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Epistemologia

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Epistemologia
O conhecimento como um conjunto de crenças verdadeiras. 
Epistemologia (do grego ἐπιστήμη [episteme] - ciência; λόγος [logos] - estudo de), também chamada de teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia que trata da natureza, das origens e da validade do conhecimento. Entre as principais questões debatidas pela epistemologia destacam-se:
O que é o conhecimento?
 Como obtemos conhecimento?
 Como o ceticismo ajuda a humanidade a separar as crenças falsas das crenças verdadeiras e justificadas?
 Como defender os nossos modos de conhecer das investidas do pseudoceticismo?
A sua problemática compreende a questão da possibilidade do conhecimento - nomeadamente, se é possível ao ser humano alcançar o conhecimento total e genuíno, dos limites do conhecimento (haveria realmente uma distinção entre o mundo cognoscível e o mundo incognoscível?) e da origem do conhecimento (Por quais faculdades atingimos o conhecimento? Haverá conhecimento certo e seguro em alguma concepção a priori?).
A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, motivo pelo qual também é conhecida como teoria do conhecimento. Relaciona-se com a metafísica, a lógica e a filosofia da ciência, pois, em uma de suas vertentes, avalia a consistência lógica de teorias e suas credenciais científicas. Este fato torna-a uma das principais áreas da filosofia (à medida que prescreveria "correções" à ciência). 
Pode-se dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a crença ou opinião ("δόξα", em grego) ao conhecimento. A crença é um determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e justificada.
A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade, isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão. Trata-se do conhecimento técnico, o saber como.
 
A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade do pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Ante a questão da possibilidade do conhecimento, o sujeito pode tomar diferentes atitudes:
Dogmatismo: atitude filosófica pela qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais por inspiração, e ter fé disso.
Cepticismo: atitude filosófica oposta ao dogmatismo, a qual duvida de que seja possível um conhecimento firme e seguro, sempre questionando e pondo à prova as crenças, e dependendo dos resultados afirmativos destas provas as crenças podem se tornar convicção ou certeza. Esta postura foi defendida por Pirro de Élis.
c) Relativismo: atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a existência de uma verdade absoluta e defende a ideia de que cada indivíduo possui sua própria verdade, que é em função do contexto histórico do indivíduo em questão.
d) Perspectivismo: atitude filosófica que defende a existência de uma verdade absoluta, mas pensa que nenhum de nós pode chegar a ela senão a apenas uma pequena parte. Cada ser humano tem uma visão parcial da verdade. Esta teoria foi defendida por Nietzsche e notam-se nela ecos de platonismo.
Em geral, a epistemologia discute o conhecimento proposicional ou o "saber que". Esse tipo de conhecimento difere do "saber como " (know-how) e do "conhecimento por familiaridade". Por exemplo: sabe-se que 2 + 2 = 4 e que Napoleão foi derrotado na batalha de Waterloo; e essas formas de conhecimento diferem de saber como andar de bicicleta ou como tocar piano, e também diferem de conhecer uma determinada pessoa ou estar "familiarizado" com ela..
Alguns filósofos consideram que há uma diferença considerável e importante entre "saber que", "saber como" e "familiaridade" e que o principal interesse da filosofia recai sobre a primeira forma de saber
Em seu ensaio Os Problemas da Filosofia, Bertrand Russell distingue o "conhecimento por descrição" (uma das formas de saber que) do "conhecimento por familiaridade".1 Gilbert Ryle dedica atenção especial à distinção entre "saber que" e "saber como" em seu O Conceito de Mente.2 Em Personal Knowledge, Michael Polanyi argumenta a favor da relevância epistemológica do saber-como e do saber-que. 
Usando o exemplo do equilíbrio envolvido no ato de andar de bicicleta, ele sugere que o conhecimento teórico da física na manutenção do estado de equilíbrio não pode substituir o conhecimento prático sobre como andar de bicicleta. Para Polanyi, é importante saber como essas duas formas de conhecimento são estabelecidas e fundamentadas. 
Essa posição é a mesma de Ryle, que argumenta que, se não consideramos a diferença entre saber-que e saber-como, somos inevitavelmente conduzidos a um regresso ao infinito.
Mais recentemente, alguns epistemólogos (Ernest Sosa, John Greco, Jonathan Kvanvig, Linda Trinkaus Zagzebski) argumentaram que a epistemologia deveria avaliar as propriedades das pessoas (isto é, suas virtudes intelectuais) e não somente as propriedades das proposições ou das atitudes proposicionais da mente. 
