Buscar

Apostila sobre Bens

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DOS BENS
	Como podem estar observando o objetivo da parte geral é preparar-vos para caminhar em direção a parte especial. O código civil neste momento restringe-se a uma classificação de bens, agrupando-os segundo critérios que o legislador entendeu como adequados. A importância da presente aula é fundamental, uma vez que na parte especial, inúmeros dispositivos partem do pressuposto de que nós (operadores e interpretes do direito) temos plena ciência das classificações efetivadas na parte geral.
	De outro norte, perceberemos que o legislador ao elaborar os dispositivos que abarcam o presente instituto fugiu da realidade, enumerando, a título de exemplo, como imóveis bens absolutamente móveis. Com efeito, a análise fria e leiga da mobilidade de um bem nem sempre conduzirá o intérprete à solução almejada pela lei.
	Gustavo René Nicolau, expondo suas considerações sobre o tema assina-la que:
 	“O ser humano possui necessidades de acordo com a realidade vivida por cada ser. São elas satisfeitas com utensílios que podem decorrer da racionalidade e criação humana, ou da própria natureza. Podem ainda ser perceptíveis ou não aos órgãos do sentido.
	Mas o que importa para o mundo jurídico é que tal utensílio tenha uma raridade e uma utilidade que a torne objeto de apreciação econômica. Ao preencher tais requisitos, a lei lhes atribui a qualidade de ‘bens’ e passa a classificá-los.
	Aqueles bens perceptíveis aos órgãos do sentido são comumente denominados ‘bens materiais’. Um carro, uma casa, um livro são exemplos. Já os que não podem ter essa percepção são chamados ‘imateriais’. Exemplo clássico é a energia. Nossos órgãos do sentido não são aptos a percebê-la, mas algumas são raras e úteis ao ser humano e por isso o legislador a define como bem no artigo 83, I.
	Se a utilidade é flagrante, mas não há raridade, não estamos diante de um bem juridicamente considerado. Assim, o ar atmosférico, a água do mar, embora úteis, não são considerados dentro do conceito jurídico de bem”. 
	Mas o que vem a ser “bens”.....
	Segundo Carlos Roberto Gonçalves, bem, em sentido filosófico, é tudo o que satisfaz uma necessidade humana. Juridicamente falando, assinala que o conceito de coisas corresponde ao de bens, mas nem sempre há perfeita sincronização entre as duas expressões. Às vezes, coisas são o gênero e bens, a espécie (Venosa, Lopes, Diniz, Rodrigues, Coelho); outras vezes, estes são o gênero e aqueles, a espécie (Gagliano e Souza Neto); outras, finalmente, são os dois termos usados como sinônimos, havendo então entre eles coincidência de significação.
	Desse modo, vê-se que a doutrina não é uníssona ao distinguir bens de coisa. Contudo, percebemos que a primeira corrente tem o maior número de doutrinadores que a apoiam.
	Bom, ainda, nesta fase de introdução ao tema, importante comentarmos sobre os critérios de classificação dos bens.
	Pois bem, segundo o saudoso Silvio Rodrigues, ao citar Edmond Goblot, classificar “é uma operação de espírito, um procedimento de ordem lógica, que tem escopo facilitar a inteligência de um fenômeno. A clareza de um conceito exige não só que ele seja definitivo, mas também que seja classificado”.
	Sob este prisma, verifica-se que nosso legislador, o civilista, tratou de analisar o bem e classificá-lo sob diversas óticas. Por exemplo, o bem tomado individualmente (i.e. por si próprio), sem se preocupar com seu dono e sem compará-lo com outros bens, que o classificou primeiramente como sendo os bens em si mesmos. A seguir, entendeu avaliar os bens sob outra perspectiva, qual seja, comparou-os segundo um critério denominado “bens reciprocamente considerados”. Por conseguinte, finalizou sua avaliação apenas separando os bens por sua titularidade, criando dois imensos grupos de titulares, os públicos e os particulares. Os quais serão doravante analisados individualmente.
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
	Ao estabelecer um critério distintivo entre as várias espécies de bens, a literatura doutrinária procura seguir a ordem definida no Código Civil. É curial esclarecer que um mesmo bem pode enquadrar-se em diversas classificações diferentes.
	Vejamos os móveis, imóveis e semoventes.
	Móveis são os que podem ser transportados de um lugar para outro, sem deterioração na sua forma ou substancia; Imóveis são os que não podem ser transportados de um lugar para outro, sem destruição; Semoventes são os animais, entretanto sua categoria enquadra-se nos bens móveis.
	Tal distinção para o direito é de suma importância, uma vez que:
1) a propriedade imóvel adquire-se, em regra, pelo registro do título; a dos móveis, pela tradição;
2) os bens imóveis não podem ser alienados sem a anuência do cônjuge (conhecida como outorga uxória ou consentimento marital), exceto pelo regime da separação total de bens ou, em se tratando de empresário casado, qualquer que seja o regime de bens, os imóveis que integrem o patrimônio da empresa; 
3) o tempo para adquirir um imóvel por usucapião é maior (5, 10 ou 15 anos) do que para adquirir um móvel (3 ou 5 anos); 
