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Aula 08 Direito Civil

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Aula 08
Curso: Direito Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário- Área Administrativa)
Professores: Jacson Panichi, Aline Santiago
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ
Técnico Judiciário/Área Administrativa. 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - 
Aula - 08 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 70 
AULA 08: Da Posse e da Propriedade. 
Olá Futuro(a) Servidor(a) do TRF! 
Chegamos hoje ao final do nosso curso, mas devemos deixar bem claro que 
ficamos à sua disposição no fórum de dúvidas. Não deixe de nos contatar! 
- 
Obviamente estamos torcendo pela sua aprovação, mas, caso ela não 
ocorra, sempre que você tiver alguma dúvida não hesite em nos enviar um 
e-mail. 
O primeiro passo você já deu. Agora basta não desistir! 
Aline Santiago & Jacson Panichi 
Em nossa última aula estudaremos sobre o direito das coisas, mais 
especificamente sobre a posse e a propriedade. Estes assuntos não são de 
difícil compreensão mas possuem muitos detalhes, portanto tenha muita 
atenção na leitura da aula. 
Como sempre estamos à disposição no fórum de dúvidas. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação 
sobre direitos autorais e dá outras providências. 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores 
que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os 
cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ 
Técnico Judiciário/Área Administrativa. 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - 
Aula - 08 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 70 
Sumário 
-Teoria Geral dos Direitos Reais .............................................................................................................. 3 
1. Da Posse .......................................................................................................................................... 6 
1.1. Classificação da Posse ................................................................................................................. 8 
1.1.1. Quanto ao desdobramento da posse ....................................................................................... 8 
1.1.2. Quanto à presença de vícios objetivos ..................................................................................... 9 
1.1.3. Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional .............................................................................. 10 
1.1.4. Quanto à presença de título ................................................................................................... 11 
1.1.5. Quanto ao tempo da posse ..................................................................................................... 12 
1.2. Aquisição, transmissão e perda da posse. ................................................................................ 12 
1.3. Efeitos da Posse (arts. 1210 a 1222). ........................................................................................ 14 
2. Da Propriedade ............................................................................................................................. 21 
- Disposições Preliminares .................................................................................................................... 22 
- Da Aquisição da Propriedade .............................................................................................................. 26 
- Da aquisição da Propriedade Imóvel .............................................................................................. 27 
- Da aquisição pelo registro do título (arts. 1245 a 1247) ................................................................ 30 
- Da aquisição por acessão (arts. 1.248 a 1.259) .............................................................................. 36 
- Das Ilhas ...................................................................................................................................... 37 
- Da Aluvião ................................................................................................................................... 37 
- Da Avulsão .................................................................................................................................. 38 
- Do Álveo Abandonado ................................................................................................................ 38 
- Das Construções e Plantações .................................................................................................... 38 
- Da Aquisição da Propriedade Móvel ............................................................................................... 40 
- Da Perda da Propriedade .................................................................................................................... 43 
QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS .......................................................................... 45 
LISTA DE QUESTÕES E GABARITO ......................................................................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ 
Técnico Judiciário/Área Administrativa. 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - 
Aula - 08 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 70 
-Teoria Geral dos Direitos Reais 
 
 Da leitura do índice do CC/2002 podemos perceber que os direitos 
patrimoniais são classificados em direitos pessoais e em direitos 
reais. 
Encontramos os direitos pessoais nos mais variados livros e capítulos 
do CC/2002, tais como, no Direito das Obrigações, Direito Contratual, 
Direito de Família, Direitos das Sucessões. 
Já os direitos patrimoniais que possuem natureza real estão 
dispostos no Livro III denominado Do Direito das Coisas. 
Neste ponto é importante que façamos uma diferenciação entre os 
conceitos de Direitos Reais e de Direitos das Coisas, para tanto, vamos 
utilizar as palavras de Flávio Tartuce1: 
 
³Os direitos reais formam o conteúdo principal do Direito das 
Coisas, mas não exclusivamente, eis que existem institutos que compõe 
D�PDWpULD�H�TXH�QmR�VmR�'LUHLWRV�5HDLV´��(grifos nossos) 
 
Os direitos reais são os descritos no art. 1225 (falaremos dele logo 
mais adiante), quanto ao direito das coisas assim fala o respeitado autor: 
 
³e� R� UDPR� GR� 'LUHLWR� &LYLO� TXH� WrP� FRPR� FRQWH~GR� UHODo}HV� MXUtGLFDV�
estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. No 
âmbito do Direito das Coisas há uma relação de domínio exercida pela 
pessoa (sujeito ativo) sobre a coisa. Não há sujeito passivo determinado, 
VHQGR�HVVH�WRGD�D�FROHWLYLGDGH´� (grifos nossos) 
 
A utilização destes dois termos ± Direitos Reais e Direito das Coisas, 
vem dividindo a doutrina, assim, em suas obras, alguns civilistas utilizam 
Direitos Reais e outros Direito das Coisas. 
Sabemos que a designação ³Direitos Reais´ vem se difundindo desde 
Savigny, uma vez que a taxonomia clássica de "direito das coisas" foi 
consagrada pelo Código Civil Brasileiro de 1916, conforme prevalecera no 
BGB de 1896, e mantida pelo CC de 2002. 
 
 
 
 
1 Manual de Direito Civil, Ed. Método, 2ª ed. Pg. 792. 
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ 
Técnico Judiciário/Área Administrativa. 
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Em nossa aula ao utilizarmos a expressão ³GLUHLWR�GDV�Foisas´�HVWDUHPRV�
IDODQGR�HP�VHQWLGR�PDLV�DPSOR��TXDQGR�XWLOL]DUPRV�D�H[SUHVVmR�³GLUHLWRs 
UHDLV´��HVWDUHPRV�IDODQGR, principalmente, daqueles direitos elencados no 
art. 1225. 
 
Deste modo, o Direito das coisas dispõe sobre as relações jurídicas 
entre as pessoas e as coisas que podem ser apropriadas pelo homem. 
 
Segundo Sílvio de Salvo Venosa2: 
 
³$� LGHLD� EiVLFD� p� TXH� R� direito pessoal une dois ou mais sujeitos, 
enquanto os direitos reais traduzem relação jurídica entre uma coisa, 
ou conjunto de coisas, e um ou mais sujeitos, pessoas naturais ou 
MXUtGLFDV´� (grifos nossos) 
 
Ainda, o mesmo autor, ao diferenciar direitos pessoais e direitos 
reais, nos traz como exemplo do primeiro uma obrigação e como 
exemplo do segundo a propriedade. 
 
Regra geral a situação é esta. E como o objetivo deste curso não é 
debater o direito, mas sim que você possa resolver uma questão de prova, 
tenha em mente a seguinte representação: 
 
 
 
 
 
2 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12ª ed. 
Separação entre direitos reais e 
direitos pessoais
Direitos Pessoais
O objeto é uma relação juridica entre 
sujeitos de direito
Direitos Reais
Recaem sobre uma coisa
(permite o gozo e a fruição de bens)
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Os direitos reais são constituídos por lei e, de acordo com o nosso 
código civil, temos o seguinte: 
 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 
11.481, de 2007) 
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
 
 
 
Veja, então, que o código civil não traz em seu texto a posse como um 
direito real. 
 
