar. É uma grande uva de qualidade, que se vende muito bem. Os vinhos da uva Chardonnay são frequentemente agradáveis e frescos. Esta uva é utilizada na produção de clássicos de alta qualidade e reputação na Borgonha, como Montrachet, Chablis, e Poully-Fussé, além de ser um importante ingrediente do champagne. Após longa maturação em madeira, adquire um gosto amanteigado e tostado. Um bom vinho Chardonnay deve possuir um aroma generoso onde se pode identificar frutas exóticas, pêssegos, melão, abacaxi e frutas cítricas. É possível identificar, muitas vezes, nozes e avelãs nos vinhos de Borgonha. Chenin Blanc (steen) Países: EUA, França (Loire), África do Sul (conhecida como steen), Nova Zelândia e Austrália Esta uva possui aroma floral, dá vinhos doces ou secos. É uma variedade do Loire central, na França. No caso dos vinhos doces, acontece quando são atacadas pela podridão nobre, que lhes confere maior teor de açúcar. Clairette (clairette blanc) Países: França e Austrália Uva branca cultivada no sul da França, é uma das variedades autorizadas no vinho tinto Châteauneuf-du-pape e brancos Côtes- du-Rhone. É conhecida como Blanquette na Austrália. Colombard País: França Esta uva possui cachos medianos, cilíndricos e largos, e as uvas são verde-amarelas que, quando estão maduras, possuem altos níveis de acidez. Também conhecida como Colombier e Colombar na França e Colombard Francesa na Califórnia, esta uva é de origem francesa. Cortese Países: Itália (Piemonte, Lombardi e Vêneto) Esta uva também é conhecida como Bianca Fernanda, porém este nome é utilizado quase que restritamente na região do Vêneto. Já o nome Cortese, por sua vez, dizem que se deve ao caráter cortês, delicado, bem-educado e polido. O vinho produzido com a uva Cortese é marcado pelo frescor e pela alta acidez. Doña Blanca País: Espanha Esta uva, que também é conhecida como Valenciana, Cigüente ou Moza Fresca, possui cachos grandes, com uvas grandes. Algumas pessoas consideram que ela é a variedade Merseguera trazida para a zona galega. Esta uva adquire uma grande concentração de acidez e açúcar. Doradilla País: Espanha Esta uva, que é natural da zona norte de D.O de Málaga e Sierra de Málaga, possui cacho de tamanho mediano. Durif País: França e EUA (Califórnia) Esta uva é mais encontrada na California, pois é adaptada melhor a climas quentes. É também cultivada na Austrália e Israel, e praticamente não existe na França atualmente. Esta uva também é conhecida pelo nome de PETIT SYRAH, e é um cruzamento natural (resultado de polinização cruzada) de Peloursin e Syrah. Seu nome se deve ao seu descobridor, o Dr. François Durif. Esquitxagos País: Espanha Este tipo de uva é uma variedade muito farta na Bajo Ebro (Tarragona) e em San Mateo (Castellón). Fiano País: Itália (Campania) Esta uva nativa do Sul da Itália, tem os cachos de tamanho que varia de médio a pequeno, e não são muito compactos. As uvas são pequenas, com casca grossa, e produzem pouco suco. A Uva Fiano é uma uva de grande potencial para produzir vinhos leves com acidez moderada ou alta. Forastera País: Espanha O cultivo deste tipo de uva é comum em diversas zonas das Canarias, principalmente na Ilha La Gomera. Furmint Países: Hungria, Áustria, Eslováquia, Croácia e Romênia Os vinhos doces Tokay, da Hungria são feitos deste tipo de uva. O que aumenta o teor de açúcar à esta uva é sua fina casca que facilita a ação do fungo Botrytis cinerea. Garganega País: Itália (Vêneto) Este tipo de uva é natural da região do Vêneto, no nordeste italiano, mais especificamente das províncias de Vicenza e de Verona. Essa é uma variedade branca da espécie Vitis vinífera. De bagos médios em formato de esfera, pele espessa de cor dourada, possui uma polpa muito suculenta. O cacho da Garganega é longo e cilíndrico, e não costuma ser muito compacto. Gewürztraminer Países: França (Alsácia), Alemanha, Chile, Itália, África do Sul, Nova Zelândia, Estados Unidos e Austrália. Apesar de seu nome difícil, GEWÜRZTRAMINER significa "especiarias" em alemão. Produz vinhos de cor amarelo-ouro, brancos, ricos, e com aroma intenso (canela, gengibre e rosas). Encontrou seu melhor solo na região francesa da Alsácia, mas também é encontrada na Alemanha e outras regiões de clima frio. Macabeo País: Espanha (Penedès e Rioja) Também conhecida como Macabeu ou Viúra, esta uva vinífera branca é a mais popular do norte da Espanha. O vinho feito dessa uva, que na maioria das vezes é engarrafado jovem, é seco e tem uma boa capacidade de envelhecimento. Um Macabeo é um vinho de caráter floral, e boa acidez. Flores brancas, maçãs, amêndoas, biscoitos, e, às vezes, especiarias doces são os aromas mais comuns. Malvasia Países: Portugal,Itália e Espanha A uva Malvasia, que na realidade é uma família de uvas, é uma das mais antigas uvas brancas que se conhece (cerca de 2.000 anos), e todas são muito aromáticas. Entre os países que cultivam Malvasia, atualmente destacam-se, Itália, Espanha e Portugal. Mas, na realidade, a Malvasia é plantada em muitos lugares, da Croácia à Califórnia, passando pela Austrália e pelo Brasil. Muscadelle País: França A uva Muscadelle é uma das 3 únicas uvas brancas autorizadas para os vinhos franceses rotulados como Bordeaux, ao lado da Sauvignon Blanc e da Sémillon. Quando misturada a vinhos doces baseados das uvas sémillon e sauvignon blanc, é usada em pequenas quantidades, já que é muito aromática. Moscato - Muscat - Moscatel Países: França (Alsácia), Portugal, Espanha e Itália Essa é uma uva muito conhecida, e é plantada no mundo todo. Essa é a única uva vinífera que mantém os aromas de uva no vinho, além de ser uma das espécies mais antigas e ainda cultivadas. Os vinhos desse tipo de uva podem ser secos ou doces, porém são sempre fascinantes. A uva Moscato é usada para vinhos secos na Alsácia e para espumantes do tipo Asti Espumante e Moscato Bianc. Há muitas variantes e denominações, como Moscato d'Asti na Itália, Moscatel na Espanha, Gelber Muskateller na Áustria, Muscat Lunel na Hungria, pois é uma espécie antiga do Mediterrâneo. São produzidos os melhores vinhos da família Muskateller com esse tipo de uva. A uva Muscat tem um típico toque de Muskat (moscado) que sobressai quando misturada a outra qualidade de uva. Pode apresentar também aroma de temperos e flor de laranjeira, dependendo da idade e da