4) os móveis admitem penhor; os imóveis, hipoteca etc... e 
5) os móveis estão sujeitos a tributos diferentes dos exigidos para os imóveis. 
	Segundo o artigo 79 do Código Civil: “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”.
	Percebe-se que o legislador enumerou três espécies de bens imóveis, numa só frase.
Imóveis por sua natureza – o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente, compreendendo as árvores e os frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
	Lembre-se a parte geral prepara vocês para melhor entender a parte especial. Por exemplo, quando estudarem os direitos das coisas (ou reais) no sétimo ou oitavo semestre analisaram o direito de vizinhança no qual recordaram a presente aula.
Nota muito importante sobre o referido artigo.
As árvores só mantêm a qualidade de imóveis enquanto ligadas ao solo; quando extraídas deste, passam a ser bens móveis por antecipação. Se plantadas em jarros ou vasos, são móveis, pois podem ser removidas. O mesmo diz-se dos frutos e das pedras e metais.
	Concluindo, percebemos que de fato o solo é o bem imóvel natural por excelência. Se caminhássemos para o sentido mais estrito do termo imóvel, chegaríamos ao solo, motivo porque não há dúvidas quanto à sua inamovibilidade.
Imóveis por acessão física artificial – a acessão é justaposição, aumento, acréscimo ou aderência de uma coisa a outra. Inclui tudo aquilo que o homem incorporar definitivamente ao solo, como a semente, os edifícios e construções, de modo que não possam ser retirados sem destruição ou modificação em sua estrutura. Implica, pois, a participação humana, através de seu trabalho. Exs. Tijolos, madeira, canos de uma construção.
	Neste caso, observamos que tudo o que se unir ao imóvel de forma artificial, por obra do homem, será considerado igualmente imóvel. 
Outra nota muito importante
Se o imóvel for removido para outro local, não perde o caráter de imóvel, caso conserve a sua substância (casas de madeira ou pré-fabricadas). Também não perdem o caráter de imóvel os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele mesmo se reempregarem�.
Imóveis por acessão intelectual (ou por destinação do proprietário) – são as coisas móveis que o titular mantém no imóvel para exploração de atividade econômica ou industrial ou para sua comodidade. Exs. Tratores ou máquinas agrícolas, ornamentos, equipamentos etc..
	Alguns doutrinadores entendem que esta categoria foi contemplada pelo novo Código Civil sob o título de “pertença”. Contudo, a na opinião da insigne doutrinadora Christianne Garcez, a acessão intelectual diferencia-se da pertença porque:
a pertença é categoria de bem acessório. O bem imóvel por acessão intelectual não é, necessariamente, um acessório do principal, já que se liga a este sem qualquer relação de dependência ou subordinação;
na pertença háa idéia de ligação, junção, união direta com o bem principal (os pneus de um carro), o que não ocorre na acessão intelectual;
na acessão intelectual, a destinação do bem é meramente ocasional, podendo ser afastada a qualquer tempo, pela vontade do destinatário; na pertença, a relação é de dependência o necessidade, pois quase sempre o acessório é relevante para a função do principal (pneus de um carro) e a sua retirada pode comprometer o desempenho do bem.
Mais uma nota muito importante.
A imobilização do imóvel por acessão intelectual não é definitiva, já que, a qualquer tempo, pode ser mobilizada, por mera declaração de vontade, retornando à sua condição de móvel.
Imóveis por determinação legal – são aqueles a que, mesmo sendo móveis, a lei conferiu o caráter de imóveis. São os direitos reais sobre imóveis (usufruto, uso, habitação etc.) e ações que o assegurem; direto à sucessão aberta (direitos hereditários), ainda que a herança seja formada só de bens móveis. Além de imóveis por determinação legal, são bens incorpóreos.
	No presente caso, o legislador, pretendendo dar maior segurança a certos direitos, usou de artifício engenhoso, pois ao denominá-los bens imóveis garantiu-lhes toda a proteção que a lei confere a esta classe de bens. De mais a mais, fez acarretar a necessidade de escritura pública para sua constituição, transferência, modificação ou renúncia (artigo 108); a necessidade de autorização do cônjuge para alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis e pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos (artigo 1.647), bem assim a diferenciação de tributos para sua transferência.
	Prossegue a lei na classificação dos bens, dessa vez determinando quais seriam os móveis. Assim como fez na seção anterior, a par de prever os móveis por natureza, a lei concede a certos direitos o título, menos nobre é verdade, de bens móveis.
Móveis por sua natureza.
	O legislador rende-se à realidade e define o bem móvel, nos termos do artigo 82.
	Analisando-o, verifica-se que o essencial para que se caracterize um bem como móvel não é apenas sua mobilidade, mas também a possibilidade de esta realizar-se sem alterações de sua substância ou da destinação econômico-social do bem. Não esqueceu ainda de classificar como móveis os semoventes – aqueles que podem se locomover por movimento próprio.