Além disso, é importante você compreender que uma das mais importantes 
classificações dos direitos reais é justamente aquela que os separa em 
direitos reais sobre coisas próprias e direitos reais sobre coisas 
alheias. 
 
Os direitos reais sobre coisas alheias abrangem basicamente duas 
categorias: de gozo (ou de fruição) e de garantia3. 
 
3 A garantia (acessório) mantém estrita relação com uma obrigação, que será o direito 
principal. São direitos reais de garantia: o penhor; a hipoteca; e a anticrese. 
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Começaremos propriamente o nosso estudo do direito das coisas pela 
posse: 
1. Da Posse 
 
 A conceituação de posse gera na doutrina controvérsias. Muitos 
autores, caso do saudoso Orlando Gomes, consideram a posse como sendo 
um direito de natureza especial, já outros, como é o caso de Maria Helena 
Diniz, filiam-se a corrente de que a posse constitui um direito real 
propriamente dito. 
 Independentemente desta controvérsia doutrinária, existem, para 
justificar a posse como categoria jurídica, duas correntes, quais sejam: 
 
¾ A ¹Teoria subjetiva ou subjetivista - que teve por principal 
idealizador Savigny, onde a posse necessitaria de dois elementos 
para caracterizar-se, um de natureza física (corpus) e outro fundado 
na intenção de quem possuía o bem (animus) ± esta teoria não foi 
adotada pelo CC/2002; e 
¾ A ²Teoria objetiva ou objetivista ± que teve por principal 
idealizador Ihering, onde o importante era o elemento físico (corpus), 
uma vez que a intenção (animus) estaria de certa forma contida no 
próprio corpus. Portanto, esta última teoria diz que para que a posse 
seja constituída basta que a pessoa disponha fisicamente da coisa 
ou tenha a possibilidade de exercer esse contato físico. 
Direitos Reais
direitos reais sobre 
coisas próprias
direitos reais sobre 
coisas alheias
direitos de gozo 
(ou de fruição)
direitos de garantia
Posse
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O CC/2002, como você perceberá já no primeiro artigo referente à 
matéria, adotou parcialmente esta última teoria: 
 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, 
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
 
 Segundo Silvio Salvo Venosa4: 
³$�posse é o fato que permite e possibilita o direito de propriedade" 
 
E, nas lições de Barros Monteiro5: 
³���D�posse constitui o sinal exterior da propriedade, é o jus possidendi, o 
direito de possuir, e pelo qual o proprietário, de modo geral, afirma o seu 
SRGHU�VREUH�DTXLOR�TXH�OKH�SHUWHQFH�´ 
 
Quanto às pessoas que podem exercer a posse, temos que não só as 
pessoas naturais ou jurídicas podem exercê-la, mas também o podem os 
entes despersonalizados (recorde-se destes entes explicados na aula de 
pessoas jurídicas), como é o caso do espólio, da massa falida, da sociedade 
de fato e do condomínio. 
Neste sentido temos o Enunciado 236 da III Jornada de Direito 
Civil: ³&RQVLGHUD-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a 
coletividade desprovida de personalidade jurídica´� 
 
Outro enunciado traz a ideia de função social da posse (A 
propriedade já tem a sua função social reconhecida no nosso texto 
Constitucional, o que, indiretamente, atinge a posse). Enunciado 492 da 
V Jornada de Direito Civil: ³$�posse constitui direito autônomo em 
relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para 
o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de 
WXWHOD´� 
 
Dentre as diferenciações que serão feitas durante esta aula, a 
primeira relevante é aquela que ocorre entre posse e detenção. 
 
 
4 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. 
5 Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das 
coisas, ed. Saraiva, 41ª ed., pág. 31. 
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Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve 
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que 
prove o contrário. 
 
 O detentor6 está em uma situação de dependência econômica ou, 
então, possui um vínculo de subordinação com a outra pessoa e somente 
por este motivo detém a coisa. Deste modo, o detentor exerce a posse não 
em seu nome, mas em nome de outro. Como exemplo, podemos citar 
o motorista particular em relação ao carro do patrão, ou o caseiro que cuida 
de umsítio (em ambos os casos estamos diante de detenção). 
Cabe ressaltar que é admitida juridicamente a conversão da 
detenção em posse, conforme vemos no Enunciado 301 da IV Jornada 
de Direito Civil: ³É possível à conversão da detenção em posse, 
desde que rompida à subordinação, na hipótese de exercício em nome 
próprio dos atos SRVVHVVyULRV´� 
Os atos possessórios serão vistos ainda nesta aula, por hora 
preocupe-se em fixar que detenção não é posse, porque a detenção 
pressupõe um vínculo de subordinação, o que não existe na posse. 
 
1.1. Classificação da Posse7 
 
 A posse pode ser classificada: 
 
1.1.1. Quanto ao desdobramento da posse 
 
¾ Posse direta ou imediata, que é aquela em que a pessoa possui 
a coisa materialmente, há poder físico imediato, como por 
exemplo, o locatário (aquele que está no imóvel); 
 
¾ Posse indireta ou mediata, aquela exercida através de outra 
pessoa, utilizando o exemplo acima, é o locador. Assim, o locador 
(quem coloca a coisa para ser alugada) exerce posse indireta, 
 
6 Também chamado de fâmulo de posse, gestor da posse, detentor dependente ou servidor 
da posse. 
7 Optamos por citar a classificação adotada por Flávio Tartuce do livro, Manual de Direito 
Civil, Ed. Método, 2ª ed. 
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ 
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enquanto que o locatário (que aluga a coisa) exerce a posse direta, 
visto ser quem está fisicamente com a coisa. 
 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, 
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse 
contra o indireto. 
 
Neste ponto cabe fazermos algumas observações: tendo em vista o 
artigo 1.197, tanto o possuidor direto quanto o indireto podem invocar a 
proteção possessória, seja um contra o outro ou, ainda, contra terceiros. 
Este é o conteúdo do Enunciado 76 da I Jornada de Direito Civil: ³2�
possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, 
e este contra aquele (art. 1.197, in fine��GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO�´� 
 
1.1.2. Quanto à presença de vícios objetivos 
 
¾ Posse justa é uma posse limpa, ou seja, aquela que não apresenta 
vícios de violência, clandestinidade ou precariedade, conforme art. 
������� ³É justa a posse que não for violenta, clandestina ou 
SUHFiULD�´; 
¾ Posse injusta aquela que é adquirida por meio de ato de violência 
(poderá ser física ou moral, onde através dela o antigo possuidor ou 
proprietário será retirado do bem), ato clandestino (pressupõe a 
ausência do antigo possuidor, e sem que este saiba, o imóvel é 
ocupado por outrem) ou ato precário (na precariedade existe a 
obrigação de restituição e quem tem o dever legal de restituição 
nega-se a cumpri-lo). 
¾ Posse violenta é a obtida através de esbulho, ou seja, por força física 
ou moral. Um exemplo muito comum na doutrina é o do movimento 
popular que invade propriedades rurais produtivas, violentamente, 
destruindo cercas e plantações. 
¾ Posse clandestina é aquela obtida as escondidas, de forma oculta. 
Utilizando o mesmo exemplo acima, caso a ocupação se desse à noite 
sem violência. 
¾ Posse precária é aquela que é conseguida com abuso de confiança. 
Também chamada de esbulho pacífico, é parecida com o crime de 
estelionato ou ao crime de apropriação indébita. É exemplo, o 
locatário de uma coisa móvel que não a devolve no final do contrato. 
 
