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Movimento trabalhista no Brasil e no mundo

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Prévia do material em texto

INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL CECÍLIA MARIA DE MELO BARCELOS 
FACULDADE ASA DE BRUMADINHO 
Curso de direito 
 
 
Frederick da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO E NO 
BRASIL: o que o movimento do trabalho mundial influenciou no 
movimento operário brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brumadinho 
2016 
Frederick da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO E NO 
BRASIL: o que o movimento do trabalho mundial influenciou no 
movimento operário brasileiro 
 
 
 
Trabalho apresentado à Instituição Educacional 
Cecília Maria de Melo Barcelos, como requisito 
parcial para obtenção de nota no 8° período do 
Curso de Direito. 
 
Área: Direito do Trabalho II 
 
Professor: Marcelo Moreno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brumadinho 
2016 
Sumário 
 
 
 
 
1 HISTORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO E NO BRASIL ..... 4 
 
1.1 Introdução ............................................................................................................ 4 
 
1.2 Origem e evolução do direito do trabalho no mundo ...................................... 4 
 
1.2.1 Manifestações Incipientes ou Esparsas ....................................................... 15 
 
1.2.2 Sistematização e Consolidação .................................................................... 16 
 
1.2.3 Institucionalização do Direito do Trabalho .................................................. 18 
 
1.2.4 Crise e Transição do Direito do Trabalho .................................................... 19 
 
1.3 Origem e evolução do direito do trabalho no Brasil ...................................... 21 
 
1.3.1 Manifestações Incipientes ou Esparsas ....................................................... 21 
 
1.3.2 Institucionalização do Direito do Trabalho .................................................. 24 
 
1.3.3 Crise e Transição do Direito do Trabalho .................................................... 28 
 
2 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 36 
 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 HISTORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO E NO 
BRASIL 
 
1.1 Introdução 
 
Ao se examinar o Direito do Trabalho, há necessidade de lembrar de 
sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, como também 
dos novos conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos 
anos. O Direito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo 
de quaisquer de seus ramos sem que se tenha noção de seu 
desenvolvimento dinâmico no transcurso do tempo. É impossível ter o exato 
conhecimento de um instituto jurídico sem se proceder a seu exame 
histórico, pois se verifica suas origens, sua evolução, os aspectos políticos 
ou econômicos que o influenciaram. 
A existência de tal ramo especializado do Direito supõe a presença de 
elementos socioeconômicos, políticos e culturais que somente despontaram, 
de forma significativa e conjugada, com o advento e evolução capitalistas. 
Porém o Direito do Trabalho não apenas serviu ao sistema econômico 
deflagrado com a Revolução Industrial, no século XVIII, na Inglaterra; na 
verdade, ele fixou controles para esse sistema, conferiu-lhe certa medida de 
civilidade, inclusive buscando eliminar as formas mais perversas de 
utilização da força de trabalho pela economia. 
É impossível compreender o Direito do Trabalho sem conhecer seu 
passado. Esse ramo do Direito é muito dinâmico, mudando as condições de 
trabalho com muita frequência, pois é intimamente relacionado com as 
questões econômicas. Será verificada a evolução do Direito do Trabalho, 
analisando-o sob o ângulo mundial e no Brasil. 
 
1.2 Origem e evolução do direito do trabalho no mundo 
 
Inicialmente, o trabalho foi considerado na Bíblia como castigo. Adão 
teve de trabalhar para comer em razão de ter comido o fruto proibido 
(Genesis, 3). 
5 
 
Trabalho vem do latim trípalium, que era uma espécie de instrumento 
de tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre os animais. Era um 
instrumento usado pelos agricultores para bater, rasgar e esfiapar o trigo, 
espiga de milho e o linho. 
A primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que o escravo era 
considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos 
trabalhista. O escravo, portanto, não era considerado sujeito de direito, pois 
era propriedade do dominus. Nesse período, constata-se que o trabalho do 
escravo continuava no tempo, até de modo indefinido, ou mais precisamente 
até o momento em que o escravo vivesse ou deixasse de ter essa condição. 
Entretanto, não tinha nenhum direito, apenas o de trabalhar. 
Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido 
pejorativo. Compreendia apenas a força física. A dignidade do homem 
consistia em participar dos negócios da cidade por meio da palavra. Os 
escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros poderiam ser livres. O 
trabalho não tinha o significado de realização pessoal. As necessidades da 
vida tinham características servis, sendo que os escravos é que deveriam 
desempenhá-las, ficando as atividades mais nobres destinadas às outras 
pessoas, como a política. Hesíodo, Protágoras e os sofistas mostram o valor 
social e religioso do trabalho, que agradaria aos deuses, criando riquezas e 
tornando os homens independentes. A ideologia do trabalho manual como 
atividade indigna do homem livre foi imposta pelos conquistadores dóricos 
(que pertenciam à aristocracia guerreira) aos aqueus. Nas classes mais 
pobres, na religião dos mistérios, o trabalho é considerado como atividade 
dignificante. 
Em Roma, o trabalho era feito pelos escravos. A Lex Aquília (284 
a.C.) considerava o escravo como coisa. Era visto o trabalho como 
desonroso. A locatio conducto tinha por objetivo regular a atividade de quem 
se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho em troca de 
pagamento. Estabelecia, portanto, a organização do trabalho do homem 
livre. Era dividida de três formas: (a) locatio conducto rei, que era o 
arrendamento de uma coisa; (b) locatio conducto operarum, em que eram 
locados serviços mediante pagamento; (c) locatio conducto operis, que era a 
entrega de uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada). 
6 
 
Num segundo momento, há a servidão. Era a época do feudalismo, 
em que os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, 
que não eram livres, mas, ao contrário, tinham de prestar serviços na terra 
do senhor feudal. Os servos tinham de entregar parte da produção rural aos 
senhores feudais em troca da proteção que recebiam é do uso da terra. 
Nessa época, o trabalho era considerado um castigo. Os nobres não 
trabalhavam. 
Num terceiro plano, são encontradas as corporações de ofício, em 
que existiam três personagens: os mestres, os companheiros e os 
aprendizes. 
No início das corporações de ofício, só existiam dois graus: mestres e 
aprendizes. No século XIV surge o grau intermediário dos companheiros. Os 
mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela 
prova da obra-mestra. Os companheiros eram trabalhadores que percebiam 
salários dos mestres. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos 
mestres o ensino metódico do ofício ou profissão. Havia nessa fase da 
História um pouco mais de liberdade ao trabalhador; os objetivos, porém,eram os interesses das corporações mais do que conferir qualquer proteção 
aos trabalhadores. As corporações de ofício tinham como características: (a) 
estabelecer uma estrutura hierárquica; (b) regular a capacidade produtiva; 
(c) regulamentar a técnica de produção. Os aprendizes trabalhavam a partir 
de 12 ou 14 anos, e em alguns países já se observava prestação de serviços 
com idade inferior. Ficavam os aprendizes sob a responsabilidade do mestre 
que, inclusive, poderia impor-lhes castigos corporais. Os pais dos aprendizes 
pagavam taxas, muitas vezes elevadas, para o mestre ensinar seus filhos. 
Se o aprendiz superasse as dificuldades dos ensinamentos, passava ao 
grau de companheiro. O companheiro só passava a mestre se fosse 
aprovado em exame de obra-mestra, prova que era muito difícil, além de os 
companheiros terem de pagar taxas para fazer o exame. Entretanto, quem 
contraísse matrimonio com a filha de mestre, desde que fosse companheiro, 
ou casasse com a viúva do mestre, passava a essa condição. Dos filhos dos 
mestres não se exigia qualquer exame ou avaliação de obra. 
A jornada de trabalho era muito longa, chegando ate a 18 horas no 
verão porem, na maioria das vezes, terminava com o por do sol, por questão 
7 
 
de qualidade de trabalho e não por proteção aos aprendizes e 
companheiros. A partir do momento em que foi inventado o lampião a gás, 
em 1792, por William Murdock, o trabalho passou a ser prestado em media 
entre 12 e 14 horas por dia. Varias industrias começaram a trabalhar no 
período noturno. 
Na indústria escocesa, os trabalhadores eram comprados ou vendidos 
com os filhos. Em 1774 e 1799 foram editados decretos parlamentares para 
extinguir a servidão vitalícia dos mineiros escoceses. 
Um edito de 1776, inspirado nas ideias de Turgot, pôs fim as 
corporações de oficio. A exposição de motivos dizia que as corporações de 
oficio foram consideradas “instituições arbitrarias que não permitem ao 
indigente viver do seu trabalho”. Dispunha o art. 1º sobre a liberdade de 
comercio e de profissões, considerando extintas todas as corporações e 
comunidades de mercadores e artesãos. Foram anulados os seus estatutos 
e regulamentos. Algumas corporações, porem, foram reconstruídas. 
As corporações de ofício foram suprimidas com a Revolução 
Francesa, em 1789, pois foram consideradas incompatíveis com o ideal de 
liberdade do homem. Dizia-se, na época, que a liberdade individual repele a 
existência de corpos intermediários entre indivíduo e Estado. Outras causas 
da extinção das corporações de ofício foram a liberdade de comércio e o 
encarecimento dos produtos das corporações. 
Em 1791, logo apos a Revolução Francesa, houve na França o inicio 
de liberdade contratual. O Decreto D’Allarde, de 17 de marco de 1791, 
determinou que a partir de 1° de abril do referido ano seria livre a qualquer 
pessoa a realização de qualquer negocio ou o exercício de qualquer 
profissão, arte ou oficio que lhe aprouvesse, sendo, contudo, ela obrigada a 
munir-se previamente de uma patente, a pagar as taxas exigíveis, e a 
sujeitar-se aos regulamentos de polícia aplicáveis (art. 7º). Suprimiu de vez 
as corporações de oficio, permitindo a liberdade de trabalho. D’Allarde usava 
os argumentos dos fisiocratas: “o direito ao trabalho e um dos primordiais do 
homem”. O Decreto D’Allarde considera livre todo cidadão para o exercício 
de profissão ou oficio que considerasse conveniente, após receber uma 
patente e pagar o preço. A Lei Le Chapelier, de 1791, proibia o 
restabelecimento das corporações de ofício, o agrupamento de profissionais 
8 
 