	Por tal motivo, tem-se tornado comum, principalmente nos EUA, a construção de verdadeiras casas ambulantes, que são facilmente removidas de um lugar para outro. Entretanto, vale ressaltar que, a despeito da viabilidade de sua mobilidade, o nosso Código Civil continua a tratar tais edificações como bens imóveis (artigo 81, I).
Móveis por determinação da lei.
	Assim, como visto anteriormente, o artigo 83 equipara alguns direitos a bens móveis, aplicando-lhes, portanto, toda regulamentação prevista para estes, se um direito real sobre bem imóvel é considerado como bem imóvel, um direito real sobre bem móvel também será considerado como bem imóvel. Explica-se: se um direito real de uso sobre um veículo é taxado pela lei como bem móvel, a ele se aplicam todas as disposições relativas a esta espécie do bem, motivo porque o marido que detém tal direito real poderá transferi-lo a terceiro sem autorização de sua esposa e sem escritura pública. Outro exemplo é o direito real de garantia sobre bem móvel, denominado penhor. A lei considera este direito real como um bem móvel. Entretanto, na hipótese de penhor agrícola (artigo 1.442), a garantia pode recair sobre colheitas pendentes (bem imóvel por acessão) e nesta hipótese o direito real é sobre imóvel e, portanto, considerado um bem imóvel.	
	Também são considerados bens móveis as energias que tenham valor econômico, bem como os direitos pessoais de caráter patrimonial. O direito de crédito, o direito de receber determinada prestação de fazer são exemplos de direito pessoal que se opõem aos direitos reais sobre os quais já versamos sucintamente. O direito de autor era expressamente denominado bem móvel pelo Código Civil de 1916, o que não foi repetido pelo Código Civil de 2002. Contudo, tal previsão é de fato desnecessária, uma vez que a Lei n.º 9.609/98 dispõe exclusivamente sobre os direitos autorais.
	Já a respeito das aeronaves e navios, é bom esclarecer que ambos são bens móveis e não perdem esta característica pelo seu porte ou valor. Possuem, entretanto, regras especiais para alienação, necessidade de registro e possibilidade de figurarem como objeto de hipoteca, conforme se observa do artigo 1.473, incisos VI e VII, do Código Civil.
Importância da distinção entre bens móveis e imóveis.
	Distinguir na parte geral os bens móveis dos imóveis e classificar alguns direitos como bens trará sérias repercussões na Parte Especial do Código e em legislações correlatas. Algumas consequências oriundas desta distinção são:
necessidade de escritura pública para transferência de direitos sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente no país (artigo 108);
possibilidade de doação verbal em bens móveis de pequeno valor (artigo 541, parágrafo único);
diferentes regras de locação (artigo 565 do Código Civil e Lei 8.245/91);
necessidade de transcrição para aquisição de direitos sobre imóveis (artigo 1.227) e de mera tradição para os móveis (artigo 1.226);
prazo diferenciado para o usucapião (artigos 1.238 ss e 1.260 ss);
incidência de distintos direitos reais de garantia (artigos 1.451 e ss);
necessidade de outorga uxória para alienação ou gravação de ônus reais sobre os imóveis (artigo 1.647);
diferenciação de tributos. 
	Como visto, e é bom lembrar mais uma vez, bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. Enquanto o objeto do direito positivo é a conduta humana, o objeto do direito subjetivo podem ser bens ou coisas não valoráveis pecuniariamente. 
	Tal redundância é necessária para melhor compreendermos a importância deste estudo, posto que já havia lhes dito que a parte geral influencia e muito a parte especial do código, seja no que toca aos direitos pessoais, seja nos direitos reais.
	Logo, relembrando, bens jurídicos são os de natureza patrimonial, isto é, tudo aquilo que se possa incorporar ao nosso patrimônio é um bem: uma casa, um carro, uma roupa, um livro, ou um CD. Além disso, há uma classe de bens jurídicos não-patrimoniais. Não são economicamente estimáveis, como também insuscetíveis de valoração pecuniária: a vida e a honra são exemplos fáceis de se compreender. 
	Como visto, podem ser classificados em: móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e indivisíveis, singulares e coletivos, comercializáveis ou fora do comércio, principais e acessórios, e públicos ou particulares. 
	Estaremos agora tratando de algumas das espécies ora classificadas, a fim de concluirmos a presente aula.
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
	Os bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros de mesmo gênero/espécie, quantidade e qualidade, conforme o disposto no artigo 85 do Novo Código Civil, sendo certo que tal classificação é típica de bens móveis, podendo-se citar os seguintes exemplos: café, soja, minério de carvão, dinheiro etc. 