 
Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ 
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Algumas observações importantes: ¹para que a posse seja considerada 
injusta, basta à presença de apenas uma das violências citadas logo acima 
e, além disso, a pessoa que tem a posse injusta não poderá adquirir a coisa 
através de usucapião; ²a posse mesmo sendo injusta poderá ser defendida 
contra terceiro; ³a posse injusta ou violenta poderá ser convalidada, 
isto de acordo com o art. 1.208: 
Art. 1.208 Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim 
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão 
depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 
 
Atenção para este ponto da matéria, o artigo 1.208 é uma exceção à 
regra do art. 1.203, que consagra o princípio da continuidade do 
caráter da posse: 
 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo 
caráter com que foi adquirida. 
 
Sobre este assunto temos o Enunciado 237 da III Jornada de 
Direito Civil: ³e� FDEtYHO� D� PRGLILFDomR� GR� WtWXOR� GD� SRVVH� ± interversio 
possessionis ± na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar 
ato exterior inequívoco de oposição do antigo possuidor indireto, tendo por 
HIHLWR�D�FDUDFWHUL]DomR�GR�DQLPXV�GRPLQL´�� 
 
Da combinação do art. 1.208 com o art. 924 do CPC, nós temos que 
a posse, passados um ano e um dia da violência ou da clandestinidade, 
deixará de ser injusta, passando a ser justa, se o possuidor indireto (ou 
o dono da coisa) não providenciar as atitudes de defesa de sua posse. 
Independente da problemática, a convalidação ou a cessação da 
posse injusta será analisada caso a caso e tendo em vista a função social 
da posse; ainda, com relação aos efeitos, os frutos não serão influenciados 
pelos vícios que caracterizam a posse injusta, tendo em vista, que para 
estes o que será levado em consideração é se a posse é de boa-fé ou se 
é de má-fé (assunto que trataremos a seguir). 
 
1.1.3. Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional 
 
¾ A posse de boa-fé está no art. 1.201: 
 
Art. 1.201 É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que 
impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem 
por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei 
expressamente não admite esta presunção. 
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Lembre-se que o termo ignorar está associado ao desconhecimento. 
Portanto, será a posse de boa-fé, quando o possuidor acreditar que a coisa 
é sua e não souber que está prejudicando outra pessoa. 
Perde o caráter de boa-fé, quando o possuidor passa a ter 
conhecimento da posse indevida. Conforme art. 1.202. 
 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o 
momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora 
que possui indevidamente. 
 
Sobre o justo título temos o Enunciado 303 da III Jornada de 
Direito Civil��³&RQVLGHUD-se justo título para a presunção relativa da boa-
fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da 
posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. 
Compreensão na perspectLYD�GD�IXQomR�VRFLDO�GD�SRVVH´� 
 
¾ Na posse de má-fé, ao contrário do que acontece na posse de boa-
fé, a pessoa tem a consciência da ilegitimidade de sua posse. 
 
Atenção: A posse justa e a posse injusta levam em consideração critérios 
objetivos, enquanto que na posse de boa-fé e na posse de má-fé considera-
se a subjetividade, a intenção. Também, no que se refere aos efeitos a 
posse justa e a injusta são analisadas quanto às ações possessóriase 
quanto à usucapião, já a posse de boa-fé e a de má-fé são analisadas 
quanto à percepção dos frutos, à retenção de benfeitorias e às 
responsabilidades implicadas para os envolvidos. 
 
1.1.4. Quanto à presença de título 
 
¾ A posse com título se dá quando existe um documento, pode ser um 
contrato, por exemplo; 
¾ A posse sem título é aquela em que não há uma causa representativa 
aparente da transmissão do domínio fático. 
 
Estabelecendo uma relação entre esta classificação e a classificação 
passada, chegamos aos conceitos de ius possidendi ± que é o direito a 
posse decorrente da propriedade e o ius possessionis ± que é o direito 
que decorre exclusivamente da posse. Ou seja, no ius possidendi temos 
uma posse com título apoiada na propriedade, enquanto no ius possessionis 
temos uma posse sem título e que existe por si só. 
 
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1.1.5. Quanto ao tempo da posse8 
 
¾ Posse nova é aquela com até um ano; 
¾ Posse velha é aquela com um ano e um dia ou mais. 
 
1.2. Aquisição, transmissão e perda da posse. 
 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à 
propriedade. 
 
Deste modo, basta que a pessoa possuidora da coisa esteja usando, 
fruindo, reivindicando ou dispondo da coisa, para que se adquira a posse. 
 
IMPORTANTE. 
O artigo 1.205 nos diz quem poderá adquirir esta posse: 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela ¹própria pessoa que a pretende ou por seu ²representante; 
II - por ³terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
 
 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os 
mesmos caracteres. 
 
 O art. 1.206 consagra o princípio da continuidade do caráter da 
posse. Princípio que também é encontrado nos arts. 1203 e 1207: 
 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter 
com que foi adquirida. 
... 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e 
ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos 
legais. 
 
Sendo universal a sucessão, quem sucede apenas manterá a posse 
do antecessor com as mesmas características e, assim, se a posse for 
 
8 Esta classificação é importante tendo em vista a questão processual, no que diz respeito 
às ações possessórias que visam à defesa da posse. 
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injusta, continuará a ser, ou seja, o vício continuará a existir. Já o sucessor 
singular (por exemplo, o adquirente de um bem através de compra e 
venda) tem a faculdade de unir sua posse com a anterior ou optar por não 
fazê-lo, de acordo com sua vontade. 
 
O princípio da continuidade do caráter da posse não é absoluto, como 
vemos no artigo seguinte: 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim 
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão 
depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 
 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas 
móveis que nele estiverem. 
 
Em regra, uma vez transferida à posse de um imóvel, também o será 
a posse dos imóveis que o guarnecem, de acordo com o princípio da 
gravitação jurídica, segundo o qual o acessório segue o principal. 
 
Quanto à perda da posse temos dois artigos: 
 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.1969. 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o 
esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando 
recuperá-la, é violentamente repelido. 
 
Assim, a posse somente será considerada perdida se o possuidor, não 
tendo presenciado o esbulho, não tomar as medidas protetórias cabíveis 
quando tomar conhecimento. Ou, sofrendo violência, não tomar outras 
medidas assecuratórias. Apesar de a lei presumir a perda da posse, caberá 
prova em contrário neste sentido. 
 
Temos, ainda, uma última situação, a chamada composse, que é 
abordada no art. 1.199 do CC: 
 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada 
uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores. 
 
