Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 35 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 2 DECISÕES DE FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO Nossa experiência, após centenas de demonstrações financeiras examinadas, sinaliza que as empresas entram num cenário de dificuldades financeiras basicamente por duas consequências: má formação do capital social inicial ou busca de empréstimos bancários para sanar essa má formação, redundando em excesso de despesas financeiras e baixa lucratividade. Vamos apresentar dois exemplos típicos com valores hipotéticos: a. Má formação do capital social inicial Ativo Disponível Imobilizado Total 1.000 2.000 3.000 Passivo Capital social Total 3.000 3.000 Neste caso, os acionistas ou sócios dimensionaram sua participação em $ 3.000 no capital social. Este cálculo demonstrou ser, a princípio, provavelmente insuficiente, uma vez que dos $ 3.000 um percentual de 66,6% ou $ 2.000 foram aplicados na aquisição de imobilizado, sendo certo que esta participação é altíssima e poderá levar a empresa a uma busca de empréstimos bancários, se os restantes $ 1.000 não forem suficientes para o giro da empresa. 5 10 15 Unidade II Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 36 Unidade II O erro de má formação inicial da empresa, em termos financeiros, poderá ser constatado ao calcularmos a necessidade de capital de giro. Se esse cálculo indicar o valor de $ 800, por exemplo, isso significa que a empresa deverá tomar um empréstimo bancário em idêntico valor. Se não for assim, não terá como financiar o giro dos estoques e das vendas a prazo. b. Busca de empréstimos bancários Tomando-se o mesmo exemplo, e em continuidade, a empresa toma os $ 800 como empréstimo bancário para satisfazer seu giro, e daí resultará o seguinte balanço patrimonial: Ativo Disponível Duplicatas a receber Estoques Imobilizado Total 400 800 600 2.000 3.800 Passivo Empréstimos bancários Capital social Total 800 3.000 3.800 Com esta alternativa, a empresa inicia um ciclo de decisões que poderá ser correto e adequado ou, então, vicioso, chegando até a provocar o encerramento de suas atividades. Isso porque os acionistas cobrarão um retorno sobre o capital social de $ 3.000 e os bancos financiadores cobrarão despesas financeiras sobre o valor de $ 800. Assim, os gestores da empresa terão duas obrigações, simultaneamente: por um lado, atender aos acionistas e, por outro, atender aos bancos. Se os concorrentes não têm esta obrigação, certamente trabalharão com preços menores, porque não terão as mesmas despesas financeiras; com isso, suas vendas serão mais estáveis e muito provavelmente com menores sacrifícios de preço e, portanto, melhores margens. Essas decisões são as que norteiam este capítulo, cujo objetivo principal será o de trazer exemplos de controles que 5 10 15 20 25 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 37 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA as facilitem, e que permitam evitar as já conhecidas “cirandas financeiras”, que têm levado à bancarrota milhares de bons empreendimentos. 2.1 Planejamento de caixa Planejar o caixa consiste em estabelecer, com antecedência, as decisões financeiras que serão tomadas em circunstâncias e condições previamente estabelecidas, com a propriedade de previsão dos recursos que serão utilizados para que os objetivos traçados possam ser atingidos. Quando se fala de caixa, a abrangência é para todo o disponível, ou seja, para todo recurso em dinheiro que circula pelo ativo das empresas. Na realidade, o ativo circulante é um grande caixa que, partindo do dinheiro propriamente dito, se desmancha por utilização em outras contas que compõem o ativo como um todo, desde o circulante (estoques, duplicatas a receber) ao ativo fixo (imobilizações), retornando a ser caixa e assim sucessivamente. É notória a percepção e o objetivo dos empreendedores em geral em manter o maior volume de recursos no caixa, no saldo bancário, mas isso nem sempre é possível pela própria circulação e pelo giro que a empresa tem, e que o gestor não consegue manipular de acordo com sua conveniência. Afinal, a empresa tem sua dinâmica e o caixa é, em particular, o representante desse dinamismo e dessa circulação diária de recursos. De acordo com Morante e Jorge (2007), um planejamento de caixa comporta três tipos específicos: 1. o planejamento estratégico de caixa, que é de longo prazo, antecipado aos fatores externos e internos à empresa, sinalizando quase sempre decisões complexas e que envolvem grande volume de recursos; 2. o planejamento tático de caixa, que tem um alcance mais curto em termos de prazo, envolvendo o resultado 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 38 Unidade II particular de alguma área, como a de marketing, por exemplo; 3. o planejamento operacional de caixa, que tem a finalidade de maximizar os recursos aplicados em operações de determinado período, geralmente de curto e médio prazos. Qual, então, a essência de um planejamento de caixa? Trata-se, a nosso ver, de uma ação estratégica, razão de ser de um sistema orçamentário. Todos os orçamentos são elaborados (orçamento de pessoal, orçamento de despesas, orçamento de investimentos, orçamento de vendas e custos) e culminam no orçamento do caixa, que dá o tratamento final às possibilidades financeiras objetivadas nesses orçamentos. Não é propósito, neste trabalho, estabelecermos um modelo de planejamento de caixa, à margem dos demais orçamentos, porque se trata de mérito de outra disciplina no âmbito da formação do administrador, que, aliás, assume importância capital no desenvolvimento de qualquer empreendimento, notadamente em regime de inflação rastejante. Procuraremos, nesta obra, tratar dos cenários existentes e que envolvam situações que possibilitem o conhecimento das variáveis que induzem a um planejamento eficiente de caixa e que, ao mesmo tempo, contribuam para a superação de algumas das dificuldades que, por vezes, tornam o planejamento inadequado enquanto elemento vital no processo decisório. 