	Já os bens infungíveis são aqueles de natureza insubstituível, como, por exemplo, uma obra de arte, uma edição rara de um livro, um touro premiado etc. A fungibilidade dos bens, de forma geral, deriva da própria natureza do bem. 
	Mas existem ocasiões que tal situação não se verifica necessariamente assim, tendo em vista que a vontade das partes poderá transformar um bem fungível em infungível. Um exemplo é o de uma cesta de frutas que fica exposta para ornamentação em um evento de um restaurante. Tal cesta deverá ser devolvida ao final do evento, não se admitindo que seja substituída por outra. Para Washington de Barros Monteiro (2005, p.184): 
“ a fungibilidadeou infungibilidade é predicado que resulta, em regra, da própria qualidade física, da própria natureza da coisa. Mas pode advir igualmente da vontade das partes. Estas, por convenção, tornam infungíveis coisas intrinsecamente fungíveis”. 
	Há também serviços fungíveis e infungíveis.
	Para Orlando Gomes (2001, p.222): 
“Serviço fungível é o que pode ser prestado por outra pessoa que não o devedor. O credor tem a faculdade de mandar executa-lo por substituto, a expensas da outra parte. Serviço não fungível, o que se contrata intuitu personae, isto é, em atenção às qualidades pessoais do devedor. Sua execução por terceiro ou é impossível ou desinteressante ao credor”. 
	Para exemplificar, podemos imaginar, por exemplo, que Sérgio acaba de contratar William “Picasso”, que é um pintor famoso e com qualidades peculiarmente diferentes, para pintar a sala de visitas da sua casa, mas William “Picasso” não comparece na data combinada e manda Genuíno “da Silva”, que pinta várias casas por aí, e não possui uma característica peculiar para a pintura. Será que Sérgio - que é o credor - poderá contestar a substituição? Naturalmente sim. Porque o serviço prestado por William “Picasso” é um serviço infungível, não substituível por terceiro; apenas ele pode fazer (executar) e ninguém mais. 
	No entanto, se o Sérgio chama um encanador para consertar a pia da cozinha, nada impede que o ‘Nóca encanador’ mande o ‘Juca Prego’ ir arrumar, porque não depende de uma característica reconhecidamente peculiar de ‘Nóca’, e sim de um serviço comum. 
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS 
	Os bens consumíveis são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, bem como aqueles destinados à alienação, como bem se observa no disposto no artigo 86 do Novo Código Civil, sendo divididos em consumíveis de fato, como os alimentos, e consumíveis de direito, como o dinheiro. 
	Os bens inconsumíveis são aqueles que suportam uso continuado, sem prejuízo do seu perecimento ou destruição progressiva e natural, como um carro, pois, a característica da durabilidade é imprescindível nesta diferenciação. Para Orlando Gomes (2001, p.224): 
“Para ser considerado naturalmente consumível é preciso que, com o uso, sofra destruição imediata. O bem suscetível de consumir-se ou deteriorar-se depois de um lapso de tempo mais ou menos longo não é considerado consumível... Não consumível é, portanto, a coisa que suporta uso continuado, repetido”. 
	Pode-se fazer um apanhado de exemplos de inconsumíveis. A roupa não é consumível, porque se gasta lentamente com o uso, assim como uma panela, um aparelho de dvd, um sofá, uma mesa, etc. 
	Para Caio Mário da Silva Pereira (2001, p.271): 
“Pode haver coisa consumível, mas não fungível, por exemplo: o livreiro que expõe à venda os manuscritos de uma obra de autor reputado oferece uma coisa consumível, mas infungível, por ser a única do seu gênero. É que a consumibilidade é um atributo da própria coisa, independente de qualquer idéia de relação [...]”. 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
	De acordo com o disposto no artigo 87 do Novo Código Civil, “bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. 
	Já os indivisíveis são aqueles em que não se verifica a possibilidade de fracionamento ou divisão. 
	A indivisibilidade pode resultar: 
Da própria natureza do bem em questão: por exemplo, um animal. 
De determinação legal, imposição da lei: por exemplo, o módulo rural e a servidão. É no campo dos bens incorpóreos que mais se associa a indivisibilidade por determinação legal. Pereira (2001, p.273) cita que: “a hipoteca, como direito real sobre coisa alheia, é um bem incorpóreo a que se atribui a condição legal da indivisibilidade [...] as servidões prediais são igualmente mantidas como bens indivisíveis”. 
E de convenção, isto é, por manifestação da vontade das partes interessadas: por exemplo, em uma obrigação de dinheiro que deva ser satisfeita por vários devedores, estipulou-se a indivisibilidade do pagamento. 
	Para Orlando Gomes (2001, p.226): 
“A distinção entre bens divisíveis e indivisíveis aplica-se às obrigações e aos direitos. A regra dominante para as obrigações é que, mesmo quando a prestação é divisível, o credor não pode ser compelido a receber por partes, se assim não se convencionou. Se a prestação for indivisível e houver pluralidade de devedores, cada qual será obrigado pela dívida toda”. 
BENS SINGULARES E COLETIVOS 