9 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou 
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
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Deste modo, desde que não excluam direito alheio, qualquer dos 
compossuidores poderá se utilizar das ações possessórias, no caso de 
atentado praticado por terceiro, como também poderá utilizar o direito 
previsto no art. 1.210, § 1º do CC ± casos de autodefesa da posse. 
 
1.3. Efeitos da Posse (arts. 1210 a 1222). 
 
 Efeitos são as consequências de algo. No que diz respeito à posse, 
estes efeitos estão relacionados à sua aquisição, à sua manutenção e à sua 
perda. Os principais efeitos da posse, encontrados no código civil (arts. 
1210 a 1222), são: 
x O direito de defesa da posse (interditos possessórios ± que são as 
ações possessórias, e pelo desforço incontinenti ± que é a autodefesa, 
a defesa imediata da posse); 
x O direito de perceber os frutos; e 
x O direito de retenção sobre benfeitorias ações possessórias. 
 
- Interditos Possessórios (defesa da posse). 
 
 Este é talvez um dos principais efeitos10 da posse, é o direito ou a 
faculdade de propor ações com a finalidade de proteger a posse. 
 
Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas, que 
poderão ser propostas em três hipóteses: 
 
¾ Em caso de ameaça, será proposta a ação de interdito 
proibitório. 
¾ Em caso de turbação, será proposta a ação de manutenção de 
posse. 
¾ Em caso de esbulho, será proposta ação de reintegração de 
posse. 
 
 
 
 
 
10 De certa forma, também é uma característica. 
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A ameaça é o risco iminente, quando o possuidor sabe que existe a possibilidade 
concreta de que seu bem seja perdido; 
A turbação são os ataques constantes, que impedem o livre exercício do direito 
à posse; 
O esbulho é a efetiva perda do bem, por isso a necessidade de reintegração de 
posse. 
 
As ações estão autorizadas pelo art. 1.210, que diz: 
 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se 
tiver justo receio de ser molestado. 
 
Do que vimos acima, complementamos agora com as lições de Flávio 
Tartuce11: 
 
³&RPR� VH�SRGH� SHUFHEHU�� QR� FDVR� GH� DPHDoD�� D� ação de interdito 
proibitório visa à proteção do possuidor de perigo iminente. No caso de 
turbação, a ação de manutenção de posse visa a sua preservação. Por 
fim, no caso de esbulho, a ação de reintegração de posse almeja a sua 
GHYROXomR´� (grifos nossos) 
 
Art. 1210. § 1º. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
restituir-se por sua própria força, ¹contanto que o faça logo; os atos de 
defesa, ou de desforço, ²não podem ir além do indispensável à manutenção, 
ou restituição da posse. 
 
É aquele caso em que a pessoa se utilizará de sua própria força, ou 
seja, se defenderá independente de ação judicial contra o terceiro que lhe 
ameace. Mas para que esta medida seja considerada lícita, devem ser 
respeitados alguns requisitos: ¹a defesa há de ser imediata, conforme 
(QXQFLDGR�Qž�����GD�9�-RUQDGD�GH�'LUHLWR�&LYLO��³1R�GHVIRUoR�SRVVHVVyULR��
D�H[SUHVVmR�³FRQWDQWR�TXH�R�IDoD�ORJR´�GHYH�VHU�HQWHQGLGD�UHVWULWLYDPHQWH��
apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo 
DR�SRVVXLGRU�UHFRUUHU�j�YLD�MXULVGLFLRQDO�QDV�GHPDLV�KLSyWHVHV´��²a pessoa 
que defender sua posse através de seus próprios meios deverá fazê-lo na 
medida do necessário para recuperar sua posse, seguindo os 
parâmetros do art. 187 do CC12. A pessoa está autorizada a receber e 
 
11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed. pág. 823. 
12 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
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utilizar a ajuda de terceiros, tais como, empregados e prepostos, porém a 
sua responsabilidade será objetiva, indireta ou por atos de outrem. 
 
Art. 1210, § 2º. Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
 
Atenção: a ação possessória tem objeto distinto da petitória, uma 
vez que nesta prevalece a discussão acerca do título de propriedade, e na 
ação possessória discute-se questão exclusivamente fática, que envolve a 
posse em si mesmo. Sobre este assunto temos dois Enunciados da I 
Jornada de Direito Civil: 
 
Enunciado nº 78: ³7HQGR�HP�YLVWD�D�QmR-recepção pelo novo Código Civil 
da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova 
suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada 
exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e 
julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de 
GLUHLWR�UHDO�VREUH�R�EHP�OLWLJLRVR´� 
Enunciado nº. 79: ³$�H[FHSWLR�SURSULHWDWLV��FRPR�GHIHVD�RSRQtYHO�jV�Do}HV�
possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu 
a absoluta separação entre os jut]RV�SRVVHVVyULR�H�SHWLWyULR´� 
 
Sabemos que a melhor posse é aquela onde se tem contato direto 
com a coisa. Assim, caso mais de uma pessoa se diga possuidora da mesma 
coisa temos o art. 1.211: 
 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-
á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve 
de alguma das outras por modo vicioso. 
 
 Este artigo se refere ao possuidor aparente, que manterá a coisa 
enquanto se discute em sede de ação possessória ou petitória quem é o 
verdadeiro possuidor ou proprietário de acordo com a lei. 
 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, 
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
 
 Portanto, ao possuidor cabe escolher se proporá uma ação de esbulho 
ou pleiteará uma indenização contra terceiro que agiu de má-fé recebendo 
uma coisa que sabia ser esbulhada. Com relação a este artigo 1.212 temos 
o Enunciado 80: ³e� LQDGPLVVtYHO� R� GLUHFLRQDPHQWR� GH� GHPDQGD�
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possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser 
parte passiva ilegítima diante do disposto no art. 1.212 do novo Código 
Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe tão-somente a propositura de 
GHPDQGD�GH�QDWXUH]D�UHDO´�� 
 
Deste modo, contra terceiro que recebeu a coisa esbulhada de boa-
fé não caberá ação possessória, mas somente ação petitória em que se 
discutirá a propriedade. 
 
- Direito de percepção de frutos. 
 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, 
logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. 
 
Existe uma semelhança entre os frutos industriais e os naturais, 
uma vez que estes se consideram percebidos a partir de sua 
separação do bem ± seja de uma árvore ou de uma máquina. Os frutos 
civis (juros e aluguéis, por exemplo) são considerados aptos a ensejar a 
percepção diariamente. 
 
 Em relação à percepção de frutos, é importante saber se a posse é 
de boa-fé ou de má-fé. 
 
- Possuidor de boa-fé. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos 
percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem 
ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem 
ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
Exemplo: Sou possuidor de boa-fé de uma casa que possui um quintal 
nos fundos com uma laranjeira. Enquanto estiver na posse de boa-fé, posso 
colher e consumir as laranjas (frutos percebidos). A partir do momento que 
cessar a boa-fé, não posso mais colher as laranjas que ainda estão verdes, 
se as colher, terei que devolvê-las para ao verdadeiro proprietário. Devem 
ser devolvidos os frutos pendentes e os colhidos por antecipação. 
 