e as coalizões, eliminando as corporações de cidadãos. Determinava a Lei 
Le Chapellier: “(1) A eliminação de toda espécie de corporação de cidadãos 
do mesmo estado ou profissão e uma das bases essenciais da Constituição 
francesa, ficando proibido o seu restabelecimento sob qualquer pretexto e 
sob qualquer forma; (2) os cidadãos do mesmo estado social ou profissão, 
os obreiros e companheiros de uma arte qualquer, não poderão, quando se 
reunirem, designar presidente, secretário ou síndico, lavrar registro, tomar 
resoluções, sancionar regulamentações sobre seus pretensos direitos 
comuns; (3) fica proibido a todas as corporações administrativas ou 
municipais receber qualquer solicitação ou petição sob o nome de um estado 
social ou profissão, nem poderão respondê-la estão obrigadas a declarar 
nulas as resoluções que foram tomadas.” 
A máquina de coser foi inventada em 1830 por Thimonier, com essa 
máquina, uma mulher fazia o trabalho de seis ou sete. 
A Revolução Francesa de 1789 e sua Constituição reconheceram o 
primeiro dos direitos econômicos e sociais: o direito ao trabalho. Foi imposta 
ao Estado a obrigação de dar meios ao desempregado de ganhar sua 
subsistência. 
O liberalismo do século XVIII pregava um Estado alheio à área 
econômica, que, quando muito, seria árbitro nas disputas sociais, 
consubstanciado na frase clássica laissez faire, laissez passer, laissez aller. 
A Revolução Industrial acabou transformando o trabalho em emprego. 
Os trabalhadores, de maneira geral, passaram a trabalhar por salários. Com 
a mudança, houve uma nova cultura a ser apreendida e uma antiga a ser 
desconsiderada. 
Afirma-se que o Direito do Trabalho e o contrato de trabalho 
passaram a desenvolver-se com o surgimento da Revolução Industrial. 
Constata-se, nessa época, que a principal causa econômica do surgimento 
da Revolução Industrial foi o aparecimento da máquina a vapor como fonte 
energética. A máquina de fiar foi patenteada por John Watt em 1738, sendo 
que o trabalho era feito de forma muito mais rápida com o referido 
equipamento. 
O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright, em 1784. 
James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor. A máquina de fiar de 
9 
 
Hargreaves e os teares mecânicos de Cartwright também acabaram 
substituindo a força humana pela máquina, terminando com vários postos de 
trabalho existentes e causando desemprego na época. Os ludistas 
organizavam-se para destruir as máquinas, pois entendiam que eram elas as 
causadoras da crise do trabalho. Com os novos métodos de produção, a 
agricultura também passou a empregar um número menor de pessoas, 
causando desemprego no campo. Inicia-se, assim, a substituição do trabalho 
manual pelo trabalho com o uso de máquinas. Havia necessidade de que as 
pessoas viessem, também, a operar as máquinas não só a vapor, mas as 
máquinas têxteis, o que fez surgir o trabalho assalariado. Daí nasce uma 
causa jurídica, pois os trabalhadores começaram a reunir-se, a associar-se, 
para reivindicar melhores condições de trabalho e de salários, diminuição 
das jornadas excessivas (os trabalhadores prestavam serviços por 12, 14 ou 
16 horas diárias) e contra a exploração de menores e mulheres. Substituía-
se o trabalho adulto pelo das mulheres e menores, que trabalhavam mais 
horas, percebendo salários inferiores. A partir desse momento, surge uma 
liberdade na contratação das condições de trabalho. O Estado, por sua vez, 
deixa de ser abstencionista, para se tomar intervencionista, interferindo nas 
relações de trabalho. 
Com o surgimento da máquina a vapor, houve a instalação das 
indústrias onde existisse carvão, como ocorreu na Inglaterra. Bem retrata o 
trabalho abusivo a que eram submetidos os trabalhadores nas minas Emile 
Zola, em Germinal. O trabalhador prestava serviços em condições 
insalubres, sujeito a incêndios, explosões, intoxicação por gases, 
inundações, desmoronamentos, prestando serviços por baixos salários e 
sujeito á várias horas de trabalho, além de oito. Ocorriam muitos acidentes 
do trabalho, além de várias doenças decorrentesdos gases, da poeira, do 
trabalho em local encharcado, principalmente a tuberculose, a asma e a 
pneumonia. Trabalhavam direta ou indiretamente nas minas praticamente 
toda a família, o pai, a mulher, os filhos, os filhos dos filhos etc. Eram feitos 
contratos verbais vitalícios ou então enquanto o trabalhador pudesse prestar 
serviços, implicando verdadeira servidão. Certos trabalhadores eram 
comprados e vendidos com seus filhos. Os trabalhadores ficavam sujeitos a 
multas, que absorviam seu salário. Isso só terminou por meio dos decretos 
10 
 
parlamentares de 1774 e 1779, quando foram suprimidas essas questões 
nas minas escocesas. 
Começa a haver necessidade de intervenção estatal nas relações do 
trabalho, dados os abusos que vinham sendo cometidos, de modo geral, 
pelos empregadores, a ponto de serem exigidos serviços em jornadas 
excessivas para menores e mulheres, de mais de 16 horas por dia ou até o 
pôr do sol, pagando metade ou menos dos salários que eram pagos aos 
homens. 
No princípio, verifica-se que o patrão era o proprietário da máquina, 
detendo os meios de produção, tendo, assim, o poder de direção em relação 
ao trabalhador. Isso já mostrava a desigualdade a que estava submetido o 
trabalhador, pois este não possuía nada. Havia, portanto, necessidade de 
maior proteção ao trabalhador, que se inseria desigualmente nessa relação. 
Passa, portanto, a haver um intervencionismo do Estado, 
principalmente para realizar o bem-estar social e melhorar as condições de 
trabalho. O trabalhador passa a ser protegido jurídica e economicamente. É 
como afirma Galart Folch (1936:16): a legislação do trabalho deve assegurar 
superioridade jurídica ao empregado em razão da sua inferioridade 
econômica. A lei passa a estabelecer normas mínimas sobre condições de 
trabalho, que devem ser respeitadas pelo empregador. 
A Lei de Peel, de 1802, na Inglaterra, pretendeu dar amparo aos 
trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos 
moinhos e que eram entregues aos donos das fábricas. A jornada de 
trabalho foi limitada em 12 horas, excluindo-se os intervalos para refeição. O 
trabalho não poderia se iniciar antes das 6 horas e terminar após às 21 
horas. Deveriam ser observadas normas relativas à educação e higiene. Em 
1819, foi aprovada lei tomando ilegal o emprego de menores de 9 anos. O 
horário de trabalho dos menores de 16 anos era de 12 horas diárias, nas 
prensas de algodão. 
Na França, em 1813, foi proibido o trabalho dos menores em minas. 
Em 1814, foi vedado o trabalho aos domingos e feriados. Em 1839, foi 
proibido o trabalho de menores de 9 anos e a jornada de trabalho era de 10 
horas para os menores de 16 anos. 
11 
 
Na Espanha, as Leis de 24-7-1873, de 26-7-1878 e de 13-3-1900 
estabelecem limitação do trabalho dos menores e as Leis de 13-3-1900 e de 
20-2-1912 às mulheres. A Lei de 24-7-1873.e a Lei de 3-3-1904 estabelece o 
descanso semanal. Os direitos de associação e de greve são admitidos pela 
Lei de Huelgas de 27-4-1908. A Lei de 19-5-1908 cria os Conselhos de 
Conciliação e Arbitragem Industrial. 
Na França, as Leis de 19 de março e de 2 de novembro de 1874 
estabelecem o regime jurídico da proteção do trabalho das mulheres e das 
crianças. A Lei de 21 de março de 1884 reconhece a liberdade de 
associação profissional, extinguindo o regime da Lei Le Chapelier. A Lei de 
12 de junho de 1893 dispõe sobre o regime da segurança e higiene nos 
estabelecimentos industriais. 
A partir de 1880, passou a ser utilizada a eletricidade. Em 
consequência, as condições de trabalho tiveram de ser adaptadas. 
O Estado estava atuando para a manutenção da ordem pública. Não 
intervinha nas relações privadas. Acarretava a exploração do homem pelo 
próprio homem. O trabalho era considerado mercadoria. Como havia muita 
oferta de trabalhadores e pouca procura, o empregado aceitava as 
condições impostas pelo patrão, recebendo salários ínfimos e trabalhando 
15 horas por dia, sem descanso ou férias. 
É interessante lembrar que, em seus primórdios, o Direito do Trabalho 
foi confundido com a política social. Estudavam-no cientistas sociais e outras 
pessoas que mais poderiam ser chamadas de revolucionários, tanto 
oriundos das faculdades, como dos parlamentos. 
Não havia diferença clara, até por falta de suficiente elaboração 
científica, entre os dois ramos do conhecimento. Os reformadores foram 
sendo, pouco a pouco, substituídos pelos juristas, voltados para o estudo da 
própria norma. 
A história do Direito do Trabalho identifica-se com a história da 
subordinação, do trabalho subordinado. Verifica-se que a preocupação maior 
é com a proteção do hipossuficiente e com o emprego típico. 
Em 1° de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, os 
trabalhadores não tinham garantias trabalhistas. Organizaram greves e 
manifestações, visando melhores condições de trabalho, especialmente 
12 
 