localização do vinhedo. Palomino Países: Espanha, Estados Unidos e Austrália Essa uva, que é a mais utilizada na produção do Jerez, é da Andaluzia, no sudoeste da Espanha. Seu nome se deve a Fernan Ibanez Palomino, um cavaleiro do Rei Alfonso X, que foi um importante oficial militar que atuou durante a Reconquista, quando os exércitos cristãos europeus lutaram contra os invasores mouros, para retomar o controle da região. As uvas são suculentas, porém frágeis, e seus cachos são longos, cilíndricos e relativamente compactos. A cor dos bagos é verde amarelada, de tamanho médio. Pedro Ximénez País: Espanha Esse tipo de uva possui alto teor de açúcar, e na Espanha, é encontrada em praticamente todas as regiões vinícolas. Conforme sua localização, a grafia de seu nome pode variar, podendo ser Pedro Ximénez, Pedro Ximenez, Pedro Ximenes, Pedro Jiménez e Pedro Giménez. Os cachos dessa uva são relativamente grandes, e o bago é redondo e médio, com pele fina quase transparente, delicada e muito sensível aos climas úmidos. Pinot Blanc (pinot bianco) Países: França (Alsácia), Itália, Áustria e EUA Essa uva, que também é conhecida como Pinot Bianco, Weissburgunder ou Burgunder Weisser, é originária da Alemanha e da vizinha região francesa da Alsácia. Também é cultivada Borgonha, no nordeste da Itália, e em países como Áustria, Canadá, Estados Unidos, Argentina, Uruguai, etc. O vinho feito com essa uva varia de médio a encorpado, tem uma boa acidez, e responde bem ao amadurecimento em carvalho. Nos aromas é possível encontrar perfumes de amêndoas, toques florais e especiarias, quanto ao sabor é possível identificar a maçã e leves características minerais. Pinot Gris (tokay d'Alsace, pinot grigio) Países: França (Alsácia), Itália, Alemanha, Hungria e Nova Zelândia Essa uva, que é da família Pinot Noir, produz vinhos brancos leves, jovens e secos na Itália e mais perfumados e ricos na região francesa da Alsácia, na França. Grigio, ou Gris, significa “cinza”, que é o tom dessa uva. Prosecco Países: Itália e Brasil Essa uva é responsável por produzir espumantes frescos, frutados, com pouco paladar e acidez. Ela é encontrada na região de Vêneto, na Itália. Os vinhos Prosecco têm identidade exclusiva, são muito tradicionais, mas muito flexíveis, sendo agradáveis em qualquer ocasião, e podem aparecer em 3 versões: BRUT, EXTRASSECO E SECO. Roussane País: França (Rhone, Languedoc-Rousiillon) A origem do nome Roussane é muito interessante, pois vem da palavra francesa ROUX, que significa vermelho. Apesar da uva ser clara, a variedade, ao amadurecer, adquire uma cor castanho- avermelhada. Não é afirmado, porém aceita-se que Roussane seja uma uva nativa do Vale do Rhône. Essa uva produz um vinho encorpado e complexo, que sugere aromas de ervas, melão, pêra, damasco e mel. Riesling Países: Alemanha, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, França (Alsácia) e EUA A uva Riesling é considerada uma das melhores do mundo para os entendidos de vinho. Originária da Alemanha, incluindo a Alsácia que antigamente era uma província alemã, hoje é cultivada em qualquer parte do mundo. Seus vinhos são elegantes e intensos e de alta acidez, de sabor fresco e frutado com notas de flores e de ervas. Quando jovens, revelam sabores e odores de frutas cítricas, maçã verde e até mesmo maracujá. Já quando maduras, revelam um aroma característico que pode ser comparado a derivados do petróleo, como o querosene, diesel e borracha. Sauvignon Blanc Países: França (Loire, Bordeaux), Nova Zelândia, Chile, Áustria e África do Sul Essa é uma das uvas mais plantadas em todo o mundo, e sua origem aponta para a França, primeiramente no Vale do Loire, e depois na região de Bordeaux. Sémillon Países: França (Bordeaux), Austrália Nova Zelândia, África do Sul, EUA Apesar de não ter tanta fama, esta é a uva branca mais plantada em Bordeaux. Tanto os vinhos doces da região de Sauternes, na França, quanto os vinhos brancos secos de Bordeaux usam esta variedade (como o Château D'Yquem, 4/5 de sémillon e 1/5 de sauvignon blanc). Sua característica varia de acordo com a região que é cultivada: aroma amanteigado e com grande potencial de envelhecimento na Austrália e aromas cítricos e adocicado em Bordeaux. Os bagos dessa uva possuem pele grossa e dourada, podendo assumir um tom rosado ou de cobre no tempo da colheita. Sercial País: Portugal (Ilha da Madeira) A uva Sercial, ou também conhecida como Cerceal, Escanoso, Esganoso, Esgana, Esganinho, Esgana Dão e Esgana Cão, é a denominação dada a várias castas de uvas brancas cultivadas em Portugal, especialmente na Ilha da Madeira. Seus cachos são pequenos e compactos, e os bagos também pequenos, não uniformes e de cor verde amarelada. É uma casta de média produtividade, dando origem a vinhos de cor alambreada, secos e de excelente qualidade. Tocai (friulano) País: Itália Cultivada na região italiana de Friuli-Veneza, esta variedade branca produz vinhos elegantes e encorpados. É conhecida historicamente como Tocai, ou Tocai Friulano, e atualmente chamada apenas de Friulano. Essa é a cepa que mais representa a região de Friuli Venezia Giulia. A troca do nome ocorreu pela similaridade do nome da uva Tokay d’Alsace. Apesar dos nomes serem parecidos, não existe nenhuma relação entre essas uvas. O vinho da uva Friulano tem aparência de cor amarelo-palha ou dourada, e os aromas mais associados são os de origem vegetal de flores do campo, camomila, tomilho, feno, etc, e os frutados, que costumam remeter a pêssego, pêra e amêndoa. Seu bago é redondo de tamanho médio, e seus cachos têm porte médio, são bem compactos e podem ter formato cilíndrico ou piramidal. Torrontés País: Argentina A uva Torrontés é a uva mais emblemática dos vinhos brancos argentinos. O nome Torrontés vem de enxurrada, o que é muito apropriado para descrever o vinho produzido com essa uva, caracterizado por aromas incrivelmente potentes, capazes de surpreender qualquer um. Essa é a única cepa considerada nativa da Argentina. Produz vinhos com aromas que lembram lichias, pêssegos,e flores com rosas, gerânios e jasmins. Esta uva é bem redonda, e tem bagos de tamanho grande de cor amarelada. Existem três variantes de Torrontés: Torrontés Mendocino, Torrontés Sanjuanino e Torrontés Riojano. A Torrontés Riojano é a mais cultivada delas, e também a mais apropriada para