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Aula 08 Curso: Direito Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário- Área Administrativa) Professores: Jacson Panichi, Aline Santiago Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 70 AULA 08: Da Posse e da Propriedade. Olá Futuro(a) Servidor(a) do TRF! Chegamos hoje ao final do nosso curso, mas devemos deixar bem claro que ficamos à sua disposição no fórum de dúvidas. Não deixe de nos contatar! - Obviamente estamos torcendo pela sua aprovação, mas, caso ela não ocorra, sempre que você tiver alguma dúvida não hesite em nos enviar um e-mail. O primeiro passo você já deu. Agora basta não desistir! Aline Santiago & Jacson Panichi Em nossa última aula estudaremos sobre o direito das coisas, mais especificamente sobre a posse e a propriedade. Estes assuntos não são de difícil compreensão mas possuem muitos detalhes, portanto tenha muita atenção na leitura da aula. Como sempre estamos à disposição no fórum de dúvidas. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 70 Sumário -Teoria Geral dos Direitos Reais .............................................................................................................. 3 1. Da Posse .......................................................................................................................................... 6 1.1. Classificação da Posse ................................................................................................................. 8 1.1.1. Quanto ao desdobramento da posse ....................................................................................... 8 1.1.2. Quanto à presença de vícios objetivos ..................................................................................... 9 1.1.3. Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional .............................................................................. 10 1.1.4. Quanto à presença de título ................................................................................................... 11 1.1.5. Quanto ao tempo da posse ..................................................................................................... 12 1.2. Aquisição, transmissão e perda da posse. ................................................................................ 12 1.3. Efeitos da Posse (arts. 1210 a 1222). ........................................................................................ 14 2. Da Propriedade ............................................................................................................................. 21 - Disposições Preliminares .................................................................................................................... 22 - Da Aquisição da Propriedade .............................................................................................................. 26 - Da aquisição da Propriedade Imóvel .............................................................................................. 27 - Da aquisição pelo registro do título (arts. 1245 a 1247) ................................................................ 30 - Da aquisição por acessão (arts. 1.248 a 1.259) .............................................................................. 36 - Das Ilhas ...................................................................................................................................... 37 - Da Aluvião ................................................................................................................................... 37 - Da Avulsão .................................................................................................................................. 38 - Do Álveo Abandonado ................................................................................................................ 38 - Das Construções e Plantações .................................................................................................... 38 - Da Aquisição da Propriedade Móvel ............................................................................................... 40 - Da Perda da Propriedade .................................................................................................................... 43 QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS .......................................................................... 45 LISTA DE QUESTÕES E GABARITO ......................................................................................................... 62 Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 70 -Teoria Geral dos Direitos Reais Da leitura do índice do CC/2002 podemos perceber que os direitos patrimoniais são classificados em direitos pessoais e em direitos reais. Encontramos os direitos pessoais nos mais variados livros e capítulos do CC/2002, tais como, no Direito das Obrigações, Direito Contratual, Direito de Família, Direitos das Sucessões. Já os direitos patrimoniais que possuem natureza real estão dispostos no Livro III denominado Do Direito das Coisas. Neste ponto é importante que façamos uma diferenciação entre os conceitos de Direitos Reais e de Direitos das Coisas, para tanto, vamos utilizar as palavras de Flávio Tartuce1: ³Os direitos reais formam o conteúdo principal do Direito das Coisas, mas não exclusivamente, eis que existem institutos que compõe D�PDWpULD�H�TXH�QmR�VmR�'LUHLWRV�5HDLV´��(grifos nossos) Os direitos reais são os descritos no art. 1225 (falaremos dele logo mais adiante), quanto ao direito das coisas assim fala o respeitado autor: ³e� R� UDPR� GR� 'LUHLWR� &LYLO� TXH� WrP� FRPR� FRQWH~GR� UHODo}HV� MXUtGLFDV� estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. No âmbito do Direito das Coisas há uma relação de domínio exercida pela pessoa (sujeito ativo) sobre a coisa. Não há sujeito passivo determinado, VHQGR�HVVH�WRGD�D�FROHWLYLGDGH´� (grifos nossos) A utilização destes dois termos ± Direitos Reais e Direito das Coisas, vem dividindo a doutrina, assim, em suas obras, alguns civilistas utilizam Direitos Reais e outros Direito das Coisas. Sabemos que a designação ³Direitos Reais´ vem se difundindo desde Savigny, uma vez que a taxonomia clássica de "direito das coisas" foi consagrada pelo Código Civil Brasileiro de 1916, conforme prevalecera no BGB de 1896, e mantida pelo CC de 2002. 1 Manual de Direito Civil, Ed. Método, 2ª ed. Pg. 792. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.brPágina 4 de 70 Em nossa aula ao utilizarmos a expressão ³GLUHLWR�GDV�Foisas´�HVWDUHPRV� IDODQGR�HP�VHQWLGR�PDLV�DPSOR��TXDQGR�XWLOL]DUPRV�D�H[SUHVVmR�³GLUHLWRs UHDLV´��HVWDUHPRV�IDODQGR, principalmente, daqueles direitos elencados no art. 1225. Deste modo, o Direito das coisas dispõe sobre as relações jurídicas entre as pessoas e as coisas que podem ser apropriadas pelo homem. Segundo Sílvio de Salvo Venosa2: ³$� LGHLD� EiVLFD� p� TXH� R� direito pessoal une dois ou mais sujeitos, enquanto os direitos reais traduzem relação jurídica entre uma coisa, ou conjunto de coisas, e um ou mais sujeitos, pessoas naturais ou MXUtGLFDV´� (grifos nossos) Ainda, o mesmo autor, ao diferenciar direitos pessoais e direitos reais, nos traz como exemplo do primeiro uma obrigação e como exemplo do segundo a propriedade. Regra geral a situação é esta. E como o objetivo deste curso não é debater o direito, mas sim que você possa resolver uma questão de prova, tenha em mente a seguinte representação: 2 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12ª ed. Separação entre direitos reais e direitos pessoais Direitos Pessoais O objeto é uma relação juridica entre sujeitos de direito Direitos Reais Recaem sobre uma coisa (permite o gozo e a fruição de bens) Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 70 Os direitos reais são constituídos por lei e, de acordo com o nosso código civil, temos o seguinte: Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) Veja, então, que o código civil não traz em seu texto a posse como um direito real. Além disso, é importante você compreender que uma das mais importantes classificações dos direitos reais é justamente aquela que os separa em direitos reais sobre coisas próprias e direitos reais sobre coisas alheias. Os direitos reais sobre coisas alheias abrangem basicamente duas categorias: de gozo (ou de fruição) e de garantia3. 3 A garantia (acessório) mantém estrita relação com uma obrigação, que será o direito principal. São direitos reais de garantia: o penhor; a hipoteca; e a anticrese. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 70 Começaremos propriamente o nosso estudo do direito das coisas pela posse: 1. Da Posse A conceituação de posse gera na doutrina controvérsias. Muitos autores, caso do saudoso Orlando Gomes, consideram a posse como sendo um direito de natureza especial, já outros, como é o caso de Maria Helena Diniz, filiam-se a corrente de que a posse constitui um direito real propriamente dito. Independentemente desta controvérsia doutrinária, existem, para justificar a posse como categoria jurídica, duas correntes, quais sejam: ¾ A ¹Teoria subjetiva ou subjetivista - que teve por principal idealizador Savigny, onde a posse necessitaria de dois elementos para caracterizar-se, um de natureza física (corpus) e outro fundado na intenção de quem possuía o bem (animus) ± esta teoria não foi adotada pelo CC/2002; e ¾ A ²Teoria objetiva ou objetivista ± que teve por principal idealizador Ihering, onde o importante era o elemento físico (corpus), uma vez que a intenção (animus) estaria de certa forma contida no próprio corpus. Portanto, esta última teoria diz que para que a posse seja constituída basta que a pessoa disponha fisicamente da coisa ou tenha a possibilidade de exercer esse contato físico. Direitos Reais direitos reais sobre coisas próprias direitos reais sobre coisas alheias direitos de gozo (ou de fruição) direitos de garantia Posse Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 70 O CC/2002, como você perceberá já no primeiro artigo referente à matéria, adotou parcialmente esta última teoria: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Segundo Silvio Salvo Venosa4: ³$�posse é o fato que permite e possibilita o direito de propriedade" E, nas lições de Barros Monteiro5: ³���D�posse constitui o sinal exterior da propriedade, é o jus possidendi, o direito de possuir, e pelo qual o proprietário, de modo geral, afirma o seu SRGHU�VREUH�DTXLOR�TXH�OKH�SHUWHQFH�´ Quanto às pessoas que podem exercer a posse, temos que não só as pessoas naturais ou jurídicas podem exercê-la, mas também o podem os entes despersonalizados (recorde-se destes entes explicados na aula de pessoas jurídicas), como é o caso do espólio, da massa falida, da sociedade de fato e do condomínio. Neste sentido temos o Enunciado 236 da III Jornada de Direito Civil: ³&RQVLGHUD-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica´� Outro enunciado traz a ideia de função social da posse (A propriedade já tem a sua função social reconhecida no nosso texto Constitucional, o que, indiretamente, atinge a posse). Enunciado 492 da V Jornada de Direito Civil: ³$�posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de WXWHOD´� Dentre as diferenciações que serão feitas durante esta aula, a primeira relevante é aquela que ocorre entre posse e detenção. 4 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. 5 Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das coisas, ed. Saraiva, 41ª ed., pág. 31. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 70 Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. O detentor6 está em uma situação de dependência econômica ou, então, possui um vínculo de subordinação com a outra pessoa e somente por este motivo detém a coisa. Deste modo, o detentor exerce a posse não em seu nome, mas em nome de outro. Como exemplo, podemos citar o motorista particular em relação ao carro do patrão, ou o caseiro que cuida de umsítio (em ambos os casos estamos diante de detenção). Cabe ressaltar que é admitida juridicamente a conversão da detenção em posse, conforme vemos no Enunciado 301 da IV Jornada de Direito Civil: ³É possível à conversão da detenção em posse, desde que rompida à subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos SRVVHVVyULRV´� Os atos possessórios serão vistos ainda nesta aula, por hora preocupe-se em fixar que detenção não é posse, porque a detenção pressupõe um vínculo de subordinação, o que não existe na posse. 1.1. Classificação da Posse7 A posse pode ser classificada: 1.1.1. Quanto ao desdobramento da posse ¾ Posse direta ou imediata, que é aquela em que a pessoa possui a coisa materialmente, há poder físico imediato, como por exemplo, o locatário (aquele que está no imóvel); ¾ Posse indireta ou mediata, aquela exercida através de outra pessoa, utilizando o exemplo acima, é o locador. Assim, o locador (quem coloca a coisa para ser alugada) exerce posse indireta, 6 Também chamado de fâmulo de posse, gestor da posse, detentor dependente ou servidor da posse. 7 Optamos por citar a classificação adotada por Flávio Tartuce do livro, Manual de Direito Civil, Ed. Método, 2ª ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 70 enquanto que o locatário (que aluga a coisa) exerce a posse direta, visto ser quem está fisicamente com a coisa. Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. Neste ponto cabe fazermos algumas observações: tendo em vista o artigo 1.197, tanto o possuidor direto quanto o indireto podem invocar a proteção possessória, seja um contra o outro ou, ainda, contra terceiros. Este é o conteúdo do Enunciado 76 da I Jornada de Direito Civil: ³2� possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este contra aquele (art. 1.197, in fine��GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO�´� 1.1.2. Quanto à presença de vícios objetivos ¾ Posse justa é uma posse limpa, ou seja, aquela que não apresenta vícios de violência, clandestinidade ou precariedade, conforme art. ������� ³É justa a posse que não for violenta, clandestina ou SUHFiULD�´; ¾ Posse injusta aquela que é adquirida por meio de ato de violência (poderá ser física ou moral, onde através dela o antigo possuidor ou proprietário será retirado do bem), ato clandestino (pressupõe a ausência do antigo possuidor, e sem que este saiba, o imóvel é ocupado por outrem) ou ato precário (na precariedade existe a obrigação de restituição e quem tem o dever legal de restituição nega-se a cumpri-lo). ¾ Posse violenta é a obtida através de esbulho, ou seja, por força física ou moral. Um exemplo muito comum na doutrina é o do movimento popular que invade propriedades rurais produtivas, violentamente, destruindo cercas e plantações. ¾ Posse clandestina é aquela obtida as escondidas, de forma oculta. Utilizando o mesmo exemplo acima, caso a ocupação se desse à noite sem violência. ¾ Posse precária é aquela que é conseguida com abuso de confiança. Também chamada de esbulho pacífico, é parecida com o crime de estelionato ou ao crime de apropriação indébita. É exemplo, o locatário de uma coisa móvel que não a devolve no final do contrato. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 70 Algumas observações importantes: ¹para que a posse seja considerada injusta, basta à presença de apenas uma das violências citadas logo acima e, além disso, a pessoa que tem a posse injusta não poderá adquirir a coisa através de usucapião; ²a posse mesmo sendo injusta poderá ser defendida contra terceiro; ³a posse injusta ou violenta poderá ser convalidada, isto de acordo com o art. 1.208: Art. 1.208 Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Atenção para este ponto da matéria, o artigo 1.208 é uma exceção à regra do art. 1.203, que consagra o princípio da continuidade do caráter da posse: Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Sobre este assunto temos o Enunciado 237 da III Jornada de Direito Civil: ³e� FDEtYHO� D� PRGLILFDomR� GR� WtWXOR� GD� SRVVH� ± interversio possessionis ± na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior inequívoco de oposição do antigo possuidor indireto, tendo por HIHLWR�D�FDUDFWHUL]DomR�GR�DQLPXV�GRPLQL´�� Da combinação do art. 1.208 com o art. 924 do CPC, nós temos que a posse, passados um ano e um dia da violência ou da clandestinidade, deixará de ser injusta, passando a ser justa, se o possuidor indireto (ou o dono da coisa) não providenciar as atitudes de defesa de sua posse. Independente da problemática, a convalidação ou a cessação da posse injusta será analisada caso a caso e tendo em vista a função social da posse; ainda, com relação aos efeitos, os frutos não serão influenciados pelos vícios que caracterizam a posse injusta, tendo em vista, que para estes o que será levado em consideração é se a posse é de boa-fé ou se é de má-fé (assunto que trataremos a seguir). 1.1.3. Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional ¾ A posse de boa-fé está no art. 1.201: Art. 1.201 É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 70 Lembre-se que o termo ignorar está associado ao desconhecimento. Portanto, será a posse de boa-fé, quando o possuidor acreditar que a coisa é sua e não souber que está prejudicando outra pessoa. Perde o caráter de boa-fé, quando o possuidor passa a ter conhecimento da posse indevida. Conforme art. 1.202. Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Sobre o justo título temos o Enunciado 303 da III Jornada de Direito Civil��³&RQVLGHUD-se justo título para a presunção relativa da boa- fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectLYD�GD�IXQomR�VRFLDO�GD�SRVVH´� ¾ Na posse de má-fé, ao contrário do que acontece na posse de boa- fé, a pessoa tem a consciência da ilegitimidade de sua posse. Atenção: A posse justa e a posse injusta levam em consideração critérios objetivos, enquanto que na posse de boa-fé e na posse de má-fé considera- se a subjetividade, a intenção. Também, no que se refere aos efeitos a posse justa e a injusta são analisadas quanto às ações possessóriase quanto à usucapião, já a posse de boa-fé e a de má-fé são analisadas quanto à percepção dos frutos, à retenção de benfeitorias e às responsabilidades implicadas para os envolvidos. 1.1.4. Quanto à presença de título ¾ A posse com título se dá quando existe um documento, pode ser um contrato, por exemplo; ¾ A posse sem título é aquela em que não há uma causa representativa aparente da transmissão do domínio fático. Estabelecendo uma relação entre esta classificação e a classificação passada, chegamos aos conceitos de ius possidendi ± que é o direito a posse decorrente da propriedade e o ius possessionis ± que é o direito que decorre exclusivamente da posse. Ou seja, no ius possidendi temos uma posse com título apoiada na propriedade, enquanto no ius possessionis temos uma posse sem título e que existe por si só. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 70 1.1.5. Quanto ao tempo da posse8 ¾ Posse nova é aquela com até um ano; ¾ Posse velha é aquela com um ano e um dia ou mais. 1.2. Aquisição, transmissão e perda da posse. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Deste modo, basta que a pessoa possuidora da coisa esteja usando, fruindo, reivindicando ou dispondo da coisa, para que se adquira a posse. IMPORTANTE. O artigo 1.205 nos diz quem poderá adquirir esta posse: Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela ¹própria pessoa que a pretende ou por seu ²representante; II - por ³terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. O art. 1.206 consagra o princípio da continuidade do caráter da posse. Princípio que também é encontrado nos arts. 1203 e 1207: Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. ... Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Sendo universal a sucessão, quem sucede apenas manterá a posse do antecessor com as mesmas características e, assim, se a posse for 8 Esta classificação é importante tendo em vista a questão processual, no que diz respeito às ações possessórias que visam à defesa da posse. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 70 injusta, continuará a ser, ou seja, o vício continuará a existir. Já o sucessor singular (por exemplo, o adquirente de um bem através de compra e venda) tem a faculdade de unir sua posse com a anterior ou optar por não fazê-lo, de acordo com sua vontade. O princípio da continuidade do caráter da posse não é absoluto, como vemos no artigo seguinte: Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. Em regra, uma vez transferida à posse de um imóvel, também o será a posse dos imóveis que o guarnecem, de acordo com o princípio da gravitação jurídica, segundo o qual o acessório segue o principal. Quanto à perda da posse temos dois artigos: Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.1969. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. Assim, a posse somente será considerada perdida se o possuidor, não tendo presenciado o esbulho, não tomar as medidas protetórias cabíveis quando tomar conhecimento. Ou, sofrendo violência, não tomar outras medidas assecuratórias. Apesar de a lei presumir a perda da posse, caberá prova em contrário neste sentido. Temos, ainda, uma última situação, a chamada composse, que é abordada no art. 1.199 do CC: Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 9 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 70 Deste modo, desde que não excluam direito alheio, qualquer dos compossuidores poderá se utilizar das ações possessórias, no caso de atentado praticado por terceiro, como também poderá utilizar o direito previsto no art. 1.210, § 1º do CC ± casos de autodefesa da posse. 1.3. Efeitos da Posse (arts. 1210 a 1222). Efeitos são as consequências de algo. No que diz respeito à posse, estes efeitos estão relacionados à sua aquisição, à sua manutenção e à sua perda. Os principais efeitos da posse, encontrados no código civil (arts. 1210 a 1222), são: x O direito de defesa da posse (interditos possessórios ± que são as ações possessórias, e pelo desforço incontinenti ± que é a autodefesa, a defesa imediata da posse); x O direito de perceber os frutos; e x O direito de retenção sobre benfeitorias ações possessórias. - Interditos Possessórios (defesa da posse). Este é talvez um dos principais efeitos10 da posse, é o direito ou a faculdade de propor ações com a finalidade de proteger a posse. Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas, que poderão ser propostas em três hipóteses: ¾ Em caso de ameaça, será proposta a ação de interdito proibitório. ¾ Em caso de turbação, será proposta a ação de manutenção de posse. ¾ Em caso de esbulho, será proposta ação de reintegração de posse. 10 De certa forma, também é uma característica. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 70 A ameaça é o risco iminente, quando o possuidor sabe que existe a possibilidade concreta de que seu bem seja perdido; A turbação são os ataques constantes, que impedem o livre exercício do direito à posse; O esbulho é a efetiva perda do bem, por isso a necessidade de reintegração de posse. As ações estão autorizadas pelo art. 1.210, que diz: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Do que vimos acima, complementamos agora com as lições de Flávio Tartuce11: ³&RPR� VH�SRGH� SHUFHEHU�� QR� FDVR� GH� DPHDoD�� D� ação de interdito proibitório visa à proteção do possuidor de perigo iminente. No caso de turbação, a ação de manutenção de posse visa a sua preservação. Por fim, no caso de esbulho, a ação de reintegração de posse almeja a sua GHYROXomR´� (grifos nossos) Art. 1210. § 1º. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, ¹contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, ²não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. É aquele caso em que a pessoa se utilizará de sua própria força, ou seja, se defenderá independente de ação judicial contra o terceiro que lhe ameace. Mas para que esta medida seja considerada lícita, devem ser respeitados alguns requisitos: ¹a defesa há de ser imediata, conforme (QXQFLDGR�Q�����GD�9�-RUQDGD�GH�'LUHLWR�&LYLO��³1R�GHVIRUoR�SRVVHVVyULR�� D�H[SUHVVmR�³FRQWDQWR�TXH�R�IDoD�ORJR´�GHYH�VHU�HQWHQGLGD�UHVWULWLYDPHQWH�� apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo DR�SRVVXLGRU�UHFRUUHU�j�YLD�MXULVGLFLRQDO�QDV�GHPDLV�KLSyWHVHV´��²a pessoa que defender sua posse através de seus próprios meios deverá fazê-lo na medida do necessário para recuperar sua posse, seguindo os parâmetros do art. 187 do CC12. A pessoa está autorizada a receber e 11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed. pág. 823. 12 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 70 utilizar a ajuda de terceiros, tais como, empregados e prepostos, porém a sua responsabilidade será objetiva, indireta ou por atos de outrem. Art. 1210, § 2º. Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Atenção: a ação possessória tem objeto distinto da petitória, uma vez que nesta prevalece a discussão acerca do título de propriedade, e na ação possessória discute-se questão exclusivamente fática, que envolve a posse em si mesmo. Sobre este assunto temos dois Enunciados da I Jornada de Direito Civil: Enunciado nº 78: ³7HQGR�HP�YLVWD�D�QmR-recepção pelo novo Código Civil da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de GLUHLWR�UHDO�VREUH�R�EHP�OLWLJLRVR´� Enunciado nº. 79: ³$�H[FHSWLR�SURSULHWDWLV��FRPR�GHIHVD�RSRQtYHO�jV�Do}HV� possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os jut]RV�SRVVHVVyULR�H�SHWLWyULR´� Sabemos que a melhor posse é aquela onde se tem contato direto com a coisa. Assim, caso mais de uma pessoa se diga possuidora da mesma coisa temos o art. 1.211: Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se- á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Este artigo se refere ao possuidor aparente, que manterá a coisa enquanto se discute em sede de ação possessória ou petitória quem é o verdadeiro possuidor ou proprietário de acordo com a lei. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. Portanto, ao possuidor cabe escolher se proporá uma ação de esbulho ou pleiteará uma indenização contra terceiro que agiu de má-fé recebendo uma coisa que sabia ser esbulhada. Com relação a este artigo 1.212 temos o Enunciado 80: ³e� LQDGPLVVtYHO� R� GLUHFLRQDPHQWR� GH� GHPDQGD� Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 70 possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima diante do disposto no art. 1.212 do novo Código Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe tão-somente a propositura de GHPDQGD�GH�QDWXUH]D�UHDO´�� Deste modo, contra terceiro que recebeu a coisa esbulhada de boa- fé não caberá ação possessória, mas somente ação petitória em que se discutirá a propriedade. - Direito de percepção de frutos. Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Existe uma semelhança entre os frutos industriais e os naturais, uma vez que estes se consideram percebidos a partir de sua separação do bem ± seja de uma árvore ou de uma máquina. Os frutos civis (juros e aluguéis, por exemplo) são considerados aptos a ensejar a percepção diariamente. Em relação à percepção de frutos, é importante saber se a posse é de boa-fé ou de má-fé. - Possuidor de boa-fé. Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Exemplo: Sou possuidor de boa-fé de uma casa que possui um quintal nos fundos com uma laranjeira. Enquanto estiver na posse de boa-fé, posso colher e consumir as laranjas (frutos percebidos). A partir do momento que cessar a boa-fé, não posso mais colher as laranjas que ainda estão verdes, se as colher, terei que devolvê-las para ao verdadeiro proprietário. Devem ser devolvidos os frutos pendentes e os colhidos por antecipação. - Possuidor de má-fé. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 70 Assim, ao possuidor de má-fé só caberá indenização no caso de ter feito despesas para custear a produção. E responderá por todos os frutos que colher, e ainda por todos que estragarem sem terem sido colhidos. Resumindo quanto aos frutos: -Direito de indenização e retenção de benfeitorias. Quanto às benfeitorias ± que são bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, tendo em vista sua conservação ou melhora de sua utilidade, temos os artigos seguintes: - Possuidor de boa-fé. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Assim, o possuidor tem direito de ser indenizado por benfeitorias necessárias e úteis. Se não for indenizado tem direito de reter estas benfeitorias. Quanto às voluptuárias, tem o direito de levantá-las se estas não forem pagas, mas ao removê-las não pode prejudicara coisa. No que diz respeito a este tema, veja o Enunciado 81 da I Jornada de Direito Civil: ³2�direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da Possuidor de Boa-fé Enquanto durar a boa- fé, tem direito aos frutos percebidos Cessando a boa-fé DEVEM SER RESTITUIDOS 1. frutos pendentes - deduzidas despesas da produção e custeio. 2. frutos colhidos por antecipação Possuidor de Má-fé Responde por todos os frutos colhidos e percebidos Bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber TEM direito às despesas de produção e custeio Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 70 realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões �FRQVWUXo}HV�H�SODQWDo}HV��QDV�PHVPDV�FLUFXQVWkQFLDV´� - Possuidor de má-fé. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. Resumindo quanto à indenização pelo reivindicante: - Responsabilização por deterioração da coisa. Quanto à posse e a responsabilidade do possuidor temos os seguintes artigos: Possuidor de Boa-fé INDENIZAÇÃO benfeitorias necessárias e úteis ALÉM DISSO poderá, se for o caso, levantar as voluptuárias tem DIREITO DE RETENÇÃO pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis o REIVINDICANTE será obrigado a indenizar pelo VALOR ATUAL Possuidor de Má-fé INDENIZAÇÃO somente as benfeitorias necessárias E não pode levantar as voluptuárias NÃO TEM direito de retenção o reivindicante PODERÁ OPTAR entre o valor atual e o custo Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 70 Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. Assim, a responsabilidade do possuidor de boa-fé é subjetiva, pois depende de comprovação da culpa em sentido amplo. O possuidor tem que ter dado causa à perda ou deterioração da coisa. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Já a responsabilidade do possuidor de má-fé, de acordo com o artigo 1.218, é objetiva uma vez que independe de culpa, mas não é absoluta, pois poderá o possuidor provar que a perda ou deterioração da coisa também ocorreria estando ela em poder do reivindicante. É importante você perceber que este artigo também prevê a responsabilidade do possuidor de má-fé mesmo em caso fortuito e no caso de força maior (perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais). Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. Temos neste caso do art. 1.221, uma hipótese de compensação legal, onde a indenização a que teria direito o possuidor de má-fé pelas benfeitorias necessárias será usada para compensar os danos sofridos pelo reivindicante. Possuidor de Boa-fé SE NÃO DER CAUSA, NÃO RESPONDE pela perda ou deteriorioração da coisa Responsabilidade Subjetiva Possuidor de Má-fé RESPONDE pela perda ou deterioração da coisa, AINDA QUE ACIDENDAIS, salvo se provar que o mesmo ocorreria se a coisa estivesse com o reivindicante. Responsabilidade Objetiva Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 70 Passemos agora ao estudo da propriedade! 2. Da Propriedade A propriedade é apontada como o direito real por excelência, traduzindo um dos direitos fundamentais da pessoa humana, na medida em que é considerada como um reflexo do direito à liberdade. Na realidade ³R�GLUHLWR�GH�SURSULHGDGH�p�R�GLUHLWR�PDLV�DPSOR�GD�SHVVRD�HP�UHODomR�j� FRLVD´.13 Este direito à propriedade (que já foi considerado como absoluto) atualmente não constitui mais um direito ilimitado. Hoje, busca-se a justiça social, permitindo o acesso à condição de proprietário, sem a abolição da propriedade privada, mas entendendo que a propriedade deverá sempre atender a uma função social. O Código Civil de 2002 não traz explicito em um artigo quais seriam as formas de aquisição da propriedade. Este assunto é tratado no código na forma de capítulos: ¾ No Capítulo I temos Da propriedade em Geral, que se subdivide em duas seções: disposições preliminares e da descoberta. ¾ A seguir temos o Capítulo II, que trata da aquisição da propriedade imóvel, que por sua vez se divide em três seções. A primeira seção trata da usucapião, a segunda seção trata da aquisição pelo registro público e a terceira seção trata da aquisição por acessão que, por sua vez, se subdivide em cinco subseções: das ilhas; da aluvião; da avulsão; do álveo abandonado e das construções e plantações. ¾ No Capítulo III temos da aquisição da propriedade móvel, que é dividida em seis seções: da usucapião; da ocupação; do achado de tesouro; da tradição; da especificação; da confusão, da comissão e da adjunção. ¾ E, por último, temos o Capítulo IV que trata da perda da propriedade. Seguindo a temática adotada pelo Código Civil, temos que a propriedade imóvel se adquire através da usucapião, do registro público e por acessão. Já a propriedade móvel é adquirida através da usucapião, 13 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 168. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 70 da ocupação, do achado de tesouro, da tradição, da especificação, da confusão, comissão e adjunção. - Disposições Preliminares Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de ¹usar, ²gozar e dispor da coisa, e o ³direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Neste primeiro artigo não temos uma conceituação do que seja propriedade, mas apenas uma descrição de seu conteúdo, elencando as faculdades inerentes ao domínio: o uso (faculdade de utilizar a coisa); o gozo (faculdade de retirar da coisa seus frutos, sejam eles naturais, industriais ou civis); a disposição (como exemplo de disposição temos a compra e venda ± que é inter vivos, e o testamento ± que é causa mortis) e o direito de reaver (faculdade de recuperar a coisa de quem injustamente a possua, que no caso da propriedade será feita através de uma ação petitória). Acrescente-se que uma vez presentes todos estes atributos da propriedade teremos a propriedade plena. Se tiver pelo menos um destes atributos estaremos diante da posse. Outra particularidade do artigo em questão está em sua parte final, quando autorizao proprietário a reaver a coisa de quem a possua ou detenha (tendo em vista a posse e a detenção serem institutos jurídicos distintos). Art. 1228. § 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Neste parágrafo encontramos o dispositivo legal que ampara a função social da propriedade, bem como a função ambiental da propriedade. Em relação ao patrimônio histórico e artístico, podemos frisar que o meio ambiente não se resume ao meio ambiente natural, vez que abrange também o meio ambiente artificial e o meio ambiente cultural. Art. 1228. § 2º. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 70 Este parágrafo está amparado pelos arts. 186 e 187 do CC, em que atos ilícitos e abusos de direitos são considerados ilegais e geram responsabilidade. Desta forma, não poderá o proprietário praticar atos que prejudiquem terceiros e que não tenham um fundamento na comodidade ou utilidade. Conforme leciona Sílvio de Salvo Venosa14: ³7RGD�SURSULHGDGH��DLQGD�TXH�UHVJXDUGDGR�R�GLUHLWR�GR�SURSULHWiULR��GHYH� FXPSULU�XPD�IXQomR�VRFLDO´� Art. 1228. § 3º. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de ¹desapropriação, por 1.1necessidade ou 1.2utilidade pública ou 1.3interesse social, bem como no de ²requisição, em caso de 2.1perigo público iminente. Neste parágrafo, encontramos a autorização dispositiva para que o Estado intervenha na propriedade particular, isto na busca de um equilíbrio entre os interesses do indivíduo e os interesses da coletividade. Deste modo, com respaldo na supremacia do interesse público sobre o privado, é possível privar o proprietário de seu direito de propriedade. Art. 1228. § 4º. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela 14 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163. O proprietário pode ser privado da coisa Desapropriação Necessidade pública Utilidade pública Interesse social Requisição Perigo público iminente Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 70 houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. Art. 1228. § 5º. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Os § 4º e § 5º do art. 1228 são motivo de controvérsias sobre a definição do instituto descrito. Se este seria um tipo especial de desapropriação ou se seria um usucapião coletivo de pessoas de baixa renda. Assim, nas palavras de Flávio Tartuce15: ³1mR�Ki�G~YLGDV�GH�que o instituto aqui estudado constitui uma modalidade de desapropriação e não de usucapião, como pretende parte da doutrina. Isso porque o §5º do art. 1.228 do CC consagra o pagamento de uma justa indenização, não admitindo o nosso sistema jurídico a usucDSLmR�RQHURVD´�� Esta forma de desapropriação é privada, uma vez que se dá no interesse direto e particular de considerável número de pessoas que ocupam extensa área. Quanto a estes §§ 4º e 5º temos também os enunciados nº 82, nº 83 e nº 84 da I Jornada de Direito Civil16: Enunciado 82: ³e�FRQVWLWXFLRQDO�D�PRGDOLGDGH�DTXLVLWLYD�GH�SURSULHGDGH� LPyYHO�SUHYLVWD�QRV����H���GR�DUW��������GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO´� Enunciado 83: ³1DV�Do}HV�UHLYLQGLFDWyULDV�SURSRVWDV�SHOR�3RGHU�3~EOLFR�� não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 GR�QRYR�&yGLJR�&LYLO´� Enunciado 84: ³$�GHIHVD� IXQGDGD�QR�GLUHLWR�GH�DTXLVLomR� FRP�EDVH�QR� interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser arguida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo SDJDPHQWR�GD�LQGHQL]DomR´� Os artigos seguintes são muito importantes pensando em provas: Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 15 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, Método 2012, 2ª ed. Págs. 851 e 852. 16 Colocamos estes Enunciados, mas existem outros, como, por exemplo: Enunciado nº 240 CJF/STJ; Enunciado 241 da III Jornada; Enunciado nº 305 CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil; Enunciado nº 306 CJF/STJ; Enunciado nº 307 CJF/STJ; Enunciado nº 310 da IV Jornada; Enunciado nº 311 CJF/STJ; Enunciado nº 496 da V Jornada de Direito Civil. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 70 Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. Desde modo entendemos que o direito de propriedade é pleno quando todos os direitos que o constituem encontrarem-se reunidos na pessoa do proprietário, que poderá, por sua vez, usar, fruir, dispor e reivindicar o bem do qual é titular. Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. Seguindo a ordem do Código Civil temos, em seguida, a descoberta, que nada mais é do que achar uma coisa que estava perdida. Ao contrário das coisas abandonas e das coisas sem dono, as coisas perdidas tem um dono que apenas está privado de sua posse. Ninguém está obrigado a pegar coisa que está perdida, mas se assim proceder, ficará sujeito a certas responsabilidades com relação à coisa descoberta. Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Deste modo, podemos perceber que a descoberta não é um meio de aquisição de propriedade, pois existe o dever de restituir a coisa achada. O que poderá acontecer com quem encontrar uma coisa perdidae proceder de acordo com a lei ± ou seja, restituí-la ao seu dono, será a possibilidade de receber uma recompensa por seu ato. Mas, se proceder de forma contrária, ou seja, não restituir a coisa a seu dono, esta posse sempre será considerada precária. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 70 Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos. Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. O dolo, a intenção de prejudicar alguém, neste artigo se manifesta na intenção de auferir alguma vantagem iludindo o proprietário ou o possuidor para receber a recompensa, como por exemplo, alguém que furta algum objeto de estimação para em momento posterior exigir recompensa pela devolução do objeto. Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar. Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido. Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou. Observem que, de forma excepcional, poderá a descoberta gerar uma forma de aquisição da propriedade. Porém, entenda que esta aquisição da propriedade não terá origem na descoberta, mas no próprio abandono do bem pelo Município. - Da Aquisição da Propriedade Para que se dê a aquisição da propriedade temos duas formas: 1. Aquisição originária. 