redução da jornada de 13 para 8 horas. Nesse dia, a polícia entrou em 
choque com os grevistas. Uma pessoa não identificada jogou uma bomba na 
multidão, matando quatro manifestantes e três policiais. Oito líderes 
trabalhistas foram presos e julgados responsáveis. Um deles suicidou-se na 
prisão. Quatro foram enforcados e três foram libertados depois de sete anos 
de prisão. Posteriormente, os governos e os sindicatos resolveram escolher 
o dia 1° de maio como o dia do trabalho. Nós Estados Unidos e na Austrália, 
o dia do trabalho é considerado a primeira segunda-feira de setembro 
(Labor’s day). 
A legislação do trabalho é o resultado da reação contra a exploração 
dos trabalhadores pelos empregadores. 
Proletário é o trabalhador que trabalhava jornadas extensas (14 a 16 
horas), morava em condições subumanas, tinha muitos filhos e recebia 
salário ínfimo. 
A partir do término da Primeira Guerra Mundial, surge o que pode ser 
chamado de constitucionalismo social, que é a inclusão nas constituições de 
preceitos relativos à defesa social da pessoa, de normas de interesse social 
e de garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o Direito do 
Trabalho. 
A primeira Constituição que tratou do tema foi a do México, em 1917. 
0 art. 123 da referida norma estabelecia jornada de oito horas, proibição de 
trabalho de menores de 12 anos, limitação da jornada dos menores de 16 
anos a seis horas, jornada máxima noturna de sete horas, descanso 
semanal, proteção à maternidade, salário-mínimo, direito de sindicalização e 
de greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção contra 
acidentes do trabalho. 
A segunda Constituição a versar sobre o assunto foi a de Weimar, de 
1919. Disciplinava a participação dos trabalhadores nas empresas, 
autorizando a liberdade de coalização dos trabalhadores; tratou, também, da 
representação dos trabalhadores na empresa. 
Criou um sistema de seguros sociais e também a possibilidade de os 
trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixação de salários e 
demais condições de trabalho. 
13 
 
Daí em diante, as constituições dos países passaram a tratar do 
Direito do Trabalho e, portanto, a constitucionalizar os direitos trabalhistas. 
Surge o Tratado de Versalhes, de 1919, prevendo a criação da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que iria incumbir-se de 
proteger as relações entre empregados e empregadores no âmbito 
internacional, expedindo convenções e recomendações nesse sentido. 
Henry Ford criou a linha de montagem na indústria automobilística, 
por meio da esteira móvel. Acabou incentivando aumentos de salários, para 
que seus empregados comprassem também os automóveis que fabricava. O 
fordismo seria a aplicação do taylorismo em grande escala.Tinha as 
seguintes características: adotava um sistema generalizante, que não era 
especialista em determinada matéria; havia estratificação dos níveis 
hierárquicos na empresa; partia do pressuposto da autossuficiência; 
pretendia atingir mercados nacionais e não mercados globais, como ocorre 
hoje; envolvia o desenvolvimento de tecnologia de longa maturação, fazendo 
estoques de insumos e matérias-primas; havia um número muito grande de 
trabalhadores, com pagamento de baixos salários. 
Na Itália, aparece a Carta delLavoro, de 1927, instituindo um sistema 
corporativista-fascista, que inspirou outros sistemas políticos, como os de 
Portugal, Espanha e, especialmente, do Brasil. O corporativismo visava 
organizar a economia em tomo do Estado, promovendo o interesse nacional, 
além de impor regras a todas as pessoas. Havia centralização do poder no 
Estado. Surge o corporativismo na metade do século XIX com o fim de 
organizar os interesses divergentes da Revolução Industrial. O Estado 
interferia nas relações entre as pessoas com o objetivo de poder moderador 
e organizador da sociedade. 
Nada escapava à vigilância do Estado, nem a seu poder. O Estado 
regulava, praticamente, tudo, determinando o que seria melhor para cada 
um, organizando a produção nacional. 
O interesse nacional colocava-se acima dos interesses dos 
particulares. Mussolini dizia, na época: “Tudo no Estado, nada contra o 
Estado, nada fora do Estado” (Tutto nello Stato, niente contro lo Stato, nulla 
al di fuori dello Stato). As diretrizes básicas do corporativismo eram: (a) 
nacionalismo; (b) necessidade de organização; (c) pacificação social; (d) 
14 
 
harmonia entre o capital e o trabalho. A estrutura do sistema era: sindicato 
único, reconhecido pelo Estado, que era uma longa manus do Estado; 
contributo sindacale, de forma a custear as atividades sindicais; proibição da 
greve; em razão da proibição da greve, havia o poder normativo da Justiça 
do Trabalho, para impor condições de trabalho nos conflitos coletivos. 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de dezembro de 
1948, prevê, alguns direitos aos trabalhadores, como limitação razoável do 
trabalho, férias remuneradas periódicas, repouso e lazer etc. 
O neoliberalismo prega que a contratação e os salários dos 
trabalhadores devem ser regulados pelo mercado, pela lei da oferta e da 
procura. O Estado deve deixar de intervir nas relações trabalhistas, que 
seriam reguladas pelas condições econômicas. Entretanto, o empregado 
não é igual ao empregador e, portanto, necessita de proteção. 
Surge nova teoria pregando a necessidade de separação entre o 
econômico e o social, o que é verificado hoje na Constituição de 1988, que 
não mais trata dos dois temas de forma reunida, mas separadamente. Da 
mesma forma, preconiza-se um Estado neoliberalista, com menor 
intervenção nas relações entre as pessoas. 
Há também uma classificação que divide os direitos em gerações. Os 
direitos de primeira geração são aqueles que pretendem valorizar o homem, 
assegurar liberdades abstratas, que formariam a sociedade civil. Os direitos 
da segunda geração são os direitos econômicos, sociais e culturais, bem 
como os direitos coletivos e das coletividades. Os direitos de terceira 
geração são os que pretendem proteger, além do interesse do indivíduo, os 
relativos ao meio ambiente, ao patrimônio comum da humanidade, à 
comunicação, à paz. Melhor seria falar em fases, que são conquistas de 
direitos. 
Nessa linha, enxergamos três fases principais no desenvolvimento empírico-
normativo do Direito do Trabalho, desde o século XIX, às quais se 
acrescenta, hoje, um quarto período, abrangente das últimas décadas do 
século XX. 
A primeira fase é a das manifestações incipientes ou esparsas, que se 
estende do início do século XIX (1802), com o Peel’s Act inglês, até 1848. A 
segunda fase, da sistematização e consolidação do Direito do Trabalho, 
15 
 
estende-se de 1848 até 1919. A terceira fase, da institucionalização do 
Direito do Trabalho, inicia-se em 1919, avançando ao longo do século XX. 
Sessenta anos depois, em torno de 1979/80, deflagra-se no Ocidente um 
processo de desestabilização e reforma dos padrões justrabalhistas até 
então imperantes (que produzirá mais fortes reflexos no Brasil em torno da 
década de 1990). Trata-se da fase de crise e transição do Direito do 
Trabalho. 
1.2.1 Manifestações Incipientes ou Esparsas 
A fase das manifestações incipientes ou esparsas inicia-se com a 
expedição do Peel’s Act (1802), diploma legal inglês voltado a fixar certas 
restrições à utilização do trabalho de menores. 
Essa fase qualifica-se pela existência de leis dirigidas tão somente a 
reduzir a violência brutal da superexploração empresarial sobre mulheres e 
menores. Leis de caráter humanitário, de construção assistemática. O 
espectro normativo trabalhista ainda é disperso sem originar um ramo 
jurídico próprio e autônomo. 
Trata-se também de um espectro estático de regras jurídicas, sem a 
presença significativa de uma dinâmica de construção de normas com forte 
indução operária. A diversidade normativa que no futuro caracterizaria o 
direito do Trabalho não se faz ainda clara. Afinal, inexistia na época uma 
união operária com significativa capacidade de pressão e eficaz capacidade 
de atuação grupal no contexto das sociedades europeias e norte-americana. 
E oportuno lembrar que a estratégia de atuação operária e socialista ainda 
está, neste momento histórico, fortemente permeada pelas concepções 
insurrecionais e/ou utópicas, incapazes de produzir uma pressão 
concentrada transformadora e democratizante sobre a estrutura e dinâmica 
da sociedade civil e política. 
Por todas essas razões, as leis trabalhistas, nessa época, ainda não 
deram consistência à formação de um ramo jurídico especializado, não se 
traduzindo, ainda, como um conjunto sistemático de normas. 
Consubstanciavam, fundamentalmente, esforços dispersos no sentido da 
contenção das manifestações excessivamente violentas de exploração da 
16 
 
