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Padrões de Tolerancia de Patogenos Associados a Semente

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PADRÕES DE TOLERÂNCIA DE PATÓGENOS 
ASSOCIADOS À SEMENTES 
 
José da Cruz Machado 
Escola Superior de Agricultura de Lavras, Departamento de 
Fitossanidade, Caixa Postal 37, 372000-000, Lavras, MG, Brasil 
 
 
RESUMO 
 
O estabelecimento de padrões de sanidade em programas de 
certificação e de vigilância sanitária vegetal é um dos principais objetivos da 
Patologia de Sementes, tendo em vista a potencialidade do uso desses padrões 
no controle de inúmeros patógenos transmitidos por sementes. O 
estabelecimento de padrões é uma tarefa das mais complexas por requerer 
conhecimentos profundos sobre o patógeno e o hospedeiro e sobre os fatores 
bióticos e abióticos que intercedem neste tipo de interação biológica. Do 
ponto de vista de certificação, padrões de tolerância são estabelecidos para 
doenças em condições de campo e para patógenos nos lotes de sementes 
destinados a plantio. Dentre os aspectos que devem ser considerados no 
estabelecimento e na recomendação desses padrões, no presente artigo são 
discutidos os principais, organizados em quatorze itens: 1. Importância 
econômica do patógeno; 2. Taxa de transmissão do patógeno; 3. Modelo 
epidemiológico das doenças; 4. Destino geográfico das sementes; 5. 
Densidade de semeadura; 6. Época de cultivo; 7. Método de análise sanitária 
das sementes; 8. Disponibilidade de medidas de controle do patógeno; 9. 
Introdução de novas variedades no programa; 10. Ocorrência de novas formas 
variantes do patógeno; I 1. Classe de sementes dentro do sistema; 12. 
Viabilidade do patógeno durante o armazenamento; 13. Tamanho e natureza 
da amostra; 14. Objetivos do programa de sementes. 
 
 
SUMMARY 
 
SEED TOLERANCE STANDARDS FOR SEED-BORNE PATHOGENS 
The establishment of health standards towards Seed Certification 
and Quarantine Programs is one of the main objectives of seed pathology, 
having in sight the potentiality of using these standards in order to control 
several seed-born pathogens. The establishment of seed health standards is a 
complex task, demanding solid knowledge on the pathogen and the host and 
on the biotic and abiotic factors which may interfere in such biological 
interaction. From the certification standpoint, health standards are established 
for disease in the seed production field and for pathogens in seed lots aimed to 
planting. In the present paper the following aspects. considered as the most 
relevant in the establishment and recommendation of seed health standards, 
are separately considered: 1. Economic importance of the pathogen; 2. 
Epidemiological model of diseases; 3. Transmission rate of the pathogen; 4. 
Geographic destination of the seeds; 5. Seeding rate; 6. Cropping season; 7. 
Seed health testing; 8. Availability of disease control measures; 9. 
Introduction of new cultivars in the seed program; 10. Variability of the 
pathogen; 11. Seed category in the certification scheme; 12. Viability of the 
pathogen during seed storage; 13. Size and sample nature; 14. Objectives of 
the Certification Program. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A utilização de sementes pelo homem com fins de propagação de 
plantas é uma prática universal empregada para o cultivo de cerca de 90% das 
espécies de importância destinadas a alimentação humana e animal 
(Neergaard, 1979). 
Especificamente para o Brasil, a importância do setor de sementes 
pode ser avaliada pela demanda deste insumo, necessário à produção anual de 
50-60 milhões de toneladas de grãos. Eqüivale essa demanda a uma área de 
plantio comercial de cerca de 4 milhões de hectares (Anuário Estatístico do 
Brasil, 1992). Em termos econômicos, o sistema de produção de sementes no 
país é uma atividade em torno da qual são gerados recursos da ordem de 3 a 5 
bilhões de dólares por ano, com indicações de seu crescimento de maneira 
acelerada nos próximos anos, à luz de metas governamentais e da própria 
necessidade de se produzir mais alimento. Torna-se, portanto, evidente o 
papel fundamental que o setor de sementes exerce para o desenvolvimento de 
países como o Brasil. 
Na condição de insumo biológico, sujeito portanto a uma série de 
interferências e sobre o qual recaem todos os demais fatores de produção, 
percebe-se que o aspecto de controle de qualidade no sistema surge como 
fator de extrema relevância, condicionando o sucesso ou o fracasso da 
atividade agrícola correspondente. Dentro deste contexto, reconhece-se que o 
aspecto sanitário é atualmente um dos fatores que mais tem contribuído com o 
segmento sementeira em todo o mundo (Menten, 1988, 1991; Neergaard, 
1979). 
Na presente revisão, fixou-se como objetivo central a abordagem de 
alguns aspectos que envolvem o estabelecimento e as aplicações de padrões de 
tolerância de patógenos de maneira geral. Aproveitou-se também a 
oportunidade para apresentar, de forma simplificada, outros aspectos no 
âmbito da Patologia de Sementes, os quais são de importância para a melhor 
compreensão e avaliação do tema em pauta. Neste sentido, julgou-se válido 
abordar primeiramente a importância do aspecto sanitário de sementes sob 
alguns ângulos e, em seguida, algumas considerações sobre a dinâmica da 
transmissão de patógenos por sementes. 
 
 
O SIGNIFICADO DA ASSOCIAÇÃO DE PATÓGENOS 
COM SEMENTES 
 
A importância da ocorrência de patógenos em sementes pode ser 
avaliada sob diferentes prismas, culminando todos, entretanto, com a 
dimensão econômica que cada interação patógeno-hospedeiro determina. 
Desta forma, o significado econômico dessa associação pode ser estimado 
tomando-se como base a própria expressão de cada doença na forma como ela 
ocorre na natureza e considerando-se o fato de que a maioria das doenças 
conhecidas pode ter seus agentes etiológicos transmitidos eficazmente pelas 
sementes de seus hospedeiros (Machado, 1988). 
Julga-se de extrema importância o fato de que os danos decorrentes 
da associação de patógenos com sementes não se limitam apenas a perdas 
diretas de população no campo, mas abrangem também uma série de outras 
implicações que, de forma até mais acentuada, pode levar a danos irreparáveis 
a todo o sistema agrícola. Para grande número de doenças de natureza 
devastadora, as sementes portadoras de seus agentes causais se constituem a 
sua única forma de disseminação e de perpetuação na natureza (Tanaka & 
Machado, 1985). 
Compilações publicadas periodicamente pela International Seed 
Testing Association (ISTA) (Noble et al., 1958; Richardson, 1979) dão conta 
de que em torno de 1500 espécies de agentes patogênicos podem associar-se 
às sementes de seus hospedeiros. Esse valor seguramente tem sido acrescido, à 
medida que se conhece melhor as relações entre os patógenos e seus 
hospedeiros e se considera a coevolução natural dessa interação biológica 
(Baker & Smith, 1966). 
Dentre os agentes patogênicos que podem associar-se às sementes 
de plantas, os fungos formam o maior grupo, seguido das bactérias e, em 
menor proporção, dos vírus e dos nematóides. 
De forma esquemática, na Figura 1 são apresentadas algumas das 
implicações danosas que decorrem da interação patógeno-sementes, 
ressaltando que, dependendo da visão de cada segmento que compõe os 
sistemas de produção, cada uma dessas implicações pode revestir-se de um 
significado diferente. 
 