Uma das razões é que as formas superiores de processamento cognitivo (como, por exemplo, o entendimento) envolveriam características que não podem ser avaliadas por uma abordagem do conhecimento que se restrinja apenas às questões clássicas da crença, verdade e justificação.
Segundo Lalande, trata-se de uma filosofia das ciências, mas de modo especial, enquanto:
 “É essencialmente o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar sua origem lógica (não psicológica), seu valor e seu alcance objetivo.
”Para Lalande, ela se distingue, portanto, da teoria do conhecimento, da qual serve, contudo, como introdução e auxiliar indispensável.
 
Portanto, temos que epistemologia é o estudo sobre o conhecimento científico, ou seja, o estudo dos mecanismos que permitem o conhecimento de determinada ciência.
Japiassu distingue dois tipos de Epistemologia: 1) a Epistemologia global ou geral que trata do saber globalmente considerado, com a virtualidade e os problemas do conjunto de sua organização, quer sejam especulativos, quer científicos;
2) a Epistemologia específica que trata de levar em conta uma disciplina intelectualmente constituída em unidade bem definida do saber e de estudá-la de modo próximo, detalhado e técnico, mostrando sua organização, seu funcionamento e as possíveis relações que ela mantém com as demais disciplinas.
 
A Epistemologia Genética consiste em uma teoria elaborada pelo psicólogo e filósofo Jean Piaget. A epistemologia genética é um resumo de duas teorias existentes, o apriorismo e o empirismo. Para Piaget, o conhecimento não é algo inato dentro de um indivíduo, como afirma o apriorismo.
De igual forma o conhecimento não é exclusivamente alcançado através da observação do meio envolvente, como declara o empirismo. Segundo Piaget, o conhecimento é produzido graças a uma interação do indivíduo com o seu meio, de acordo com estruturas que fazem parte do próprio indivíduo.
Empírico é algum, um fato que se apoia somente em experiências vividas, na observação de coisas, e não em teorias e métodos científicos. Empírico é aquele conhecimento adquirido durante toda a vida, no dia-a-dia, que não tem comprovação científica nenhuma.
Método empírico é um método feito através de tentativas e erros, é caracterizado pelo senso comum, e cada um compreende à sua maneira. O método empírico gera aprendizado, uma vez que aprendemos fatos através das experiências vividas e presenciadas, para obter conclusões. O conhecimento empírico é muitas vezes superficial, sensitivo e subjetivo.
Empírico também é o nome designado para aquele indivíduoque promete curar doenças, sem noções científicas, uma espécie de curandeiro, que na verdade, é um charlatão. É por esse motivo que o antônimo de empírico é "rigoroso", "preciso" ou "exato".
Empirismo na Ciência
Para a ciência, empírico é um tipo de evidência inicial para comprovar alguns métodos científicos, o primeiro passo é a observação, para então fazer uma pesquisa, que é o método científico. Nas ciências, muitas pesquisas são realizadas inicialmente através da observação e da experiência.
Empirismo na Filosofia
Na filosofia, empirismo foi um tema muito debatido pelo filósofo inglês John Locke, no século XVII, onde ele diz que a mente humana é uma espécie de "quadro em branco", onde gravamos diariamente o conhecimento, através das nossas sensações.
Outros filósofos também estudaram o empirismo, como Aristóteles, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Stuart Mill, e através desses estudos surgiram teorias como a teoria do conhecimento.
 O que é Ciência:
Ciência é uma palavra que deriva do termo latino "scientia" cujo significado era conhecimento ou saber. Atualmente se designa por ciência todo o conhecimento adquirido através do estudo ou da prática, baseado em princípios certos.
A ciência, em geral, comporta vários conjuntos de saberes nos quais são elaboradas as suas teorias baseadas nos seus próprios métodos científicos. A ciência está intimamente ligada com a área da tecnologia, porque os grandes avanços da ciência, hoje em dia, são alcançados através do desenvolvimento de novas tecnologias e do desenvolvimento de tecnologias já existentes.
Ciências sociais
Estudam o comportamento humano, as relações humanas e o seu desenvolvimento em sociedade. Nelas estão incluídas áreas como a Antropologia, o Direito, a História, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia Social, a Economia Social, a Política Social, o Direito Social. As ciências sociais estudam as normas de convivência do homem e dos modos da sua organização social.
O termo "ciência sociais" também é usado para designar o grupo formado pelas ciências do direito, sociologia e ciências políticas.