força de trabalho infantil e feminina pelo novo sistema econômico em 
crescimento. 
1.2.2 Sistematização e Consolidação 
A segunda fase do Direito do Trabalho nos países centrais 
caracteriza-se pela sistematização e consolidação desse ramo jurídico 
especializado. 
Estende-se de 1848 até o processo seguinte à Primeira Guerra 
Mundial, com a criação da OIT e a promulgação da Constituição de Weimar, 
ambos eventos ocorridos em 1919. 
O marco inicial dessa segunda fase situa-se não apenas no Manifesto 
Comunista (1848) como também no movimento de massas denominado 
cartista, na Inglaterra e, ainda, na Revolução de 1848, na França. Este 
último processo revolucionário, a propósito, é substantivamente criativo. É 
que, de fato, ele traduz a primeira grande ação coletiva sistemática dos 
segmentos dominados na estrutura socioeconômica da época perante a 
ordem institucional vigorante agindo os trabalhadores na qualidade de 
sujeito coletivo típico. 
Combinadamente a isso, desponta a circunstância de incorporar essa 
revolução um estuário de reivindicações nitidamente oriundas dos 
trabalhadores urbanos. Estes conseguem, no processo revolucionário, 
generalizar para o mundo do Direito uma série de reivindicações que lhe são 
próprias, transformando-as em preceitos da ordem jurídica ou instrumentos 
da sociedade política institucionalizada. São dessa época, na França, o 
reconhecimento do direito de associação e greve e a fixação da jornada de 
10 horas; no plano político, tem-se a extensão do sufrágio universal. No que 
diz respeito à Inglaterra, por outro lado, a jornada de trabalho seria reduzida 
a 10 horasem 1849, após o movimento cartista de massas verificado no ano 
anterior. 
O ano de 1848 é, de fato, marco decisivo à compreensão da História 
do Direito do Trabalho. Isso, pela verdadeira mudança que produz no 
pensamento socialista, representada pela publicação do Manifesto de Marx 
e Engels, sepultando a hegemonia, no pensamento revolucionário, das 
17 
 
vertentes insurrecionais ou utópicas. Do mesmo modo, pelo processo de 
revoluções e movimentos de massa experimentado naquele instante, 
indicando a reorientação estratégica das classes socialmente subordinadas. 
Estas passam a se voltar a uma linha de incisiva pressão coletiva sobre o 
polo adverso na relação empregatícia (o empresariado) e sobre a ordem 
institucional vigorante, de modo a insculpir no universo das condições de 
contratação da força de trabalho e no universo jurídico mais amplo da 
sociedade o vigor de sua palavra e de seus interesses coletivos. 
Todo o processo seguinte a 1848 até a Primeira Guerra Mundial 
caracterizou-se por avanços e recuos entre a ação do movimento operário, 
do movimento sindical, do movimento socialista e, ao mesmo tempo, a 
estratégia de atuação do Estado. Processo em que a ação vinda de baixo e 
a atuação oriunda de cima se interagem reciprocamente, dinamicamente, 
dando origem a um ramo jurídico próprio que tanto incorpora a visão própria 
ao Estado como assimila um amplo espaço de atuação para a pressão 
operária vinda de baixo. 
É fato relevante nesse período de sistematização e consolidação do 
direito do Trabalho o crescente reconhecimento, em distintos países 
europeus, do direito de livre associação sindical dos trabalhadores. Citem-
se, a título de exemplo, a descriminalização do associacionismo sindical na 
Alemanha, em 1869; a regulação do direito de livre associação sindical na 
Dinamarca em 1874; o surgimento de nova lei assecuratória da livre 
associação sindical na Inglaterra, também em 1874 (que já fora pioneira 
nesta seara, décadas atrás, nos anos de 1820, com o reconhecimento do 
direito de associação sindical dos trabalhadores); a consolidação desse 
mesmo direito na França, em 1884; igualmente na Espanha e em Portugal, 
em 1887; na Itália, em 1889, também desponta a descriminalização das 
coalizações de trabalhadores. 
Também é fato relevante nesse período de cerca de sete décadas o 
surgimento crescente de leis trabalhistas em diversos países europeus, ao 
lado do avanço sistemático da negociação coletiva na mesma época. Esse 
desenvolvimento se passa tanto em países de experiência mais 
democrática, como a França, quanto em países com experimentação 
autoritária, como a Alemanha unificada de Otto von Bismarck (1871-1890). 
18 
 
Outro fato importante nessa fase foi a Conferência de Berlim, ocorrida 
em 1890, reunindo 14 Estados. Embora não tivesse produzido resultados 
concretos imediatos, significou o primeiro reconhecimento formal e coletivo 
pelos principais Estados europeus da franca necessidade de se regular o 
mercado de trabalho, com a edição de normas trabalhistas diversificadas na 
realidade de cada país. 
Finalmente, é ainda marco destacado desse período o surgimento, 
em 1891, da Encíclica Rerum Novarum, editada pelo Papa Leão XIII. O 
documento traduz manifestação oficial da Igreja Católica, de notável 
influência na época, com respeito à questão social, exigindo do Estado e das 
classes dirigentes postura mais compreensiva sobre a necessidade de 
regulação das relações trabalhistas. 
 
1.2.3 Institucionalização do Direito do Trabalho 
A terceira fase do Direito do Trabalho inicia-se logo após a Primeira 
Guerra Mundial. Identifica-se como a fase da institucionalização ou 
oficialização do Direito do Trabalho. Seus marcos (situados no ano de 1919) 
são a Constituição de Weimar e a criação da OIT (a Constituição Mexicana 
de 1917 lança o brilho do processo nos países periféricos ao capitalismo 
central). 
Tal fase se define como o instante histórico em que o Direito do 
Trabalho ganha absoluta cidadania nos países de economia central. Esse 
Direito passa a ser um ramo jurídico absolutamente assimilado à estrutura e 
dinâmica institucionalizadas da sociedade civil e do Estado. Forma-se a 
Organização Internacional do Trabalho; produz-se a constitucionalização do 
Direito do Trabalho; finalmente, a legislação autônoma ou heterônoma 
trabalhista ganha larga consistência e autonomia no universo jurídico do 
século XX. 
O dado fundamental e que o Direito do Trabalho se institucionaliza, 
oficializa-se, incorporando-se a matriz das ordens jurídicas dos países 
desenvolvidos democráticos, apos longo período de estruturação, 
sistematização e consolidação, em que se digladiaram e se adaptaram duas 
19 
 
dinâmicas próprias e distintas. De um lado, a dinâmica de atuação coletiva 
por parte dos trabalhadores, dinâmica essa que permitia inclusive aos 
trabalhadores, através da negociação coletiva, a produção autônoma de 
normas jurídicas. De outro lado, a estratégia de atuação oriunda do Estado, 
conducente a produção heterônoma de normas jurídicas. Portanto, a 
oficialização e institucionalização do Direito do Trabalho fez-se em linha de 
respeito a essas duas dinâmicas diferenciadas de formulação de normas 
jurídicas a dinâmica negocial autônoma, concretizada no âmbito da 
sociedade civil, e a dinâmica estatal heterônoma, produzida no âmbito do 
aparelho de Estado. 
Tal fase conheceria seu clímax nas décadas seguintes a Segunda 
Guerra Mundial, com o aprofundamento do processo de constitucionalização 
do Direito de Trabalho e hegemonia do chamado Estado de Bem-Estar 
Social. As Constituições Democráticas pós-1945, da Franca, da Itália e da 
Alemanha em um primeiro momento (segunda metade da década de 40), e 
depois, de Portugal e da Espanha (década de 70), não só incorporariam 
normas justrabalhistas, mas principalmente diretrizes gerais de valorização 
do trabalho e do ser humano que labora empregaticiamente para outrem. 
Mais: incorporariam princípios, constitucionalizando-os, além de fixar 
princípios gerais de clara influencia na área laborativa (como os da 
dignidade humana e da justiça social, por exemplo). 
1.2.4 Crise e Transição do Direito do Trabalho 
A quarta fase do Direito do Trabalho, de sua crise e transição, 
abrange o final do século XX. Fixamos seu marco inicial, nos países 
ocidentais desenvolvidos, nos anos de 1979/1980. 
Uma conjugação de fatores verificou-se nessa época. De um lado, 
uma crise econômica iniciada alguns anos antes, entre 1973/74 (a chamada 
crise do petróleo), que não encontrou resposta eficaz e rápida por parte das 
forcas politicas então dirigentes. A crise abalava a higidez do sistema 
econômico, fazendo crescer a inflação e acentuando a concorrência 
interempresarial e as taxas de desocupação no mercado de trabalho. A par 
20 
 
disso, agravava o déficit fiscal do Estado, colocando em questão seu papel 
de provedor de politicas sociais intensas e generalizantes. 
De outro lado, um processo de profunda renovação tecnológica, 
capitaneado pela microeletrônica, robotização e microinformática. Tais 
avanços da tecnologia agravavam a redução dos postos de trabalho em 
diversos segmentos econômicos, em especial na indústria, chegando causar 
a ilusão de uma próxima sociedade sem trabalho. Além disso, criavam ou 
acentuavam formas de prestação laborativa (como o teletrabalho e o 
escritório em casa - home-office), que pareciam estranhas ao tradicional 
sistema de contratação e controle empregatícios. 
Em acréscimo, essa renovação tecnológica, aplicada ao campo das 
comunicações, eliminava as antes impermeáveis barreiras do espaço e do 
tempo, extremando a competição capitalistano plano das diversas regiões 
do globo. 
Em meio a esse quadro, ganha prestígio a reestruturação das 
estratégias e modelos clássicos de gestão empresarial, em torno dos quais 
se construíram as normas justrabalhistas. Advoga-se em favor da 
descentralização administrativa e da radical repartição de competências 
interempresariais, cindindo-se matrizes tradicionais de atuação do Direito do 
Trabalho. É o que se passa, por exemplo, com a terceirização, cuja 
dificuldade de enfrentamento pelo ramo justrabalhista sempre foi marcante. 
Nesse contexto de crise econômica, tecnológica e organizacional, 
consolidou-se nos principais centros do sistema capitalista, mediante vitórias 
eleitorais circunstancialmente decisivas (MargaretThatcher, na Inglaterra, em 
1979; Ronald Reagan, nos EUA, em 1980; Helmut Kohl, na Alemanha, em 
1982), a hegemonia político-cultural de um pensamento desregulatório do 
Estado de Bem-Estar Social. No centro dessa diretriz em prol da 
desregulação das políticas sociais e das regras jurídicas limitadoras do 
mercado econômico encontrava-se, por lógica decorrência, o Direito do 
Trabalho. 
De fato, o ramo justrabalhista afirmou-se no período anterior como o 
mais clássico e abrangente instrumento de políticas sociais surgido no 
capitalismo, produzindo inquestionável intervenção normativa na economia, 
em favor, regra geral, de importante distribuição social dos ganhos do 
21 
 