 
Figura 1. Representação esquemática das implicações decorrentes de 
associações de patógenos com sementes. 
Embora as conseqüências enumeradas na Figura 1 sejam todas de 
grande importância no âmbito da Sanidade de Sementes, percebe-se que 
algumas delas , por apresentarem um papel mais destacado do ponto de vista 
epidemiológico, merecem maior atenção em termosde estabelecimento de 
padrões de tolerância. Vê-se, por exemplo, que a introdução aleatória e 
precoce de inóculo em áreas de cultivo, assim corno a prática de semeadura de 
compensação em determinadas ocasiões, são causas freqüentes de ocorrência 
de sérias epidemias nessas áreas. Vale aqui lembrar os modelos 
epidemiológicos de algumas doenças, como a antracnose do feijoeiro, causada 
por Colletotrichum lindemuthianum, e a requeima da ervilha, causada por 
Ascochyta pisi, cujo baixo nível de inóculo, associado às sementes, quase 
sempre determina danos incalculáveis a esses hospedeiros. Por serem agentes 
que raramente causam a morte das sementes na fase pré-emergente no solo e 
que se disseminam deforma explosiva a partir de plantas jovens infectadas, 
torna-se evidente que o controle desses patógenos no estádio de sementes é 
uma medida de grande alcance. 
Em termos de preservação do inóculo, o papel das sementes é dos 
mais destacados para a sobrevivência de muitos patógenos (Tabela 1). A 
possibilidade do declínio da viabilidade do inóculo na fase de armazenamento 
é um aspecto que tem merecido grande atenção dos patologistas, posto que 
este fato pode implicar em reflexos significativos em termos de definição de 
um índice de tolerância. 
Por outro lado, a possibilidade da transmissão de formas variantes 
mais patogênicas de alguns agentes fitoinfecciosos, ou até mesmo de espécies 
afins, de difícil identificação em sementes, pode muitas vezes, colocar em 
risco programas importantes de melhoramento e de certificação. Vale aqui 
citar os modelos da brusone do arroz, causada por Pyricularia oryzae, e a seca 
de vagens e de hastes da soja, causada pelo complexo Phomopsis spp. Nestes 
casos, a importância do inóculo nas sementes é questionada por alguns 
pesquisadores, mesmo quando em nível elevado, tendo como argumentos a 
existência de outros meios eficientes de disseminação e a sobrevivência do 
inóculo nas áreas de cultivo. Na impossibilidade de se identificar com 
precisão e rapidez formas variantes dessas espécies, por ocasião da análise em 
laboratório, e de se contar com medidas eficientes de sua erradicação em 
sementes, corre-se, nestes casos, sérios riscos no sentido de se veicular raças 
ou espécies afins de natureza intolerável. A recomendação de padrões de 
tolerância rigorosos nestas circunstâncias é, conseqüentemente, uma medida 
das mais prudentes e necessárias. 
Considerações mais detalhadas sobre as implicações que decorrem 
da associação de patógenos com sementes podem ser encontradas em 
literatura mais específica, como: Agarwal & Sinclair, 1987; Baker, 1972; 
Baker & Smith, 1966; Neergaard. 1979: Machado, 1988; Soave & Wetzel, 
Tabela 1. Longevidade de alguns patógenos em sementes armazenadas* 
 
Patógeno Hospedeir
o 
Longevidade máxima 
do inóculo (anos) 
Alternaria brassicicola brassicas 8 
Ascochyta pisi ervilha 7 
Colletotrichum gossypii algodão 13,5 
Pyricularia grisea arroz 4 
Sclerotinia sclerotiorum diversos 7 
Tilletia caries trigo 18 
Xanthomonas campestris pv. phaseoli feijão 15 
X. campestris pv. malvacearum algodão 4,5 
Vírus do Mosaico comum feijão 30 
Vírus do Mosaico estriado trigo 3 
Aphbelenchoides besseyi arroz 3 
Dytilenchus dipsaci aveia 8 
(*) Fonte: Neegaard (1979) e Machado (1988). 
1987, entre outras. 
 
 
ASPECTOS GERAIS SOBRE DINÂMICA DA 
TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS POR SEMENTES 
 
Conforme explicitado por inúmeros autores, como Baker & Smith 
(1966) e Neergaard (1979), a qualidade sanitária de sementes é conseqüência 
da ação integrada de uma série de fatores, controláveis e incontroláveis, que 
acontecem durante todo o processo de produção no campo e na fase de pós-
colheita, até o consumidor final. 
Em programas de certificação onde se busca manter a integridade 
genética das variedades recomendadas, através do (controle de gerações e da 
qualidade física, fisiológica e sanitária das sementes, duas fases são 
claramente distintas em cada geração do sistema: a fase de campo 
propriamente dita e a fase de controle de qualidade, cujo inicio se dá no 
próprio campo e prossegue nas etapas de colheita, até a comercialização. 
Em ambas as etapas, o conhecimento da dinâmica e dos 
mecanismos de transmissão e de dispersão de patógenos por sementes é 
requisito fundamental para o estabelecimento de padrões sanitários. A 
transmissão de patógenos, do ângulo da Patologia de Sementes, diz respeito à 
passagem de um patógeno de uma geração a outra, seja a partir de uma ou 
mais sementes, às plantas emergentes oriundas de um mesmo lote, seja a partir 
de plantas doentes, no campo de produção, às sementes em formação (Baker 
& Smith, 1966). Neste sentido, o transporte de patógenos por sementes não 
implica na sua eventual transmissão entre gerações subseqüentes. Por outro 
lado, a passagem ou a transferência de inóculo entre plantas de uma mesma 
geração, ou entre sementes de um mesmo lote, implica em disseminação ou 
dispersão de patógenos. 
Para que se entenda a dinâmica de transmissão de patógenos por 
sementes, é importante que se tenha conhecimento prévio das diferentes 
formas como os patógenos são veiculados em um lote (Machado, 1988; 
Menten & Bueno, 1987). Dependendo do tipo de patógeno, o inóculo pode ser 
veiculado na forma de estruturas acompanhantes, ou aderidas passivamente às 
sementes ou, ainda, embebidas nos tecidos dessas de forma superficial ou mais 
profunda. Entre os patógenos transmitidos por sementes existe grande 
variação, em termos de posicionamento preferencial do inóculo em relação às 
sementes, e isto faz com que o desenvolvimento das doenças correspondentes 
tenham modelos de ciclos diferenciados (Neergaard, 1979). 
Para cada etapa do sistema de produção de sementes, em condições 
de campo, a dinâmica de transmissão de patógeno deve ser, portanto, 
analisada em separado nas etapas de “Semente à Planta” e de “Planta à 
Semente”. Os principais fatores que interferem na transmissão do patógeno 
nestas duas rotas estão sumarizados esquematicamente nas Figuras 2 e 3. Por 
sua vez, os fatores que podem intervir na dispersão ou disseminação de 
inóculo infectivo entre plantas, em população no campo, e entre sementes na 
fase de pós-colheita, podem ser visualizados na Figura 4. 
Para informações mais pormenorizadas sobre mecanismos e 
dinâmica de transmissão de patógenos por sementes, são recomendadas as 
publicações clássicas de Patologia de Sementes, sendo Baker (1972), Baker & 
Smith (1966) e Neergaard (1979) as mais indicadas. 
 