a produção de vinhos. As duas primeiras são mais indicadas para o consumo in natura. Trebbiano Países: Itália, França, África do Sul e Austrália Essa uva é plantada extensivamente em toda a Itália, e produz vinhos brancos mais comuns no país. Na França, com o nome de UNI BLANC e saint-émilion é muito usada na produção de conhaque e armagnac. Além da Itália e da França, encontramos a Trebbiano na Argentina, na Austrália, nos Estados Unidos, em Portugal, no Brasil, etc. Os vinhos produzidos com este tipo de uva são extremamente refrescantes, secos e com alta acidez. Seus aromas mais comuns são cítricos e de amêndoas, com notas florais e um fundo herbáceo. Verdelho País: Portugal (Ilha da Madeira) A uva Verdelho é a mais cultivada na Ilha da Madeira, em Portugal, e apresenta cachos pequenos e compactos, compostos por bagos miúdos de cor verde amarelada. Os aromas mais associados aos vinhos elaborados com esta uva são damasco, pimentas brancas e pêras, além de frutas cítricas e tropicais. Verdicchio País: Itália Uva branca típica da Itália Central, produz vinhos brancos ou espumantes. Pode se reconhecer flores do campo com notas de pêssego e maçã em seus aromas. Os vinhos desse tipo de uva são frescos, secos, harmoniosos, levemente frutados e com um leve amargor no final. Vermentino País: Itália Cultivada particularmente nas regiões da Ligúria, Sicília e Sardenha, esta é uma uva popular da Itália. Produz vinhos frescos e delicadamente aromatizados com toque mineral. Devem ser consumidos jovens. Viognier Países: França, Austrália, África do Sul e Argentina De origem francesa, esta uva produz vinhos brancos secos e com toques florais, muito ricos e refrescantes, para serem bebidos jovens. Viosinho País: Portugal (Douro) Com esta uva, vinhos bem estruturados, frescos e de aromas florais complexos são feitos. Normalmente são também alcoólicos e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos. Xarel-lo País: Espanha (Penedés) Parece até difícil falar, porém a pronúncia é "xarelo". Esta uva também pode ser chamada de Pansal, Pansa Blanca e Cartoixa. Com ela se produz bons vinhos secos. É uma variedade branca, de cacho mediano e não muito compacto. O bago desta uva é de tamanho mediano a grande, redondo e de pele grossa. A Xarel-lo é uma uva rica em polifenóis, como o resveratrol, e também possui alto teor de acidez, características que conferem aos vinhos com ela produzidos, uma boa longevidade. Uvas Tintas Nesta lição vamos conhecer os principais tipos de Uvas Tintas. Agiorgitiko País: Grécia Apesar do nome difícil, sua pronúncia é fácil: a-gior-gí-tico. Esta uva é cultivada em toda a Grécia, porém é tradicional da região do Peloponeso, mais especificamente de Nemeia. Seu nome "Agiorgitiko" significa “Uva de São Jorge”, talvez por ser uma referência à Capela de São Jorge, perto de Nemeia, na Grécia, ou ao dia de São Jorge, comemorado por algumas igrejas ortodoxas perto do período da colheita. Os vinhos tintos produzidos com esta uva são notórios pela cor profunda e pelo sabor frutado e aveludado, que lembra ameixas e cerejas pretas. Esses vinhos costumam ter baixa acidez. Aglianico País: Itália Esta uva, própria para envelhecimento, apresenta grande concentração de acidez e taninos. É encontrada no Sul da Itália, principalmente em rótulos de Campanha e Basilicata. Em português, naturalmente diríamos "Agliânico". Porém o ideal é pronunciar como "Alhiánico". É assim que os italianos pronunciam. Entre as consideradas nativas da Itália, essa é uma das uvas mais antigas. Produz vinhos tintos encorpados de caráter mineral, que remetem a figo e a cereja. Alicante Bouschet (garnacha tintorera) Países: França, Portugal (Alentejo) e Espanha Realizado pelo francês Luis Bouschet de Bernard e seu filho Henri em 1866, esta uva é fruto do cruzamento da Grenache com a Petit Bouschet. Essa variedade é mais indicada quando misturada a outras uvas, e na região de Alentejo, em Portugal, é uma importante uva na composição de certos vinhos, onde dá um dá aromas de menta e eucalipto. Barbera Países: Itália (Piemonte), Estados Unidos (Califórnia) e Argentina É a uva mais popular das uvas do Piemonte, norte da Itália. Dependendo da origem, as uvas cultivadas em Piemonte, produzem vinhos leves e frutados. Já nas outras regiões, a produção tende a um vinho mais robusto e aromático. Aromas de ameixas, frutas vermelhas e cerejas podem ser identificados. Baga País: Portugal (Bairrada) Da região portuguesa da Bairrada é a principal uva, e produz vinhos bastante adstringentes. É uma variedade difícil de cultivar, porém com bastante dedicação do produtor, em anos secos, quando as uvas amadurecem bem, os vinhos feitos com a uva Baga são verdadeiras preciosidades, com cor profunda, taninos e acidez marcantes, sabores frutados e toques de café, tabaco, palha e fumaça. Bonarda Países: Itália e Argentina Seu nome completo é Bonarda Piemontese, e esta uva produz vinhos frutados, leves, melhor quando bebidos jovens. É considerada uma variedade exótica, e tem cada vez mais destaque no mercado mundial. Antigamente na Argentina, a uva Bornada era confundida com a Barbera. Foi provado somente na década de 60 que essa variedade não tinha nada a ver com a verdadeira Barbera, que também é cultivada naquele país. Produz vinhos de cor forte de vermelho rubi, com tons violeta e roxo, e aromas de frutas maduras (amora, morango, framboesa, cassis e cereja) e com uma atrativa picância. Bastardo País: Portugal (Bairrada e Dão) Essa uva está se tornando cada vez mais rara, perdendo terreno de seus vinhedos para outras cepas mais interessantes economicamente. Muitos especialistas consideram a uva Bastado e a Trousseau idênticas, porém para a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), elas são diferentes. A uva Bastardo é uma das uvas permitidas para a produção dos vinhos do Porto, no Douro, e dos fortificados Madeira, da ilha de mesmo nome. Já sob o nome Trousseau, essa é uma uva presente, fora de Portugal também, principalmente na França, na região alpina do Jura, ao lado da Pinot Noir e da Poulsard. O vinho produzido com a Bastardo, ou com a Trousseau, é na maioria das vezes profundamente pigmentado, e é encorpado, com aromas que remetem a cerejas pretas, frutas vermelhas, violetas e terra. Cabernet Sauvignon Países: França (Bordeaux), Chile, Estados