sistema econômico. Nesse contexto, a desregulamentação de suas regras 
ou, pelo menos, sua crescente flexibilização, tudo passou a compor foco 
destacado na matriz cultural que se generalizou no Ocidente no último 
quartel do século XX. 
Entretanto, passadas pouco mais de duas décadas do início da crise 
do ramo juslaborativo, não se tornaram tão consistentes as catastróficas 
predições de uma sociedade sem trabalho. Não se tornaram também 
consistentes as alardeadas predições de uma sociedade capitalista com 
intensas relações laborativas subordinadas e pessoais, mas sem algo como 
o Direito do Trabalho. 
Houve, sem dúvida, uma acentuada desregulação, informalização e 
desorganização do mercado de trabalho, especialmente nos países 
semiperiféricos ao capitalismo central (Brasil, incluído, especialmente na 
década de 1990), porém, sem que se criassem alternativas minimamente 
civilizadas de gestão trabalhista, em contraponto com o padrão juslaborativo 
clássico. 
Na verdade, parece clara ainda a necessidade histórica de um 
segmento jurídico com as características essenciais do Direito do Trabalho. 
Parece inquestionável, em suma, que a existência de um sistema desigual 
de criação, circulação e apropriação de bens e riquezas, com um meio social 
fundado na diferenciação econômica entre seus componentes (como o 
capitalismo), mas que convive com a liberdade formal dos indivíduos e com 
o reconhecimento jurídico-cultural de um patamar mínimo para a convivência 
na realidade social (aspectos acentuados com a democracia), não pode 
desprezar ramo jurídico tão incrustado no âmago das relações sociais, como 
o justrabalhista. 
No fundo, o que despontara, no início, para alguns, como crise para a 
ruptura final do ramo trabalhista, tem-se afirmado, cada dia mais, como 
essencialmente uma transição para um Direito do Trabalho renovado. 
1.3 Origem e evolução do direito do trabalho no Brasil 
 
1.3.1 Manifestações Incipientes ou Esparsas 
22 
 
O primeiro período significativo na evolução do Direito do Trabalho no 
Brasil estende-se de 1888 a 1930, identificando-se sob o epíteto de fase de 
manifestações incipientes ou esparsas. Trata-se de período em que a 
relação empregatícia se apresenta, de modo relevante, apenas no segmento 
agrícola cafeeiro avançado de São Paulo e, principalmente, na emergente 
industrialização experimentada na capital paulista e no Distrito Federal (Rio 
de Janeiro), a par do setor de serviços desses dois mais importantes centros 
urbanos do país). 
É característica desse período a presença de um movimento operário 
ainda sem profunda e constante capacidade de organização e pressão, quer 
pela incipiência de seu surgimento e dimensão no quadro econômico-social 
da época, quer pela forte influência anarquista hegemônica no segmento 
mais mobilizado de suas lideranças próprias. Nesse contexto, as 
manifestações autonomistas e de negociação privada vivenciadas no novo 
plano industrial não têm ainda a suficiente consistência para firmarem um 
conjunto diversificado e duradouro de práticas e resultados normativos, 
oscilando em ciclos esparsos de avanços e refluxos. 
Paralelamente a essa incipiência na atuação coletiva dos 
trabalhadores, também inexiste uma dinâmica legislativa intensa e contínua 
por parte do Estado em face da chamada questão social. É que prepondera 
no Estado brasileiro uma concepção liberal não intervencionista clássica, 
inibidora da atuação normativa heterônoma no mercado de trabalho. A esse 
liberalismo associa-se um férreo pacto de descentralização política regional 
típico da República Velha, que mais ainda iria restringir a possibilidade de 
surgimento de uma legislação heterônoma federal trabalhista significativa. 
Nesse quadro, o período se destaca pelo surgimento ainda 
assistemático e disperso de alguns diplomas ou normas justrabalhistas, 
associados a outros diplomas que tocam tangencialmente na chamada 
questão social. Ilustrativamente, pode-se citar a seguinte legislação: Decreto 
nº. 439, de 31-5-1890, estabelecendo as “bases para organização da 
assistência à infância desvalida”; Decreto nº. 843, de 11-10-1890, 
concedendo vantagens ao “Banco dos Operários”; Decreto nº. 1.313, de 17-
1-91, regulamentando o trabalho do menor. Nesse primeiro conjunto 
destaca-se, ainda, o Decreto nº. 1.162, de 12-12-1890, que derrogou a 
23 
 
tipificação da greve como ilícito penal, mantendo como crime apenas os atos 
de violência praticados no desenrolar do movimento. Werneck Vianna 
aponta ainda como determinações legais desse período a concessão de 
férias de 15 dias aos ferroviários da Estrada de Ferro Central do Brasil, 
acrescida, em seguida, de aposentadoria (Decreto nº. 221, de 26-2-1890), 
que logo se estenderá a todos os ferroviários (Decreto nº. 565, de 12-7-
1890). 
Já transposto o século, surge o Decreto Legislativo nº. 1.150, de 5-1-
1904, concedendo facilidades para o pagamento de dívidas de trabalhadores 
rurais, benefício posteriormente estendido aos trabalhadores urbanos 
(Decreto Legislativo nº. 1.607, de 29-12-1906). O Decreto Legislativo nº. 
1.637, de 5-1-1907, por sua vez, facultava a criação de sindicatos 
profissionais e sociedades cooperativas. Em 1919, surge a legislação 
acidentária do trabalho (Lei nº. 3.724, de 15-1-1919), acolhendo o princípio 
do risco profissional, embora com inúmeras limitações. Em 1923, surge a Lei 
Elói Chaves (nº. 4.682, de 24-1-1923), instituindo as Caixas de 
Aposentadorias e Pensões para os ferroviários. Tais benefícios foram 
estendidos, posteriormente, às empresas portuárias e marítimas pela Lei nº. 
5.109, de 20-12-1926. Ainda em 1923, institui-se o Conselho Nacional do 
Trabalho (Decreto nº. 16.027, de 30-4-1923). Em 1925, concedem-se férias 
(15 dias anuais) aos empregados de estabelecimentos comerciais, 
industriais e bancários (Lei nº. 4.982, de 24-12-1925). Em 12-10-1927, é 
promulgado o Código de Menores (Decreto nº. 17.934-A), estabelecendo a 
idade mínima de 12 anos para o trabalho, a proibição do trabalho noturno e 
em minas aos menores, além de outros preceitos. Em 1928, o trabalho dos 
artistas é objeto de regulamentação (Decreto nº. 5.492, de 16-7-1928). 
Finalmente, em 1929, altera-se a lei de falências, conferindo-se 
estatuto deprivilegiados aos créditos de “prepostos, empregados e 
operários” (Decreto nº. 5.746, de 9-12-1929). 
Há ainda uma significativa legislação estadual de São Paulo sobre a 
área justrabalhista. Em 27-12-1911, promulga-se a Lei nº. 1.299-A, 
instituidora do “patronato agrícola, com a incumbência específica de 
resolver, por meios suasórios, quaisquer dúvidas surgidas entre os operários 
agrícolas e seus patronos”. Em 14-11-1911, pelo Decreto nº. 2.141, tratando 
24 
 
do Regulamento do Serviço Sanitário do Estado, lançaram-se “dispositivos 
sobre condições de higiene nas fábricas, proibindo-se também a atividade 
dos menores de 10 anos e o serviço noturno dos menores de 18; no mesmo 
ano, criou-se o Departamento Estadual do Trabalho (Decreto nº. 2.071, de 5-
7-1911), encarregado do estudo, informação e publicação das condições de 
trabalho no Estado”. Em 10-10-1922, finalmente, a Lei nº. 1.869 criou os 
tribunais rurais naquele Estado. 
1.3.2 Institucionalização do Direito do Trabalho 
O segundo período a se destacar nessa evolução histórica será a 
fase da institucionalização (ou oficialização) do Direito do Trabalho. Essa 
fase tem seu marco inicial em 1930, firmando a estrutura jurídica e 
institucional de um novo modelo trabalhista até o final da ditadura getulista 
(1945). Terá, porém, o condão de manter seus plenos efeitos ainda sobre 
quase seis décadas seguintes, até pelo menos a Constituição de 1988. 
A fase de institucionalização do Direito do Trabalho consubstancia, 
em seus primeiros treze a quinze anos (ou pelo menos até 1943, com a 
Consolidação das Leis do Trabalho), intensa atividade administrativa e 
legislativa do Estado, em consonância com o novo padrão de gestão 
sociopolítica que se instaura no país com a derrocada, em 1930, da 
hegemonia exclusivista do segmento agroexportador de café. 
O Estado largamente intervencionista que ora se forma estende sua 
atuação também à área da chamada questão social. Nesta área implementa 
um vasto e profundo conjunto de ações diversificadas mas nitidamente 
combinadas: de um lado, através de rigorosa repressão sobre quaisquer 
manifestações autonomistas do movimento operário; de outro lado, através 
de minuciosa legislação instaurando um novo e abrangente modelo de 
organização do sistema justrabalhista, estreitamente controlado pelo Estado. 
Essa evolução sofreu pequeno e pouco consistente interregno de 
menos de dois anos, entre 1934 e 1935, com a Texto Constitucional de 
1934, onde voltou a florescer maior liberdade e autonomia sindicais (a 
própria pluralidade sindical foi acolhida por esta Constituição). Entretanto, 
logo imediatamente o governo federal retomou seu controle pleno sobre as 
25 
 