Ciências exatas
Produzem conhecimento baseado em expressões quantitativas, testando as suas hipóteses de forma rigorosa com base em experimentos ou cálculos. Ciências exatas são aquelas que só admitem princípios, consequências e fatos rigorosamente demonstráveis. São exemplos de ciências exatas a Matemática, a Física, a Astronomia, a Engenharia, a Química e até mesmo certos ramos da Biologia ou da Economia.
Ciências Naturais 
Ciências naturais são ciências que descrevem, ordenam e comparam os fenômenos naturais, isto é, os objetos da Natureza e os processos que nela têm lugar, e determinam as relações existentes entre eles, formulando leis e regras.
Pode distinguir-se entre ciências exatas (como a física e química) e ciências predominantemente descritivas (biologia, incluindo a microbiologia e a paleontologia, geografia, geologia, etc).
O campo de atividade das ciências naturais é constituído principalmente pela investigação sem uma aplicação concreta. Fazem parte das ciências naturais a Biologia, a Geologia ou a Medicina.
 Epistemologia – Aula 2
Kant e a Filosofia Crítica
A obra de Immanuel Kant (1724-1804) Pode ser vista como um marco na filosofia moderna. Seu pensamento pode ser dividido em duas fases: a pré-crítica e a crítica
Em sua fase pré-crítica, Kant pode ser considerado um representante do chamado “racionalismo dogmático” caracterizado pela forte influência da filosofia racionalista alemã.
Segundo ele nos relata foi a leitura de Hume que o despertou do seu “sonho dogmático”
Os questionamentos céticos de Hume abalaram profundamente Kant e acabou por desenvolver uma filosofia caracterizada como racionalismo crítico. 
Em sua Lógica, Kant define filosofia como “a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso da razão com o fim último da razão humana”
Caracterizado-se pelo tratamento de quatro questões fundamentais:
O que posso sabe? (legitimação do conhecimento)
O que devo fazer? (cuja resposta é dada pela moral)
O que posso esperar? (problema da esperança que trata a religião)
O que o homem? (objeto da antropologia, à qual em última análise se reduzem as outras três e que é na verdade a mais importante das quatro)
Tendo em vista essas questões, o filósofo deve determinar:
1.As fontes do saber humano
2. A extensão do uso possível e útil de todo saber;
3. Os limites da razão
B. A Crítica da Razão Pura
É na crítica da razão pura que Kant formula sua concepção de uma filosofia transcendental.
É uma investigação que se ocupa de como podemos conhecer os objetos. Contém a teoria do conhecimento como podemos separar o que é ciência da pseudociência. E distinguindo o uso cognitivo da razão que efetivamente produz conhecimento do real. Essa obra constitui no exame da constituição interna da razão; por outro lado, no exame do seu funcionamento. 
 Kant parte da distinção entre Juízos analíticos e Juízos sintéticos.
Juízos analíticos: são a priori, tem caráter lógico, aqueles em que o predicado esta contido no sujeito, não produzem conhecimento, mas simplesmente explicitam a definição do sujeito > Todo triângulo tem três ângulos > independem da experiência, universais e necessários, mas não cognitivos.
Juízos sintéticos: são a posteriori, dependem da experiência e constituem uma ampliação do nosso conhecimento. “a água ferve a 100 graus centígrados”. Produzem conhecimento, mas não são universais nem necessários, pois baseiam-se na experiência e, no máximo, resultam de generalizações empíricas. 
A crítica da razão pura visa, assim, investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, o modo como sujeito e objeto se relacionam. Que, portanto, só podem ser considerados como parte da relação de conhecimento, e não autonomamente.
Só há objeto para o sujeito, só há sujeito se este se dirige ao objeto para apreendê-lo.
Na concepção de Kant o conhecimento resulta da contribuição de duas faculdades de nossa mente: a sensibilidade e o entendimento.
A primeira parte da Crítica da Razão Pura, a Estética Transcendental, trata da contribuição das formas puras de sensibilidade, as intuições de espaço e tempo, para o conhecimento. 
A segunda parte, a Analítica Transcendental, examina a contribuição dos conceitos puros do entendimento, as categorias, para o conhecimento.
Estética para Kant é o estudo das formas puras da sensibilidade, as intuições de espaço e tempo. A intuição é sempre sensível, é o modo como os objetos se apresenta para nós no espaço e no tempo, condição de possibilidade para que sejam objeto. 
O que conhecemos não é o real. A “coisa em si”, mas sempre o real em relação com o sujeito do conhecimento, o real enquanto objeto.
Kant diz “ Não podemos pensar nenhum objeto senão mediante categorias; não podemos conhecer nenhum objeto pensado senão mediante intuições que correspondem àquele conceitos”
Só conhecemos a priori das coisas o que nós mesmos colocamos nelas. 