2.2 Política financeira Política, de modo geral, é um modo de ação que norteia a direção e o sentido para um processo de tomada de decisões que podem se repetir continuamente, ou que ocorrem para atingirmos um objetivo. Como exemplo de uma política financeira, tem-se o caso de uma empresa que adota uma política de preços do tipo “cobrimos qualquer oferta” para crescer seu faturamento e, com isso, alcançar um acréscimo de 20% em suas vendas anuais. Visando atingir tal objetivo, a empresa autoriza a concessão de descontos 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re ção: L éo 0 8/ 07 /0 9 39 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA de até 10% em seus preços de venda, independentemente de autorização superior, bastando que os clientes apresentem os preços anunciados pelos concorrentes. 2.3 Administração do caixa É o aspecto mais prático e que envolve os saldos bancários de livre movimentação e as aplicações financeiras de resgate ou liquidez mais ou menos imediatas. O nível de saldos médios ou reserva de segurança deve ser objetivado pelo que denominamos de fluxo diário de caixa. As empresas devem ter uma previsão do seu dia a dia, dos valores que provavelmente serão depositados nos bancos nos diversos dias, e dos valores que, com certeza, deverão ser pagos naquelas datas. Este fluxo diário é que norteia o nível de saldo médio, que, se constituírem sobras financeiras, devem ser aplicadas no mercado financeiro, observadas as condições de liquidez, segurança, risco e rentabilidade inerentes a qualquer aplicação financeira. É importante destacar que saldo bancário excessivo não significa necessariamente a existência de lucro. O lucro pode, sim, transformar-se em saldo bancário, bastando que se tenha uma política de remuneração do acionista/cotista definida para tal transformação. Mas, o lucro também pode estar em qualquer conta do ativo, nos estoques ou mesmo no financiamento do total de contas a receber, por exemplo, e não necessariamente à disposição para que se paguem contas ou se adquiram bens para circulação ou não. Há vários outros motivos para que se tenha um maior ou, por vezes, um menor saldo médio bancário, ou, como também é reconhecido, uma reserva de segurança. Entre os mais comuns se situam uma especulação de preços junto a fornecedores, e a aquisição de algum item imobilizado que esteja em promoção por tempo limitado nos fornecedores ou em razão direta de alguma condição específica da parte dos proprietários de um terreno para investimento em ampliação futura, por exemplo. 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 40 Unidade II Um orçamento diário de caixa é uma projeção diária das entradas e saídas para um período de tempo imediatamente seguinte ao da data da sua elaboração. Utilizaremos abaixo um exemplo de Morante e Jorge (2007), para demonstrar uma situação existente numa indústria têxtil. Com base na publicação das demonstrações financeiras de uma Indústria Têxtil S.A, de 31 de dezembro de 2006, elaborar um fluxo diário de caixa para o próximo período, utilizando-se das informações hipotéticas que são a seguir apresentadas: Balanço patrimonial padronizado em 31 de dezembro de 2006 Indústria Têxtil S/A Ativo circulante Disponível Duplicatas a receber Estoques Outras contas Realizável longo prazo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total do ativo 22,224 466 11,327 12,161 (1,730) 171 9,385 322 9,063 - 31,780 Passivo circulante Fornecedores Contas a pagar Empréstimos bancários Exigível longo prazo Financiamentos Outras contas Patrimônio líquido Capital social Reservas e lucros acumulados Total do passivo 14,189 7,295 3,600 3,294 2,926 1,300 1,626 14,665 21,541 (6,876) 31,780 1. Previsão das vendas para 2007 À vista A prazo A prazo Não recebidas 02 dias 13 dias 26 dias - - - - 14.412 16.955 35.111 15.596 82.074 2. Previsão das compras de matérias primas para 2007 À vista A prazo A prazo Não pagas 05 dias 16 dias 19 dias - - - - 3.226 10.643 8.449 8.403 30.721 5 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 41 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 3. Previsão de pagamento dos impostos, custos e das despesas operacionais para 2007 Mão de obra direta Cifs – financeiros 4 dias 13 dias - - 9.425 6.713 Cifs – depreciação não desembolsável - 2.246 Impostos sobre vendas Despesa com vendas Despesas administrativas Despesas financeiras 14 dias 19 dias 23 dias 28 dias - - - - 15.594 5.663 2.513 1.198 Para o dimensionamento do fluxo de caixa, consideremos as seguintes informações: • desses pagamentos, 10% deixaremos de pagar, e o saldo permanecerá no passivo; • se houver necessidade de tomar empréstimos diários, considerar a taxa de 0,2% ao dia. Se houver possibilidade de aplicações diárias, considerar a taxa de 0,1% ao dia. 4. Passivo circulante de 2006 Fornecedores Demais contas a pagar Empréstimos bancários 12 dias 18 dias 13 dias - - - 7.295 3.600 3.294 5. Ativo circulante de 2006 Disponível Duplicatas a receber 01 dia 19 dias - - 466 10.432 Estoques realizado por meio das vendas Créditos diversos 12 dias - 644 6. Outras informações • o realizável a longo prazo terá o valor de $ 40 como receitas financeiras, adicionadas a seu saldo; • o exigível a longo prazo terá o valor de $ 730 como despesas financeiras, adicionadas a seu saldo; • o exercício é feito com dados hipoteticamente anuais, porém com movimentações de caixa simuladas dentro do período de um mês (31 dias); • caso, no dia 31, o saldo de caixa esteja negativo, a empresa recorrerá a um empréstimo bancário 10% maior que esta diferença. 