- Possuidor de má-fé. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e 
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o 
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção 
e custeio. 
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 Assim, ao possuidor de má-fé só caberá indenização no caso de ter 
feito despesas para custear a produção. E responderá por todos os frutos 
que colher, e ainda por todos que estragarem sem terem sido colhidos. 
 
Resumindo quanto aos frutos: 
 
 
 
-Direito de indenização e retenção de benfeitorias. 
 
Quanto às benfeitorias ± que são bens acessórios introduzidos em 
um bem móvel ou imóvel, tendo em vista sua conservação ou melhora de 
sua utilidade, temos os artigos seguintes: 
 
- Possuidor de boa-fé. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, 
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o 
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
 Assim, o possuidor tem direito de ser indenizado por benfeitorias 
necessárias e úteis. Se não for indenizado tem direito de reter estas 
benfeitorias. Quanto às voluptuárias, tem o direito de levantá-las se estas 
não forem pagas, mas ao removê-las não pode prejudicara coisa. No que 
diz respeito a este tema, veja o Enunciado 81 da I Jornada de Direito 
Civil: ³2�direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da 
Possuidor de 
Boa-fé
Enquanto durar a boa- fé, tem direito 
aos frutos percebidos
Cessando a boa-fé
DEVEM SER RESTITUIDOS
1. frutos pendentes - deduzidas 
despesas da produção e custeio.
2. frutos colhidos por antecipação
Possuidor de 
Má-fé
Responde por todos os frutos 
colhidos e percebidos
Bem como pelos que, por culpa sua, 
deixou de perceber
TEM direito às despesas de produção 
e custeio
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realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às 
acessões �FRQVWUXo}HV�H�SODQWDo}HV��QDV�PHVPDV�FLUFXQVWkQFLDV´� 
 
- Possuidor de má-fé. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, 
nem o de levantar as voluptuárias. 
 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor 
de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao 
possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
 
Resumindo quanto à indenização pelo reivindicante: 
 
- Responsabilização por deterioração da coisa. 
 
Quanto à posse e a responsabilidade do possuidor temos os seguintes 
artigos: 
 
Possuidor de 
Boa-fé
INDENIZAÇÃO
benfeitorias necessárias e úteis 
ALÉM DISSO poderá, se for o 
caso, levantar as voluptuárias
tem DIREITO DE RETENÇÃO 
pelo valor das benfeitorias 
necessárias e úteis
o REIVINDICANTE será obrigado 
a indenizar pelo VALOR ATUAL
Possuidor de 
Má-fé
INDENIZAÇÃO
somente as benfeitorias 
necessárias
E não pode levantar as 
voluptuárias
NÃO TEM direito de retenção
o reivindicante PODERÁ OPTAR 
entre o valor atual e o custo 
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Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da 
coisa, a que não der causa. 
 
 Assim, a responsabilidade do possuidor de boa-fé é subjetiva, pois 
depende de comprovação da culpa em sentido amplo. O possuidor tem que 
ter dado causa à perda ou deterioração da coisa. 
 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, 
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, 
estando ela na posse do reivindicante. 
 
 Já a responsabilidade do possuidor de má-fé, de acordo com o 
artigo 1.218, é objetiva uma vez que independe de culpa, mas não é 
absoluta, pois poderá o possuidor provar que a perda ou deterioração da 
coisa também ocorreria estando ela em poder do reivindicante. 
É importante você perceber que este artigo também prevê a 
responsabilidade do possuidor de má-fé mesmo em caso fortuito e no caso 
de força maior (perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais). 
 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao 
ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
 
 Temos neste caso do art. 1.221, uma hipótese de compensação 
legal, onde a indenização a que teria direito o possuidor de má-fé pelas 
benfeitorias necessárias será usada para compensar os danos sofridos pelo 
reivindicante. 
Possuidor de 
Boa-fé
SE NÃO DER CAUSA, NÃO 
RESPONDE pela perda ou 
deteriorioração da coisa
Responsabilidade 
Subjetiva
Possuidor de 
Má-fé
RESPONDE pela perda ou 
deterioração da coisa, AINDA 
QUE ACIDENDAIS, salvo se 
provar que o mesmo ocorreria 
se a coisa estivesse com o 
reivindicante.
Responsabilidade 
Objetiva
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Passemos agora ao estudo da propriedade! 
 
 
2. Da Propriedade 
 
A propriedade é apontada como o direito real por excelência, 
traduzindo um dos direitos fundamentais da pessoa humana, na medida 
em que é considerada como um reflexo do direito à liberdade. Na realidade 
³R�GLUHLWR�GH�SURSULHGDGH�p�R�GLUHLWR�PDLV�DPSOR�GD�SHVVRD�HP�UHODomR�j�
FRLVD´.13 
 Este direito à propriedade (que já foi considerado como absoluto) 
atualmente não constitui mais um direito ilimitado. Hoje, busca-se a 
justiça social, permitindo o acesso à condição de proprietário, sem a 
abolição da propriedade privada, mas entendendo que a propriedade 
deverá sempre atender a uma função social. 
O Código Civil de 2002 não traz explicito em um artigo quais seriam 
as formas de aquisição da propriedade. Este assunto é tratado no código 
na forma de capítulos: 
¾ No Capítulo I temos Da propriedade em Geral, que se subdivide 
em duas seções: disposições preliminares e da descoberta. 
¾ A seguir temos o Capítulo II, que trata da aquisição da 
propriedade imóvel, que por sua vez se divide em três seções. A 
primeira seção trata da usucapião, a segunda seção trata da 
aquisição pelo registro público e a terceira seção trata da 
aquisição por acessão que, por sua vez, se subdivide em cinco 
subseções: das ilhas; da aluvião; da avulsão; do álveo abandonado 
e das construções e plantações. 
¾ No Capítulo III temos da aquisição da propriedade móvel, que 
é dividida em seis seções: da usucapião; da ocupação; do achado 
de tesouro; da tradição; da especificação; da confusão, da 
comissão e da adjunção. 
¾ E, por último, temos o Capítulo IV que trata da perda da 
propriedade. 
 
Seguindo a temática adotada pelo Código Civil, temos que a 
propriedade imóvel se adquire através da usucapião, do registro público 
e por acessão. Já a propriedade móvel é adquirida através da usucapião, 
 
13 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 168. 
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da ocupação, do achado de tesouro, da tradição, da especificação, da 
confusão, comissão e adjunção. 
- Disposições Preliminares 
 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de ¹usar, ²gozar e dispor da coisa, 
e o ³direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha. 
 
 Neste primeiro artigo não temos uma conceituação do que seja 
propriedade, mas apenas uma descrição de seu conteúdo, elencando as 
faculdades inerentes ao domínio: o uso (faculdade de utilizar a coisa); 
o gozo (faculdade de retirar da coisa seus frutos, sejam eles naturais, 
industriais ou civis); a disposição (como exemplo de disposição temos a 
compra e venda ± que é inter vivos, e o testamento ± que é causa mortis) 
e o direito de reaver (faculdade de recuperar a coisa de quem 
injustamente a possua, que no caso da propriedade será feita através de 
uma ação petitória). 
 Acrescente-se que uma vez presentes todos estes atributos da 
propriedade teremos a propriedade plena. Se tiver pelo menos um destes 
atributos estaremos diante da posse. 
Outra particularidade do artigo em questão está em sua parte final, 
quando autorizao proprietário a reaver a coisa de quem a possua ou 
detenha (tendo em vista a posse e a detenção serem institutos jurídicos 
distintos). 
 
