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IX Simpósio Jurídico

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IX Simpósio Jurídico
 
Palestra: O Direito Penal hoje, entre a lei a ordem, inimigos e garantias.
Palestrante: Gustavo Junqueira
O que esperar do Direito Penal?
O Movimento de Lei e ordem surgiu na década de 60 nos Estados Unidos devido ao crescimento da criminalidade, foi um movimento para combater a criminalidade de forma imediata e que deu origem aos Crimes Hediondos.
Um dos princípios desse movimento é separar a sociedade em dois grupos compostos de pessoas do bem, e homens maus, o cidadão passou a ficar inseguro com o aumento da criminalidade, acreditando que poderia ser assaltado a qualquer momento, os adeptos ao movimento acreditam que o combate de crimes como terrorismo, homicídio, tortura, trafico de drogas e outros, é com o endurecimento das penas, que seriam prisão perpétua e até a morte, tirando esses criminosos de circulação, do meio das “pessoas de bem”, fazendo com que eles se sintam mais seguros na sociedade. Ficou conhecida também como Tolerância 0.
A verdadeira faceta ideológica da Política de Tolerância Zero, em que há uma vulgarização a “teoria da vidraça quebrada” que se baseou no ditado popular: “quem rouba um ovo, rouba um boi”, essa teoria acredita que com a punição de qualquer conduta mesmo as mais leves, como roubar uma bala ou uma caneta, surgiu verdadeiramente com o intuito de trazer segurança as classes alta e média, recriminando severamente delitos menores tais como embriaguez, a jogatina, a mendicância e etc., em decorrência de pequenos delitos são adotadas penas de crimes hediondos, para dar exemplo e demonstrar sensação de segurança à esta pequena parte da sociedade.
James Q. Wilson dizia que “A policia deve ter mais poder”e que se deveria “proteger o homem honesto da minoria criminosa”, vadiagem não necessita ser crime desde que a policia esteja lá para tirar, a policia deveria se reunir com a comunidade para “chutar” os marginais, jovens vândalos e criminosos, dentro da ideia de maximizar o poder da policia e minimizar o do judiciário por acreditar que o juiz atrapalhava a policia, pois sempre que um “criminoso” era preso o juiz o absolvia.
A Teoria das Janelas Quebradas vem com a ideia, que uma casa cuidada com suas vidraças intactas não seriam alvos de pedradas, já uma casa sem cuidados com algumas vidraças apedrejadas seriam constantemente alvo de mais pedradas. A sensação de desordem que fomenta a pratica de outros crimes.
"Considere-se um edifício com algumas janelas quebradas. Se as janelas não são reparadas, a tendência é para que vandalos partam mais janelas. Eventualmente, poderão entrar no edifício, e se este estiver desocupado, tornam-se “ocupado” ou incendeiam o edifício.
Ou considere-se um passeio. Algum lixo acumula-se. Depois, mais lixo acumula. Eventualmente, as pessoas começam a deixar sacos de lixo."
É uma estratégia que vem para prevenir o vandalismo, que seria concertar os problemas enquanto ainda são pequenos, reparar as janelas quebradas em pouco tempo, limpar os passeios, a tendência não será mais a acumulação de lixo no local.
Direito Penal do Inimigo, se destacou na época da queda do Muro de Berlim, seguido do terrorismo de 11 de setembro de 2001, com isso o terrorista passa a ser o melhor exemplo de inimigo, o inimigo deveria ser eliminado, a pena serve para garantir a confiança, o Direito Penal não serve para prevenir crimes serve para manter a expectativa boa e confiável na sociedade, o cidadão pratica crimes de cidadão e é processado e punido como cidadão, já os inimigos deveriam ser aniquilados, inimigos não são fontes de expectativas boas e confiáveis.
Para Jakobs, o inimigo é todo aquele que reincide persistentemente na prática de delitos ou que comete crimes que ponham em risco a própria existência do Estado, colocando o terrorista como um principal inimigo, aquele que se recusa a entrar num estado de cidadania não pode usufruir das prerrogativas inerentes ao conceito de pessoa. Se um indivíduo age dessa forma, não pode ser visto como alguém que cometeu um "erro", mas como aquele que deve ser impedido de destruir o ordenamento jurídico, mediante coação. A ideia do inimigo para Jakobs não é bem-vinda pois teríamos que construir um muro para separar o inimigo dos homens de bem.