	Bens singulares são aqueles considerados em sua individualidade, representado por uma unidade autônoma. Os bens singulares podem ser divididos em simples e compostos. 
	Os bens coletivos são aqueles que, sendo compostos de vários bens singulares, acabam por formar um todo homogêneo. Como, por exemplo, o gado formado por diversos bois, uma pinacoteca formada por várias pinturas, ou uma biblioteca formada de vários livros. 
	Podem, tanto os bens singulares quanto os coletivos, ser classificados ainda, entre materiais e imateriais. A melhor definição encontrada para a distinção dos bens singulares e coletivos, entre coisas simples e compostas, bem como materiais e imateriais, foi a apresentada por Washington de Barros Monteiro (2005, p.187) que se apresenta a seguir: 
“Coisas simples, em direito, são as que formam um todo homogêneo, cujas partes, unidas pela natureza ou pelo engenho humano, nenhuma determinação especial reclamam da lei [...] podem ser materiais (um cavalo, uma planta) ou imateriais (como um crédito). Coisas compostas são as que se formam de várias partes ligadas pela arte humana. Como as simples, podem ser também materiais (por exemplo, a construção de um edifício, com fornecimento de materiais e mão-de-obra) e imateriais (por exemplo, o fundo de negócio)”. 
	Nessa perspectiva, uma planta, um animal, uma cadeira, um livro, uma obra de arte, todos estes, são bens materiais, enquanto um crédito, a honra ou os direitos autorais sobre uma obra constituem bens imateriais, isto é, dotados de abstração. 
	Podem ainda os coletivos, ser divididos em bens coletivos de fato e bens coletivos de direito. Entendem-se como bens coletivos de fato, o conjunto de bens singulares simples ou compostos, agrupados pela vontade da pessoa, tendo destinação comum, como um rebanho ou uma biblioteca, permitindo-se a sua desconstituição pela manifestação de vontade do seu titular e como bens coletivos de direito, o complexo de direitos e obrigações a que a ordem jurídica atribui caráter unitário, dotadas de valor econômico, como o dote, o espólio, a massa falida e a herança, sendo certo que tal unidade deriva e resulta da imposição da lei. 
	Em suma, constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Enquanto a universalidade de direito de uma pessoa, é constituída pelo complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico. 
	Ao concluirmos a presente aula, averiguamos a presença de distintas classificações dos bens, e mesmo distintas uma pode associar-se a outra. Um bem pode, portanto, possuir mais de uma única classificação. 
	Exemplo disso é o que ocorre quando um cavalo comum pode ser ao mesmo tempo um bem móvel, corpóreo, fungível, inconsumível, indivisível e singular. Mas, se este mesmo cavalo é um grande campeão de corridas, ele já altera sua classificação para infungível. 
	Com efeito, pode-se concluir que os bens são coisas estimáveis financeiramente, que se enquadra em uma determinada classificação e podem ser objetos de direito. Isto é, podem ser reclamados.
	BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
	São os bens considerados uns em relação a outros, neste contexto, os bens classificam-se em principais e acessórios.
BENS PRINCIPAIS
	Bens principais sãos bens que tem existênciaprópria, autônoma, que existe por si só, abstrata ou concretamente.
	São exemplos de bens principais o solo que existe por si, concretamente, sem qualquer dependência, e os contratos de locação e compra e venda.
BENS ACESSÓRIOS
	Bens acessórios são aqueles cuja existência depende do principal.
	Bem acessório é o que supõe, para existir juridica​mente, um principal. Nos imóveis, o solo é o principal, sendo acessó​rio tudo aquilo o que nele se incorporar permanentemente (p. ex., uma árvore plantada ou uma construção), já que é impossível separar a idéia de árvore e de construção da idéia de solo.
	Nos bens móveis, principal é aquele para a qual as outras se destinam, para fins de uso, enfeite ou complemento (p. ex., uma jóia — a pedra é acessório do colar).
	Não só os bens corpóreos comportam tal distinção; os bens incorpóreos também, pois um crédito é coisa principal, uma vez que tem autonomia e indivi​dualidade próprias, o mesmo não se dando com a cláusula penal, que se subordina a uma obrigação principal. Prevalecerá a regra “o acessório segue o principal”.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ACESSÓRIOS:
PRODUTOS
	Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente.
	São exemplos de produtos, as pedras que se extraem das pedreiras, minerais que se extraem das minas.
	Os produtos distinguem-se dos frutos, porque a colheita não diminui o valor e nem a substância da fonte, enquanto os produtos sim.
FRUTOS
	Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte.
	São exemplos de frutos o café, cereais, frutos das árvores, leite, crias dos animais, etc.
	Os frutos caracterizam-se por três elementos:
i) a periodicidade;
ii) a inalterabilidade da substância da coisa principal;
iii) a separabilidade;
	Os frutos dividem-se:
1) QUANTO A ORIGEM
a) FRUTOS NATURAIS
	Frutos naturais são os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza (ex.: frutas, leite, cria dos animais, etc.).