Art. 1228. § 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância 
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam 
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, 
as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem 
como evitada a poluição do ar e das águas. 
 
 Neste parágrafo encontramos o dispositivo legal que ampara a 
função social da propriedade, bem como a função ambiental da 
propriedade. Em relação ao patrimônio histórico e artístico, podemos frisar 
que o meio ambiente não se resume ao meio ambiente natural, vez que 
abrange também o meio ambiente artificial e o meio ambiente cultural. 
 
Art. 1228. § 2º. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer 
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
 
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Este parágrafo está amparado pelos arts. 186 e 187 do CC, em que 
atos ilícitos e abusos de direitos são considerados ilegais e geram 
responsabilidade. Desta forma, não poderá o proprietário praticar atos que 
prejudiquem terceiros e que não tenham um fundamento na comodidade 
ou utilidade. 
 
Conforme leciona Sílvio de Salvo Venosa14: 
³7RGD�SURSULHGDGH��DLQGD�TXH�UHVJXDUGDGR�R�GLUHLWR�GR�SURSULHWiULR��GHYH�
FXPSULU�XPD�IXQomR�VRFLDO´� 
 
Art. 1228. § 3º. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de 
¹desapropriação, por 1.1necessidade ou 1.2utilidade pública ou 1.3interesse 
social, bem como no de ²requisição, em caso de 2.1perigo público iminente. 
 
Neste parágrafo, encontramos a autorização dispositiva para que o 
Estado intervenha na propriedade particular, isto na busca de um equilíbrio 
entre os interesses do indivíduo e os interesses da coletividade. Deste 
modo, com respaldo na supremacia do interesse público sobre o 
privado, é possível privar o proprietário de seu direito de propriedade. 
 
 
 
 
Art. 1228. § 4º. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel 
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, 
por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela 
 
14 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. 
O proprietário 
pode ser privado 
da coisa
Desapropriação
Necessidade 
pública
Utilidade pública
Interesse social
Requisição
Perigo público 
iminente
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houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços 
considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
Art. 1228. § 5º. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa 
indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título 
para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 
 
 Os § 4º e § 5º do art. 1228 são motivo de controvérsias sobre a 
definição do instituto descrito. Se este seria um tipo especial de 
desapropriação ou se seria um usucapião coletivo de pessoas de baixa 
renda. Assim, nas palavras de Flávio Tartuce15: 
³1mR�Ki�G~YLGDV�GH�que o instituto aqui estudado constitui uma modalidade 
de desapropriação e não de usucapião, como pretende parte da doutrina. 
Isso porque o §5º do art. 1.228 do CC consagra o pagamento de uma justa 
indenização, não admitindo o nosso sistema jurídico a usucDSLmR�RQHURVD´�� 
Esta forma de desapropriação é privada, uma vez que se dá no 
interesse direto e particular de considerável número de pessoas que 
ocupam extensa área. 
 
Quanto a estes §§ 4º e 5º temos também os enunciados nº 82, nº 83 e nº 
84 da I Jornada de Direito Civil16: 
Enunciado 82: ³e�FRQVWLWXFLRQDO�D�PRGDOLGDGH�DTXLVLWLYD�GH�SURSULHGDGH�
LPyYHO�SUHYLVWD�QRV�††��ž�H��ž�GR�DUW��������GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO´� 
Enunciado 83: ³1DV�Do}HV�UHLYLQGLFDWyULDV�SURSRVWDV�SHOR�3RGHU�3~EOLFR��
não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 
GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO´� 
Enunciado 84: ³$�GHIHVD� IXQGDGD�QR�GLUHLWR�GH�DTXLVLomR� FRP�EDVH�QR�
interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser 
arguida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo 
SDJDPHQWR�GD�LQGHQL]DomR´� 
 
Os artigos seguintes são muito importantes pensando em provas: 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo 
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo 
o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma 
altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
 
 
15 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, Método 2012, 2ª ed. Págs. 851 e 852. 
16 Colocamos estes Enunciados, mas existem outros, como, por exemplo: Enunciado nº 
240 CJF/STJ; Enunciado 241 da III Jornada; Enunciado nº 305 CJF/STJ da IV Jornada de 
Direito Civil; Enunciado nº 306 CJF/STJ; Enunciado nº 307 CJF/STJ; Enunciado nº 310 da 
IV Jornada; Enunciado nº 311 CJF/STJ; Enunciado nº 496 da V Jornada de Direito Civil. 
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Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais 
recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos 
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos 
minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos 
a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. 
 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em 
contrário. 
 
 Desde modo entendemos que o direito de propriedade é pleno 
quando todos os direitos que o constituem encontrarem-se reunidos na 
pessoa do proprietário, que poderá, por sua vez, usar, fruir, dispor e 
reivindicar o bem do qual é titular. 
 
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando 
separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, 
couberem a outrem. 
 
Seguindo a ordem do Código Civil temos, em seguida, a descoberta, 
que nada mais é do que achar uma coisa que estava perdida. Ao contrário 
das coisas abandonas e das coisas sem dono, as coisas perdidas tem um 
dono que apenas está privado de sua posse. 
 
Ninguém está obrigado a pegar coisa que está perdida, mas se assim 
proceder, ficará sujeito a certas responsabilidades com relação à coisa 
descoberta. 
 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao 
dono ou legítimo possuidor. 
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se 
não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. 
 
 Deste modo, podemos perceber que a descoberta não é um meio 
de aquisição de propriedade, pois existe o dever de restituir a coisa 
achada. O que poderá acontecer com quem encontrar uma coisa perdidae 
proceder de acordo com a lei ± ou seja, restituí-la ao seu dono, será a 
possibilidade de receber uma recompensa por seu ato. 
Mas, se proceder de forma contrária, ou seja, não restituir a coisa a 
seu dono, esta posse sempre será considerada precária. 
 
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Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo 
antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento 
do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a 
conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. 
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á 
o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo 
possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação 
econômica de ambos. 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou 
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. 
 
 O dolo, a intenção de prejudicar alguém, neste artigo se manifesta 
na intenção de auferir alguma vantagem iludindo o proprietário ou o 
possuidor para receber a recompensa, como por exemplo, alguém que furta 
algum objeto de estimação para em momento posterior exigir recompensa 
pela devolução do objeto. 
 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta 
através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo 
editais se o seu valor os comportar. 
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou 
do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será 
esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a 
recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja 
circunscrição se deparou o objeto perdido. 
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a 
coisa em favor de quem a achou. 
 
 Observem que, de forma excepcional, poderá a descoberta gerar uma 
forma de aquisição da propriedade. Porém, entenda que esta aquisição da 
propriedade não terá origem na descoberta, mas no próprio abandono do 
bem pelo Município. 
- Da Aquisição da Propriedade 
 
 Para que se dê a aquisição da propriedade temos duas formas: 
1. Aquisição originária. 
2. Aquisição derivada. 
 