Garantismo Penal, segundo o pensamento garantista o direito penal não deve servir apenas a pessoa ofendia pela conduta delituosa, mas também ao infrator. Temos um Estado cheio de poder, e com poder tende a cometer abusos de poder, por ser um poder muito grande o poder penal tem que ser contido, contensão de violência , não adianta trocar a violência do crime pela violência do Estado, ampliar a violência do Estado para conter a violência do crime, a ideia deveria ser conter ambas as violências.
No sentir de Ferrajoli a lei penal representa a “lei do mais fraco”, a proteção aos mais fracos, no momento de um crime a vitima passa a ser a mais fraca e reter de mais poderes e garantias, já no fenômeno penal há dois momentos em que o réu é o mais fraco e deveria reter de mais poderes e garantias, daí se extrai que o garantismo se amolda a um modelo de direito penal mínimo, o qual corresponde a um meio termo entre o direito penal máximo e o abolicionismo penal, significando dizer que o direito penal deve se limitar às situações de absoluta necessidade, cuja pena também será a mínima necessária.
Palestra: O Direito Penal do Inimigo e as Velocidades do Direito Penal
Palestrante: Cleber Masson
As velocidades do direito penal foram inseridas na doutrina por Jesus Maria da Silva Sanchez, o Direito Penal sempre se desenvolveu em duas velocidades, em dois blocos distintos de ilícitos penais.
“O Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, é composto de dois grandes blocos, distintos, de ilícitos: o primeiro, das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão, e, o segundo, daquelas que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais”.
A 1º velocidade seria o Direito Penal da prisão ou “nuclear”, que é mínimo e rígido.
Mínimo porque o Direito Penal se refere àqueles poucos crimes que efetivamente levam a prisão (Ex.: homicídio qualificado, latrocínio, extorsão mediante sequestro, estupro).
É rígido porque a liberdade do ser humano está em jogo, por isso ele respeita rigorosamente os direitos e garantias do ser humano, se trata de um procedimento mais demorado (por isso mais seguro) , tem um visão garantista através do respeito de todas as garantias constitucionais existentes.
A 2º velocidade seria o Direito Penal sem prisão ou “periférico”, é o Direito Penal das penas alternativas, das penas restritivas de direitos e da pena de multa.
É rápido porque permite a flexibilização de direitos e garantias do ser.
A liberdade não está em jogo, então tudo pode ser mais rápido, admite uma substituição das penas privativas de liberdade por penas alternativas flexibilizando as medidas punitivas estatais e proporcionando uma punição mais celebre, nos casos de crimes de menor potencialidade ofensiva.
O Direito Penal do Inimigo é conhecido por ser uma 3º velocidade, esta teoria começou a ser desenvolvida na década de 1980, mas a base fática dele foram os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.
O inimigo seria o oposto do cidadão, seria como um “não cidadão”, todo o individuo nasce e cresce como um cidadão, primeiro o sujeito pratica um crime grave, depois ele é reincidente nessa prática, e posteriormente se transforma em um criminoso habitual (fazer da prática de crime o seu meio de vida, seu estilo de vida). Porém, somente a partir do momento em que o sujeito decide entrar para uma organização criminosa, segundo o conceito de Jakobs é uma estrutura ilícita de poder. 
Nem todo criminoso é inimigo, a maioria dos criminosos ainda fazem parte dos cidadãos, o sujeito não necessita passar por todas as fases para ser um inimigo, um sujeito que logo de cara já pratica um ato terrorista já pode ser considerado inimigo.
Na teoria de Jakobs existe o Direito Penal do Cidadão e o Direito Penal do Inimigo, a do cidadão seria ampla,garantista, que respeita os direitos e as garantias do ser humano, é retrospectivo, olha para o passado e se fundamenta na culpabilidade do agente, o agente será punido pelo que fez no passado. É o Direito Penal do fato, ele se preocupa com o fato ilícito que o agente cometeu.
Já o do inimigo é pequeno, restrito e autoritário não respeitando alguns direitos e garantias do ser humano, é prospectivo, olha para o futuro, é baseado na periculosidade, defende a aplicação de penas indeterminadas, o que interessa não é o que o sujeito fez ou deixou de fazer e sim o que ele pode vir a fazer, pois o inimigo apresenta um comportamento imprescindível.
A adoção no Brasil não seria possível pelo fato da violação ao Art. 5º, caput da nossa Constituição Federal, que TODOS são iguais perante a lei, não sendo possível dividir em blocos, cidadão e inimigo.

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