 
CONCEITO E APLICAÇÕES DE PADRÕES DE 
TOLERÂNCIA 
 
O conceito de padrão de tolerância de um patógeno em sementes de 
uma dada espécie vegetal pode ser assumido como sendo o nível de 
ocorrência do patógeno em um dado lote de sementes abaixo do qual danos 
econômicos, a curto, médio ou longo prazos, são aceitáveis. Por sua vez, o 
padrão de tolerância em campos de produção de sementes corresponde ao 
número mínimo de plantas infectadas, acima do qual os surtos epidêmicos são 
iminentes, comprometendo o sucesso do cultivo naquela safra. É válido 
lembrar que a tarefa de se definir um índice de tolerância é dinâmica, na 
medida que um fator componente da interação patógeno-hospedeiro-ambiente 
seja intencional ou naturalmente introduzido, modificado ou removido do 
sistema de produção correspondente. 
O estabelecimento de padrões de tolerância de patógenos em 
sementes é uma tarefa complexa, por envolver uma interação entre dois 
agentes biológicos, onde se aplicam princípios interdisciplinares, com 
destaque para a Fitopatologia, enfatizando mais especificamente a 
Epidemiologia e a Tecnologiade Sementes. O padrão de tolerância de 
patógenos é, portanto, um indicador que deve ter o respaldo de informações 
sólidas de pesquisa conduzida, levando-se em consideração os diversos fatores 
que atuam nessa interação. 
Em algumas circunstâncias, a definição ou a determinação do nível 
de tolerância de patógenos é assumida, levando-se em consideração, 
entretanto, a experiência de profissionais que atuam nas áreas de produção e o 
bom senso que cada caso recomenda ou exige. Esse tipo de atitude justifica-
se em ocasiões em que se tem como alvo maior de um Programa a proteção do 
Sistema como um todo, em face a certos riscos que devem ser evitados. 
A adoção de padrões de tolerância de patógenos em sementes é, na 
concepção de Controle Integrado de Doenças, uma das medidas que tem 
 
 
Figura 2. Representação esquemática dos principais fatores que interferem na 
transmissão de patógenos, a partir das sementes, às plantas 
emergentes. 
 
 
Figura 3. Representação esquemática dos principais fatores que interferem 
no processo de infecção/contaminação das sementes a partir da 
planta mãe infectada. 
 
 
Figura 4. Representação esquemática dos principais fatores que interferem na 
transferência de inóculo de patógenos entre plantas em população 
(A) e entre 
ganho importância acentuada na prática. 
De maneira geral, o conhecimento de padrões sanitários tem sua 
aplicação mais direcionada a Programas de Certificação, onde se busca a 
melhoria da qualidade das sementes, em suas diversas etapas, bem como a 
Programas de Vigilância Sanitária Vegetal, em que se busca interceptar 
agentes exóticos, e a esquemas de tratamento de sementes, em que os padrões 
são recomendados como ponto referencial, conforme relatam Jorgensen 
(1983) e Bradal (1993). 
Do ponto de vista de controle de qualidade em programas de 
certificação, a adoção de padrões sanitários se presta essencialmente para a 
tomada de decisão em termos de aprovação ou de rejeição de campos de 
produção e de lotes produzidos, destinados a plantios, em função de sua 
condição sanitária. 
Do ponto de vista ecológico, vê-se que com o uso de padrões 
sanitários busca-se reduzir o uso sistemático, quase sempre necessário, de 
outras medidas com características poluidoras do ambiente, que põem em 
risco a saúde do homem e dos demais seres vivos. 
Em termos de Defesa Fitossanitária, a adoção de padrões de 
tolerância, baseada em análise de sanidade de sementes, tem sido uma forma 
eficaz de se impedir a introdução ou a circulação de inúmeros patógenos de 
natureza epidêmica em locais ainda isentos desses agentes. Historicamente, a 
literatura relata informações sobre interceptação de patógenos quarentenários 
em sementes por ocasião da sua comercialização no plano internacional 
(Neergaard, 1979, 1980; Wetzel, 1988). Vale ressaltar que, em se tratando de 
organismos quarentenários, os testes de sanidade devem ser dotados de maior 
sensibilidade, capazes de detectar patógenos em níveis considerados até 
mesmo desprezíveis do ponto de vista de certificação. 
Na Tabela 2 são apresentados alguns exemplos de aplicações bem 
sucedidas de padrões sanitários a programas de certificação de sementes em 
diferentes partes do mundo. 
 
 
ASPECTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NO 
ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE TOLERÂNCIA 
EM PROGRAMAS DE SEMENTES 
 
Conforme já ressaltado anteriormente, o estabelecimento de um 
padrão de tolerância para um dado patógeno em um hospedeiro é uma tarefa 
das mais complexas que depende da consideração integrada de inúmeros 
fatores e aspectos, de natureza diversa. Tal complexidade faz com que a 
abordagem desse tema seja de certa forma dificultada, levando a inevitáveis 
sobreposições e à repetição nas argumentações utilizadas. 
Tabela 2. Exemplos de índices de tolerância de patógenos adotados em alguns 
programas de certificação de sementes 
 
Patógeno/hospedeiro Classe de 
sementes 
Índice de 
tolerância 
Referência 
I. Padrões em sementes Alface 
Vírus do Mosaico comum B e C 0,02 % 
0,0033 % 
Ball, 1991 
Ball, 1991 
Grogan, 1983 
Brassicas 
Phoma lingam 
Pr e C 0,01 % Ball, 1991 
 
Cereais temperados 
Claviceps purpurea 
 
B 
C 
 
1 escl./500 g 
2 escl./500 g 
 
Ball, 1991 
Ball, 1991 
Ustilago nuda 
Vírus do Mosaico estriado 
B e C 
B 
0,5 % 
0 % 
Carrol, 1983 
 
Colza 
Sclerotinia sclerotiorum 
 
Todas 
 
5 escl./70 g 
 
Ball, 1991 
 
Ervilha 
Aschochyta spp. 
 