2. Aquisição derivada. Na forma ¹originária de aquisição da propriedade, a pessoa entra em contato direto com a coisa, sem a interferência de terceiros. A propriedade começará nova, sem as características do antigo dono. Já na Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 70 forma de aquisição ²derivada existe um intermediário entre o proprietário e a coisa, há um sentido de continuidade da propriedade, como o que acontece na compra e venda, por exemplo, onde a coisa já pertence a uma pessoa, trazendo assim, as características que possuía com o antigo dono. No CC a aquisição está dividida em bens móveis e em bens imóveis. Vamos seguir esta divisão, informando quais são formas originárias e quais são derivadas. - Da aquisição da Propriedade Imóvel A aquisição da propriedade imóvel se dá através da usucapião (forma de aquisição originária), pelo registro (forma de aquisição derivada) e pelas acessões (forma de aquisição originária). Da Usucapião17 Este termo jurídico é usado para designar a aquisição pelo uso prolongado (no sentido de posse prolongada). Artigo 1.238 é a regra - 15 anos: Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Este artigo trata da usucapião extraordinária regular ou comum, que dispensa o justo título e a boa-fé, assim como dispensa, também, uma metragem determinada, na qual, o adquirente, passados 15 anos de posse ininterrupta e sem oposição adquirirá a sua propriedade. O art. 1238, §único traz a usucapião extraordinária por posse trabalho em que há uma redução do prazo de 15 para 10 anos: ¹Se o imóvel for moradia habitual do possuidor ou ²se o possuidor nele realizou obras e serviços de caráter produtivo. 17 Além dos tipos de usucapião que veremos nesta aula, existem também: a usucapião especial urbana coletiva (art. 10 da Lei 10.257/2001); usucapião especial indígena (art. 33 da Lei 6.001/1973) e usucapião imobiliária e direito intertemporal nos arts. 2.028 a 2.046 do CC. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 70 Art. 1238, Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Neste caso temos a usucapião constitucional ou especial rural, onde uma vez cumpridos os requisitos elencados no artigo a pessoa adquirirá a propriedade. É uma forma de valorização da posse trabalho. Requisitos da usucapião constitucional: área não superior a 50 hectares localizada na zona rural; posse por 5 (cinco) anos ininterruptos sem oposição e com ânimo de dono; o imóvel deve estar sendo utilizado para subsistência ou trabalho, ou seja, a pessoa ou sua família estejam com seu trabalho tornando a terra produtiva; não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Este é a usucapião constitucional ou especial urbana e tem os seguintes requisitos: Ser a área urbana e não superior a 250 m²; posse por 5 anos ininterruptos sem oposição e com ânimo de dono; o imóvel deve estar sendo utilizado para a moradia da pessoa e de sua família; e não pode possuir outro imóvel urbano ou rural. Atenção: a usucapião constitucional ou especial não poderá ser concedida mais de uma vez. § 1º. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º. O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 70 Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e semoposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011). § 1º. O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Este tipo de usucapião incluído pela lei nº 12.424 é chamado de usucapião especial urbana por abandono do lar. Enunciados da V Jornada de Direito Civil: Enunciado 499 ± ³$�DTXLVLomR�GD�SURSULHGDGH�QD�PRGDOLGDGH�GH�XVXFDSLmR� prevista no art. 1.240- A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito ³DEDQGRQR�GR�ODU´�GHYH�VHU�LQWHUSUHWDGR�GH�PDQHLUD�FDXWHORVD��PHGLDQWH�D� verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração do regime de bens quanto DR�LPyYHO�REMHWR�GH�XVXFDSLmR´� Enunciado 500 ± ³$�PRGDOLGDGH�GH�XVXFDSLmR�SUHYLVWD�QR�DUW�������-A do Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades familiares, inclusive homoafetivas´� A intenção da usucapião é a de transformar a posse em propriedade pelo decurso de tempo e de outros requisitos específicos para cada tipo de usucapião, proporcionando às pessoas a segurança jurídica da propriedade. Assim, não é cabível que este direito seja usado mais de uma vez, de acordo com o § visto acima. Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 70 Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. O justo título nada mais é do que um título hábil para a transmissão do direito de propriedade, sem necessidade de registro no Cartório de Registro de Imóveis, tendo em vista que a usucapião tem por finalidade justamente consolidar a aquisição em razão da passagem do tempo. Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. Este artigo dá fundamento a corrente da doutrina que considera a usucapião como prescrição aquisitiva. - Da aquisição pelo registro do título (arts. 1245 a 1247) O registro do título é a forma usual de aquisição da propriedade imóvel, e que ocorre tal como determina o art. 1.227 do CC: Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. Assim, para a aquisição da propriedade imóvel não basta simples acordo de vontades entre adquirente e transmitente. O contrato de compra e venda ± que veremos mais adiante, por exemplo, não basta, por si só, para transferir o domínio. Esta transferência somente se opera com o registro do título no cartório de registro de imóveis. O Código Civil apenas traça lineamentos gerais do registro imobiliário (arts. 1.245 a 1.247), e a matéria é regulada pela Lei nº 6.015/73 ± Lei dos Registros Públicos. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 70 O registro obedece (dentre outros) os princípios da publicidade - visto que qualquer interessado tem acesso a seus assentos; da conservação ± os arquivos com o histórico imobiliário dos bens são permanentes; e da responsabilidade ± pelo qual os oficiais respondem por prejuízos causados por culpa ou dolo, pessoalmente ou por seus prepostos. A presunção de veracidade do registro é relativa, com exceção do Registro Torrens, regulamentado pela Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73). Aqui vamos abrir um parênteses para conhecermos melhor este tipo de registro. O Registro Torrens, que é facultado pelo ordenamento aos imóveis rurais, visa conferir presunção absoluta de propriedade a quem tiver seu certificado. O procedimento para que se consiga tal certificado está regulado pelos arts. 277 a 288 da Lei dos Registro Públicos. Esta modalidade de registro não se difundiu no Brasil por ser muito dificultosa e ter um custo muito alto. Agora vamos ver os artigos 1.245 a 1.247 de uma forma detalhada: Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. A transferência inter vivos somente será reconhecida após o respectivo registro no Cartório de Registro de Imóveis do título translativo. Este título translativo é um documento - que poderá ser um instrumento particular ou uma escritura pública, por exemplo - que será hábil para transferir a propriedade uma vez registrado. Complementando, temos o Enunciado nº. 87 da I Jornada de Direito Civil: ³&RQVLGHUD-se também título translativo, para fins do art. 1.245 do novo Código Civil, a promessa