Assim temos a seguinte relação:
Sujeito<-> objeto (fenômeno) / real (coisa em si)
 Tabela dos juízos e categorias
Juízos (quanto à sua forma categoria)
 
1.Quantidade:
Universal: “Todo homem é mortal.”
Particular: “Algum homem é mortal.”
Singular: “ Sócrates é mortal.”
 
Unidade
Pluralidade
Totalidade
2. Qualidade:
Afirmativo: “Todo homem é mortal”
Negativo: “Não é o caso que Sócrates é mortal”
Limitativo: “Sócrates é não mortal” 
Realidade
Negação
Limitação
Juízos (quanto a sua forma)
 
3. Relação: Categórico: “Sócrates é mortal”
Hipotético: “ Se..., então...”
Disjuntivos: “ou..., ou...”
Categorias
4.Modalidade
Problemático: “É possível que...”
Assertórico: “Sócrates é mortal.”
Apodítico: “É necessário que...”
Possibilidade
Existência e inexistênciaNecessidade e contingência
Os juízos e categorias deles derivados constituem as formas mais básicas e gerais de formulação de nosso pensamento. As tabelas apresentam uma espécie de “mapa” de nossas possibilidades de pensar.
 A Filosofia Moral de Kant
As três principais obras de Kant sobre as questões éticas são: Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Crítica da razão pura (1788); Metafísica dos costumes (1797).
Metafísica dos Costumes > Considera o homem não como sujeito do conhecimento, mas agente livre e racional. É no domínio da razão prática que somos livres, isto é, que se põe a questão da liberdade e da moralidade, enquanto domínio da razão teórica, somos dominados por nossa própria estrutura cognitiva.
A ética é estritamente racional, bem como universal, no sentido de que não esta restrita a preceitos de caráter pessoal ou subjetivos, nem a hábitos e práticas culturais ou sociais. 
Os princípios éticos são derivados racionalidade humana.
A moralidade trata do uso prático e livre da razão.
Os princípios da razão prática são leis universais que definem nossos deveres.
Os princípios morais se aplicam a todos os indivíduos em qualquer circunstância.
Pode-se considerar a ética kantiana como uma ética do dever, uma ética prescritiva.
O objetivo fundamental de Kant é, portanto, estabelecer os princípios a priori, ou seja, universais e imutáveis, da moral. Seu foco é o agente moral, suas intenções e motivos.
O dever consiste na obediência a uma lei que se impõe universalmente a todos os seres racionais.
É o sentido do Imperativo Categórico “age de tal modo forma que sua ação possa ser considerada como normal ou universal”
Os Imperativos Hipotéticos têm o caráter prático, estabelecendo uma regra para a realização de um fim: “Se você quiser ter credibilidade cumpra suas promessas”
Segundo Kant, a noção de busca da felicidade, que fundamenta, por exemplo, a ética no período helenístico, como a estoica, é insuficiente como fundamento moral, porque o conceito de felicidade é variável, dependendo de fatores subjetivos, psicológicos, ao passo que a lei moral é invariante, universal; por isso seu fundamento é o dever. 
Foi grande a influencia da filosofia de Kant. O período que segue à sua morte na Alemanha foi conhecido pela história como idealismo alemão pós kantiano, devido ao desenvolvimento de sua filosofia por pensadores como Fichte e Schelling, em um sentindo essencialmente idealista. 
Hegel criticou a concepção kantiana de consciência e subjetividade, procurando, no entanto, levar a diante seu projeto de uma filosofia crítica.
Aula 3 
 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, talvez p mais importante filosofo alemão do século XIX, nasceu em Stuttgart em 1770, foi seminarista, mas logo abandou o seminário. Teve uma carreira frutífera e em 1829, no auge do seu prestígio intelectual, torna-se reitor da Universidade de Berlim, e em 1831 morre de cólera. 
A obra de Hegel é fortemente sistemática, procurando incluir em um sistema integrado todos os grandes temas e questões da tradição filosófica, da ética à metafísica, da filosofia da natureza à filosofia do direito, da lógica à estética.
Depois de Hegel a concepção de uma filosofia sistemática entra em crise, em grande parte devido às críticas à pretensão hegeliana feitas ao longo do século XIX por filósofos como Schopenhauer, Kierkegaard, Marx e Nietzsche, dentro outros.
Tentar entender Hegel exige entender sua linguagem altamente técnica que possui um sentindo próprio dentro de sua obra. Sua obra e vasta e vários autores se utilizam dela.