B e C 
 
5,0 % 
 
Ball, 1991 
 
Feijão vagem 
Colletotrichum 
lindemuthianum 
 
B 
 
0,16 % 
 
Ball, 1991 
Pseudomonas seringae pv. 
phaseolicola 
 
B 
 
0,02 % 
 
Ball, 1991 
 
Girassol 
Botrytis spp. 
 
Todas 
 
5,0 % 
 
Ball, 1991 
 
Arroz 
Aphelenchoides besseyi 
 
- 
 
30 exemplares 
100 sementes 
 
Huang, 1983 
 
Feijão 
Pseudomonas phaseolicola 
 
- 
- 
 
0,005 % 
0,006 % 
 
Schaad, 1983 
Guthrie et al., 1965 
X. campestris pv. phaseoli - 1,0 % Sheppard, 1983 
C. lindemuthianum - 
B e C 
0 % 
0 % 
Sheppard, 1983 
Yorinori, 1988 
Continuação Tabela 2. 
Patógeno/hospedeiro Classe de 
sementes 
Índice de 
tolerância 
Referência 
Trigo 
Anguina tritici 
Tilletia indica 
 
C 
- 
 
0 % 
0,25 % 
 
Khare, 1992 
Khare, 1992 
 
Soja 
Mancha púrpura 
Mancha café 
 
Todas 
Todas 
 
10,0 % 
20,0 % 
 
Yorinori, 1988 
Yorinori, 1988 
 
II. Padrões em campo de produção 
Colza 
Requeima foliar (Alternaria) 
 
B 
C 
 
0,1 % 
0,2 % 
 
Khare, 1992 
Khare, 1992 
 
Ervilha 
Mosaico comum 
 
B 
C 
 
0,5 % 
1,0 % 
 
Khare, 1992 
Khare, 1992 
 
Milheto 
C. purpurea 
 
B 
C 
 
0,02 % 
0,04 % 
 
Khare, 1992 
Khare, 1992 
 
Trigo 
Ustilago nuda 
 
B 
 
0,1 % 
 
Khare, 1992 
 
Feijão comum 
Antracnose 
Mosaico comum 
Mancha angular 
Mofo branco 
Alternariose 
Bacteriose 
 
B e C 
B e C 
B e C 
B e C 
B e C 
B e C 
C 
 
0 % 
0 % 
20 % 
0 % 
20 % 
20 % 
5 %* 
 
Yorinori, 1988 
Yorinori, 1988 
Mehta, 1986 
Metha, 1986 
Mehta, 1986 
Mehta, 1986 
Sheppard, 1983 
 
Algodão 
Murcha de Fusarium e 
Murcha de Verticillium 
 
B 
C 
 
0,2 % 
0,5 % 
 
Mehta, 1986 
Mehta, 1986 
 
Milho e sorgo 
Sclerospora sorghi 
 
Todas 
 
0 % 
 
Mehta, 1986 
B = Básicas, C = Certificadas. 
(*) Referente a Pseudomonas phaseolicola. 
O destaque dos 14 itens apresentados nesta seção é uma tentativa de 
englobar os principais aspectos que envolvem o estabelecimento e a 
recomendação final de padrões de sanidade de maneira geral. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO PATÓGENO 
 
A forma como esse parâmetro influencia a definição de um índice 
de tolerância de um patógeno está intimamente ligada a sua natureza 
epidêmica e ao grau em que ocorre associado às sementes. Obviamente, a 
dimensão da importância econômica de um patógeno deve ser analisada em 
termos não só dos danos que causa à cultura hospedeira em uma dada safra, 
como também da sua atuação subseqüente em termos de cultivos futuros deste 
e de outras plantas de interesse econômico. Dentre os patógenos transmitidos 
por sementes, vários são reconhecidos pela sua elevada capacidade de se 
tomarem epidêmicos. O aspecto econômico deve ser, portanto,avaliado caso a 
caso, sendo uma informação circunstancial que torna-se extremamente 
variável em função de inúmeros aspectos (Agrios, 1978; Neergaard, 1979; 
Chiarappa, 1992). 
Alguns exemplos de patógenos transmitidos por sementes, de 
grande importância econômica no Brasil na atualidade, são: Sclerotinia 
sclerotiorum, em diversos hospedeiros; o complexo Phomopsis, em soja; 
Colletotrichum lindemuthianum, em feijoeiro; C. gossypii var. 
cephalosporioides, em algodão; Clavibacter michiganensis, em tomateiro; 
vírus do mosaico comum, em alface; e inúmeros outros de igual importância 
em todo o mundo. 
 
TAXA DE TRANSMISSÃO DO PATÓGENO 
 
Estudos sobre as relações patógeno-hospedeiro têm revelado que a 
simples presença de um patógeno em um lote de sementes ou no campo de 
produção, não é suficiente para assegurar a sua transmissão às gerações 
subseqüentes (Machado, 1988). Inúmeros trabalhos têm demonstrado que a 
ocorrência de doenças no campo, em grande parte, não se correlaciona com o 
nível de inóculo nas sementes (Dhingra & Kushalappa, 1980; Dhigra et al., 
1986; Machado, 1988; Neergaard, 1979; Pizzinato, 1988; Tanaka, 1990). 
Este fato decorre da interferência de uma série de fatores de natureza biótica e 
abiótica, a maioria dos quais já destacados nas Figuras 2 e 3. 
A determinação da taxa de transmissão, para cada combinação 
patógeno-hospedeiro, é uma tarefa, portanto, das mais complexas, requerendo 
estudos ao nível de região e repetidos por um período representativo da gama 
de variação das condições edafoclimáticas que predominam nas áreas de 
cultivo. Delineamentos mais complexos, embora sejam mais precisos do ponto 
de vista epidemiológico, são, muitas vezes, substituídos por esquemas mais 
simplificados que, de certa forma, proporcionam a segurança que o Sistema 
requer (Hewett, 1991). 
A taxa de transmissão de um patógeno, considerada na rota semente 
à planta, corresponde à relação matemática entre o nível de ocorrência deste 
patógeno presente na amostra de laboratório, determinado por um teste de 
sanidade, e o desenvolvimento do processo infeccioso nas plantas, em 
condições de campo. Tal relação raramente atinge o valor numérico 1, tendo 
em vista as limitações que existem em termos de metodologia de detecção de 
inóculo infectivo em laboratório e os diversos fatores que atuam nessa fase e 
que restringem a ação do patógeno (Agarwal & Sinclair, 1987; Neergaard, 
1979). 
Vale lembrar que a taxa de transmissão é um parâmetro que diz 
respeito à transferência do patógeno de uma geração a outra, não levando em 
conta a taxa de dispersão do inóculo entre plantas em população, que é um 
outro parâmetro importante no estudo do modelo epidemiológico das doenças, 
conforme já tratado no item anterior. Um dos exemplos, envolvendo o 
conhecimento da taxa de transmissão de um patógeno via sementes, é o 
Nomograma (Figura 5), elaborado por Taylor (1970) em estudos realizados 
com Pseudomonas phaseolicola, em feijoeiro comum. Percebe-se com este 
estudo a relevância de se conhecer com profundidade o comportamento das 
doenças a partir de sementes infectadas ou contaminadas. De capital 
importância no estudo da transmissão de patógenos, via sementes, é 
estabelecer a intensidade com que ela ocorre, apoiando-se em parâmetros 
como tipo, quantidade e posição do inóculo associado às sementes no lote e a 
extensão do processo de transferência deste inóculo às plantas emergentes 
(Colhoun, 1983). 
Patógenos cujo inóculo se localiza com mais freqüência nas 
superfícies das sementes são mais sujeitos à ação de inúmeros fatores 
ambientais, com destaque para antagonistas. Em outros casos, como para 
algumas espécies de Ustilago, cujo inóculo se localiza normalmente nos 
tecidos embrionários das sementes, há menor influência desses fatores 
externos. Vale aqui considerar que a probabilidade de transmissão de um dado 
patógeno a partir das sementes é tanto maior na medida em que o seu inóculo 
se localiza mais internamente nessas estruturas. Em sua grande maioria, o 
inóculo de fungos transmitidos por sementes se localiza preferencialmente nos 
tecidos mais superficiais, no tegumento e no endosperma. 
Embora seja evidente a relevância deste tipo de estudo com vistas à 
determinação de padrões de tolerância, vale registrar o reduzido número de 
publicações neste campo, determinado seguramente pela pouca integração de 
profissionais que atuam nas áreas de Epidemiologia e nas demais 
 