b) FRUTOS INDUSTRIAIS
	Frutos industriais são os que aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da atuação do homem sobre a natureza (ex.: produção de uma fábrica).
c) FRUTOS CIVIS
	Frutos civis são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário (ex.: juros, aluguéis, etc.).
2) QUANTO AO ESTADO
d) FRUTOS PENDENTES
	Frutos pendentes são àqueles que ainda estejam unidos à coisa que os produziu.
e) FRUTOS PERCEBIDOS OU COLHIDOS
	Frutos percebidos ou colhidos consideram-se àqueles frutos depois de separados da coisa que os produziu.
	Quanto a utilização da terminologia “percebido” e “colhido”, emprega-se o termo “percebido” para os frutos civis (ex.: juros aluguéis), ao passo que se utiliza o termo “colhido” para os frutos naturais (ex.: frutas, leite, cereais).
	Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos tão logo sejam separados, porquanto os frutos civis reputam-se percebidos dia a dia (art. 1215 – CC).
f) FRUTOS ESTANTES
	Frutos estantes são os frutos separados e armazenados ou acondicionados para venda.
g) FRUTOS PERCIPIENDOS
	Frutos percipiendos são os frutos que deviam ser mas não foram colhidos ou percebidos.
h) FRUTOS CONSUMIDOS
	Frutos consumidos são os frutos que não existem mais porque foram utilizados.
BENFEITORIAS
	Benfeitorias são obras ou despesas feitas na coisa, para o fim de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.
	Portanto, são obras decorrentes da ação humana, excluindo-se da sua noção os acréscimos naturais ou cômodos, que se acrescem à coisa sem intervenção humana (art. 97 – CC).
	As benfeitorias podem ser:
1) BENFEITORIAS NECESSÁRIAS
	Benfeitorias necessárias são as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore (ex.: reparos em um automóvel).
	Além disso, consideram-se necessárias as benfeitorias destinadas a permitir a normal exploração econômica do bem (ex.: adubação, esgotamento de pântanos, etc.).
2) BENFEITORIAS ÚTEIS
	Benfeitorias úteis são as que aumentam ou facilitam o uso do bem (ex.: aumento de área de estacionamento em um edifício).
3) BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS
	Benfeitorias voluptuárias são as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor (ex.: substituição de um piso comum de um edifício por mármore).
	A classificação das benfeitorias em necessárias, úteis ou voluptuárias não tem caráter absoluto, dependendo de análise casuística, pois uma mesma benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo das circunstâncias.
	Assim, uma piscina pode ser considerada benfeitoria voluptuária numa casa residencial, mas útil ou necessária numa escola de natação.
PERTENÇAS
	As pertenças são bens móveis que, não constituindo partes integrantes (como o são os frutos, produtos e benfeitorias), estão afetados por forma duradoura ao serviço, uso ou ornamentação de outro.
	São exemplos de pertenças, um trator destinado a uma melhor exploração da propriedade agrícola; os objetos de decoração de uma residência; as máquinas utilizadas numa fábrica, etc.
	Assim, as pertenças conservam a sua identidade e não se incorporam à coisa a que se juntam.
	As pertenças e as partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias) distinguem-se porque a pertença não completa a coisa, por isso a coisa principal não se altera com a sua separação.
	Contrariamente, ao que ocorre com as partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias), os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade das partes ou das circunstâncias do caso concreto (art. 94 – CC).
	Dispõe o Código Civil que, apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95 – CC).
	Não se consideram bens acessórios: a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima e a escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima que os recebe, considerando-se o maior valor do trabalho em relação ao do bem principal (art. 1270, §2º - CC).
	A regra segundo a qual o bem acessório segue o principal, aplicável somente às partes integrantes (frutos, produtos ou benfeitorias), como a existência do acessório supõe a do principal, tem-se por consequência que o bem acessório segue o principal.
	Para que tal não ocorra, é necessário que tenha sido convencionado o contrário, por exemplo, a venda de um veículo, convencionando-se a retirada de alguns acessórios, ou que de modo contrário estabeleça algum dispositivo legal, como, a prescrição pela qual os frutos pertencem ao dono do solo onde caíram e não ao dono da árvore.
	As principais conseqüências da regra são:
i) a natureza do acessório é a mesma do principal (ex: se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também o é);
ii) o acessório acompanha o principal em seu destino, exemplo, se é extinta a obrigação principal, extingue-se também a acessória, mas o contrário não é verdadeiro.
iii) o proprietário do principal, salvo exceção legal ou convencional, é proprietário do acessório, presumindo-se que o proprietário do principal seja também dono do acessório, embora essa presunção admita prova em contrário.
BENS PÚBLICOS
 
	Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio da Administração Pública direta e indireta. Todos os demais são considerados particulares.
	São públicos os bens de domínio nacional pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual fora pessoa a que pertencerem” (art. 98 do CC). – As empresas públicas e as sociedades de economia, emborasejam pessoas jurídicas de direito privado, integram as pessoas jurídicas de direito público interno, assim os bens destas pessoas também são públicos.
 
Classificação:
	O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para classificar os bens públicos.
 
Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população. Ex: Mar, rio, rua, praça, estradas, parques (art. 99, I do CC).
 
	O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso, conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer (art. 103 CC). Ex: Zona azul nas ruas e zoológico. O uso desses bens públicos é oneroso.
 
Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica. Ex: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu, repartições publicas em geral (art. 99, II do CC).
 
Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC).
 
	Os bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, pois não estão destinados e em razão disso o Estado figura como proprietário desses bens. Ex: Terras devolutas.
 
Afetação e desafetação:
	Afetação consiste em conferir ao bem público uma destinação. Desafetação (desconsagração) consiste em retirar do bem aquela destinação anteriormente conferida a ele.
 
	Os bens dominicais não apresentam nenhuma destinação pública, ou seja, não estão afetados. Assim, são os únicos que não precisam ser desafetados para que ocorra sua alienação.
 
 
Regime jurídico dos bens públicos
 
	A concessão desse regime jurídico decorre dos interesses que o Poder Público representa quando atua.
Inalienabilidade
Imprescritibilidade
Impenhorabilidade
 
 
Inalienabilidade:
	Regra geral: Os bens públicos não podem ser alienados (vendidos, permutados ou doados).
	Exceção: Os bens públicos podem ser alienados se atenderem aos seguintes requisitos:
 
Caracterização do interesse público.
Realização de pesquisa prévia de preços. Se vender abaixo do preço causando atos lesivos ao patrimônio público cabe ação popular.
Desafetação dos bens de uso comum e de uso especial: Os bens de uso comum e de uso especial são inalienáveis enquanto estiverem afetados. - “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar” (art. 100 do CC).
Os bens dominicais não precisam de desafetação para que sejam alienados. - “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei” (art. 101 do CC).
Necessidade de autorização legislativa em se tratando de bens imóveis (art. 17 da lei 8666/93). Para bens móveis não há essa necessidade.
Abertura de licitação na modalidade de concorrência ou leilão: O legislador trouxe no artigo 17 algumas hipóteses de dispensa de licitação:
Dispensa de licitação para imóveis:
Dação em pagamento (art. 17, I, “a” da Lei 8666/93).
Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de Governo (art. 17, I, “b” da Lei 8666/93).
Permuta, por outro imóvel que atende os requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta lei (art. 17, I, “c” da Lei 8666/93).
Investidura (art. 17, I, “d” da Lei 8666/93).
Venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo (art. 17, I, “e” da Lei 8666/93).
Alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública especificamente criados para esse fim (art. 17, I, “f” da Lei 8666/93).
Dispensa de licitação para móveis:
Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após a avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação (art. 17, II, “a” da Lei 8666/93).
Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública (art. 17, II, “b” da Lei 8666/93).
Venda de ações, que poderão ser negociadas na bolsa, observada a legislação específica (art. 17, II, “c” da Lei 8666/93).
Venda de títulos, na forma da legislação pertinente (art. 17, II, “d” da Lei 8666/93).
Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades (art. 17, II, “e” da Lei 8666/93).
Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe (art. 17, II, “f” da Lei 8666/93).
Imprescritibilidade:
	É a característica dos bens públicos que impedem que sejam adquiridos por usucapião. Os imóveis públicos, urbanos ou rurais, não podem ser adquiridos por usucapião.
 
“Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião” (art. 183 e 191, parágrafo único da CF). “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” (art. 101 do CC).
 
“Desde a vigência do Código Civil (CC/16), os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião” (súmula 340 do STF).
 
Impenhorabilidade:
	É a característica dos bens públicos que impedem que sejam eles oferecidos em garantia para cumprimento das obrigações contraídas pela Administração junto a terceiros.
 
	Os bens públicos não podem ser penhorados, pois a execução contra a Fazenda Pública se faz de forma diferente. “À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual, ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim” (art. 100 da CF).
 
Regra geral: A execução contra a Fazenda se faz através da expedição de precatórios (títulos emitidos a partir de sentença com trânsito em julgado que o torna legitimo credor da Administração Pública). Só serão incluídos no orçamento os precatórios apresentados até 01/07, pois é nesta data que começa a discussão do orçamento para o ano seguinte (art. 100, §1º da CF).
 
Ordem cronológica de apresentação dos precatórios: Os precatórios devem ser liquidados na ordem cronológica de sua apresentação e não podem conter nome de pessoas e nem dados concretos (princípio da impessoalidade).
O pagamento fora da ordem cronológica de sua apresentação pode gerar, por parte do credor prejudicado, um pedido de seqüestro de quantia necessária a satisfação do seu débito, além da possibilidade intervenção federal ou estadual – “As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito” (art. 100, §2º da CF).
“O Presidente do Tribunal competente, que por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade” (art. 100, §6º da CF).
 