Unidos (Califórnia), Argentina, Austrália, Itália, África do Sul e Brasil Esta é a uva mais propagada em todo o mundo e responsável pelos melhores rótulos do planeta. Enriquece quando misturada à merlot, cabernet franc, shiraz, petit verdot ou malbec. Seu vinho é encorpado, rico em taninos, muito aromático e saboroso, indicado para ser envelhecido em barris de carvalho. Seu aroma está associado com toques de groselha, amora, ameixa, tabaco, sendo seu principal odor associado ao pimentão verde. Cabernet Franc Países: França (Bordeaux, Loire), Argentina, Estados Unidos (Califórnia), Austrália e Nova Zelândia Esta é considerada a terceira uva tinta mais importante de Bordeaux (Pommerol e Saint Emilion). A Cabernet Franc é mais leve e com menos taninos que a cabernet sauvignon e amadurece mais cedo. Produz vinhos taninos longos, macios e bem integrados, e corpo moderado. Combinando isso com uma acidez marcante, oferece vinhos elegantes, considerados requintados, e de boa longevidade. Carignan (cariñena,mazuelo) Países: França (Languedoc-Roussillon), Espanha, e Estados Unidos (Califórnia) Apesar de ser originária do norte da Espanha, é uma das espécies mais cultivadas na França, principalmente na região de Languedoc-Roussillon. Esta uva, que é da família Vitis vinifera, possui casca grossa e produz vinhos de cor escura, com alto teor alcoólico e com taninos pronunciados. Carmenère País: Chile Hoje em dia, esta uva é praticamente cultivada apenas no Chile. É originária de Bordeaux, e até a década de 90 era confundida com a merlot, porém é mais escura e de taninos macios. Os vinhos feitos à base de Carmenère têm cor escura e profunda. Os aromas lembram frutas vermelhas maduras e ameixas, pimentas e especiarias, ervas e alcaçuz, pimentões e azeitonas. Quando passam por carvalho, também trazem toques de chocolate. Cinsault (espagne, hermitage, malaga) Países: França, Espanha, África do Sul e Líbano Esta uva, que tem como pronúncia “sãn-soul”, é encontrada principalmente na região de Languedoc-Roussilon, na França. É comparada com as uvas grenache e carignan. Produz bebidas pouco aromáticas e leves. Já na região do Rhone, a mesma uva com melhores cuidados produz vinhos mais concentrados e aromáticos. A Cinsault é responsável pelo emblemático Château Musar no Líbano. Corvina País: Itália Os primeiros registros do cultivo dessa uva são de 1824. É muito cultivada no Vêneto, e possui cachos ovais, de tamanho médio, escuros e azulados. É uma uva de casca grossa, e seu nome "Corvina"remete à cor escura de seus cachos: “escuros como as penas de um corvo”. Corvo, em italiano, diz-se corvino. Produz vinhos tânicos, de cor profunda, elegantes e bem estruturados. Apresenta também um frescor acentuado, e os aromas mais comuns associados à Corvina são couro, noz moscada, chocolate, ervas, cerejas e amêndoas. Dolcetto Países: Itália, Argentina e Austrália Esta uva italiana não é doce, apesar de seu nome significar “um pouco doce”. Trata-se de uma uva bastante tânica, e raramente vinhos à base de Dolcetto são doces. Típica do Piemonte, ao lado das uvas Barbera e da Nebbiolo, é a que amadurece mais depressa, entre as três. Seus aromas estão associados com frutas vermelhas, ameixa, marmelo e amêndoas. Gamay País: França (Borgonha) Por causa do vinho Beaujolais, a uva Gamay é famosa em todo o mundo. Este vinho é leve, produzido na região de Borgonha, e pode ser bebido bem jovem. Além de ser macio e muito frutado, podemos encontrar neste vinho sabores e aromas de framboesa, morangos silvestres, cerejas, frutas vermelhas. Sua pronúncia é Gamê, e também pode ser encontrada pelos nomes Gamay Beaujolais, Gamay Noir e Jurançon Noir, todos reconhecidos pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho. Graciano País: Espanha (Riojo) Esta uva é típica de Rioja, e é considerada a mais interessante da região por muitos. Também conhecida como Morrastel e de Tinta Miúda, produz vinho rico em acidez, e às vezes bastante tânico. Muito aromático, costuma ser associado a hortelã e a frutas escuras, com toque mineral e apimentado. Grenache (Garnacha) Países: França (Rhône), Espanha, Austrália, Itália e Estados Unidos A Grenache é uma das uvas mais plantadas no mundo, e pode ser encontrada em famosos vinhos tintos. Esta uva também produz excelentes rosés, e até vinhos fortificados e de sobremesa. É presença fundamental do renomado Châteauneuf-du-Pape e na maioria dos vinhos do Rhône. Produz vinhos com aromas frutados de amora, morango, mirtilo, groselha, cereja e ameixa, além dos aromas de especiarias, como canela, pimenta-do-reino, alcaçuz e menta. Além desses aromas, é possível também encontrar aromas de tabaco e couro, rosas e violetas, e baunilha e chocolate. Lambrusco País: Itália É uma uva muito famosa na região da Emilia-Romana, porém é cultivada em toda a Itália. Produz bons vinhos de denominação de origem, porém aqui no Brasil é mais conhecida pelos vinhos frisantes, semi-doces e de baixo teor alcoólico. Existem mais de sessenta subvariedades conhecidas dessa uva. Malbec Países: França, Chile e Argentina Esta uva é originária de Bordeaux, porém foi na Argentina que virou praticamente um emblema do país, onde é responsável pelos melhores vinhos tintos produzidos, de cor escura, densos e aromas florais. No aroma é possível identificar frutas vermelhas, cerejas e violetas. Merlot Países: França (Bordeaux), Norte da Itália, Estados Unidos, Chile, Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Brasil É comparada com a uva Cabernet Sauvignon, porém é mais suave, tem sabor mais macio, tem menos tanino e aromas mais frutados. Quando colhidas com a maturação correta, pode desenvolver aromas de chocolate e frutas vermelhas maduras. A Merlot é uma uva cultivada na região de Bordeaux (França), porém também pode ser encontrada no Chile, Itália, Austrália e Califórnia. Mourvèdre (monastrell e mataro) Países: França, Espanha e Austrália Apesar de ser uma uva típica do Sul da França, a Mourvèdre é muito cultivada na Espanha. É misturada geralmente com outras uvas, como a renache, cinsault e a shyrah. É um pouco tânica e ajuda a dar cor e estrutura ao vinho. Apesar da pronúncia difícil (mur-védre), esta variedade é tida como uma uva com grande potencial para o futuro, como se fosse uma tendência. Produz vinhos intensamente coloridos, de acidez média, ricos