ações trabalhistas, através do estado de sítio de 1935, dirigido 
preferencialmente às lideranças políticas e operárias adversárias da gestão 
oficial. Mais que isso, com o estado de sítio de 35, continuado pela ditadura 
aberta de 1937, pôde o governo federal eliminar qualquer foco de resistência 
à sua estratégia político-jurídica, firmando solidamente a larga estrutura do 
modelo justrabalhista, cujas bases iniciara logo após o movimento de 
outubro de 1930. 
O modelo justrabalhista mencionado forma-se a partir de políticas 
integradas, administrativamente dirigidas em pelo menos seis direções. 
Todas essas políticas mostraram-se coerentemente lançadas e estruturadas 
nos quinze anos do governo instalado em 1930. 
A primeira área contemplada pela ação governamental seria a própria 
administração federal, de modo a viabilizar a coordenação das ações 
institucionais a serem desenvolvidas nos anos seguintes. Criou-se, assim, o 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, pelo Decreto nº. 19.443, de 
26.11.1930. 
Meses após, em 4-2-1931, instituiu-se o Departamento Nacional do 
Trabalho (Decreto nº. 19.671-A). 
A área sindical seria também imediatamente objeto de normatização 
federal, através do Decreto nº. 19.770, de 19-3-1931, que cria uma estrutura 
sindical oficial, baseada no sindicato único (embora ainda não obrigatório), 
submetido ao reconhecimento pelo Estado e compreendido como órgão 
colaborador deste. 
Passado o interregno da Constituição de 1934, aprofundou-se o 
modelo sindical oficial corporativista, através da Carta de 1937 e do Decreto 
n. 1.402, de 5-7-1939. 
A essa altura já se tomara juridicamente explícito o que fora prática 
institucional desde 1935: a inviabilidade de coexistência de qualquer outro 
sindicato com o sindicalismo oficial. 
Como terceira área de desenvolvimento da política trabalhista oficial, 
criou-se um sistema de solução judicial de conflitos trabalhistas. Esse 
sistema seria instaurado, inicialmente, mediante a criação das Comissões 
Mistas de Conciliação e Julgamento (Decreto nº. 21.396, de 21-3-1932), em 
que só poderiam demandar os empregados integrantes do sindicalismo 
26 
 
oficial (Decreto nº. 22.132, de 25-11-1932). A Constituição de 1937 (não 
aplicada, é verdade), referindo-se a uma “Justiça do Trabalho”, induziria, 
alguns anos após, ao aperfeiçoamento do sistema, à medida que elevava 
seu patamar institucional. A Justiça do Trabalho seria, por fim, efetivamente 
regulamentada pelo Decreto-lei nº. 1.237, de 1-5-1939. 
O sistema previdenciário, também de formação corporativa, vinculado 
às respectivas áreas profissionais e aos correspondentes sindicatos oficiais, 
começou a ser estruturado logo após 1930, do mesmo modo que as demais 
instituições do modelo justrabalhista. Nesse caso, a estruturação procedeu-
se a partir da ampliação e reformulação das antigas Caixas de 
Aposentadoria e Pensões, vindas da época precedente e ainda organizadas 
essencialmente por empresas (a Lei Elói Chaves é de 1923). 
Já em 1931, pelo Decreto nº. 20.465, de 1-10-31, o novo governo 
promoveu a primeira reforma ampliativa do anterior sistema previdenciário, 
firmando, contudo, a categoria profissional como parâmetro. O núcleo 
essencial do novo sistema reformulado e ampliado seriam os diversos 
Institutos de Aposentadorias e Pensões, abrangendo categorias específicas 
e tendo âmbito nacional. Com essa nova denominação, o primeiro desses 
órgãos a ser instaurado foi o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos 
Marítimos (IAPM), mediante o Decreto nº. 22.872, de 29-6-1933. Inúmeros 
outros órgãos semelhantes se seguiram nos anos subsequentes. 
A legislação profissional e protetiva, como mais uma área de atuação 
da política trabalhista do novo governo, desponta por toda essa época. 
Citem-se, ilustrativamente, alguns dos inúmeros diplomas justrabalhistas: 
Decreto nº. 21.471, de 17-5-1932, regulamentando o trabalho feminino; 
Decreto nº. 21.186, de 22-3-1932, fixando a jornada de oito horas para os 
comerciários, preceito que seria, em seguida, estendido aos industriários 
(Decreto nº. 21.364, de 4-5-1932); Decreto nº. 21.175, de 21-3-1932, criando 
as carteiras profissionais; Decreto nº. 23.103, de 19-8-1933, estabelecendo 
férias para os bancários, e diversos outros diplomas que se sucederam ao 
longo da década de 30 até 1943. 
A última das direções seguidas pela política oficial tendente a 
implantar o modelo trabalhista corporativista e autocrático da época traduzia-
se nas distintas ações voltadas a sufocar manifestações políticas ou 
27 
 
operárias autonomistas ou simplesmente adversas à estratégia oficial 
concebida. O primeiro marco dessas ações combinadas residiria na Lei de 
Nacionalização do Trabalho, reduzindo a participação de imigrantes no 
segmento obreiro do país (Decreto nº. 19.482, de 12-12-1930, 
estabelecendo um mínimo de 2/3 de trabalhadores nacionais no conjunto de 
assalariados de cada empresa). A essa medida estrutural seguiram-seos 
diversos incentivos ao sindicalismo oficial (monopólio de ação junto às 
Comissões Mistas de Conciliação; exclusivismo de participação nos 
Institutos de Aposentadorias e Pensões, etc.), incentivos que seriam 
transformados, logo após, em expresso monopólio jurídico de organização, 
atuação e representação sindical. Finalmente, por quase todo o período 
getulista, uma contínua e perseverante repressão estatal sobre as lideranças 
e organizações autonomistas ou adversas obreiras. 
O modelo justrabalhista então estruturado reuniu-se, anos após, em 
um único diploma normativo, a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-
lei nº. 5.452, de 1-5-1943). Embora o nome reverenciasse a obra legislativa 
anterior (consolidação), a CLT, na verdade, também alterou e ampliou a 
legislação trabalhista existente, assumindo, desse modo, a natureza própria 
a um código do trabalho. 
Análise Comparativa: A reflexão comparativa entre as duas primeiras 
fases do Direito do Trabalho no país evidencia que se passou, de um salto, 
da fase de manifestações incipientes e esparsas para a fase da 
institucionalização do ramo jurídico trabalhista, sem a essencial maturação 
político-jurídica propiciada pela fase da sistematização e consolidação (à 
diferença dos exemplos europeus mais significativos). 
Construindo-se essa institucionalização/oficialização ao longo de um 
demorado período político centralizador e autoritário (de 1930 a 1945), o 
ramo justrabalhista veio a institucionalizar-se, consequentemente, sob uma 
matriz corporativa e intensamente autoritária, A evolução política brasileira 
não permitiu, desse modo, que o Direito do Trabalho passasse por uma fase 
de sistematização e consolidação, em que se digladiassem (e se 
maturassem) propostas de gerenciamento e solução de conflitos no próprio 
âmbito da sociedade civil, democratizando a matriz essencial do novo ramo 
jurídico. 
28 
 
Afirmando-se uma intensa e longa ação autoritária oficial (pós-1930) 
sobre um segmento sociojurídico ainda sem uma estrutura e experiência 
largamente consolidadas (como o sistema anterior a 30), disso resultou um 
modelo fechado, centralizado e compacto, caracterizado ainda por 
incomparável capacidade de resistência e duração ao longo do tempo. 
Efetivamente, o modelo justrabalhista construído nesse período 
manteve-se quase intocado nas décadas posteriores a 1930. A fase de 
institucionalização autoritária e corporativista do Direito do Trabalho estende-
se, assim, de 1930 até pelo menos a Constituição de 1988. Sobre essa 
continuidade comenta o cientista político Leôncio Martins Rodrigues: “Um 
dos fatos que chama a atenção na história do sindicalismo brasileiro é a 
extraordinária persistência do tipo de sindicato esboçado após a vitória de 
Vargas e completado durante o Estado Novo. Atribuiu-se sua criação à 
influência das doutrinas fascistas então em moda, principalmente à Carta do 
Trabalho italiana. No entanto, depois de 1945, com a chamada 
redemocratização do país, o modelo de organização sindical que parecia ter 
sido uma imposição artificial da ditadura varguista (sob influência fascista) 
não sofreu alterações que afetassem sua essência”. 
Na verdade, o conjunto do modelo justrabalhista oriundo do período 
entre 1930 e 1945 é que se manteve quase intocado. À exceção do sistema 
previdenciário que, na década de 60, foi afastado da estrutura corporativa 
sindical e dissociado desse tradicional modelo justrabalhista, não se assiste, 
quer na fase democrática de 1945-1964, quer na fase do regime militar 
implantado em 1964, à implementação de modificações substantivas no 
modelo justrabalhista corporativo imperante no país. 
1.3.3 Crise e Transição do Direito do Trabalho 
A persistência do modelo justrabalhista tradicional brasileiro sofre seu 
mais substancial questionamento ao longo das discussões da Constituinte 
de 1987/88 e na resultante Constituição de 1988. 
A existência desse questionamento e a relativa força com que surgiu 
e se manifestou é que permite admitir-se estar-se diante de uma nova fase 
no Direito do Trabalho do país: uma fase de superação democrática das 
29 
 