5 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 42 Unidade II Como solução, temos a seguinte planilha de fluxo de caixa: Entradas Pagtos. Saídas Data Vendas At. circ. Ren. empr. Emprest. Desp. financ. Mat. prim. Desp./ cust. P. circ. Saldos 1 466 - - 466,00 2 14.412,00 - - 14878,47 3 - - 14893,34 4 - - 8.482,00 6426,24 5 - - 3.226,00 3206,66 6 - - 3209,87 7 - - 3213,08 8 - - 3216,29 9 - - 3219,51 10 - - 3222,73 11 - - 3225,95 12 644 (3419,82) (6,84) 7.293,00 (3419,82) 13 16.955,00 - - 6.041,00 3.294,00 4193,34 14 (9836,47) (19,67) 14.034,00 (9836,47) 15 (9856,14) (19,71) (9856,14) 16 (20518,85) (41,04) 10.643,00 (20518,85) 17 (20559,89) (41,12) (20559,89) 18 (24201,01) (48,40) 3.600,00 (24201,01) 19 10.432,00 (27362,41) (54,72) 8.449,00 5.096,00 (27362,41) 20 (27417,14) (54,83) (27417,14) 21 (27471,97) (54,94) (27471,97) 22 (27526,92) (55,05) (27526,92) 23 (29842,97) (59,69) 2.261,00 (29842,97) 24 (29902,66) (59,81) (29902,66) 25 (29962,46) (59,92) (29962,46) 26 35.111,00 - - 5088,61 27 - - 5093,70 28 - - 1.078,00 4020,80 29 - - 4024,82 30 - - 4028,84 31 - - 4032,87 Totais 66.478,00 11.542,00 (575,76) 22.318,00 36.992,00 14.187,00 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 43 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 2.4 Capital circulante líquido O fluxo diário de caixa é uma previsão próxima da realidade, num horizonte de tempo de, por exemplo, um mês seguinte. Quanto maior o período de tempo a ser previsto, maior será a probabilidade de desvios em relação a esta previsão, porque aumenta o grau de incerteza dos lançamentos esperados. As atividades de estocagem, produção, vendas e recebimento das vendas têm determinação de épocas mais difícilde prever. Há, normalmente, uma dificuldade nesta previsão diária, e para tal surge o capital circulante líquido (CCL) que, por sua natureza, apresenta dados mais abrangentes. Observando-se a figura extraída do balanço patrimonial, podemos observar abaixo a faixa de informações que contém o capital circulante líquido. Como localizar o capital circulante no balanço Ativo Passivo Ativo circulante Passivo circulante Patrimônio líquido Ativo permanente Capital circulante líquido (CCL) A figura demonstra que capital circulante líquido é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, constituindo-se na diferença positiva ou negativa entre estes grandes grupos pelos quais circulam os recursos. Numa situação em que haja 5 10 15 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 44 Unidade II carência de CCL, esta poderá ser corrigida com financiamentos de longo prazo, que entrarão pelo passivo de terceiros ou, ainda, por aporte de capital próprio. Exemplificando: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.000 800 200 Se desejarmos um CCL de $ 300, não devem ser realizados empréstimos bancários de curto prazo, sob pena de anulação da operação, porque tanto o ativo circulante como o passivo circulante serão ampliados no montante do empréstimo contraído, ou seja: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.300 1.100 (com o recebimento do empréstimo) (com o recebimento do empréstimo) 200 Dessa forma, para termos um CCL maior ou uma maior folga financeira, precisamos optar por outros canais de financiamento, preferivelmente por meio de recursos financeiros obtidos a longo prazo ou, então, mediante aumento do capital próprio proveniente de acionistas ou cotistas. Exemplificando com os mesmos dados, e obtendo-se ao mesmo tempo um empréstimo de $ 200 a longo prazo, e um aumento de $ 300 de capital: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.800 1.100 700 (com o recebimento de $ 200 + $ 300) (continuou com os mesmos saldos) (os $ 200 anteriores + os $ 500 atuais) 5 10 15 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 45 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Entende-se, portanto, que o capital circulante líquido seja um estudo que atinge apenas dois grupos financeiros do balanço patrimonial: o ativo circulante e o passivo circulante. Por isso mesmo, têm uma abrangência de curto prazo – um ano após o encerramento do balanço patrimonial, com base nos critérios legais de classificação. Como conclusões a respeito do CCL, podemos relacionar algumas afirmações e suas comprovações financeiras logo a seguir: •-Quanto maior o CCL menor será o risco de termos problemas financeiros envolvendo pagamentos atrasados ou descumprimento de obrigações nas datas previstas: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.800 1.100 700 Comentário: a empresa conta com uma folga de $ 1.800 para pagar compromissos de $ 1.100. •-Se a participação dos estoques no ativo circulante da empresa for muito elevada, o CCL poderá não significar folga financeira: Ativo circulante Estoques Demais contas 1.800 1.000 800 Passivo circulante CCL 1.100 700 Comentário: o ativo circulante ficaria restrito a $ 800 ($ 1.800 – $ 1.000) e, com um passivo circulante de $ 1.100, o CCL seria reduzido para apenas $ 100, diminuindo, como consequência, a folga financeira, com grandes probabilidades de surgirem problemas de pontualidade nos pagamentos. •-Se a conta de duplicatas a receber apresentar prazos extensos, ou seja, com um prazo médio de recebimento 5 10 15 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 46 Unidade II das vendas excessivo, o CCL poderá não significar folga financeira: Ativo circulante Estoques Dupl.a receber Demais contas 1.800 1.000 500 300 Passivo circulante CCL 1.100 700 Comentário: o ativo circulante ficaria restrito a $ 300 porque extraímos os saldos dos estoques ($ 1.000) e das duplicatas a receber ($ 500) do total de $ 1.800. Assim, o CCL ficaria negativo em 800 ($ 300 – $ 