e aveludados, com aromas de frutas vermelhas, hortelã, chocolate, violetas, couro, terra e caça. Montepulciano País: Itália Apesar de ter maior destaque na região central, esta uva é cultivada por toda a Itália. Devido a maciez dos seus taninos, produz excelentes vinhos jovens. É importante ficar atento para não confundir esta uva com a cidade da região da Toscana de mesmo nome, que produz o famoso Vino Nobil di Montepulciano, que é feito, aliás, a partir da uva sangiovese. Nebbiolo País: Itália (Piemonte) É considerada uma das melhores uvas do mundo, e produz vinhos de coloração intensa, marcantes, muito ricos em taninos. O vinho deve ser envelhecido por alguns anos antes de ser engarrafado e saboreado. Os aromas lembram ameixas, trufas, funghi, alcaçuz e, às vezes, até o cacau. Em italiano "Nebbia" significa névoa, uma característica do clima da região onde esta uva é cultivada, nos montes de Alba e Monforte. Para finalizar, resulta no nome da uva que produz os melhores e mais valorizados tintos italianos: Barolo e o Barbaresco. Por isso temos o nome "NEBBIOLO". Nero D'avola País: Itália Típica da região de Sicília, no Sul da Itália, a uva Nero D’Avola, que também é conhecida como Calabrese, produz vinhos escuros e densos de qualidade, e com potencial de envelhecimento. Esta uva é intensamente aromática, e traz aromas de ameixa, frutas vermelhas, pimenta e cravo. Seu nome "Nero d’Avola" refere-se à “uva negra proveniente da cidade de Avola”, na costa sudeste da ilha. O interessante é que há quem afirme que esta uva nasceu na Calábria, e por isso a ligação com seu outro nome Calabrese. Porém há quem negue, e diga que os nomes não são relacionados, já que a palavra Calavrisi ou Calaurisi também é usada para identificar os habitantes de Avola. Há ainda quem afirme que ela surgiu na Mesopotâmia. Pinot Noir Países: França (Borgonha, Champagne), Chile, Itália, África do Sul A Pinot Noir é uma uva típica da Borgonha e produz os vinhos mais admirados pelos enólogos e enófilos do mundo. Produz vinhos de coloração clara para média com relativo baixo tanino e acidez, mais elegantes e generosos que encorpados, e o aroma pode lembrar morango silvestre, às vezes cereja e groselha. Esta uva também é utilizada na produção dos melhores champanhes e vinhos espumantes. Petite Sirah Países: França e EstadosUnidos Também chamada de Durif, esta é uma uva utilizada na elaboração de vinhos em regiões da Austrália e Califórnia, bem como no Brasil, Israel e México. Produz vinhos bem encorpados de coloração escura, com nível de álcool igual ou superior a 13%. Apresenta excelentes taninos, e é possível observar aromas de cereja preta, amora, pimenta preta, ameixa, baunilha, chocolate e mirtilo. Apesar de ser muito confundida com a uva Syrah/Shiraz, devido a semelhança de seus nomes, estas uvas são diferentes. A Petite Sirah nasceu do cruzamento entre as uvas Syrah e Peloursin, feito pelo botânico francês François Durif. Petit Verdot País: França (Bordeaux) A origem da uva Petit Verdot é incerta, porém é conferida à região de Bordeaux na França. Apesar disso, há indícios de que foi trazida pelos romanos do Mediterrâneo. Seu nome "Petit Verdot" foi atribuído a casta por causa do pequeno tamanho de seu cacho, e também por existir em seus bagos frutos de cor escura e outros com tom esverdeado, devido a uma característica bastante predominante da cepa, o amadurecimento tardio. Os vinhos produzidos com esta uva apresentam aromas de bananas e madeira, quando jovens. Pinotage País: África do Sul Criada pelo professor Perald na África do Sul em 1920, esta uva surgiu do cruzamento entre a Pinot Noir e a Cinsaut. Produz vinhos frutados, e os aromas lembram frutas vermelhas e bananas. Periquita (castelão português, castelão francês) País: Portugal Essa uva tinta portuguesa é da região de Setúbal, onde foi muito comercializada por José Maria da Fonseca (na Cova da Periquita) e tornou-se conhecida por esse nome. Produz vinhos varietais, de médio corpo, cor rubi e sabor lembrando amoras, framboesas e cerejas. É também a marca do popular tinto lusitano mais exportado para o Brasil. Rondinella País: Itália Essa uva é utilizada no corte dos tintos italianos Amarone, Valpolicella e Bardolino e é encontrada com maior facilidade na região italiana do Vêneto. Produz vinhos de coloração rubi intensa, que são marcados por aromas delicados e sabores frutados. Os vinhos da uva Rondinella possuem poucos taninos, no entanto, são bem estruturados. Tem cachos de dimensões médias e formatos cilíndricos. Sangiovese Países: Itália, Estados Unidos e Argentina Esta uva produz vinhos ricos em taninos, fortes e de gosto encorpado. Seus aromas são associados com ameixas, cereja e amora. Também é possível observar o aroma de tabaco e baunilha nos grandes vinhos envelhecidos. A uva Sangiovese é a base dos grandes vinhos da Toscana, e é considerada a variedade mais plantada na Itália. Seu nome significa "o sangue de Júpiter". Syrah (Shiraz) Países: França (Rhône), Austrália, África do Sul e Argentina Produz vinhos bem encorpados, de coloração intensa e aromáticos, que lembram frutas vermelhas. Esta uva é da região do Vale do Rio Rhône, na França, porém também é cultivada na África do Sul, Austrália e nos Estados Unidos. Tempranillo Países: Espanha, Portugal e Argentina Como sugere o seu nome é uma uva que amadurece cedo. Precoce, antecipado, adiantado, prematuro, em espanhol significa “temprano”. Os vinhos produzidos com essa uva possuem aromas de amora, morango, mirtilo, cereja, framboesa, groselha preta, ameixas. Além desses aromas é possível observar notas de baunilha, ervas secas, canela, cravo, menta, couro, tabaco, chocolate escuro. Tannat (Mandiran) Países: Uruguai e França A Uva Tannat nasceu em uma região chamada Madiran na França, porém hoje é destaque no Uruguai. É considerada a uva mais tânica de todas, e possui alto poder antioxidante. Esta uva possui grande capacidade de auxiliar na prevenção de muitas doenças, e o vinho produzido com essa uva é considerado o mais saudável que conhecemos. Teroldego Países: Itália (Trentino Alto Adige) e Brasil A uva Teroldego (lê-se teroldego) produz vinhos tintos com bastante estrutura e sabor de groselha preta. Essa é uma uva do norte da Itália, porém faz muito sucesso aqui no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul. Possui