 
Figura 5. Nomograma para interpretação e previsão de epidemias causadas 
por Pseudomonas phaseolicola em feijoeiro. Efeitos medidos com 
base na redução do inóculo inicial na semente e na redução da taxa 
da epidemia através de pulverizações foliares. (Nomograma 
preparado por Taylor, Phelps e Dudley, 1979, citado por Hewett, 
1983). 
especialidades afins, conforme ressaltam Maffia et al. (1988). 
Exemplos clássicos sobre o tema em apreço são os estudos de 
Taylor (1970), de Hewett (1973) e de Strider (1969), que relatam taxas de 
transmissão de 10 % de P. phaseolicola e de X. phaseoli var. fuscous, em 
feijão, de 4-8 % de Ascochyta fabae, em feijão fava, e de 1-4 % de 
Clavibacter (Corynebacterium) michiganense, em tomate, respectivamente. 
Ao nível de Brasil, vale lembrar entre outros os estudo seguintes: Huang 
(1983), Lima et al. (1985), Machado et al. (1985), Pizzinato (1988), Tanaka 
(1990), Faiad (1992), Oliveira et al. (comunicação pessoal). Algumas dessas 
informações são, às vezes, discordantes, provavelmente pela falta de 
padronização dos métodos empregados para este tipo de estudo. 
Ao nível de campo, um fator de grande relevância, que condiciona 
a transferência do inóculo a partir da planta mãe para as sementes em 
formação, é a época de infecção da planta. Infecções tardias ou muito 
precoces, a par dos demais fatores, podem não corresponder a altas taxas de 
transmissibilidade do inóculo. Infecções muito precoces podem provocar 
abortos, ou impedir que sementes sejam concebidas, pelo ataque direto do 
patógeno aos tecidos de órgãos reprodutivos, sendo produzido nestas 
circunstâncias um menor número de sementes (Machado & Carvalho, 1975). 
Vale lembrar que, para a maioria das espécies de plantas cultivadas, o período 
de florescimento é relativamente prolongado e isto pode predispor a planta a 
períodos favoráveis e desfavoráveis de ambiente para o desenvolvimento de 
patógenos. Por outro lado, infecções tardias da planta mãe podem encontrar 
barreiras de natureza estrutural e/ou química, formadas pelo próprio 
hospedeiro (Neergaard, 1979; Araujo, 1988). Ausência de conexões 
vasculares e de outros canais de ligação entre os tecidos embrionários da 
semente e a planta mãe, na fase avançada de desenvolvimento deste processo, 
é uma das hipóteses lançadas para explicar o baixo percentual de transmissão 
de vírus, por sementes, na prática (Bennet, 1969; Neergaard, 1979). 
Condições favoráveis à ocorrência tardia de certas doenças no 
campo levam, também, geralmente à produção de inóculo, que pode 
acompanhar as sementes no lote ou se estabelecer na superfície destas. 
 
MODELO EPIDEMlOLÓGICO DA DOENÇA 
 
Do ponto de vista da Patologia de Sementes, os patógenos podem 
ser agrupados de, modo geral, em diferentes categorias quanto a sua natureza 
epidemiológica. Leva-se em consideração nesse agrupamento alguns 
parâmetros de maior peso, como: grau de dependência do patógeno, em 
relação às sementes, para sua disseminação inicial; grau de sobrevivência do 
inóculo no solo e restos culturais; capacidade de multiplicação; grau de 
parasitismo (Neergaard, 1979). Deve-se ressaltar também que tal agrupamento 
não apresenta delimitações claras,podendo um mesmo patógeno pertencer a 
mais de uma categoria. Portanto, com base no aspecto epidemiológico, são 
reconhecidos os seguintes grupos de patógenos: a. “patógenos que dependem 
exclusiva ou quase exclusivamente das sementes para serem disseminados” - 
neste grupo, o vírus do mosaico estriado da cevada, a maioria das espécies 
causadoras de carvões em cereais e algumas espécies de Colletotrichum, de 
Drechslera e de Alternaria são exemplos típicos; b. “patógenos que se 
estabelecem e se desenvolvem preferencialmente no solo ou em restos 
culturais” - como exemplo, podem ser citadas espécies de Fusarium, de 
Rhizoctonia, de Macrophomina; c. “patógenos com elevada taxa de 
multiplicação e dispersão na parte aérea, partindo-se de baixo nível de inóculo 
presente nas sementes” - aqui estão enquadradas algumas espécies de 
Colletotrichum, como C. lindemuthianum, em feijoeiro, de Ascochyta, caso 
de A. pisi, em ervilha, e de Xanthomonas, em hospedeiros como o feijoeiro, o 
algodão e as brassicas; d. “patógenos cujas fases reprodutivas assexuada e 
sexuada) exercem, ambas, papel fundamental na produção de inóculo 
infectivo no decorrer do ciclo produtivo do hospedeiro” - típicas desse grupo 
são as espécies Sclerotinia sclerotiorum e Mycosphaerella pinnodes; e. 
“patógenos com elevada capacidade de multiplicação mas que dependem de 
outros meios para sua dispersão”. Enquadram-se neste grupo um grande 
número de vírus causadores de Mosaicos, os quais dependem, em grande 
escala, de vetores para sua disseminação rápida no campo (os agentes causais 
das ferrugens também podem ser enquadrados nesta categoria, pela sua alta 
dependência de correntes aéreas para disseminação de inóculo); f. “patógenos 
colonizadores do sistema vascular de plantas nas quais os sintomas produzidos 
não são facilmente reconhecidos” - algumas espécies de Fusarium, de 
Verticillium, de Colletotrichum, de Xanthomonas etc. se enquadram nesta 
categoria; g. “organismos ou agentes, considerados patógenos fracos, mas que, 
dependendo das circunstâncias, podem causar danos econômicos” - esta 
categoria engloba espécies de Aspergillus e de Penicillium, com maior 
freqüência, e considera a fase de armazenamento das sementes. 
Do ponto de vista de certificação, a adoção de padrões de 
tolerância estabelecidos para aqueles patógenos com maior grau de 
dependência das sementes (grupo a) faz com que a aplicação desta medida 
possa, por si somente, determinar o controle destes organismos (Hewett, 
1979). 
Dependendo do modelo epidemiológico em que os patógenos se 
enquadram, torna-se fácil, portanto, visualizar a influência que ele exerce na 
definição dos respectivos padrões de tolerância. Para muitos dos patógenos 
que associam-se às sementes, a adoção de padrões de tolerância assume 
importância maior, considerando-se o aspecto de proteção das áreas de 
cultivo, sendo recomendados, para alguns deles, índices com valor zero. 
 