Liquidação dos precatórios:
 
Serão Liquidados até o último dia do exercício financeiro seguinte (art. 100, §1º da CF).
 
A EC 30/00 determinou que os precatórios pendentes em 2000 e os que decorram de ação ajuizada até 31/12/99 serão liquidados por seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de 10 anos, permitida a cessão de créditos.
 
A regra de parcelamentono pagamento de precatórios não se aplica aos créditos de pequeno valor assim definidos em lei, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 dos ADCT e suas complementações e os que já tiverem seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo. - “Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiveram os seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta emenda e os que decorrerem de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescentado juros legais, em prestações anuais iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão de créditos” (art 78 dos ADCT).
 
“As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora” (art. 78, §2º dos ADCT). Assim, se o Poder Público não pagar o precatório no primeiro ano, o particular pode ser liberado do pagamento de tributos. Esta norma sobre compensação legal depende de lei que ainda não veio.
 
A EC 37/02 determinou a aplicação do artigo 100 aos débitos da Fazenda Pública decorrentes de sentenças judiciais transitadas em julgado, desde que presentes os seguintes requisitos: Já ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários; ter sido definido como de pequeno valor pela lei de que trata o §3º do art. 100 da CF ou pelo 87 dos ADCT; estar total ou parcialmente pendente de pagamento na data da publicação da EC 37/02 (art. 86 dos ADCT).
 
Essa emenda estabeleceu uma regra transitória até a edição das leis definidoras de pequeno valor.
 
Exceção:
 
Créditos alimentares: Também dependem de precatórios e serão liquidados na ordem cronológica de sua apresentação, mas formam uma fila a parte em relação aos demais.
 
“A execução prevista no art. 100 caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentar não dispensa a expedição de precatórios, limitando-se a isenta-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza” (Súmula 655 do STF).
 
“Os débitos de natureza alimentar compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimento, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado” (art. 100, §1º-A da CF).
 
Créditos de pequeno valor: “O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deve fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado” (art. 100, §3º da CF).
 
O art. 87 do ADCT trazia a definição de pequeno valor, mas como os entes da federação já fixaram os limites em lei, não vale mais o ADCT. – “A lei pode fixar valores distintos para o fim previsto no §3 deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público” (art. 100, §5º da CF).
 
“São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor de execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma do estabelecido no §3º deste artigo e, em parte mediante expedição de precatório” (art. 100, §4º da CF).
 
 
Uso dos bens públicos
 
Noções gerais:
	As regras sobre o uso do bem público são de competência daquele que detém a sua propriedade, isto é da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
 
“É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público” (art. 23, I da CF).
 
“Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei” (art. 144, §8º da CF). Ex: Para se fazer uma passeata não é necessário autorização, mas deve-se avisar o Poder Público para preservação dos bens dos quais tenha titularidade.
 
Instrumentos para transferência do uso do bem publico para particulares:
	O uso dos bens públicos pode ser feito pela própria pessoa que detém a propriedade ou por particulares, quando for transferido o uso do bem público. Tal transferência se da através de autorização, concessão e permissão de uso.
 
Autorização de uso: 
	É o ato administrativo unilateral, discricionário e precaríssimo através do qual transfere-se o uso do bem público para particulares por um período de curtíssima duração. Libera-se o exercício de uma atividade material sobre um bem público. Ex: Empreiteira que esta construindo uma obra pede para usar uma área publica, em que irá instalar provisoriamente o seu canteiro de obra; Fechamento de ruas por um final de semana; Fechamento de ruas do Município para transportar determinada carga.
	Difere-se da permissão de uso de bem público, pois nesta o uso é permanente (Ex: Banca de Jornal) e na autorização o prazo máximo estabelecido na Lei Orgânica do Município é de 90 dias (Ex: Circo, Feira do livro).
 
Permissão de uso: 
	É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário através do qual transfere-se o uso do bem público para particulares por um período maior que o previsto para a autorização. Ex: Instalação de barracas em feiras livres; instalação de Bancas de jornal; Box em mercados públicos; Colocação de mesas e cadeiras em calçadas.
 
Concessão de uso:
 	Concessão comum de uso ou Concessão administrativa de uso: É o contrato por meio do qual delega-se o uso de um bem público ao concessionário por prazo determinado. Por ser direito pessoal não pode ser transferida, “inter vivos” ou “causa mortis”, a terceiros. Ex: Área para parque de diversão; Área para restaurantes em Aeroportos; Instalação de lanchonetes em zoológico.
 
 Concessão de direito real de uso: 
	É o contrato por meio do qual delega-se se o uso em imóvel não edificado para fins de edificação; urbanização; industrialização; cultivo da terra. (Decreto-lei 271/67). Delega-se o direito real de uso do bem.
 
Cessão de uso: 
	É o contrato administrativo através do qual transfere-se o uso de bem público de um órgão da Administração para outro na mesma esfera de governo ou em outra.
�	 Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
	I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
	II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Outros materiais