1.100) e com totais probabilidades de a empresa ter problemas de pontualidade, ou até de insolvência em seus compromissos. •-O CCL de valor baixo pode não necessariamente implicar problemas como pontualidade no cumprimento das obrigações diárias: Ativo circulante 1.800 Passivo circulante CCL 1.600 200 Comentários: dependendo do tempo, ou até mesmo dos dias, em que os valores do ativo circulante serão transformados em dinheiro, e do tempo ou dos dias que os vencimentos das obrigações do passivo circulante ocorrerão, os compromissos podem ser saldados sem qualquer problema até uma determinada data em que a deficiência aparecerá. •-Quando um gestor financeiro aplicar recursos no ativo permanente, ele deve ter noção de que poderá provocar diminuição no CCL se esses recursos forem suprimidos do ativo circulante. De nada adiantará, também, neste caso, se os recursos forem obtidos a curto prazo: Ativo circulante 1.800 Passivo circulante CCL 1.100 700 Comentário: se houver a aquisição de um imóvel para utilização da empresa, por exemplo, no valor de $ 500, a demonstração do CCL passará a ser de: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.300 1.100 200 (houve a redução de 1.800 (-) 500 = $ 1.300) (houve a redução dos $ 500 pela aplicação) 5 10 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 47 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA •-Quando um gestor financeiro aplicar recursos no ativo permanente, o ideal é que obtenha estes mesmos recursos através do exigível a longo prazo ou através dos acionistas ou sócios: Ativo circulante 1.800 Passivo circulante CCL 1.100 700 Comentário: se, por exemplo, esta aquisição fosse de $ 500 – teríamos um balanço patrimonial demonstrado da forma seguinte, onde não se alterariam os valores do ativo e passivo circulantes: Ativo circulante Ativo permanente Patrimônio líquido Total 1.800 500 700 2.300 Passivo circulante Exigível a longo prazo Total 1.100 500 2.300 •-Um CCL elevado significa, sem dúvida, um índice de liquidez corrente saudável: Ativo circulante Passivo circulante CCL 1.800 1.100 700 Ativo circulante Passivo circulante CCL 3.000 1.100 2.100 Comentário: no primeiro exemplo à esquerda, a liquidez corrente teria ao resultado de 1,63 – enquanto no segundo exemplo – à direita, o resultado seria de 2,72. •-O CCL elevado tem limites quanto a sua influência junto à rentabilidade da empresa. Ele pode estar concentrado em contas cujo excesso não trazem rentabilidade, como estoques excessivos ou saldos médios excessivos nas contas a receber: Realidade da empresa Ideal da empresa Ativo circulante Disponível Estoques Dupl. a receber Passivo circulante CCL 1.800 300 1.000 500 1.100 700 Ativo circulante Disponível Estoques Dupl. a receber Passivo circulanteCCL 1.500 300 800 400 1.100 400 Comentário: neste exemplo, haveria um excesso de $ 200 em estoques e $ 100 em duplicatas a receber, totalizando $ 300. Na pior das hipóteses, se a empresa não trabalhar este excesso de $ 300 em mais produção e mais vendas, portanto mais lucros, poderia aplicá-lo, objetivando a geração de receitas financeiras. 5 10 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 48 Unidade II O capital circulante líquido é evidenciado na demonstração das origens e aplicações de recursos, e demonstrado da seguinte forma: Origens de recursos Lucro líquido do exercício Depreciação Aumento de capital Aumento do exigível longo prazo Venda de imobilizado Redução do realizável longo prazo 6.431 5.219 21.782 73.742 3.344 3.704 114.222 Aplicações de recursos Aquisição de imobilizado Aquisição de investimentos Aumento do realizável longo prazo Redução do exigível longo prazo Aumento do capital circulante líquido 9.459 791 2.375 35.795 48.420 65.802 A conclusão, pelo que expõe a DOAR, é a de que, logo após a obtenção desses dados, a empresa terá $ 65.802 a mais em seu ativo circulante, identificando para o CCL uma variação positiva ou um aumento deste em relação ao período anterior. 2.5 Administração do capital de giro Administrar o capital de giro pode ser sinônimo de administrar o ativo circulante, composto das disponibilidades, das contas a receber, dos estoques e de outros créditos. Nesta análise, não importam os vários conceitos de capital de giro, pois todos eles convergem para o mesmo ponto: •-é a soma dos recursos que giram (ou circulam); •-são os ativos que devem transformar-se em dinheiro; 5 10 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 49 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA •-são os recursos que financiam o ciclo operacional e financeiro. Dentro deste panorama, vamos estudar a administração do capital de giro, situando-a nos seus componentes fundamentais: o disponível, o contas a receber e os estoques. 2.6 Administração do disponível1 Administrar o disponível, ou o caixa, é cuidar cotidianamente dos ativos cuja característica seja a sua transformação em dinheiro ou liquidez imediata, de forma natural e sem interferências de terceiros. Tradicionalmente, a contabilidade os classifica em: •-valores em moeda corrente; •-saldos bancários; •-aplicações de liquidez imediata; •-aplicações de liquidez a curto prazo; •-aplicações em moeda estrangeira. O trabalho do gestor da tesouraria ou do administrador do caixa é cuidar diariamente para que a liquidez da empresa se mantenha nos níveis planejados, com observação da pontualidade e obediência aos vencimentos e contratos com seus fornecedores, governo etc. Basicamente, suas preocupações são as entradas e saídas previstas de caixa. Se a empresa tem filiais, ou várias unidades que podem interferir nesse processo, essa característica poderá ampliar seus controles e suas preocupações. A manutenção adequada e dentro das expectativas nas entradas e saídas de recursos previstas são o principal escopo diário. 