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Aplicações das integrais duplas Já sabemos que as integrais duplas podem nos auxiliar no cálculo de volumes do espaço e no cálculo de áreas do plano. Vamos aprender outras aplicações importantes das integrais duplas. Massa e densidade Suponha que você tem uma lâmina com um certo formato que não tenha necessariamente densidade constante ao longo de sua extensão. Podemos representar a lâmina como sendo uma região D do plano xy. Se a densidade da lâmina no ponto (x, y) ∈ D for dada por uma função contínua ρ(x, y) (medida em unidades de massa por unidades de área), então a massa total m da lâmina é m = ∫∫ D ρ(x, y) dA Observe que, no caso particular em que a densidade da lâmina é constante ρ(x, y) = ρ, então m = ∫∫ D ρ dA = ρ ∫∫ D 1 dA = ρA(D) Exemplo 1. Calcule a massa total de uma lâmina circular de raio 2 representada no plano pela região D = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y2 ≤ 4} cuja densidade seja dada pela função ρ(x, y) = x2 + y2 medida em quilos por metro quadrado. Em coordenadas polares temos que ρ(r cos θ, r sen θ) = (r cos θ)2 + (r sen θ)2 = r2 Além disso, a região D pode ser descrita em coordenadas polares por D = {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ 2, 0 ≤ θ ≤ 2pi} Logo, a massa total m da lâmina é dada por m = ∫∫ D ρ(x, y) dA = ∫ 2pi 0 ∫ 2 0 r2 r dr dθ = ∫ 2pi 0 ∫ 2 0 r3 dr dθ Como ∫ 2 0 r3 dr = [ r4 4 ]r=2 r=0 = 4 então m = ∫ 2pi 0 4 dθ = [4θ]θ=2piθ=0 = 8pi Ou seja, a massa total da lâmina é de 8pi kg. De forma completamente análoga, podemos calcular a carga elétrica total de uma região D qualquer do plano cuja densidade de carga seja uma função contínua σ(x, y) medida em unidades de carga por unidade de área. Nesse caso, a carga total Q é dada por Q = ∫∫ D σ(x, y) dA 1 Observe que, no caso particular em que a densidade de carga é constante σ(x, y) = σ, então Q = ∫∫ D σ dA = σ ∫∫ D 1 dA = σA(D) Exemplo 2. Uma carga está distribuída sobre a região D representada no plano pelo triân- gulo de vértices (0, 1), (1, 1) e (1, 0) de modo que a densidade de carga é dada pela função σ(x, y) = xy medida em coulombs por metro quadrado. Calcule a carga total. Observe que o triângulo de vértices (0, 1), (1, 1) e (1, 0) pode ser visto como a região do plano limitada pelas retas y = 1, x = 1 e y = 1− x. Logo, a região D pode ser descrita em coordenadas cartesianas por D = {(x, y) ∈ R2 | 0 ≤ x ≤ 1, 1− x ≤ y ≤ 1} e a carga total Q é dada por Q = ∫∫ D σ(x, y) dA = ∫ 1 0 ∫ 1 1−x xy dy dx Como∫ 1 1−x xy dy = [ xy2 2 ]y=1 y=1−x = x 2 − x(1− x) 2 2 = x− x(1− 2x+ x2) 2 = 2x2 − x3 2 = x2 − x 3 2 então Q = ∫ 1 0 x2 − x 3 2 dx = [ x3 3 − x 4 8 ]x=1 x=0 = 1 3 − 1 8 = 5 24 Ou seja, a carga total é de 5 24 C. Momentos e centro de massa Suponha que você tem uma lâmina representada por uma região D do plano xy cuja densi- dade no ponto (x, y) ∈ D é dada pela uma função contínua ρ(x, y). O momento da lâmina em torno do eixo x é dado por Mx = ∫∫ D yρ(x, y) dA 2 e o momento da lâmina em torno do eixo y é dado por My = ∫∫ D xρ(x, y) dA Nesse caso, as coordenadas (x, y) do centro de massa são x = My m , y = Mx m onde m é a massa total da lâmina dada por m = ∫∫ D ρ(x, y) dA Exemplo 3. Determine a massa e o centro de massa de uma lâmina triangular represen- tada no plano xy pelo triângulo de vértices (0, 0), (1, 0) e (0, 2) se a função densidade é ρ(x, y) = 1 + 3x+ y. Observe que o triângulo de vértices (0, 0), (1, 0) e (0, 2) pode ser visto como a região do plano limitada pelas retas y = 0, x = 0 e y = 2− 2x. Logo, a região D pode ser descrita em coordenadas cartesianas por D = {(x, y) ∈ R2 | 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 2− 2x} e a massa total m da lâmina é dada por m = ∫∫ D