 A Crítica de Hegel a Kant
Kant critica o sujeito cartesiano, o caráter psicológico da experiência desse sujeito e os pressupostos metafísicos de uma consciência entendida como substância pensante.
Hegel, por sua vez, critica a concepção kantiana de sujeito transcendental como excessivamente formal, a consciência considerada como dada, como originária, sem que Kant jamais se pergunte pela sua origem, pelo processo de formação da subjetividade. Questiona também a dicotomia kantiana entre razão teórica e razão prática. (ver pag. 222)
Hegel pretende substituir o problema epistemológico da fundamentação do conhecimento pela auto reflexão fenomenológica da mente, entendendo a fenomenologia como a “ciência dos atos da consciência” 
Segundo Descartes e Kant, só à partir de critérios seguros sobre a validade de nossos juízos é que podemos determinar se temos certeza de nossos conhecimentos.
Hegel diz esta crítica deve ser ela própria conhecimento. Como podemos investigar criticamente a faculdade cognitiva anteriormente ao conhecimento? E como querer nadar antes de cair na água.
A investigação da faculdade cognitiva é ela própria conhecimento, e não se pode chegar a este objetivo porque este objetivo já é pressuposto desde o início.
Questiona assim a visão da filosofia crítica como propedêutica. (introdução, preparação)
Hegel considera que Kant identifica conhecimento como ciência a partir do paradigma das ciências naturais, sobretudo da física de Newton, que Kant admirava e que toma como ideal normativo do conhecimento.
Hegel é contrário a esse privilégio da ciência, que considera um pressuposto não justificado.
“ A ciência é uma manifestação do conhecimento como qualquer outra”
A concepção kantiana do conhecimento como um órganon da razão (crítica pura, Analítica Transcendental), parte de um modelo de conhecimento que enfatiza ou a atividade do sujeito conhecedor ou a passividade do processo cognitivo. 
Para Hegel a crítica do conhecimento emerge da própria experiência da reflexão. A consciência crítica deve portanto se autorrefletir, reconstruindo seu processo de formação.
Hegel questiona igualmente a separação Kantiana entre razão teórica e razão prática. Segundo ele a crítica da razão pura pressuporia uma concepção de “eu” diferente da encontrada na Crítica da razão prática. Na primeira o “eu” se caracterizaria pela unidade de autoconsciência, na segunda, pela vontade livre.
 Consciência e História
A reflexão filosófica deve partir de um exame do processo de formação da consciência. 
Na verdade, através da consciência crítica de nossa situação histórica, podemos entender o próprio processo histórico, as “leis da história”, seu sentido e sua direção e, apenas desta forma podemos ir além da consciência do nosso tempo. 
A explicação para a historicidade no pensamento de Hegel consiste em que é apenas ao traçar o caminho pelo qual a razão humana se desenvolveu que podemos entender o que somo hoje. Explicitamos assim o sentido da história.
Na Fenomenologia do Espírito Hegel formula sua concepção do processo de formação da consciência. Trata-se de um tríplice processo, ou de uma tríplice dialética. Composta de três elementos básicos:
1) as relações morais (família, ou vida social); 
2) a linguagem, ou os processos de simbolização; 
3) o trabalho, ou a maneira como o homem interage com a natureza para dela extrair seus meios de subsistência, elemento que será valorizado por Marx.
Hegel considera que a autoconsciência não é originária, só podendo ser concebida como resultado de um processo de desenvolvimento que se caracteriza por esses três processos básicos. 
As reações morais explicam o papel do outro na formação da consciência de um indivíduo. Ele só se trona sujeito quando é reconhecido como tal pelo outro.
A identidade da consciência individual subjetiva depende desse reconhecimento. A identidade do eu é possível apenas através da identidade do outro que me reconhece e que por sua vez depende que eu o reconheça.
A experiência da consciência não é apenas uma experiência teórica, um saber sobre o objeto, mas sim toda e qualquer experiência, a vida da consciência enquanto conhece o mundo como objeto da ciência, enquanto conhece a si mesma como vida.
A fenomenologia descreve o itinerário da alma que se eleva ao espírito por meio daconsciência. 
A fenomenologia trata da experiência que a consciência tem de si mesa, não só da consciência individual, mas a experiência que o gênero humano, em sua vida espiritual, tem de si mesmo. 
Isso envolve duas séries de fenômenos, individual e histórica, considerando o indivíduo no particular e o indivíduo universal, o que há de comum a todos os indivíduos.
As formas da consciência que o indivíduo percorre não lhe são conscientes como tais, só a ciência as descobre e revela.