5 10 15 20 25 1Tópico baseado em artigo do site: <www.novosolhos.com.br>. Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 50 Unidade II Como entradas típicas ou comuns, podemos relacionar: •-vendas à vista; •-recebimento de vendas a prazo (duplicatas a receber); •-recebimento de outras contas a receber; •-crédito de empréstimo bancário; •-crédito de receitas financeiras; •-recebimento de empréstimos de terceiros; •-aumento do capital social. Como saídas típicas ou comuns, podemos relacionar: •-pagamento de despesas diárias; •-pagamento de fornecedores; •-pagamento de empréstimos bancários; •-aquisição de ativos permanentes; •-pagamento de despesas financeiras; •-empréstimos a terceiros; •-pagamento de dividendos ou distribuição de lucros. Uma dificuldade bastante significativa é a manutenção de um saldo mínimo de caixa. Os modelos de Baumol e de Miller-Orr levam-nos a este assunto, até com muita propriedade, porém, sua aplicabilidade no Brasil é vedada pela impossibilidade, no momento, de os saldos excedentes serem aplicados no sistema de open market (mercado aberto, com operações conhecidas por overnight, isto é, de um dia). De qualquer forma, iremos relacionar os tópicos mais relevantes que interferem ou colaboram para o controle desse saldo mínimo de caixa: •-tipo de atividade exercida: uma loja apresenta um caixa mínimo, substancialmente diferente de uma indústria ou de um prestador de serviço; 5 10 15 20 25 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 51 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA •-histórico anterior: o passado pode razoavelmente indicar qual o valor mínimo que devemos manter em determinadas situações, mesmo nas ocasiões sazonais; •-reciprocidade bancária: mesmo que não existam empréstimos bancários, a reciprocidade (saldos médios diários) é um fator de aproximação e exigência para futuros e eventuais empréstimos; •-política de vencimentos: podemos negociar alterações mínimas nas datas de nossos fornecedores mais comuns e constantes; •-uso de meios eletrônicos: facilitam as transações, mas nos escravizam na obediência aos vencimentos. Entretanto, podemos exigir o mesmo procedimento por parte de nossos clientes, pela utilização do meio mais rápido de crédito que possamos ter; •-acúmulo de vencimentos: é prática, no Brasil, que a maioria dos vencimentos salariais, locatícios, tributários e governamentais venham a ocorrer do dia 1 ao dia 10 de cada mês. Se este acúmulo não se coaduna com a situação, devemos tentar alterá-lo no que for possível, ou antecipar aquele que favoravelmente colabora para quitá-lo. Para melhor gerenciar o fluxo de caixa, é necessário que ele seja um instrumento gerencial para tomada de decisões, tanto para coletar e organizar os dados como para gerar subsídios que permitam a análise de desempenho financeiro da empresa. Com o manejo do fluxo de caixa, o gestor financeiro tem condições de compatibilizar, no tempo, as contas a pagar com as contas a receber, e, consequentemente, tomar decisões sobre situações importantes, como: •-o melhor momento de comprar e pagar; •-o melhor momento de vender e receber; •-os momentos mais acumulados de contas a pagar; •-projeção de sobras e faltas de caixa. 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 52 Unidade II 2.7 Administração das duplicatas a receber Administrar as duplicatas a receber ou, como também é chamado, o contas a receber, significa cuidar do crédito e da cobrança nas transações a prazo. A decisão sobre vendas a prazo passapelo estabelecimento de uma política de concessão do crédito, sem a qual poderemos ter problemas com a cobrança. Crédito é o instrumento de política financeira a serviço das entidades, quando estas correm o risco de transferir a posse de dinheiro, mercadorias ou serviços mediante a promessa de reembolso futuro. Tem característica de reciprocidade, uma vez que, ao ser concedido por alguém, é automaticamente recebido por alguém. Nos regimes capitalistas, pressupõe-se que haja ao concessor uma vantagem financeira pelo ato de conceder, e, ao tomador, uma desvantagem financeira pelo ato de tomar. Essa vantagem/desvantagem financeira é geralmente determinada pelo valor dos juros compreendidos na operação de crédito. Sob o ângulo estritamente comercial, quando a concessão está ligada à transferência de mercadorias ou serviços, admite-se que ao concessor esteja ligado o interesse em obter maior lucratividade em suas transações, e, ao tomador, resta-lhe a obtenção de capitais de terceiros de que necessita também em seu negócio. Segundo o artigo do professor Fauzi Jorge, disponível no site <www.novosolhos.com.br>, o crédito cumpre uma série de funções específicas: •-movimentar o processo de produção em todas as suas etapas, possibilitando maior volume de operações; •-estimular o consumo, tal que a produção crescente possa ser absorvida pela sociedade; 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 53 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA •-possibilitar aos investidores a aplicação de suas economias no processo produtivo ou no consumo; •-reunir capitais que, sozinhos, não conseguiriam financiar grandes projetos sociais, levando a sociedade a um bem estar econômico e adequada distribuição da renda. O crédito divide-se em dois tipos da forma mais ampla: o crédito público e o crédito privado. O crédito público trata das relações entre entidades públicas (governo federal, estadual e municipal) e as pessoas ou empresas. O crédito privado trata das relações entre as pessoas ou entre as empresas. O crédito privado, nosso foco nesta obra, pode subdividir-se em: crédito mercantil e crédito bancário. O crédito mercantil é a forma mais comum de financiamento a curto prazo, e também é conhecida