este nome pela condução que era dada ao vinhedo. Seus vinhos possuem uma acidez e um amargor característicos e tem potencial para produzir desde vinhos de corpo mais leve até os mais encorpados. Tinto Cão País: Portugal (Douro e Dão) É uma das castas mais antigas das regiões portuguesas do Douro e do Dão, e é famosa por seu caráter apimentado. Os vinhos produzidos com a uva Tinto Cão possuem normalmente uma textura aveludada, bem como equilibrada acidez. Tinta Barroca País: Portugal (Douro) Esta uva também é muito comum na região do Douro, e possui aromas de cerejas pretas, flores roxas, ameixas pretas e cogumelos brancos. A Tinta Barroca é uma uva rica em cor e em açúcar, por isso produz vinhos muito alcoólicos. Apesar disso, não é uma uva com fortes taninos. Touriga Nacional Países: Portugal (Douro) e Austrália Muito adorada pelos portugueses, e cada vez mais conhecida no mundo todo, a uva Touriga Nacional tem cachos pequenos, com bagos ligeiramente achatados, de cor azul (médio a escuro), e é muito sensível às condições ambientais. Os aromas mais comuns dessa uva lembram violetas e frutas maduras como amora, mirtilo e ameixa, apresentando também notas de alecrim, menta e chocolate escuro. Touriga Francesa País: Portugal (Douro) Se fala Tôriga Francesa e é mais leve que a touriga nacional. É bastante cultivada em Portugal na região do Douro. Também é conhecida como Touriga Franca, e é originária de um cruzamento natural entre a uva Touriga Nacional com a casta Marufo (Mourisco Tinto). Trincadeira País: Portugal (Alentejo) Esta uva, que é original portuguesa, possui um sabor e aromas associados com frutos vermelhos como framboesa, e frutas negras como ameixa preta, com toque picante de especiarias, vegetais. Também tem acidez notável e fresca, taninos consideravelmente abundantes e destacados, porém que se tornam agradáveis e macios. Zinfandel (primitivo) Países: Estados Unidos (Califórnia) e Itália A Zinfandel e a Primitivo são a mesma uva, porém, Primitivo é o nome utilizado na Itália, e Zinfandel, nos Estados Unidos. Produz tintos secos coloridos e frutados, com notas de pimenta e sabor que lembra groselha preta. Essa variedade pode ser utilizada para a produção de vinhos brancos, rosés, tintos e até mesmo fortificados. O Solo É muito importante saber que o solo e o clima local onde as uvas foram cultivadas também podem ser considerados um reflexo do vinho. Ou seja, há muitos passos antes do líquido chegar até a garrafa e ao supermercado ou em enotecas. Com isso podemos começar a entender o significado da palavra terroir. Esta expressão é muito utilizada no mundo dos amantes do vinho, porém nem sempre é compreendida da forma correta. A definição de terroir, sendo assim, é a base dos sistemas de Denominação de Origem Controlada (DOC), apesar de que, muitas pessoas afirmam que isso é, sobretudo, uma questão de marketing das regiões vinícolas. Apesar disso, a enologia moderna tem mostrado que é possível produzir vinhos de alta qualidade através de uvas cultivadas praticamente em qualquer lugar, pelo motivo de melhores técnicas de vinificação e cultivo. Então, qual seria o papel do terroir nos dias atuais? Bom, o terroir seria o encarregado pela definição das características de um vinho, não importando as especificidades das técnicas de vinificação ou de variações climáticas de uma safra específica. Para entender vamos ver o seguinte exemplo: - O terroir é o que define verdadeiramente as diferenças entre um vinho elaborado com Cabernet Sauvignon cultivada em Bordeauxou Cabernet Sauvignon cultivada na Califórnia. Falando nisso, em relação a este assunto, geralmente o terroir tende a ser mais presente justamente quando se comparam vinhos do Velho Mundo com vinhos do Novo Mundo. São dois grandes tipos climáticos que as regiões vinícolas se dividem: climas continentais e climas marítimos. É possível encontrar nos climas continentais as maiores variações de temperatura entre dia e noite, além do maior número de horas diárias de luz solar. Nos climas marítimos é possível encontrar maior número de dias chuvosos e maior umidade relativa do ar. Para o terroir, outro fator de importância é o solo em si, pois as vinhas são nutridas pelo seu conteúdo. Um solo que tem conteúdo orgânico e é muito rico em mineral traz benefícios para o crescimento das folhas, o que acaba automaticamente criando frutos empobrecidos. Com isso, os solos menos férteis são melhores. A estrutura do solo também é fundamental, e deve conceder uma boa drenagem. Para entender melhor, terrenos muito planos, por exemplo, podem dificultar a boa drenagem do solo. E fungos nas folhas e nas uvas podem ser causados por umidade em excesso. Com isso conseguimos entender que há muita influência ambiental sobre a produção de um vinho. Terroir é, na sua essência, a afirmação ou a suposição, de que a terra onde as uvas são cultivadas transmite uma qualidade única ao vinho. Agora que entendemos um pouco do conceito de Terroir, vamos voltar a focar no solo. O solo é o responsável por sustentar a vida da videira, guardando água e alimento para ela. É o solo que controla as influências climáticas sobre a videira, como temperatura e chuva. É possível perceber que o solo é constituído de camadas horizontais diferentes, também conhecidas como "horizontes". O perfil de cada solo, ou seja, a sequência de camadas de um solo, pode variar muito de um lugar para outro, além de afetar diretamente a criação do sistema de raízes de uma vinha, assim como o municiamento de nutrientes e água. Para fazer um resumo e gravar, as camadas mais profundas possuem mais compostos minerais, por estarem mais perto da rocha que originou o solo, e as camadas mais superficiais possuem mais materiais orgânicos. Sim, a rocha é um conjunto de minerais! São pelas suas características físicas (textura, porosidade, cor, estrutura, permeabilidade), biológicas e químicas (pH, composição química e poder de absorção) que os solos são diferenciados. E são de diferentes formas que as vinhas se desenvolvem, dependendo do solo onde estão plantadas. Uma mesma variedade de vinha pode se "comportar" totalmente diferente em diferentes solos. Como já falamos nesta lição, apesar de ser estranho, para a produção de vinhos de qualidade a vinha elege solos pobres ou pouco férteis como os melhores. Um solo