DESTINO GEOGRÁFICO DAS SEMENTES 
 
Dentro de certo limite, o cultivo de urna mesma espécie, ou de 
variedade de um vegetal, pode ser praticado com sucesso em diferentes 
regiões geográficas com características edafoclimáticas distintas. Isto faz com 
que algumas doenças e pragas com limitada faixa de condições favoráveis ao 
seu desenvolvimento possam ser efetivamente controladas em níveis 
toleráveis. Evidencia-se, desta forma, o fato de que para muitos desses 
patógenos conhecidos torna-se possível a adoção de padrões de tolerância 
diferenciados. Neste sentido, os exemplos clássicos conhecidos em todo o 
mundo são a antracnose do feijoeiro e alguns mosaicos causados por vírus em 
uma série de hospedeiros. No primeiro caso, índices mais elevados de 
Colletotrichum lindemuthianum, em sementes, podem teoricamente ser 
insignificantes em regiões com predominância de temperaturas elevadas e de 
atmosfera com baixa umidade relativa (Galves, 1976). É válido lembrar que as 
regiões com oscilações bruscas de temperaturas diurnas e noturnas, 
provocando a formação de orvalho, devem ser descartadas para produção de 
sementes sadias. Por sua vez, regiões com características desfavoráveis ao 
desenvolvimento de insetos vetores devem ser preferidas, visando o controle 
de alguns vírus. 
Um aspecto extremamente limitante para o estabelecimento e para a 
recomendação de padrões de tolerância diferenciados para um mesmo 
patógeno, com base no destino geográfico das sementes, é a incerteza sobre o 
nível de adoção deste tipo de medida, por parte do sistema como um todo. 
Nestas circunstâncias é fácil prever os riscos que este tipo de falha pode gerar. 
 
DENSIDADE DE SEMEADURA 
 
O maior ou menor grau de desenvolvimento de doenças de natureza 
epidêmica no campo depende, em grande escala, do número e do padrão de 
distribuição do inóculo primário por área plantada. Para uma mesma taxa de 
transmissão, vê-se pelo Nomograma da Figura 3 que a quantidade de inóculo 
primário é um fator condicionador da maior ou menor incidência da doença no 
campo de cultivo (Hewett, 1983b). Em situações onde a densidade de plantio 
pode ser reduzida, criam-se condições desfavoráveis a certas doenças e isto 
possibilita definir padrões de tolerância mais flexíveis. 
Para alguns casos, vale aqui registrar as implicações de se praticar 
semeadura de compensação. Em se tratando de baixo estande inicial, tendo 
como causa a ação de agentes patogênicos, há de se prever conseqüências 
desastrosas nestas circunstâncias. Enquadra-se, também, nestes casos a prática 
de semeaduras mais adensadas com o intuito de se proceder ao raleamento em 
pós-emergência, como acontece com o algodoeiro, em certas regiões, e com 
algumas hortaliças. 
É preciso que se tenha em mente o fato de que a semeadura de 
400.000 sementes por hectare, de feijão, por exemplo, apresentando um índice 
de ocorrência de patógenos, dos tipos Sclerotinia sclerotiorum e 
Colletotrichum lindemuthianum, da ordem de 0,25 %, significa a introdução 
de 1000 focos primários de infecção na referida área. 
 
ÉPOCA DE CULTIVO 
 
A exemplo do que ocorre em termos de variação entre regiões 
geográficas, espécies vegetais de interesse econômico podem ser cultivadas 
em diferentes épocas do ano, algumas podendo apresentar 3 a 4 ciclos 
produtivos. Este fato, a exemplo do que se referiu no item anterior, faz com 
que o manejo da época de cultivo ofereça a possibilidade de se evitar a 
incidência, ou mesmo reduzir a ação mais danosa, de inúmeras doenças. Com 
base neste fato, é possível admitir que padrões de tolerância para alguns 
patógenos podem também ser passíveis de diferentes valores. Subentende-se 
também nesses casos que o estabelecimento de padrões de tolerância deve ser 
apoiado em estudos epidemiológicos realizados nas próprias regiões de 
cultivo. 
É provável que o cultivo de feijoeiro, em épocas alternativas mais 
quentes, desfavoráveis ao desenvolvimento do mofo branco causado por 
Sclerotinia sclerotiorum, seja uma das estratégias de se evitar esta doença, 
reduzindo, com isso, as chances de ocorrência do patógeno junto aos lotes 
destinados a plantio. 
 