como crédito comercial. Podemos definir crédito mercantil como crédito a curto prazo concedido por um fornecedor a um comprador, em decorrência da compra de mercadorias, matérias-primas ou serviços para posterior revenda ou utilização. O produtor concede o crédito quando vende seus produtos, a prazo, ao atacadista. Concede-o, depois, o atacadista quando faz a venda desses mesmos produtos ao varejista. E concede-o, finalmente, o varejista quando, por sua vez, vende esses mesmos produtos ao consumidor final, a prazo. Para conceder crédito, as empresas precisam estabelecer, entre as políticas possíveis, aquela que irão adotar. Há três políticas para concessão de crédito: 1. Política de crédito liberal As empresas que adotam normas que determinam e controlam esse tipo de política devem ser aquelas cuja situação financeira é razoavelmente boa. É comum o 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 54 Unidade II estabelecimento desse tipo de política pelas empresas novas no mercado, e que precisam se tornar conhecidas rapidamente, a fim de que suas vendas aconteçam. Essa política pode ser utilizada também pelas empresas cuja margem de lucratividade seja considerada alta. A competição de mercado pode ser elemento impulsionador para a prática da política de crédito liberal. Pode ocorrer sua prática em circunstâncias especiais, quando em promoções gerais ou específicas de produtos de pouco giro, ou até obsoletos ou fora de linha de comercialização ou produção. Ao adotá-la como fator de um maior volume de vendas que poderá trazer, seguir-se-á um risco maior no crédito, com possibilidades de maior atraso nas contas a receber e, com isso, maiores possibilidades de perdas. 2. Política de crédito rígida As empresas que adotam normas que determinam e controlam esse tipo de política devem ser aquelas cuja situação financeira não permite maiores riscos por falta de capital de giro. É comum encontrá-la nas empresas que comandam determinados mercados com poucos concorrentes ou nas monopolistas, como também em épocas de demanda elevada de consumo com produção insuficiente para atendê-la. De modo geral, fatores como falta de capital de giro, margem de lucratividade pequena e tendência à inadimplência por parte dos clientes são motivos adicionais a serem considerados na adoção desse tipo de política. Como consequência, poderemos ter menores vendas, menor lucratividade, menor quantidade de clientes 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 55 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA atendidos e menor risco de crédito, e, em contraposição, possibilidades maiores de as contas a receber estarem sendo pontualmente quitadas. 3. Política de crédito compatível As empresas que seguem normas que determinam e controlam esse tipo de política são aquelas que adotam uma linha de flexibilidade de ação, levando em conta as condições do mercado e de seus clientes. É a política moderada que leva em conta, sobretudo, as possibilidades de capital de giro da empresa ao empreender sua linha de financiamento aos clientes. Não deixa de pertencer ao tipo de empresa com alto grau de controle em seus negócios. Como consequência desse tipo de ação, espera-se obter vendas de acordo com o planejamento e com o mercado, um maior equilíbrio entre as vendas e os recebimentos, permitindo uma situação financeira controlável no decorrer do tempo, pois todos os riscos do crédito são absolutamente planejados. Cada uma dessas políticas de crédito apresenta riscos inerentes, que se traduzem nas possibilidades de perda e incerteza nas previsões de recebimento. Este assunto será aprofundado na unidade 4 da presente obra. Um outro tópico de extrema importância na análise deste importante componente do ativo circulante de uma organização é o que diz respeito à segurança do crédito, que se traduz nos 5 Cs, criados por Weston e Brigham, em seu livro Fundamentos da administração financeira. Em termos de risco de crédito, segurança absoluta é uma utopia. Segurança relativa com base nas técnicas mais 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 56 Unidade II apropriadas de concessão de crédito é o objetivo mais adequado. Os 5 Cs buscam esta segurança relativa. São eles: 1. Caráter Refere-se à determinação de pagar; é a integridade ou qualidade moral que se traduz em honestidade em todas as transações comerciais. 2. Condições Refere-se às condições financeiras ligadas à conjuntura econômica do país ou entre as nações, ao ambiente econômico e a sua organização ou desorganização. 3.Capacidade Refere-se às condições de gerenciamento do negócio que o cliente possui, a sua competência administrativa, a suas habilidades no negócio. 4. Capital Refere-se às condições materiais de que dispõe o cliente, se ele possui ou não capital de giro suficiente para trabalhar e gerir o negócio. 5. Colateral Refere-se às garantias e aos bens pessoais que o cliente oferecerá na hipótese de o negócio ruir ou fracassar. Finalizando o capítulo, apresentaremos um modelo de limitação de crédito, de autoria minha e de Jorge (2007), o qual pretende determinar um limite à concessão e que seja compatível com as possibilidades de cada cliente. A fase de compra e venda mediante o prazo inicia-se pela visita de um vendedor ao cliente e é materializada pela efetiva compra de mercadorias, matérias-primas ou serviços. 