Cada consciência é sempre consciência do seu tempo, mas, ao compreender as situações históricas, ao situar-se historicamente, compreende seu lugar na história. 
Ao compreender o processo histórico, não compreende apenas o seu momento, mas a própria lógica interna do processo histórico, sua direção e seu sentido, sua lei, e assim compreende o desenvolvimento desse processo, podendo transcender o seu momento determinado.
Podemos considerar que a Fenomenologia do Espírito tem como objetivo traçar “história” do espírito humano, a elevação da consciência do conhecimento sensível ao saber absoluto. 
O processo da consciência é um produto da evolução histórica cujo sentido será conhecido no “fim da história” 
O Espírito subjetivo da lugar ao Espírito objetivo, que se manifesta através da moral, do direito e da história, e finamente o espírito absoluto, através da religião, da arte e, por fim, da filosofia. 
É nesse sentido que, ao atingir o saber absoluto, o filósofo interioriza aquilo que era exterior. O saber absoluto se eleva acima da temporalidade, reconciliando os aspectos históricos com uma verdade atemporal. Eis o significado do “fim da história”.
 A Dialética do Senhor e do Escravo
Um dos textos mais fundamentais da análise hegeliana do processo de formação da consciência é a dialética do senhor (Herr) e do escravo (Knecht), uma imagem que Hegel faz da importância da relação com o outro na constituição da identidade.
Esse texto ajudou Marx, Sartre e Lacan em suas teorias.
Nessa metáfora, Hegel procura retratar o processo de constituição da identidade da consciência em sua luta pelo reconhecimento pelo outro. 
Inicialmente uma consciência visa submeter-se a outra, ao apreendê-la como objeto. Porém, precisa ser reconhecida pela outra, ou seja, precisa considerá-la como sujeito.
Assim, a consciência é ao mesmo tempo sujeito e objeto.
O senhor submete o escravo, contudo, uma vez que a relação é dialética, dependendo ele próprio de que o escravo o reconheça como senhor, assim o superior depende de que o inferior o reconheça como superior.
A dialética do senhor e do escravo descreve uma relação assimétrica entre duas consciências que se tratam como sujeito e objeto, e não uma relação entre dois sujeitos, como deveria ser, uma relação de reconhecimento mútuo e recíproco. 
Só ao atingir o saber absoluto a consciência será capaz do reconhecimento universal
 Fenomenologia
Fenomenologia (do grego phainesthai - aquilo que se apresenta ou que se mostra - e logos - explicação, estudo) afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser estudados em si mesmos – tudo que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação". 
Os objetos da Fenomenologia são dados absolutos apreendidos em intuição pura, com o propósito de descobrir estruturas essenciais dos atos (noesis) e as entidades objetivas que correspondem a elas (noema). 
Edmund Husserl (1859-1938) - filósofo, matemático e lógico – o fundador desse método de investigação filosófica e estabeleceu os principais conceitos e métodos que seriam amplamente usados pelos filósofos desta tradição. Ele, influenciado por Franz Brentano- seu mestre - lutou contra o historicismo e o psicologismo. 
Idealizou um recomeço para a filosofia como uma investigação subjetiva e rigorosa que se iniciaria com os estudos dos fenômenos como aparentam a mente para encontrar as verdades da razão.
 A redução Fenomenológica
A fenomenologia é o estudo da consciência e dos objetos da consciência. A redução fenomenológica, "epoche", é o processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos, etc. constituem nossas experiências de consciência.
Husserl propôs que no estudo das nossas vivências, dos nossos estados de consciência, dos objetos ideais, desse fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não a objetos do mundo externo à nossa mente. O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa.
Husserl propôs que no estudo das nossas vivências, dos nossos estados de consciência, dos objetos ideais, desse fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não a objetos do mundo externo à nossa mente. O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa.
A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.
O Noesis é o ato de perceber e o Noema é o objeto da percepção – esses são os dois pólos da experiência. A coisa como fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa, e refere-se à conclamação "às coisas em si mesmas" que fizera Husserl.
"Redução fenomenológica" significa, portanto, restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência de consciência, desconsiderar o mundo real, colocá-lo "entre parênteses", o que no jargão fenomenológico não quer dizer que o filósofo deva duvidar da existência do mundo como os idealistas radicais duvidam, mas se preocupar com o conhecimento do mundo na forma que se realiza e na visão do mundo que o indivíduo tem.
 Consciência e Intencionalidade
Vivência é todo o ato psíquico; a Fenomenologia, ao envolver o estudo de todas as vivências, tem que englobar o estudo dos objetos das vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a referência a um objeto. A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. 