MÉTODO DE ANÁLISE SANITÁRIA EM SEMENTES 
 
A sensibilidade e a reprodutibilidade por parte dos testes de 
sanidade de sementes são, ainda, aspectos que têm merecido de Associações 
de âmbito internacional, como a ISTA (International Seed Testing 
Association) e nacional, como a ABRATES (Associação Brasileira de 
Tecnologia de Sementes), uma crescente atenção, considerando-se que a 
recomendação destes testes deve ser precedida de embasamento estatístico, 
através da participação de laboratórios credenciados em esquema de aferição 
(Hewett, 1983a; Franken & Sheppard,1993). Desta forma, testes de 
reprodutibilidade questionável devem ser evitados em favor de outros que 
preencham este princípio estatístico. 
Portanto, teoricamente, para testes com sensibilidade e/ou 
reprodutibilidade mais baixas, os padrões de tolerância devem ser mais 
rigorosos. Na impossibilidade de se utilizar testes com maior sensibilidade, 
por razões econômicas e operacionais, os valores dos padrões para um dado 
patógeno devem ser mais baixos do que os dos padrões recomendados para os 
métodos de maior precisão. 
É oportuno salientar que para expressivo grupo de patógenos ainda 
não se conta com métodos de detecção que sejam confiáveis ou mesmo 
viáveis de aplicação em procedimentos de rotina. Incluem-se aqui os fungos 
causadores de míldios inferiores, como é o caso de Peronosclerospora sorghi, 
em milho, e de Plasmopara halstedii, em girassol, entre outros. 
Uma das sérias limitações ainda existentes no campo da 
metodologia de detecção de patógenos em sementes é a dificuldade que se 
enfrenta para desenvolver métodos viáveis que forneçam informações 
percentuais. Isto se aplica aos grupos das bactérias, dos vírus e dos 
nematóides, em que a simples constatação da presença ou ausência dos 
patógenos, pelos testes adotados, é utilizada para aprovar, ou não, o lote em 
teste. A recomendação de padrões de tolerância na forma de valores 
percentuais, nestes casos, fica na dependência da aplicação de princípios 
estatísticos que estimam os valores quantificados com certa segurança (Taylor 
et al., 1993). 
Outra limitação que se percebe na maioria dos testes de sanidade 
conhecidos, é a falta de informações que estes conferem em termos de 
quantidade de inóculo por sementes individuais. Em algumas circunstâncias, 
níveis percentuais mais baixos de um dado patógeno podem ser mais 
prejudiciais do que níveis mais elevados. 
Por sua vez, tratando-se de campo de produção de sementes, é 
presumível também notar as dificuldades existentes para a definição de 
padrões de tolerância para certas doenças, considerando-se a complexidade de 
seu quadro sintomatológico. Soma-se a este aspecto o fato de que a época e a 
freqüência de inspeções de campo, visando avaliar a identidade genética da 
variedade e a presença de plantas invasoras indesejáveis em certificação, nem 
sempre coincidem com as épocas mais apropriadas para inspeções de 
sanidade. 
 
DISPONIBILIDADE DE MEDIDAS DE CONTROLE DO PATÓGENO 
 
Em termos de controle de qualidade dentro de um programa de 
certificação, inúmeros patógenos de importância econômica podem ser 
erradicados ou reduzidos a níveis toleráveis, através do tratamento ou do 
manejo das sementes. 
Com o tratamento das sementes, em que se empregam princípios 
físicos, químicos e biológicos, tem sido possível controlar com eficácia 
inúmeras doenças. Trata-se de urna medida de simples execução, que, ao lado 
de outros méritos, busca preservar a integridade do ambiente. 
Dependendo, pois, da disponibilidade de métodos eficazes de 
tratamento de sementes, os valores para padrões de tolerância podem ser 
estabelecidos de maneira mais flexível. Para algumas espécies de fungos 
pertencentes aos gêneros Alternaria, Drechslera, Phomopsis, Cercospora e 
Colletotrichum, podem ser definidos índices de tolerância como parâmetros 
referenciais, indicadores da necessidade do tratamento de sementes (Bradal, 
199; Jorgensen, 1983). 
Ao nível de campo, a existência de métodos eficientes de controle 
preventivo de certas doenças, como, por exemplo, o uso de pulverizações com 
fungicidas, podem fazer com que a adoção de padrões de tolerância, neste 
estágio, seja uma providência também flexível. Por outro lado, para doenças 
cujo controle no campo é relativamente pouco eficiente, e se tratam de 
doenças importantes do ponto de vista epidemiológico, como é o caso do 
“mofo branco”, em feijão de inverno e em soja em altitudes elevadas, e das 
“murchas de Fusarium”, em diversos hospedeiros, os padrões de tolerância 
devem ser os mais rigorosos possíveis. 
 
INTRODUÇÃO DE NOVAS VARIEDADES NO PROGRAMA 
 
De certa forma, a abordagem deste item em separado, excluído do 
item anterior, justifica-se pelo enorme impacto que o lançamento de uma nova 
variedade dentro de um programa de certificação pode ocasionar, em termos 
de recomendação de padrões para alguns patógenos. Mediante o grau de 
resistência que este tipo de material pode apresentar a determinadas doenças, 
os valores dos padrões de tolerância podem sofrer alterações profundas. 
Torna-se evidente que a introdução de uma variedade resistente a 
determinado patógeno faz com que todos os fatores que aluam na sua 
interação com o hospedeiro tenham comportamentos diferentes. É necessário 
que se tenha também em mente que, ao nível de campo, o grau de resistência 
dos órgãos que compõem a planta hospedeira pode apresentar variações 
substanciais. Neste particular, nem sempre a maior severidade da doença nas 
partes vegetativas da planta corresponde a uma maior incidência do patógeno 
nas sementes em formação (Dhingra et al., 1986). 
 
OCORRÊNCIA DE NOVAS FORMAS VARIANTES DO PATÓGENO 
 
O grau de variabilidade entre os patógenos transmissíveis por 
sementes, ao nível de raça, de estirpe ou biótipo é uma característica que 
qualifica certas espécies e que influencia decisivamente a estratégia final de 
estabelecimento de padrões de tolerância em Programas de Sementes e de 
Vigilância Vegetal. De maneira semelhante, a introdução de uma nova 
variedade de um hospedeiro em programas de certificação e o surgimento de 
uma nova raça ou estirpe constituem-se fatores de modificações nas relações 
existentes entre este patógeno e seu hospedeiro. Nestas circunstâncias, o 
estabelecimento de padrões de tolerância deve ser revisto e valores mais 
rigorosos devem ser recomendados. 
Na impossibilidade de se dispor de métodos capazes de distinguir 
rapidamente formas variantes em análise de rotina, os padrões de tolerância 
para a espécie como um todo devem ser mais rigorosos. Procura-se, neste 
caso, conferir maior proteção a todo o sistema. 
 