linhas centrais do antigo modelo corporativo de décadas atrás. Não 
obstante, a insuficiência desse mesmo questionamento e os resultados 
tímidos e muitas vezes contraditórios alcançados pela Constituição de 1988 
também não permitem que se apreenda mais do que uma fase de transição 
no momento presente, já que definitivamente ainda não estão instauradas e 
consolidadas práticas e instituições estritamente democráticas no sistema 
justrabalhista incorporado pela Texto Máximo de 1988. Estar-se-ia, pois, 
diante de uma fase de transição democrática do Direito do Trabalho do país. 
Porém, como ver-se-á, logo a seguir, a transição brasileira não se 
esgota no debate democrático, passando também por um viés desarticulador 
de todo o ramo jurídico, inspirado em tendências político-ideológicas 
influentes no mundo capitalista desenvolvido desde a década de 1970. 
Os pontos de avanço democrático são claros na Constituição 
brasileira. 
o novo Texto Máximo confirmará, em seu interior, o primeiro 
momento, na história brasileira após 1930, em que se afasta, 
estruturalmente, a possibilidade jurídica de intervenção do Estado através 
do Ministério do Trabalho sobre as entidades sindicais. 
Rompe-se, assim, na Constituição, com um dos pilares do velho 
modelo: o controle político-administrativo do Estado sobre a estrutura 
sindical. 
Ao lado disso, a nova Constituição, pela primeira vez em seis 
décadas, desde 1930, fixará reconhecimento e incentivos jurídicos efetivos 
ao processo negocial coletivo autônomo, no seio da sociedade civil. 
Entretanto, ao mesmo tempo, a referida Constituição preservará e 
aprofundará institutos e mecanismos autoritário-corporativos oriundos das 
bases do velho modelo justrabalhista, como, ilustrativamente, a antiga 
estrutura sindical corporativista. 
Por esses avanços e recuos é que não se pode denominar mais do 
que de transição democrática a presente fase vivenciada pelo Direito do 
Trabalho no país. 
Transição Democrática aliada à Crise do Ramo Jurídico 
Lamentavelmente, a transição democrática no Brasil processa-se imersa em 
graves contradições, que exacerbam os próprios riscos dessa transição (a 
30 
 
exacerbação de contradições nos processos sociais, econômicos e culturais 
tem sido, como se sabe, uma característica dos países dependentes da 
América Latina). 
De fato, logo após o surgimento da Constituição de 1988, fortaleceu-
se no país, no âmbito oficial e nos meios privados de formação de opinião 
pública, um pensamento estratégico direcionado à total desarticulação das 
normas estatais trabalhistas, com a direta e indireta redução dos direitos e 
garantias laborais. Ou seja, mal se iniciara a transição democrática do 
Direito do Trabalho (já guardando, em si mesma, inúmeras contradições), a 
ela se acoplava uma proposta de desarticulação radical desse ramo jurídico 
especializado. Nesse quadro, a maturação do processo democratizante 
comprometia-se em face do assédio da proposta extremada de pura e 
simples desarticulação de todo o ramo jurídico protetivo. 
A crise e a transição do Direito do Trabalho, que despontaram na 
Europa Ocidental a partir de meados ou fins da década de 1970, fizeram-se 
sentir tardiamente no Brasil, ao longo da década de 1990 em pleno processo 
de transição democrática desse ramo jurídico instigado pela Constituição de 
1988. Essa coincidência temporal de processos o de democratização, de um 
lado, e, de outro, o de desarticulação radical do ramo justrabalhista torna 
dramática a presente fase brasileira de crise e transiçãodo Direito do 
Trabalho. 
Efetivamente, há inegável equívoco de se pensar viável a 
implantação, no país, de um modelo à semelhança do anglo-saxão de 
normatização autônoma e privatística (como subjacente à estratégia de 
desarticulação radical das normas trabalhistas). Entretanto, o 
reconhecimento de tal equívoco não pode, obviamente, conduzir, ao reverso, 
à simplista defesa do velho modelo autoritário-centralizador oriundo da 
década de 1930. 
O modelo compatível com a Democracia e com as características 
econômicas, sociais e culturais brasileiras é algo próximo ao padrão da 
normatização privatística mas subordinada, típico dos países europeus 
continentais. 
Conforme já exposto no capítulo anterior desta obra (em seu item 
VI.1.B), “o intervencionismo estatal que caracteriza o padrão de 
31 
 
normatização privatística mas subordinada não é substitutivo ou impeditivo 
da criatividade e dinamismo privados, mas condicionador dessa criatividade. 
Nesse quadro, o intervencionismo, embora inquestionável, admite 
claramente a franca e real participação da sociedade civil na elaboração do 
Direito do Trabalho. Em função dessa combinação de esferas de atuação, o 
modelo tende a gerar uma legislação que reflete, com grande aproximação, 
as necessidades efetivas dessa sociedade. (...) É óbvio que, politicamente, 
este modelo estabelece, no estuário normativo trabalhista, um patamar 
heterônomo que a criatividade privada não pode desconhecer. Mas não se 
suprimem ou sufocam os instrumentos para essa ação privada coletiva, que 
mantém seu papel relevante no universo jurídico desse padrão de 
normatividade juslaboral”. 
Isso significa, no Brasil, o reconhecimento dos poderes da negociação 
coletiva (conforme já feito pela Constituição). Por coerência, inclusive 
poderes de atuação do sindicato efetivamente representativo 
(ilustrativamente, o sindicato da categoria principal de trabalhadores da 
empresa tomadora, representando todos os terceirizados que ali trabalham). 
É óbvio que tais poderes só se realizam se, de fato, houver uma reforma 
sindical extirpadora do corporativismo remanescente no modelo sindical 
oriundo de 1930, combinada a uma Carta de Direitos Sindicais que 
realmente assegure consistência e força à atuação do sindicalismo. Tudo 
isso combinado a uma prática jurisprudencial que saiba ler a Constituição 
em seu essencial espírito democrático e coletivo. 
Significa também o reconhecimento dos claros e insuplantáveis limites 
postos à própria negociação coletiva trabalhista. À luz do proposto pelo 
princípio da adequação setorial negociada, a negociação não prevalece se 
concretizar através de ato estrito de renúncia (e não transação). É que ao 
processo negocial coletivo falecem poderes de renúncia sobre direitos de 
terceiros (isto é, despojamento unilateral sem contrapartida do agente 
adverso). Cabe-lhe, essencialmente, promover transação (ou seja, 
despojamento bilateral ou multilateral, com reciprocidade entre os agentes 
envolvidos), hábil a gerar normas jurídicas. 
Também não prevalece a negociação se concernente a direitos 
revestidos de indisponibilidade absoluta (e não indisponibilidade relativa). 
32 
 
Tais parcelas são aquelas imantadas por uma tutela de interesse público, 
por constituírem um patamar civilizatório mínimo que a sociedade 
democrática não concebe ver reduzido em qualquer segmento econômico-
profissional, sob pena de se afrontarem a própria dignidade da pessoa 
humana e a valorização mínima deferível ao trabalho (arts. 19, III, e 170, 
caput, CF/88). Expressam, ilustrativamente essas parcelas de 
indisponibilidade absoluta a anotação de CTPS, o pagamento do salário 
mínimo, as normas de saúde e segurança do trabalho. 
No caso brasileiro, esse patamar civilizatório mínimo está dado, 
essencialmente, por três grupos convergentes de normas trabalhistas 
heterônomas: as normas constitucionais em geral (respeitadas, é claro, as 
ressalvas parciais expressamente feitas pela própria Constituição: art. 7º, VI, 
XIII e XIV, por exemplo); as normas de tratados e convenções internacionais 
vigorantes no plano interno brasileiro (referidas pelo art. 5º, § 2º, CF/88, já 
expressando um patamar civilizatório no próprio mundo ocidental em que se 
integra o Brasil); as normas legais infraconstitucionais que asseguram 
patamares de cidadania ao indivíduo que labora (preceitos relativos à saúde 
e segurança no trabalho, normas concernentes a bases salariais mínimas, 
normas de identificação profissional, dispositivos antidiscriminatórios, etc.). 
Hoje, passadas mais de duas décadas do surgimento da Constituição, 
percebe-se que a jurisprudência tem buscado aferir essa inter-relação 
normativa de modo bastante transparente, equilibrado e objetivo. Nessa 
linha, de maneira geral, tem considerado que, estando a parcela assegurada 
por norma imperativa estatal (Constituição, Leis Federais, Tratados e 
Convenções Internacionais ratificados), ela prevalece soberanamente, sem 
possibilidade jurídica de supressão ou restrição pela negociação coletiva, 
salvo se a própria regra heterônoma estatal abrir espaço à interveniência da 
norma coletiva negociada. Não se tratando a parcela, contudo, de direito 
resultante do estuário imperativo heterônomo estatal, porém da criatividade 
jurídica privada coletiva, o respectivo instrumento coletivo negociado 
(Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo de Trabalho) poderá, de maneira 
geral, fixar-lhe os contornos, características e efeitos. 
As Constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do 
Estado, o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos 
33 
 