Essa intencionalidade é a essência da consciência que é representada pelo significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto.
Franz Brentano afirma: "Podemos assim definir os fenômenos psíquicos dizendo que eles são aqueles fenômenos os quais, precisamente por serem intencionais, contêm neles próprios um objeto". Isto equivale afirmar, como Husserl, que os objetos dos fenômenos psíquicos independem da existência de sua réplica exata no mundo real porque contêm o próprio objeto. 
A descrição de atos mentais, assim, envolve a descrição de seus objetos, mas somente como fenômenos e sem assumir ou afirmar sua existência no mundo empírico. O objeto não precisa de fato existir. Foi um uso novo do termo "intencionalidade" que antes se aplicava apenas ao direcionamento da vontade.
a função das palavras não é nomear tudo que nós vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões recorrentes em nossa experiência. Identificam nossos dados dos sentidos atuais como sendo do mesmo grupo que outros que já tenhamos registrado antes. 
Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo de experiências; a palavra "mesa" descreve todos os vários dados dos sentidos que nós consultamos normalmente quanto às aparências ou às sensações de "mesa". Assim, tudo que o homem pensa, quer, ama ou teme, é intencional, isto é, refere-se a um desses universais (que são significados e, como tal, são fenômenosda consciência).
E por sua vez, o conjunto dos fenômenos, o conjunto das significações, tem um significado maior, que abrange todos os outros, é o que a palavra "Mundo" significa.
 Heidegger
Discípulo de Husserl, Heidegger dedicou a ele sua obra fundamental " Ser e Tempo" -1927, mas logo surgiram diferenças entre ele e o mestre.
Heidegger tomou seu caminho próprio, preocupado que a fenomenologia se dedicasse ao que está escondido na experiência do dia a dia.
Ele tentou em “ Ser e tempo” descrever o que chamou de estrutura do cotidiano, ou "o estar no mundo", com tudo que isto implica quanto a projetos pessoais, relacionamento e papeis sociais, pois que tudo isto também são objetos ideais.
Em sua crítica a Husserl, Heidegger salientou que ser lançado no mundo entre coisas e na contingência de realizar projetos é um tipo de intencionalidade muito mais fundamental que a intencionalidade de meramente contemplar ou pensar objetos. E é aquela intencionalidade mais fundamental a causa e a razão desta última.
 Sartre
Jean-Paul Sartre (1905-1980) segue estritamente o pensamento de Husserl na análise da consciência em seus primeiros trabalhos, “A Imaginação” (1936) e “O Imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação” (1940), nos quais faz a distinção entre a consciência perceptual e a consciência imaginativa aplicando o conceito de intencionalidade de Husserl.
No seu “A Filosofia do Existencialismo”, de 1965, Sartre declara que "a subjetividade deve ser o ponto de partida" do pensamento existencialista, o que mostra que o existencialista é primeiramente um fenomenólogo. A negação de valores e o convite ao anarquismo implícitos na doutrina atraíram os pensadores de Esquerda e afastaram os conservadores de Direita.
Karl Marx
Materialismo dialético é uma concepção filosófica que defende que o ambiente, o organismo e fenômenos físicos tanto modelam os animais e os seres humanos, sua sociedade e sua cultura quanto são modelados por eles. Ou seja, que a matéria está em uma relação dialética com o psicológico e social.
Se opõe ao idealismo, que acredita que o ambiente e a sociedade com base no mundo das ideias, como criações divinas seguindo as vontades das divindades ou por outra força sobrenatural.
No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial. Porém, da crítica a sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx eFriedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico.
 Definição de Materialismo Marxista
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.”
Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época.
Porém, devem ser interpretados como uma dialética. Não se pode analisar um separado do outro (o material separado do ideal), no caso, a infraestrutura separada da superestrutura. A super-estrutura só existe tal como existe por relacionar-se com a infraestrutura e vice versa. Então, por serem uma relação, um só existe tal como é por existir o outro, um, no plano material é o outro no plano ideal.
Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).
 Definição de Dialética
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições.
A dinâmica HIPÓTESE+TESE+ANTÍTESE=SÍNTESE, expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de ideias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto, a sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo, a nova síntese.
No pensamento marxista, não há uma transformação para a síntese de contrários, mas uma transformação essencial do objeto, uma mudança de qualidade. Coisas velhas, anciãs, num dado momento histórico tornam-se insustentáveis e transformam-se em outras coisas, novas, qualitativamente diferentes do que lhe deu origem, ainda que contenham traços daquilo que foi a origem antiga.