calcário, por exemplo, tende a ser pobre e a produzir vinhos de alta qualidade. Os solos de pH muito básico possuem baixo ferro, boro, manganês e zinco, elementos essenciais para o equilíbrio dos nutrientes. Solos de xisto, granito e calcário são visivelmente benéficos para a viticultura, e podem sair deles, uvas para a produção de vinhos com personalidade bastante mineral. Fatores Físicos do Solo São dois conceitos fundamentais que tem como função condicionar o comportamento radicular e sua capacidade de alimentar a videira: a textura e a estrutura do solo. Textura É associada com os seus elementos finos. A argila é o elemento mais fino. O objetivo da textura é condicionar, principalmente, a capacidade e a micro porosidade de campo do solo, ou seja, a quantidade de água retida (por cada 100g de terra) e aproveitável pela planta. Quanto mais elementos finos, maior a retenção de água do solo e menor a permeabilidade. Estrutura É associada com os seus elementos grosseiros, os agregados ou torrões, constituídos por grãos de areia ligados entre si pelo complexo argilo-húmico. O ar e a água circulam entre eles. O objetivo da estrutura do solo é condicionar a permeabilidade, a macro porosidade e a drenagem, além de obter o melhor arejamento (assim como a maioria dos organismos vivos úteis no solo, as raízes respiram) e aquecimento. É para o recomeço do ciclo vegetativo, para a proliferação dos organismos úteis e para o crescimento das raízes que o aquecimento é importante. Depende do grau de umidade do solo e da sua cor, e da orientação de orografia do terreno. Solos de tons muito claros refletem grande parte da luz que recebem e suas uvas estão sujeitas ao perigoso escaldão em climas quentes. Já solos de tons escuros absorvem e transformam quase toda a luz que recebem em calor - fator muito importante em latitudes ou climas marginais para a cultura da vinha, possibilitando melhores maturações. O progresso da temperatura do solo ao longo do ciclo vegetativo, condicionada pela sua estrutura e textura, é muito importante: num solo arenoso a maturação de uma mesma casta é prematura face à de um solo argiloso. Composição Química do Solo De acordo com alguns estudos, a carência de um ou outro componente nutritivo pode condicionar a qualidade ou caráter final do vinho dando-lhe assim uma espécie de marca de “terroir”. A influência da composição química do solo na qualidade do vinho ainda está em investigação, e muito trabalho acontece em biologia molecular da videira e na definição de genes que mantém o aroma do vinho para que as implicações químicas do solo sejam melhor compreendidas. A alcalinidade do solo ou o grau de acidez, ou seja, seu pH, influencia a cultura. Com pH menor que 6 o solo é ácido e acima de 8 é básico. O que pode trazer dificuldades à videira ou até mesmo impedir a sua cultura são os valores extremos, como por exemplo, um pH acima de 8,5. Já com um pH abaixo de 5,5 o sistema radicular da videira pode ter complicações no crescimento. Os solos muito ácidos dificultam a absorção de fósforo, potássio, azoto e magnésio. Já em solos muito básicos as plantas têm insuficiência de ferro, manganês, zinco e boro. Os solos devem ser corrigidos antes de ganharem a cultura da vinha, nos casos extremos. A Água no Solo Em quatro formas diferentes a água encontra-se no solo. A água possui um comportamento dinâmico e passa continuamente de um estado ao outro, por isso são conceitos que se intercalam. Água capilar: é a principal fonte de água disponível para a planta. Ocupa os espaços livres mais finos (micro porosidade), e é sujeita a fenômenos capilares. Água de constituição: não está disponível para a planta, e faz parte da estrutura física dos minerais. Água gravitacional: essa água não é retida pelo solo, e pode ser pontualmente utilizada pela planta. É encontrada temporariamente nos espaços lacunares (macro porosidade). Água higroscópica: cria uma película à superfície dos minerais ou dos seus anexos e não está disponível. É absorvida através de ligações fortes. O Clima O clima é algo decisivo na capacidade vinícola das regiões. É através de alguns elementos que manifesta sua influência, como a temperatura, insolação, precipitação, dentre outros. Você sabia que após a vinha, o clima pode ser considerado o ingrediente mais importante do vinho? Isso porque, qualquer fenômeno pode alterar a sua qualidade. Durante um período longo em qualquer região, um clima médio determina os limites do que pode ser cultivado e quais os resultados esperados, porém são os caprichos do clima durante um ano que podem fazer ou quebrar uma safra. - São diversos os fatores que podem influenciar o clima, mas os principais são a chuva e a temperatura. A luz do sol é também fundamental para a fotossíntese, porém é a temperatura que é mais crítica, principalmente em locais frios. Para entender real do clima, saiba que em uma região vinícola, o clima não afetaapenas a escolha da uva, mas também o tipo de vinho que ela pode produzir. Os vinhos de clima quente tendem a ter teor alcoólico mais alto e menor teor de acidez do que os vinhos de clima frio. Sem chuvas ou calor suficiente as uvas não amadurecem de forma adequada. Ou seja, qualquer excesso pode prejudicar a qualidade dos vinhos produzidos através dessas uvas. As temperaturas médias (a média diária das temperaturas máxima e mínima) no mês final do amadurecimento, ficam normalmente entre 15°C e 21°C para gerar bons vinhos de mesa. Os climas mais quentes geram bons vinhos de mesa e extremamente bons vinhos fortificados. Na estação do inverno, é necessário que seja frio o suficiente para liberarem que a vinha tenha seu sono de revitalização (hibernação). Caso aconteça de as temperaturas ficarem abaixo de -15°C no inverno, é alto o risco de que até mesmo as vinhas hibernadas sejam fatalmente congeladas, por isso certa proteção contra o inverno pode ser necessária. Como podemos perceber, é extremamente importante a diferença entre as temperaturas de verão e de inverno. Um exemplo que podemos observar é em climas continentais, como por exemplo, em Finger Lakes, em Ontário, e na Alemanha Oriental, onde a diferença é enorme e o clima é afetado pela grande massa de terra principalmente. Nesse caso, as temperaturas caem tão severamente no outono que existe o risco de as uvas não amadurecerem por