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02 Controle de qualidade do trigo e teste de materiais estranhos

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Universidade Federal do Rio Grande – FURG
 Engenharia de Alimentos - EQA
Matérias Primas Agropecuárias
Prática 02 – Controle de Qualidade do Trigo e Teste de Materiais Estranhos
Francisco Leal – 51580
2016
Introdução
O trigo, devido a sua enorme importância comercial, recebe diferentes tipos de classificações: quanto a dureza (duros ou moles), época de semeadura (de inverna ou de primavera) e cor (brancos ou vermelhos). Essas características nos dizem qual o melhor tipo de trigo para utilização em massas, bolos e biscoitos, ou panificação.
Quando se fala em qualidade do trigo, podemos ter diferentes pontos de vista, como por exemplo: um agricultor enxerga como qualidade aquele que tem o maior rendimento em grãos e com maior peso hectolitro, enquanto para um moinho o importante é ter um alto rendimento de farinha e um menor teor de cinzas possíveis. Para os consumidores, a aparência e outras características organolépticas (como aroma, sabor e textura) são de fundamental importância na hora da escolha de compra desses produtos.
Algumas das análises mais importantes relacionadas com a qualidade industrial do trigo são: o peso de 1000 grãos (relaciona a produtividade e a qualidade dos grãos) e o peso hectolitro (maneira indireta de expressar a qualidade dos grãos, influencia o rendimento dos grãos em farinha), além da presença de impurezas, umidade (com um limite máximo permitido no Brasil de 13%), “falling number” (também chamado de número de queda) que é responsável por verificar a atividade enzimática da α-amilase presente nos grãos, dentre outros.
O objetivo da prática consiste em analisar os materiais estranhos (glumas, fragmentos de colmo e folhas, etc.) e os grãos defeituosos (mofados, quebrados, enrugados, danificados por pragas, etc.) que estão presentes no meio dos grãos sadios como uma medida para avaliar qual das amostras de grãos de trigo (nacional ou estrangeiro) possuem maior peso de 1000 grãos e peso hectolitro.
Material e Métodos
 Material
• Amostra de trigo nacional e estrangeiro (argentino) 
• Balança semi-analítica
• Copo plástico
• Folha A4 branca
• Peneiras: Tylers 4, 9 e 14.
• Pinça
• Balão volumétrico de 100mL
 Método
Foi pesado 250g de grãos de trigo e colocados em um jogo de 3 peneiras (tylers 4, 9 e 14) montadas com tampa e base, com agitação de 1 minuto. Logo em seguida, o conteúdo de cada peneira foi separado individualmente e pesado para que pudessem ser separadas as impurezas maiores (retidas na peneira de Tyler 4) e as impurezas menores (retidas no Tyler 14). As amostras de trigo foram caracterizadas quanto ao peso hectolitro, peso de 1000 grãos (a partir de 200 grãos limpos, pesando e multiplicando o resultado por 5) e porcentagem de impurezas e de grãos defeituosos.
Resultados e discussões
A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos durante a aula prática, com parâmetros que nos permitem avaliar a qualidade das duas amostras distintas de trigo, uma nacional e outra estrangeira proveniente da Argentina. 
	Amostra
	Tyler 4 (g)
	Tyler 9 (g)
	Tyler 14 (g)
	Fundo (g)
	% Impurezas
	% Grãos def.
	PMG (g)
	PH (Kg.hl-1)
	Trigo Nacional
	0
	249,26
	0,54
	0
	0,06
	4,82
	36,05
	78,1
	Trigo Argentino
	0,36
	245,33
	3,47
	0,1
	0,11
	3,57
	34,1
	79,9
Os grãos de trigo de ambas as amostras ficaram retidos quase que na totalidade (nacional 99,7% e argentino 98,1%) no Tyler 9, que retém partículas cujos diâmetros são maiores do que 2mm (CREMASCO, 2014). O peso do fundo remanescente pode ser desconsiderado por representar um valor menor do que 5% do total de amostra. O trigo argentino apresentou uma grande quantidade maior de grãos pequenos que foram retidos no Tyler 14 quando em comparação com o nacional.
Em vermelho, temos fatores negativos que influenciam negativamente na qualidade do trigo: a porcentagem de impurezas e de grãos defeituosos influenciam para o decaimento da qualidade dos grãos. No trigo nacional, foi encontrado um caruncho (espécie de praga, que pode ser considerado um contaminante) ainda vivo vindo dentro do envelope que continha o material remanescente do fundo do jogo de peneiras. No trigo argentino, foi encontrado no Tyler 4 um único grão de milho que estava misturado entre os grãos e acabou passando despercebido pelo pessoal do controle de qualidade do mesmo.
Em negrito, temos fatores positivos responsáveis diretamente pela qualidade final do trigo: o peso de 1000 grãos (PMG) medido a partir de 200 grãos limpos e o peso hectolitro (PH) medido em balão volumétrico de 100 mL com grãos até o aferimento e depois completo com água destilada.
Quanto a classificação da qualidade do grão segundo o seu valor em peso de 1000 grãos, tanto o trigo nacional quanto o argentino ficaram na faixa denominada média, entre 36-45g. Segundo a classificação da qualidade do grão quanto ao seu peso hectolitro, o trigo nacional ficou na faixa denominada de pesada, entre 76-79 kg.hl-1, enquanto que o trigo argentino ficou no limite entre o pesado e o muito pesado (de 80-83 kg.hl-1). Ambas as classificações são descritas em WILLIAMS et. al (1988), citado por GUARIENTI (1996).
Conclusão
O objetivo da prática de analisar parâmetros de qualidade e realizar teste de materiais estranhos em duas amostras de trigo (uma nacional e uma estrangeira) acabou de certa forma “inconclusiva”, uma vez que a amostra nacional apresentou um fator positivo (peso de 1000 grãos) e um negativo (porcentagem de grãos defeituosos) e a estrangeira também apresentou um fator positivo (peso hectolitro) e um negativo (porcentagem de impurezas). Para conseguir afirmar qual das duas amostras de trigo é a melhor seria necessário que as análises fossem repetidas (de preferência em tréplicas) para que se pudesse tentar obter resultados mais confiáveis.
Referências Bibliográficas
• GUARIENTI, E. M. Qualidade Industrial do Trigo. 2ª ed. Passo Fundo, RS: Embrapa-CNPT, 1996.
• WILLIAMS, P.; EL-HARAMEIN, F. J.; NAKKOUL’, H.; RIHAWI, S. Crop quality evaluation Methods and Guidelines. 2ª ed. Aleppo, Syria: ICARDA, 1988.
• CREMASCO, M. A. Operações unitárias em Sistemas Particulados e Fluidomecânicos. 2ª ed. Blucher, 2014.

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