O novo sempre nasce do velho, nada nasce do nada, do abstrato. Mas a transformação do velho dá numa coisa que a ultrapassou, mostrando-se num estágio avançado, de qualidade diferente.
Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas.
Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. 
Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período.
Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...
 Canguilhem
Seu projeto de epistemologia se constrói através de uma reflexão histórica sobre as ciências. Tanto em Canguilhem, quanto em Bachelard, a filosofia se caracteriza por ser uma epistemologia histórica e também uma história epistemologia histórica .
“A ciência não é a comprovação de uma verdade que ela encontraria ou desvelaria”. Nem todo discurso científico é necessariamente verdadeiro, aliás, toda ciência é constituída por proposições verdadeiras e falsas.
 “O erro tem uma positividade”. Canguilhem valoriza o erro, o falso e o ultrapassado como caminho indispensável da história da verdade.
“Só a ciência produz conhecimento e o problema do conhecimento só pode ser corretamente formulado através do estudo dos procedimentos científicos de produção de conhecimentos”. Apenas através da referência à ciência se pode definir verdade, conhecimento e razão. “Pois é justamente essa característica de racionalidade, de veridicidade do conhecimento científico que explica por que a história da ciêncianão pode se contentar em ser descritiva ou factual”.
“uma ciência se constitui em determinado momento da história, momento em que institui sua própria racionalidade e inicia sua história, sem retomar para si a problemática do saber pré-científico”. E mesmo depois de seu nascimento ela continua se desenvolvendo através de rupturas sucessivas, numa reorganização contínua de suas bases.
 O NORMAL E O PATOLÓGICO
Nota-se aqui um duplo sentido: o primeiro refere-se ao que deve ser, já o segundo designa o mais freqüente em torno da média ou de modelo mensurável. 
“A norma é aquilo que fixa norma a partir de uma decisão normativa”.
O autor questiona se este estado deve ser considerado normal porque é compreendido como objetivo da terapêutica ou, pelo contrário, será que a terapêutica o considera justamente porque ele é tido como normal pelo doente? 
Canguilhem confirma que a segunda relação é verdadeira, pois entende que a Medicina existe como arte da vida porque o ser humano considera como patológicos certos estados ou comportamentos que, em relação à polaridade dinâmica da vida, são apreendidos sob forma de valores negativos. 
Portanto, o ser humano prolonga de modo mais ou menos consciente, um efeito espontâneo, para vencer obstáculos ao seu desenvolvimento e à manutenção da vida compreendida como “normal”. O sujeito imagina o que é não estar doente e age na concretização deste imaginário. Para ser normal tem que se levar em conta o conceito de equilíbrio e adaptabilidade, e necessário considerar o meio externo e o trabalho que o organismo ou suas partes devem efetuar.
A vida, enfatiza Canguilhem, é uma atividade normativa uma vez que é dependente das condições nas quais está inserida. Normativo é qualquer julgamento que determina uma norma, sendo esta subordinada ao homem, que a institui.
O autor enfatiza que as anomalias não são os desvios estatísticos, mas sim um tipo normativo de vida. Quando a anomalia é interpretada em relação aos seus efeitos sobre a atividade do indivíduo e, portanto, à imagem que ele tem de seu valor e de seu destino, a anomalia é enfermidade. Mas nem toda anomalia é patológica, ou seja, a anomalia pode transformar-se em doença, mas não é, por si mesma, uma doença.
 MICHEL FOUCAULT
Para Foucault nos séculos XVIII e XIX, a população torna-se num objeto de estudo e de gestão política. Passagem da norma da lei. Numa sociedade centrada sobre a lei, mudou para uma empresa de gestão centrado no padrão. 
Esta é uma consequência da grande revolução liberal.
Conceito de micro-geração de forças discurso para controlar quem está na norma ou não.
Conceito de biopoder: o poder de morrer e deixar viver foi substituído pelo biopoder que é Viver e deixar morrer, do estado de bem-estar: segurança social, seguros, etc.).
Figura do panóptico (projeto arquitetônico de prisão inventado por Jeremy Bentham e destinada a garantir que todos os prisioneiros podem ser vistos a partir de uma torre central) como um paradigma da evolução da nossa sociedade, ou o que já é bastante (ver o conceito deleuziano de "sociedade de controle", na discussão com a obra de Foucault).
As relações de poder permeiam toda a sociedade. Um discurso diz que o paradigma da sociedade da guerra civil, que todas as interações sociais são versões derivadas da guerra civil. 
Conceito grego de Cuidado de Si, como base para a ética.

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