 Na forma ¹originária de aquisição da propriedade, a pessoa entra 
em contato direto com a coisa, sem a interferência de terceiros. A 
propriedade começará nova, sem as características do antigo dono. Já na 
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forma de aquisição ²derivada existe um intermediário entre o proprietário 
e a coisa, há um sentido de continuidade da propriedade, como o que 
acontece na compra e venda, por exemplo, onde a coisa já pertence a uma 
pessoa, trazendo assim, as características que possuía com o antigo dono. 
 
 No CC a aquisição está dividida em bens móveis e em bens imóveis. 
Vamos seguir esta divisão, informando quais são formas originárias e quais 
são derivadas. 
 
- Da aquisição da Propriedade Imóvel 
 
 A aquisição da propriedade imóvel se dá através da usucapião (forma 
de aquisição originária), pelo registro (forma de aquisição derivada) e pelas 
acessões (forma de aquisição originária). 
 
Da Usucapião17 
Este termo jurídico é usado para designar a aquisição pelo uso 
prolongado (no sentido de posse prolongada). 
 
Artigo 1.238 é a regra - 15 anos: 
 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, 
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente 
de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, 
a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
 Este artigo trata da usucapião extraordinária regular ou comum, que 
dispensa o justo título e a boa-fé, assim como dispensa, também, uma 
metragem determinada, na qual, o adquirente, passados 15 anos de posse 
ininterrupta e sem oposição adquirirá a sua propriedade. 
 
O art. 1238, §único traz a usucapião extraordinária por posse trabalho em 
que há uma redução do prazo de 15 para 10 anos: ¹Se o imóvel for 
moradia habitual do possuidor ou ²se o possuidor nele realizou obras e 
serviços de caráter produtivo. 
 
 
17 Além dos tipos de usucapião que veremos nesta aula, existem também: a usucapião 
especial urbana coletiva (art. 10 da Lei 10.257/2001); usucapião especial indígena (art. 
33 da Lei 6.001/1973) e usucapião imobiliária e direito intertemporal nos arts. 2.028 a 
2.046 do CC. 
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Art. 1238, Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez 
anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou 
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona 
rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu 
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
 Neste caso temos a usucapião constitucional ou especial rural, onde 
uma vez cumpridos os requisitos elencados no artigo a pessoa adquirirá a 
propriedade. É uma forma de valorização da posse trabalho. 
 
Requisitos da usucapião constitucional: área não superior a 50 
hectares localizada na zona rural; posse por 5 (cinco) anos ininterruptos 
sem oposição e com ânimo de dono; o imóvel deve estar sendo utilizado 
para subsistência ou trabalho, ou seja, a pessoa ou sua família estejam 
com seu trabalho tornando a terra produtiva; não ser proprietário de outro 
imóvel rural ou urbano. 
 
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e 
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 
 Este é a usucapião constitucional ou especial urbana e tem os 
seguintes requisitos: 
 
Ser a área urbana e não superior a 250 m²; posse por 5 anos ininterruptos 
sem oposição e com ânimo de dono; o imóvel deve estar sendo utilizado 
para a moradia da pessoa e de sua família; e não pode possuir outro imóvel 
urbano ou rural. 
 
Atenção: a usucapião constitucional ou especial não poderá ser concedida 
mais de uma vez. 
 
§ 1º. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou 
à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
§ 2º. O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao 
mesmo possuidor mais de uma vez. 
 
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Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e semoposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² 
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua 
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 
2011). 
§ 1º. O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor 
mais de uma vez. 
 
 Este tipo de usucapião incluído pela lei nº 12.424 é chamado de 
usucapião especial urbana por abandono do lar. 
 
Enunciados da V Jornada de Direito Civil: 
 
Enunciado 499 ± ³$�DTXLVLomR�GD�SURSULHGDGH�QD�PRGDOLGDGH�GH�XVXFDSLmR�
prevista no art. 1.240- A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de 
implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito 
³DEDQGRQR�GR�ODU´�GHYH�VHU�LQWHUSUHWDGR�GH�PDQHLUD�FDXWHORVD��PHGLDQWH�D�
verificação de que o afastamento do lar conjugal representa 
descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como 
assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que 
se manteve na residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente 
pelas despesas oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel, o 
que justifica a perda da propriedade e a alteração do regime de bens quanto 
DR�LPyYHO�REMHWR�GH�XVXFDSLmR´� 
Enunciado 500 ± ³$�PRGDOLGDGH�GH�XVXFDSLmR�SUHYLVWD�QR�DUW�������-A do 
Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas 
as formas de família ou entidades familiares, inclusive homoafetivas´� 
 
 A intenção da usucapião é a de transformar a posse em propriedade 
pelo decurso de tempo e de outros requisitos específicos para cada tipo de 
usucapião, proporcionando às pessoas a segurança jurídica da propriedade. 
Assim, não é cabível que este direito seja usado mais de uma vez, de 
acordo com o § visto acima. 
 
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, 
mediante usucapião, a propriedade imóvel. 
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil 
para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
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Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel 
houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do 
respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele 
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social 
e econômico. 
 
 O justo título nada mais é do que um título hábil para a transmissão 
do direito de propriedade, sem necessidade de registro no Cartório de 
Registro de Imóveis, tendo em vista que a usucapião tem por finalidade 
justamente consolidar a aquisição em razão da passagem do tempo. 
 
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos 
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), 
contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com 
justo título e de boa-fé. 
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das 
causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais 
também se aplicam à usucapião. 
 
 Este artigo dá fundamento a corrente da doutrina que considera a 
usucapião como prescrição aquisitiva. 
 
- Da aquisição pelo registro do título (arts. 1245 a 1247) 
 
 O registro do título é a forma usual de aquisição da propriedade 
imóvel, e que ocorre tal como determina o art. 1.227 do CC: 
 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos 
entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos 
referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
 
Assim, para a aquisição da propriedade imóvel não basta simples 
acordo de vontades entre adquirente e transmitente. O contrato de compra 
e venda ± que veremos mais adiante, por exemplo, não basta, por si só, 
para transferir o domínio. Esta transferência somente se opera com o 
registro do título no cartório de registro de imóveis. 
 
O Código Civil apenas traça lineamentos gerais do registro imobiliário 
(arts. 1.245 a 1.247), e a matéria é regulada pela Lei nº 6.015/73 ± Lei 
dos Registros Públicos. 
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 O registro obedece (dentre outros) os princípios da publicidade - 
visto que qualquer interessado tem acesso a seus assentos; da 
conservação ± os arquivos com o histórico imobiliário dos bens são 
permanentes; e da responsabilidade ± pelo qual os oficiais respondem 
por prejuízos causados por culpa ou dolo, pessoalmente ou por seus 
prepostos. 
 A presunção de veracidade do registro é relativa, com exceção do 
Registro Torrens, regulamentado pela Lei de Registros Públicos (Lei n. 
6.015/73). 
 Aqui vamos abrir um parênteses para conhecermos melhor este tipo 
de registro. 
 O Registro Torrens, que é facultado pelo ordenamento aos imóveis 
rurais, visa conferir presunção absoluta de propriedade a quem tiver 
seu certificado. 
 O procedimento para que se consiga tal certificado está regulado 
pelos arts. 277 a 288 da Lei dos Registro Públicos. 
 Esta modalidade de registro não se difundiu no Brasil por ser muito 
dificultosa e ter um custo muito alto. 
 