completo. Já em climas marítimos mais quentes como por exemplo, o do Margaret River, no western Austrália, os invernos nem sempre são frios o suficiente para que as vinhas hibernem. Com isso, a vitivinicultura pode ser prejudicada, já que as pragas e as doenças nem sempre são mortas no inverno. Em climas marítimos mais frios, como por exemplo, em Bordeaux, na França, e Long Island, no estado de Nova York, o clima durante a floração (evento importante qualitativo que acontece no início do verão) é, na maioria das vezes, inconstante e frio, o que pode acabar prejudicando a quantidade de fruta que é plantada e a uniformidade desta plantação. Durante o dia as temperaturas também podem alterar. No início da tarde, a temperatura do ar é normalmente mais alta, e no alvorecer, mais baixa. É possível perceber em determinadas regiões, que o contraste entre as temperaturas diurnas e noturnas é muito mais marcante do que outras regiões, e por isso são conhecidas por sua grande variação de temperatura diurna. A vinha tem necessidade de água e calor, e geralmente, um índice pluviométrico anual médio de pelo menos 500 mm (e 750 mm ou mais em climas mais quentes, onde a transpiração das folhas e a evaporação do solo são bem maiores) é necessário, para gerar fotossíntese suficiente para amadurecer as uvas. Chove muito menos do que isso em várias regiões vinícolas, porém os produtores com acesso à água de irrigação conseguem compensar a carência. E o que acontece se faltar água para a vinha? Ela poderá sofrer de estresse aquático e tenderá a criar frutas menores com cascas mais grossas. Embora isto leve a reduzir a produção total, há chances também de, até certo ponto, produzir também vinhos com uma verdadeira concentração de cor e sabor. A seca severa, no entanto, pode interromper o amadurecimento completamente, já que a vinha entra em processo de sobrevivência e não em modo reprodutivo, resultando em vinhos não equilibrados. O fator que impossibilita a dispersão da vinha em muitas regiões de verões quentes - principalmente no hemisfério sul e na Califórnia - é a disponibilidade de água de irrigação, em vez de qualquer aspecto climático. Não existe, em teoria, um limite máximo para o índice pluviométrico anual, e até mesmo vinhedos alagados podem ser recuperados, especialmente no inverno. Como exemplo, o Minho, no norte de Portugal, e partes da Galícia, no norte da Espanha, podem ter um índice pluviométrico médio de mais de 1.500mm por ano. O fator crítico na precipitação atmosférica é o momento em que ocorre. As uvas podem inchar rapidamente, e os açúcares, os sabores e os ácidos que já estão desenvolvidos podem diluir rapidamente caso ocorra chuvas fortes pouco antes da colheita, principalmente após um período de clima relativamente seco. Durante a segunda metade do período de cultivo, um tempo muito chuvoso pode formar doenças fúngicas às quais as vinhas estão sujeitas, causando assim uvas podres. Apesar disso, vinicultores modernos lutam com um forte arsenal de técnicas de treinamento das vinhas e sprays, e assim estão muito menos propensos a colher as uvas precocemente do que seus predecessores. Outro fator importante é o vento, que às vezes é benéfico, já que pode secar os vinhedos úmidos e refrescar os vinhedos quentes, como na Córsega ou no Sul do Uruguai, por exemplo. Porém, estresse constante causado pelo vento também pode interromper a fotossíntese e adiar o processo de amadurecimento, como em Salinas Valley de Monterey, na Califórnia. Os viticultores em áreas mais expostas são obrigados a instalar quebra ventos para diminuir os efeitos do notório mistral, e o seco mais que bem-vindo pelos vinicultores. Plantio e colheita Como já aprendemos aqui no curso, o ciclo e o cultivo da videira podem determinar a qualidade de um vinho. Além disso, é importante saber que é possível fazer maus vinhos de boas uvas, mas é impossível fazer bons vinhos de uvas ruins. Cada etapa é importante, e agora vamos entender um pouco sobre como funciona o plantio e a colheita. Uma videira é uma planta arbustiva da família das vitáceas, e a ciência acredita que sua origem é asiática, apesar do cultivo da videira (para fazer vinho) tenha origens mais bem documentadas no Egito. As duas espécies mais conhecidas, para a maioria das pessoas, são a Vitis Labrusca (ou americana) e a Vitis Vinefera. Para consumo in natura e para fazer vinhos outras espécies também são utilizadas, porém a prática levou à conclusão de que as mais indicadas para a produção de vinhos finos são as Vitis vinifera, em sua maioria de origem europeia. Para fazer essa diferenciação entre essas espécies, o que mais se leva em conta é qual vinífera produz mais taninos e açúcar, ingredientes fundamentais na preservação das características do vinho e na produção de álcool. Vitis Labrusca Vitis Vinifera Um parreiral é um conjunto de parreiras. Parreira: aspecto comum de certas plantas trepadeiras (videiras). Quando se deseja começar a cultivar um parreiral, é muito importante fazer uma análise do solo e do clima para saber se eles são ou não favoráveis ao cultivo das uvas. Dependendo do lugar, até será possível produzir, porém o clima será determinante na qualidade da fruta. O conceito de terroir, como já explicamos na lição "O Solo", aparece antes mesmo de se começar a plantar. Talvez algumas alterações no solo sejam necessárias, adicionando ou removendo nutrientes, e também, sabendo identificar o regime de chuvas. Desde seu plantio, o tempo necessário para que uma videira produza frutos que poderão ser fermentados em vinho é de pelo menos três anos. De acordo com especialistas, os vinhos começam a mostrar suas características depois que a planta tem cinco anos, e após isso, começam a apresentar melhor as características daquele terroir e a ficar mais consistentes. Outono Logo após a colheita, entre final de março e começo de abril (para a maior parte das regiões brasileiras), inicia-se o ciclo anual da parreira, uma planta perene. É claro que algumas variações podem ocorrer devido a temperatura, como por exemplo em Santa Catarina, onde a colheita começa mais tarde e o novo ciclo pode iniciar-se apenas em maio, como acontece em alguns lugares. Quase toda a colheita, para o restante do Novo Mundo do Vinho (abaixo do Equador), acontece
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