ρ(x, y) dA = ∫ 1 0 ∫ 2−2x 0 (1 + 3x+ y) dy dx Como ∫ 2−2x 0 (1 + 3x+ y) dy = [ y + 3xy + y2 2 ]y=2−2x y=0 = 2− 2x+ 3x(2− 2x) + (2− 2x) 2 2 = 2− 2x+ 6x− 6x2 + 4− 8x+ 4x 2 2 = 2− 2x+ 6x− 6x2 + 2− 4x+ 2x2 = 4− 4x2 3 então m = ∫ 1 0 (4− 4x2) dx = [ 4x− 4x 3 3 ]x=1 x=0 = 4− 4 3 = 8 3 O momento em torno do eixo x é Mx = ∫∫ D yρ(x, y) dA = ∫ 1 0 ∫ 2−2x 0 (y + 3xy + y2) dy dx Como∫ 2−2x 0 (y + 3xy + y2) dy = [ y2 2 + 3xy2 2 + y3 3 ]y=2−2x y=0 = (2− 2x)2 2 + 3x(2− 2x)2 2 + (2− 2x)3 3 = 4− 8x+ 4x2 2 + 12x− 24x2 + 12x3 2 + 8− 24x+ 24x2 − 8x3 3 = 2− 4x+ 2x2 + 6x− 12x2 + 6x3 − 8x+ 8x2 + 8 3 − 8x 3 3 = 14 3 − 6x− 2x2 + 10x 3 3 então Mx = ∫ 1 0 ( 14 3 − 6x− 2x2 + 10x 3 3 ) dx = [ 14x 3 − 3x2 − 2x 3 3 + 5x4 6 ]x=1 x=0 = 14 3 −3− 2 3 + 5 6 = 11 6 O momento em torno do eixo y é My = ∫∫ D xρ(x, y) dA = ∫ 1 0 ∫ 2−2x 0 (x+ 3x2 + xy) dy dx Como ∫ 2−2x 0 (x+ 3x2 + xy) dy = [ xy + 3x2y + xy2 2 ]y=2−2x y=0 = x(2− 2x) + 3x2(2− 2x) + x(2− 2x) 2 2 = 2x− 2x2 + 6x2 − 6x3 + 4x− 8x 2 + 4x3 2 = 2x− 2x2 + 6x2 − 6x3 + 2x− 4x2 + 2x3 = 4x− 4x3 então My = ∫ 1 0 (4x− 4x3) dx = [2x2 − x4]x=1 x=0 = 2− 1 = 1 Logo, as coordenadas (x, y) do centro de massa são x = My m = 1 8/3 = 3 8 , y = Mx m = 11/6 8/3 = 11 16 4 Exemplo 4. Considere uma lâmina semi-circular de raio a cuja densidade em qualquer ponto é proporcional à sua distância ao centro do círculo. Determine o centro de massa dessa lâmina. Vamos representar a lâmina como sendo a região D do plano xy dada pelo semi-círculo su- perior do círculo x2 + y2 = a2 centrado na origem. A distância de um ponto (x, y) ∈ D ao centro do semi-círculo é a distância do ponto à origem e, portanto, é dada por √ x2 + y2. A função densidade neste caso é ρ(x, y) = k √ x2 + y2 onde k é a constante de proporcionalidade. Em coordenadas polares temos que ρ(r cos θ, r sen θ) = k √ (r cos θ)2 + (r sen θ)2 = k|r| Além disso, a região D pode ser descrita em coordenadas polares por D = {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ pi} Observe que como r ≥ 0 em D, então |r| = r e temos ρ(r cos θ, r sen θ) = kr. Logo, a massa total da lâmina é dada por m = ∫∫ D ρ(x, y) dA = ∫ pi 0 ∫ a 0 kr r dr dθ = ∫ pi 0 ∫ a 0 kr2 dr dθ Como ∫ a 0 kr2 dr = [ kr3 3 ]r=a r=0 = ka3 3 então m = ∫ pi 0 ka3 3 dθ = [ ka3θ 3 ]θ=pi θ=0 = ka3pi 3 O momento em torno do eixo x é Mx = ∫∫ D yρ(x, y) dA = ∫ pi 0 ∫ a 0 kr3 sen θ dr dθ Como ∫ a 0 kr3 sen θ dr = [ kr4 sen θ 4 ]r=a r=0 = ka4 sen θ 4 então My = ∫ pi 0 ka4 sen θ 4 dθ = [ −ka 4 cos θ 4 ]θ=pi θ=0 = ka4 2 5 O momento em torno do eixo y é My = ∫∫ D xρ(x, y) dA = ∫ pi 0 ∫ a 0 kr3 cos θ dr dθ Como ∫ a 0 kr3 cos θ dr = [ kr4 cos θ 4 ]r=a r=0 = ka4 cos θ 4 então My = ∫ pi 0 ka4 cos θ 4 dθ = [ ka4 sen θ 4 ]θ=pi θ=0 = 0 Logo, as coordenadas (x, y) do centro de massa são x = My m = 0 ka3pi/3 = 0, y = Mx m = ka4/2 ka3pi/3 = 3a 2pi Momento de inércia Considere uma lâmina representada por uma região D do plano cuja função densidade é dada por ρ(x, y). O momento de inércia da lâmina em torno do eixo x é Ix = ∫∫ D y2ρ(x, y) dA e o momento de inércia da lâmina em torno do eixo y é dado por Iy = ∫∫ D x2ρ(x, y) dA O momento de inércia da lâmina em torno da origem (também chamado de momento polar de inércia) é dado por I0 = Ix + Iy = ∫∫ D (x2 + y2)ρ(x, y) dA Exemplo 5. Determine o momento de inércia em tornoda origem do disco homogêneo D de centro na origem e raio a cuja densidade é ρ(x, y) = ρ. A região D pode ser descrita em coordenadas polares por D = {(r, θ) ∈ R2 | 0 ≤ r ≤ a, 0 ≤ θ ≤ 2pi} Como x2 + y2 = r2, então I0 = ∫∫ D (x2 + y2)ρ(x, y) dA = ∫ 2pi 0 ∫ a 0 (ρr2)r dr dθ = ∫ 2pi 0 ∫ a 0 ρr3 dr dθ Como ∫ a 0 ρr3 dr = [ r4 4 ρ ]r=a r=0 = a4ρ 4 então I0 = ∫ 2pi 0 a4ρ 4 dθ = [ a4ρ 4 θ ]θ=2pi θ=0 = 2pia4ρ 4 = pia4ρ 2 6
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