 Agora vamos ver os artigos 1.245 a 1.247 de uma forma detalhada: 
 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do 
título translativo no Registro de Imóveis. 
 
 A transferência inter vivos somente será reconhecida após o 
respectivo registro no Cartório de Registro de Imóveis do título translativo. 
Este título translativo é um documento - que poderá ser um instrumento 
particular ou uma escritura pública, por exemplo - que será hábil para 
transferir a propriedade uma vez registrado. 
 Complementando, temos o Enunciado nº. 87 da I Jornada de Direito 
Civil: ³&RQVLGHUD-se também título translativo, para fins do art. 1.245 do 
novo Código Civil, a promessa de compra e venda devidamente quitada 
�DUWV��������H�������GR�&&�H�†��ž�GR�DUW�����GD�/HL������������´� 
 Para que você não fique perdido vamos transcrever os artigos citados 
no Enunciado: 
 
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou 
arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no 
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à 
aquisição do imóvel. 
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Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do 
promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a 
outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no 
instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do 
imóvel. 
Art. 26. Os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de cessão 
poderãoser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo 
com o modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo menos, 
as seguintes indicações: 
I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fazenda, nacionalidade, 
estado civil e residência dos contratantes; 
II - denominação e situação do loteamento, número e data da inscrição; 
III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de compromissos, 
confrontações, área e outras características; 
IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a importância do sinal; 
V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e sobre as prestações 
vencidas e não pagas, bem como a cláusula penal, nunca excedente a 10% (dez 
por cento) do débito e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mora 
superior a 3 (três) meses; 
VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos impostos e taxas incidentes 
sobre o lote compromissado; 
VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais do loteamento, 
supletivas da legislação pertinente. 
§ 1º O contrato deverá ser firmado em 3 (três) vias ou extraídas em 3 (três) 
traslados, sendo um para cada parte e o terceiro para arquivo no registro 
imobiliário, após o registro e anotações devidas. 
§ 2º Quando o contrato houver sido firmado por procurador de qualquer das 
partes, será obrigatório o arquivamento da procuração no registro imobiliário. 
§ 3º Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da posse em que 
estiverem provisoriamente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, Municípios 
e suas entidades delegadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao 
qual se atribui, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se 
aplicando a disposição do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei 
nº 9.785, de 1999) 
§ 4º A cessão da posse referida no § 3o, cumpridas as obrigações do cessionário, 
constitui crédito contra o expropriante, de aceitação obrigatória em garantia de 
contratos de financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) 
§ 5º Com o registro da sentença que, em processo de desapropriação, fixar o valor 
da indenização, a posse referida no § 3o converter-se-á em propriedade e a sua 
cessão, em compromisso de compra e venda ou venda e compra, conforme haja 
obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, circunstância que, demonstradas 
ao Registro de Imóveis, serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído 
pela Lei nº 9.785, de 1999) 
§ 6º Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessas de cessão 
valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando 
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acompanhados da respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 
1999) 
 
 Voltando ao art. 1.245 em seu parágrafo 1º: 
 
§ 1º. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua 
a ser havido como dono do imóvel. 
 
 Enquanto não ocorrer o registro (mesmo que, por exemplo, o 
pagamento já tenham sido efetuado) o alienante (vendedor) ainda será 
considerado o dono do imóvel (e não a pessoa que o adquiriu). Este 
parágrafo 1º reforça a ideia de que a simples manifestação de vontade não 
é suficiente para a transmissão do bem. 
 
§ 2º. Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de 
invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser 
havido como dono do imóvel. 
 
 Este parágrafo confirma o caráter relativo do registro quando afirma 
que enquanto não houver o cancelamento do registro o adquirente continua 
a ser havido como dono do imóvel. 
 Deste forma o registro não possui um caráter absoluto, mas sim 
relativo, uma vez que poderá vir a ser questionado ou contestado e até 
cancelado. 
 A ação própria de que fala o artigo é chamada de ação anulatória do 
registro. 
 
Art. 1.246. O registro é EFICAZ desde o momento em que se apresentar o 
título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo. 
 
 Neste artigo encontramos outro princípio relacionado ao registro o 
princípio da prioridade ± também retirado da Lei de Registros Públicos, 
e que decorre da prenotação do título do protocolo do Cartório de Registro 
Imobiliário, de acordo com o art. 182 da Lei n°. 6015/73: 
Todos os títulos tomarão no protocolo o número de ordem que lhes competir em 
razão da sequência rigorosa de sua apresentação. 
 
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Assim ensina Washington de Barros Monteiro18��³$�HVFULWXUDomR�QR�
registro de imóveis realiza-se por intermédio de vários livros, entre os quais 
avulta o protocolo, que constitui a chave do registro geral e se destina ao 
apontamento de todos os títulos apresentados diariamente para serem 
registrados (Lei n. 6.015/73, art. 174). Em tais condições, apresentado um 
título para registro, começará o oficial por apontá-lo no protocolo, 
mencionando-lhe a natureza, nome do apresentante, data da apresentação 
e número de ordem. Em seguida, depois de sua conferência, achando-se 
devidamente formalizado procederá o oficial ao respectivo registro no Livro 
Q�����³5HJLVWUR�*HUDO´��3RLV�EHP��GH�DFRUGR�FRP�R�DUW���������HPERUD�HVVH�
registro se faça dias depois, contar-se-á a respectiva data da prenotação 
inicial do serventuário no protocolo. Havendo dois registros do mesmo 
imóvel, prevalece o mais antigo, enquanto não invalidado por ação 
FRPSHWHQWH´� 
No momento da conferência o oficial do registro poderá ou não aceitar 
o registro apresentado. Neste sentido o oficial do registro poderá suscitar 
a chamada ³G~YLGD´, quando perceber que há irregularidade nos 
documentos apresentados19. 
 O procedimento que será adotado no caso de dúvida está previsto 
nos arts. 198 a 203 da Lei 6.015/73. 
Art. 198 - Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não 
se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo 
satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, 
remetido ao juízo competente para dirimi-la, obedecendo-se ao seguinte: 
(Renumerado do art 198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 
1975). 
I - no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da 
dúvida; 
Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricará o 
oficial todas as suas folhas; 
III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, 
fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la, perante o 
juízo competente, no prazo de 15 (quinze) dias; 
 IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior, remeterse-ão ao 
juízo competente, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título. 
Art. 199 - Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido no item III 
do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por sentença. (Renumerado do 
art. 201 § 1º com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 
18 Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das 
coisas, ed. Saraiva, 41ª ed., pág. 125/126. 
19 Existe também, a possibilidade da dúvida inversa, quando a pessoa que requer o registro 
achar que o oficial do registro não atuou em conformidade com os pressupostos previstos 
em lei.

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