os ramos do Direito e, especialmente, do Direito de Trabalho, como ocorre 
com nossa Constituição atual. 
A Constituição de 1824 apenas tratou de abolir as corporações de 
ofício (art. 179, XXV), pois deveria haver liberdade do exercício de ofícios e 
profissões. 
A Lei do Ventre Livre dispôs que, a partir de 28-9-1871, os filhos de 
escravos nasceriam livres. O menino ficaria sob a tutela do senhor ou de sua 
mãe até o oitavo aniversário, quando o senhor poderia optar entre receber 
uma indenização do governo ou usar do trabalho do menino até os 21 anos 
completos. Em 28-9-1885, foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe, chamada de 
Lei dos Sexagenários, libertando os escravos com mais de 60 anos. Mesmo 
depois de livre, o escravo deveria prestar mais três anos de serviços o 
trabalho foi considerado na Bíblia como castigo. Adão teve de trabalhar para 
comer em razão de ter gratuitos a seu senhor. Em 13-5-1888, foi assinada 
pela Princesa Isabel a Lei Áurea (Lei n° 3.353), que abolia a escravatura. 
Reconheceu a Constituição de 1891 a liberdade de associação (§ 8° 
do art. 72), que tinha na época caráter genérico, determinando que a todos 
era lícita a associação e reunião, livremente e sem armas, não podendo a 
polícia intervir, salvo para manter a ordem pública. 
As transformações que vinham ocorrendo na Europa em decorrência 
da Primeira Guerra Mundial e o aparecimento da OIT, em 1919, 
incentivaram a criação de normas trabalhistas em nosso país. Existiam 
muitos imigrantes no Brasil que deram origem a movimentos operários 
reivindicando melhores condições de trabalho e salários. Começa a surgir 
uma política trabalhista idealizada por Getúlio Vargas em 1930. 
Havia leis ordinárias que tratavam de trabalho de menores (1891), da 
organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de férias etc. O 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado em 1930, passando à 
expedir decretos, a partir dessa época, sobre profissões, trabalho das 
mulheres (1932), salário-mínimo (1936), Justiça do Trabalho (1939), etc.Getúlio Vargas editou a legislação trabalhista em tese para organizar o 
mercado de trabalho em decorrência da expansão da indústria. Realmente, 
seu objetivo era controlar os movimentos trabalhistas do momento. 
34 
 
A Constituição de 1934 é a primeira constituição brasileira a tratar 
especificamente do Direito do Trabalho. É a influência do constitucionalismo 
social, que em nosso país só veio a ser sentida em 1934. Garantia à 
liberdade sindical (art. 120), isonomia salarial, salário-mínimo, jornada de 
oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, 
repouso semanal, férias anuais remuneradas (§ Iº do art. 121). 
A Carta Constitucional de 10-11-1937 marca uma fase 
intervencionista do Estado, decorrente do golpe de Getúlio Vargas. Era uma 
Constituição de cunho eminentemente corporativista, inspirada na Carta del 
Lavoro, de 1927, e na Constituição polonesa. O próprio art. 140 da referida 
Carta era claro no sentido de que a economia era organizada em 
corporações, sendo consideradas órgãos do Estado, exercendo função 
delegada de poder público. O Conselho de Economia Nacional tinha por 
atribuição promover a organização corporativa da economia nacional (art. 
61, a). Dizia Oliveira Viana, sociólogo e jurista - que foi o inspirador de nossa 
legislação trabalhista da época - que o liberalismo econômico era incapaz de 
preservar a ordem social, daí a necessidade da intervenção do Estado para 
regular tais situações. A Constituição de 1937 instituiu o sindicato único, 
imposto por lei, vinculado ao Estado, exercendo funções delegadas de poder 
público, podendo haver intervenção estatal direta em suas atribuições. Foi 
criado o imposto sindical, como uma forma de submissão das entidades de 
classe ao Estado, pois este participava do produto de sua arrecadação. 
Estabeleceu-se a competência normativa dos tribunais do trabalho, que tinha 
por objetivo principal evitar o entendimento direto entre trabalhadores e 
empregadores. A greve e o lockout foram considerados recursos 
antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os 
interesses da produção nacional (art. 139). Em razão disso havia a 
imposição de condições de trabalho, pelo poder normativo, nos conflitos 
coletivos de trabalho. Essas regras foram copiadas literalmente da Carta del 
Lavoro italiana. 
Existiam várias normas esparsas sobre os mais diversos assuntos 
trabalhistas. Houve a necessidade de sistematização dessas regras. Para 
tanto, foi editado o Decreto-lei n° 5.452, de l-5-1943, aprovando a 
consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O objetivo da CLT foi apenas o de 
35 
 
reunir as leis esparsas existentes na época, consolidando-as. Não se trata 
de um código, pois este pressupõe um Direito novo. Ao contrário, a CLT 
apenas reuniu a legislação existente na época, consolidando-a. A CLT 
tomou por fundamento várias normas, como a Encíclica Rerum Novarum e 
as Convenções da OIT, segundo Arnaldo Süssekind. Não foi inspirada na 
Carta del Lavoro italiana. 
A Constituição de 1946 é considerada uma norma democrática, 
rompendo com o corporativismo da Constituição anterior. Nela encontramos 
a participação dos trabalhadores nos lucros (art. 157, IV), repouso semanal 
remunerado (art. 157, VI), estabilidade (art. 157, XII), direito de greve (art. 
158) e outros direitos que estavam na norma constitucional anterior. 
A legislação ordinária começa a instituir novos direitos. Surge a Lei na 
605/49, versando sobre o repouso semanal remunerado; a Lei na 3.207/57, 
tratando das atividades dos empregados vendedores, viajantes e pracistas; 
a Lei na 4.090/62, instituindo o 13º salário; a Lei na 4.266/63, que criou o 
salário-família, etc. 
A Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas estabelecidos 
nas Constituições anteriores, no art. 158, tendo praticamente a mesma 
redação do art. 157 da Constituição de 1946, com algumas modificações. A 
EC nº 1, de 17-10-69, repetiu praticamente a Norma Ápice de 1967, no art. 
165, no que diz respeito aos direitos trabalhistas. 
No âmbito da legislação ordinária, é possível lembrar a Lei nº 
5.859/72, dispondo sobre o trabalho dos empregados domésticos; a Lei nº 
5.889/73, versando sobre o trabalhador rural; a Lei nº 6.019/74, tratando do 
trabalhador temporário; o Decreto-lei nº 1.535/77, dando nova redação ao 
capítulo sobre as férias da CLT, etc. 
Em 5-10-1988, foi aprovada a atual Constituição, que trata de direitos 
trabalhistas nos arts. 7º a 11. Na Norma Magna, os direitos trabalhistas 
foram incluídos no Capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, do Título II, “Dos 
Direitos e Garantias Fundamentais”, ao passo que nas Constituições 
anteriores os direitos trabalhistas sempre eram inseridos no âmbito da 
ordem econômica e social. Para alguns autores, o art. 7º da Lei Maior vem a 
ser uma verdadeira CLT, tantos os direitos trabalhistas nele albergados. 
36 
 
Trata o art. 7º da Constituição de direitos individuais e tutelares do 
trabalho. O art. 8º versa sobre o sindicato e suas relações. O art. 9º 
especifica regras sobre greve. O art. 10 determina disposição, sobre a 
participação dos trabalhadores em colegiados. Menciona o art. 11 que nas 
empresas com mais de 200 empregados é assegurada a eleição de um 
representante dos trabalhadores para entendimentos com o empregador. 
 
2 CONCLUSÕES 
 
Fica claro que o direito do trabalho no Brasil, foi influenciado por 
fatores externos (transformações que ocorriam na Europa; crescente 
elaboração legislativa de proteção ao trabalhador em muitos países; 
compromisso internacional assumido pelo Brasil ao ingressar na OIT, em 
razão do Tratado de Versalhes (1919) e internos (movimento operário, surto 
industrial, politica trabalhista de Getúlio Vargas). 
Com a abolição dos escravos em 1888, o trabalho livre e assalariado 
no Brasil ganhou espaço, porém as condições impostas pelos europeus 
eram ruins, fazendo com que gerasse as primeiras discursões sobre as leis 
do trabalho, criando assim os primeiros sindicatos. 
Com o surgimento das máquinas no ocidente, eram necessários 
trabalhadores para opera-las, foi quando grande parte de trabalhadores do 
campo migraram para as cidades, pois as maquinas a vapor precisavam de 
operadores, neste período os trabalhadores não tinham seus direitos 
regulamentados, começavam a trabalhar sem ter hora para parar sendo as 
situações de trabalho muito precárias. Neste momento os trabalhadores 
começaram a se unir para buscar melhores condições de trabalho, fazendo 
uma pressão no patrões. Pressão essa, que fez com que os trabalhadores 
conseguissem vários direitos, que até hoje são de grande importância no 
direito do trabalho brasileiro. 
Os fatores internos mais influentes que ocorreram no direito brasileiro foi o 
movimento operário do qual participaram imigrantes com inspirações 
anarquistas, caracterizados por inúmeras greves no ano de 1800 e início de 
1900. Também o surto industrial, efeito da Primeira Grande Guerra Mundial, 
37 
 
com a elevação do número de fábricas e de operários. Por fim a política 
trabalhista de Getúlio Vargas (1930). 
Contudo nasce a CLT- Consolidações das leis trabalhistas, está não 
se trata de um código, pois pressupõe um Direito novo. A CLT apenas reuniu 
a legislação existente na época, consolidando-a. Nesta existem vários 
direitos que foram adquiridos devido a influencias do direito trabalho o 
mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
 
 
CASSAR; VÓLIA BOMFIM. Direito do trabalho.

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