5 10 15 20 25 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 57 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Há duas possibilidades: venda feita à vista ou feita a prazo. Se ela for efetuada a prazo, teremos o preenchimento de uma ficha cadastral, com dados de bancos, fornecedores e demais fontes de informação. Essa ficha será analisada, as confirmações de idoneidade serão colhidas, serão ouvidas entidades ligadas ao crédito, como a Serasa e a Associação Comercial, e, quando for o caso, analisadas as demonstrações financeiras fornecidas. Se todas as informações forem favoráveis e a análise das demonstrações financeiras possibilitar a concessão do crédito solicitado, virá a questão importante: qual o valor do acúmulo de vendas a prazo que poderá ser concedido para aquele cliente ou, em outras palavras, qual será o limite de crédito que aquele cliente suporta ou merece da parte de um só fornecedor? A fórmula a seguir foi discutida em apresentação para a obtenção do título de mestre em ciências contábeis pelo autor, em 1991, e foi plenamente aprovada pela banca de examinação. Seus parâmetros financeiros são os seguintes: LC = { [ (0,10 x PL) + (0,05 x EST) + (0,08 x DR) + (0,02 x DISP) ] – [ (0,10 x FORN) + (0,02 x SAL) + (0,10 x EBCP) + (0,03 x OC) ] } A primeira somatória de informações é denominada fontes positivas de crédito, e os significados das abreviaturas são os seguintes: PL EST DR DISP Patrimônio líquido Estoques Duplicatas a receber Disponibilidades 5 10 15 20 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 58 Unidade II A segunda somatória de informações é denominada fontes negativas de crédito, e os significados das abreviaturas são os seguintes: FORN SAL EBCP OC Fornecedores Salários, Contribuições e Tributos Empréstimos Bancários de Curto Prazo Outras Contas a Pagar Iremos analisar três empresas do ramo de produção de alimentos com situações totalmente diferentes, e cujas demonstrações apresentam-se a seguir. A aplicação da fórmula determinou: Fontes positivas Indústria A Indústria B Indústria C 0,10 x PL 0,05 x EST 0,08 x DR 0,02 x DISP 2.703 908 916 14 797 459 305 7 11.581 2.706 5.451 72 Fontes negativas 0,10 x FORN 0,02 x SAL 0,10 x EBCP 0,03 x OC 563 136 1.475 10 663 46 447 13 2.978 228 - - - 70 Limite de crédito 2.357 399 16.534 Comparações Faturamento anual Liquidez corrente Retorno sobre o patrimônio líquido 117.786 1,41 8,28% 103.388 1,22 22,05% 449.085 2,20 5,26% Podemos notar que os limites são bastante heterogêneos, e que teremos analisado com maior profundidade as demonstrações financeiras, o que deve ter sido tarefa precedente. 5 10 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 59 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Balanço patrimonial padronizado em 31 de dezembro de 2006 Indústria A Ativo circulante Disponível Duplicatas a receber Estoques Outras contas Realizável longo prazo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total do ativo 32,497 593 6,961 18,170 6,773 4,182 28,759 1,938 - 26,821 65,438 Passivo circulante Fornecedores Contas a pagar Empréstimos bancários Exigível longo prazo Financiamentos Outras contas Patrimônio líquido Capital social Reservas e lucros acumulados Total do passivo 23,032 5,633 7,148 10,251 15,369 398 14,971 27,037 21,404 5,633 65,438 Balanço patrimonial padronizado em 31 de dezembro de 2006 Indústria B Ativo circulante Disponível Duplicatas a receber Estoques Outras contas Realizável longo prazo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total do ativo 16,978 358 3,817 9,183 3,620 1,036 12,880 1,911 10,969 - 30,894 Passivo circulante Fornecedores Contas a pagar Empréstimos bancários Exigível longo prazo Financiamentos Outras contas Patrimônio líquido Capital social Reservas e lucros acumulados Total do passivo 13,870 6,631 2,769 4,470 9,053 8,824 229 7,971 4,300 3,671 30,894 Balanço patrimonial padronizado em 31 de dezembro de 2006 Indústria C Ativo circulante Disponível Duplicatas a receber Estoques Outras contas Realizável longo prazo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total do ativo 196 3 68 54 71 1 72 - 71 1 269 Passivo circulante Fornecedores Contas a pagar Empréstimos bancários Exigível longo prazo Financiamentos Outras contas Patrimônio líquido Capital social Reservas e lucros acumulados Total do passivo 86 29 57 - 65 9 56 118 6 112 269 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 60 Unidade II É interessante observar que a utilização da fórmula evidenciou que a empresa com menor liquidez corrente foi aquela que apresentou menor limite de crédito, enquanto a que apresentou maior liquidez corrente foi a que apresentou maior limite de crédito. 2.8 Administração dos estoques Os estoques têm grande importância dentro do grupo do ativo circulante. Apesar da moderna administração dos estoques, pela aplicação contínua da logística, eles representam volumes consideráveis entre as demais contas do ativo circulante. Nas empresas comerciais, os estoques são chamados de mercadorias e, nas empresas industriais, subdividem-se em: matérias-primas, produtos semiacabados, produtos acabados e materiais diversos. Três situações são fundamentais na administração dos estoques: 1. quanto e quando comprar; 2. quanto e quando produzir; 3. quais os itens que merecem maiores cuidados. Controles estatísticos e informações instantâneas são pontos básicos para que tenhamos uma boa administração dos estoques. Uma gestão eficiente de estoques implica manter o menor volume possível de recursos financeiros nesse ativo, de modo que os recursos disponíveis sejam aplicados em outros ativos circulantes mais rentáveis, maximizando o resultado operacional da organização. Os erros mais comuns que podem ser encontrados na administraçãodos estoques são: •-Compra maior do que o necessário Muitas vezes provocada por informação deficiente sobre o volume e andamento das vendas ou mesmo 5 10 15 20 25 30 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 61 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA com intenções de especulação. Corre-se o risco de, por modificação no mercado, o excesso permanecer ocioso e sem movimentação. •-Compra feita no tempo errado Se