de compra e venda devidamente quitada �DUWV��������H�������GR�&&�H����GR�DUW�����GD�/HL������������´� Para que você não fique perdido vamos transcrever os artigos citados no Enunciado: Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 70 Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. Art. 26. Os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de cessão poderãoser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo com o modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo menos, as seguintes indicações: I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fazenda, nacionalidade, estado civil e residência dos contratantes; II - denominação e situação do loteamento, número e data da inscrição; III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de compromissos, confrontações, área e outras características; IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a importância do sinal; V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e sobre as prestações vencidas e não pagas, bem como a cláusula penal, nunca excedente a 10% (dez por cento) do débito e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mora superior a 3 (três) meses; VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos impostos e taxas incidentes sobre o lote compromissado; VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais do loteamento, supletivas da legislação pertinente. § 1º O contrato deverá ser firmado em 3 (três) vias ou extraídas em 3 (três) traslados, sendo um para cada parte e o terceiro para arquivo no registro imobiliário, após o registro e anotações devidas. § 2º Quando o contrato houver sido firmado por procurador de qualquer das partes, será obrigatório o arquivamento da procuração no registro imobiliário. § 3º Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da posse em que estiverem provisoriamente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas entidades delegadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao qual se atribui, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando a disposição do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 4º A cessão da posse referida no § 3o, cumpridas as obrigações do cessionário, constitui crédito contra o expropriante, de aceitação obrigatória em garantia de contratos de financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 5º Com o registro da sentença que, em processo de desapropriação, fixar o valor da indenização, a posse referida no § 3o converter-se-á em propriedade e a sua cessão, em compromisso de compra e venda ou venda e compra, conforme haja obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, circunstância que, demonstradas ao Registro de Imóveis, serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 6º Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessas de cessão valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 70 acompanhados da respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) Voltando ao art. 1.245 em seu parágrafo 1º: § 1º. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. Enquanto não ocorrer o registro (mesmo que, por exemplo, o pagamento já tenham sido efetuado) o alienante (vendedor) ainda será considerado o dono do imóvel (e não a pessoa que o adquiriu). Este parágrafo 1º reforça a ideia de que a simples manifestação de vontade não é suficiente para a transmissão do bem. § 2º. Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Este parágrafo confirma o caráter relativo do registro quando afirma que enquanto não houver o cancelamento do registro o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Deste forma o registro não possui um caráter absoluto, mas sim relativo, uma vez que poderá vir a ser questionado ou contestado e até cancelado. A ação própria de que fala o artigo é chamada de ação anulatória do registro. Art. 1.246. O registro é EFICAZ desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo. Neste artigo encontramos outro princípio relacionado ao registro o princípio da prioridade ± também retirado da Lei de Registros Públicos, e que decorre da prenotação do título do protocolo do Cartório de Registro Imobiliário, de acordo com o art. 182 da Lei n°. 6015/73: Todos os títulos tomarão no protocolo o número de ordem que lhes competir em razão da sequência rigorosa de sua apresentação. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 08 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 70 Assim ensina Washington de Barros Monteiro18��³$�HVFULWXUDomR�QR� registro de imóveis realiza-se por intermédio de vários livros, entre os quais avulta o protocolo, que constitui a chave do registro geral e se destina ao apontamento de todos os títulos apresentados diariamente para serem registrados (Lei n. 6.015/73, art. 174). Em tais condições, apresentado um título para registro, começará o oficial por apontá-lo no protocolo, mencionando-lhe a natureza, nome do apresentante, data da apresentação e número de ordem. Em seguida, depois de sua conferência, achando-se devidamente formalizado procederá o oficial ao respectivo registro no Livro Q�����³5HJLVWUR�*HUDO´��3RLV�EHP��GH�DFRUGR�FRP�R�DUW���������HPERUD�HVVH� registro se faça dias depois, contar-se-á a respectiva data da prenotação inicial do serventuário no protocolo. Havendo dois registros do mesmo imóvel, prevalece o mais antigo, enquanto não invalidado por ação FRPSHWHQWH´� No momento da conferência o oficial do registro poderá ou não aceitar o registro apresentado. Neste sentido o oficial do registro poderá suscitar a chamada ³G~YLGD´, quando perceber que há irregularidade nos documentos apresentados19. O procedimento que será adotado no caso de dúvida está previsto nos arts. 198 a 203 da Lei 6.015/73. Art. 198 - Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimi-la, obedecendo-se ao seguinte: (Renumerado do art 198 a 201 "caput" com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). I - no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida; Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas; III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no prazo de 15 (quinze) dias; IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior, remeterse-ão ao juízo competente, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título. Art. 199 - Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido no item III do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por sentença. (Renumerado do art. 201 § 1º com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). 18 Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das coisas, ed. Saraiva, 41ª ed., pág. 125/126. 19 Existe também, a possibilidade da dúvida inversa, quando a pessoa que requer o registro achar que o oficial do registro não atuou em conformidade com os pressupostos previstos em lei.
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