antecipada à produção ou ao momento da venda, poderá permanecer ociosa com risco de obsolescência ou de avarias. Se feita em descompasso com a produção ou o momento da venda, permanecerá dispensável e também com riscos de perdas. •-Compra sem conhecimento da produção Quando há produção sob encomenda, ou produção feita antecipadamente à venda. Como no comércio, compramos para vender posteriormente. Controles estatísticos e compras moderadas são formas de errar menos ou não errar nesse instante. •-Itens de maior densidade Quer de saída, quer de produção, quer estratégicos, requerem cuidados especiais. Suas informações precisam ser tratadas com maior frequência que os demais. •-Armazenagem deficiente Que prejudique a movimentação dos estoques; sua requisição natural para a produção ou para as lojas, pode ser fator preponderante na manutenção de estoques excessivos. •-Seguros de valor inadequado Os itens estocados devem ter um valor segurado que seja adequado à reposição, e ao tempo em que isso se dará, entre o sinistro e o recebimento de novos estoques. 5 10 15 20 25 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 62 Unidade II •-Desuso e obsolescência Nas fábricas, pela desativação de alguns produtos, e no comércio, pela mudança de estação ou mudança de hábitos, merecem cuidados especiais aqueles itens mais sujeitos a esse tipo de alteração. •-Políticas definidas É comum as áreas interessadas nos estoques terem atenção focada em pensamentos divergentes. Assim, o departamento de compras deseja comprar para que não faltem os insumos necessários. O departamento de produção gostaria de grandes volumes para atender melhor a suas máquinas. O departamento comercial gostaria de mais produtos ou mercadorias estocadas, a fim de que nenhum cliente viesse a reclamar de faltas. Finalmente, a área de finanças precisa ajustar recursos para atender a todos os anseios, mesmo os exagerados. 2.9 Necessidade de capital de giro O livro Análise das Demonstrações Financeiras, de Antonio Salvador Morante, apresenta amplas observações a respeito do capital de giro, que culminou com a fórmula do professor Dante Carmine Matarazzo, que estabeleceu um modelo utilizando os prazos médios de recebimento das vendas, de renovação dos estoques e de pagamento das compras. Os estudos sinalizam várias opções, a fim de que tenhamos o valor adequado para dimensionar a necessidade do capital de giro. Neste mesmo capítulo, ao estudarmos a administração do capital de giro, demos especial atenção às contas duplicatas a receber e estoques. 5 10 15 20 25 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 63 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Vamos iniciar este tópico evidenciando os ciclos existentes: o operacional e o financeiro. Ciclo operacional é o tempo decorrente desde a compra da matéria-prima para a produção (indústria) ou das mercadorias para revenda (comércio), passando pela venda do produto (indústria) ou das mercadorias (comércio), até o recebimento desta venda. Assim, é a soma de dois prazos médios: o prazo médio de renovação dos estoques e o prazo médio de recebimento das vendas. Ciclo financeiro é o tempo decorrente entre todas as movimentações de caixa. Abrange o período compreendido desde a compra dos estoques, mais o período até recebimento das vendas, menos o período do pagamento das compras. Podemos evidenciar as seguintes fórmulas: Ciclo operacional Ciclo financeiro = = PMRE + PMRV PMRE + PMRV (–) PMPC onde: PMRE PMRV PMPC = = = Prazo Médio de Renovação dos Estoques Prazo Médio de Recebimento das Vendas Prazo Médio do Pagamento das Compras Entretanto, devido ao PMRE e PMPC conterem em seus dados somatórias de informações a preço de custo, precisamos fazer sua equivalência ao preço de venda. A fórmula do ciclo financeiro, que é base para a determinação do capital de giro, teria sua equivalência da seguinte maneira: 5 10 15 20 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 64 Unidade II CFeq PMREeq PMPCeq = = = PMREeq + PMRV (–) PMPCeq PMRE x Custo das Vendas x 100 Vendas PMPC x Compras x 100 Vendas A fórmula desenvolvida para a necessidade de capital de giro, pelo mesmo autor, é: NCG = CFeq x VD + (OAC – OPC) Onde: NCG CFeq VD = = = Necessidade de Capital de Giro Ciclo Financeiro Equivalente Vendas Diárias OAC OPC = = Outros Ativos Circulantes Outros Passivos Circulantes Desenvolvidas as fórmulas da equivalência e da necessidade de capital de giro, processaremos alguns exemplos, extraídos das informações contidas nas indústrias relacionadas na página 59, com base no ano de 2006. Informações básicas Indústria A Indústria B Indústria C Compra de matérias-primas Consumo de matérias-primas Vendas anuais Estoques em 31. 12. 06 Fornecedores em 31. 12. 06 Outros ativos circulantes Outros passivos circulantes 57.008 49.540 117.786 18.170 5.633 2.866 21.899 41.272 37.702 103.388 9.183 6.631 3.981 7.242 179.000 178.687 449.085 54.135 29.786 74.901 59.720 5 Di ag ra m aç ão : L éo 2 3/ 05 /0 8 — C or re çã o Fa bi o / R ev is. : M ar iz a 28 /0 5/ 08 - R ev is ão : B ea tr iz C or re çã o: L éo 0 8/ 07 /0 9 65 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Saindo do curto para o longo prazo, o próximo capítulo versará sobre as decisões de financiamento a longo prazo à disposição do gestor financeiro. O dilema entre a utilização de capital próprio como fonte de financiamento das necessidades de capital ou capital de terceiros para amortização a longo prazo passa pela análise da alavancagem financeira. Este conceito, ao lado de outros conceitos relativos aos principais papéis que são oferecidos no mercado de capitais, serão vistos a seguir, juntamente com formas alternativas de financiamento de ativos fixos, indispensáveis às operações industriais. 5 10
Compartilhar