CLASSE DE SEMENTES DENTRO DO SISTEMA 
 
Conforme já referido em itens anteriores, a estratégia de controle de 
inúmeros patógenos associados a sementes reside na adoção sistemática de 
padrões de tolerância para estes agentes no decorrer de todas as etapas de 
multiplicação e de produção de sementes. É evidente que o uso de sementes 
básicas ou pré-básicas contendo patógenos, objetos da certificação, irá exercer 
o efeito multiplicador deste patógeno junto às áreas subseqüentes. Toma-se 
recomendável, portanto, que os padrões de tolerância de patógenos devam ser 
tanto mais rigorosos nas fases iniciais de multiplicação das sementes. Esta 
recomendação é válida tanto para padrões de campo como para sementes na 
fase de pós-colheita. Vale lembrar que os valores, em ambas as circunstâncias, 
são independentes. 
Tratando-se de sementes genéticas, o controle de qualidade 
sanitária significa, no momento, um sério desafio, tendo em vista o reduzido 
volume de sementes geralmente disponível para a aplicação de testes de 
sanidade. Tal dificuldade faz com que a recomendação ou a adoção de 
padrões de tolerância para esta classe de sementes seja, de certa forma, 
impraticável. Este fato tem sido atualmente uma das grandes preocupações de 
alguns estudiosos do assunto (Diekmann, 1993; McGee et al., 1993). 
 
VIABILIDADE DO PATÓGFNO DURANTE O ARMAZENAMENTO 
 
A pesquisa em Patologia de Sementes tem demonstrado que, na 
prática, a viabilidade do inoculo de patógenos pode manter-se inalterada 
durante o período de armazenamento ou sofrer declínios, quepodem atingir, 
às vezes, níveis toleráveis. 
As informações disponíveis na literatura sobre este tema são ainda 
conflitantes, provavelmente em razão da falta de pesquisas básicas e de 
informações sobre a padronização de metodologia de investigação nesta área. 
A experiência de alguns patologistas revela que o comportamento de 
patógenos associados a sementes armazenada, pode variar em função de 
inúmeros aspectos, entre os quais, a posição, o tipo e o estado de dormência 
do inoculo associado à semente, a ação de antagonistas etc., e de fatores 
ligados à própria semente, como a produção de componentes desfavoráveis ao 
patógeno, o grau de umidade e os tratamentos diversos (Agarwal & Sinclair, 
1987). 
Percebe-se, pois, que, dependendo de uma série de fatores, o índice 
de ocorrência de alguns patógenos nas sementes no período de entressafra 
pode variar e isto faz com que a fixação do padrão de tolerância para estes 
casos leve em consideração o valor real daquele índice por ocasião da 
semeadura. 
 
TAMANHO E NATUREZA DA AMOSTRA 
 
Tratando-se de testes de sanidade de sementes, o dimensionamento 
do tamanho da amostra a ser analisada é um fator dos mais preocupantes, 
considerando-se que, para muitos dos patógenos, uma baixa quantidade de 
inoculo associado às sementes é suficiente para comprometer a utilização do 
lote correspondente para plantio em determinadas circunstâncias. Segundo 
alguns estudiosos neste campo (entre eles, Russel, 1988; Roberts et al., 1993), 
o estabelecimento do tamanho da amostra é urna tarefa que depende 
fundamentalmente de informações sobre as naturezas epidemiológica e 
econômica de cada patógeno, havendo necessidade, portanto, de indicações de 
pesquisas regionalizadas. Neste sentido, o exame convencional de 400 
sementes por amostra em testes de sanidade, conforme se recomenda em testes 
de germinação, implica urna precisão máxima de 0,25 %, o que é, para 
inúmeros patógenos, um índice intolerável. 
Em termos da natureza ou dos componentes da amostra de 
sementes a ser submetida à análise, visando estabelecer padrões de tolerância, 
deve-se considerar também cada patógeno individualmente, sendo importante 
ter conhecimento da forma como estes patógenos se associam às sementes. O 
exame da fração impura de um lote torna-se, pois, em muitos casos, 
indispensável, uma vez que esta porção acompanha as sementes por ocasião 
da semeadura. À luz desse fato, observa-se que padrões de tolerância para 
patógenos, tais como Sclerotinia sclerotiorum e Claviceps purpurea, têm 
sido recomendados em alguns programas de certificação e de defesa vegetal 
com base na presença de escleródios junto às sementes em teste (Ball, 1990). 
Segundo Neergaard (1979), o exame da fração impura de amostras de 
sementes deve fazer parte da análise de sanidade em programas de controle de 
qualidade. Como suporte a este tipo de recomendação pode ser citado o 
estudo realizado por Pittis e Machado (1987), no qual a presença de 
Rhizoctonia solani, de Sclerotinia sclerotiorum e de Phomopsis sp., na 
fração impura de amostras de soja, foi detectada pelo teste de sanidade. 
 
OBJETIVOS DO PROGRAMA DE SEMENTES 
 
Torna-se evidente que o estabelecimento conclusivo de índices de 
tolerância de patógenos em programas de sementes depende não só de 
informações oriundas de pesquisas como também da política ou da estratégia a 
ser adotada para cada sistema, à luz da necessidade de se atingir determinadas 
metas, não se perdendo de vista o aspecto de sustentabilidade da produção 
como um todo. Não se dispondo de estudos epidemiológicos completos, as 
informações parciais disponíveis devem ser utilizadas até que novos 
conhecimentos sejam adquiridos pela investigação científica na área (Hewett, 
1991). Neste sentido, é oportuno referir a proposta de padrões de tolerância 
elaborada sob a coordenação do Comitê de Patologia de Sementes da 
ABRATES (1991) para as condições brasileiras, executado em caráter 
experimental no período 1992-93. Levou-se em conta nesta proposta (Tabela 
3), além de trabalhos já conduzidos no Brasil e a experiência regional de 
profissionais, a necessidade premente de se iniciar de imediato, no país, um 
programa de controle da qualidade sanitária de sementes. Do ponto de vista de 
proteção fitossanitária, torna-se inaceitável subestimar a circulação, cada vez 
mais crescente, de sementes com qualidade sanitária questionável. Percebe-se 
que, apesar dos valores relativamente elevados para os padrões de alguns 
fungos considerados, deve-se ter em mente que a simples adoção dos testes de 
sanidade nestas circunstâncias representa, por si só, um passo dos mais 
expressivos na direção de se buscar meios visando a melhoria da qualidade 
das sementes no pais. Tem-se a consciência, nesse tipo de proposição, que, na 
medida que a pesquisa caminha em busca de informações mais seguras, tais 
padrões poderão ser alterados no sentido de maior ou menor rigor, 
dependendo da exigência de cada caso. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Na visão do Serviço de Vigilância Sanitária Vegetal, a adoção de 
padrões de tolerância é, também; por tudo que se discutiu anteriormente, uma 
medida indispensável, de extremo valor, visando o controle preventivo de 
muitos patógenos quarentenários (Neergaard, 1979, 1980). 
Tratando-se de patógenos de natureza quarentenária, os padrões de 
tolerância são normalmente definidos considerando-se três categorias: 
Tabela 3. Proposta de níveis de tolerância de patógenos em sementes para 
programas de certificação no Brasil - Período Experimental de 
1992/93 
 
Cultura/Patógeno 
 Básica Certif./Fiscal. 
1. ALGODÃO 
Colletotrichum gossypii 
 
20,0 
 
30,0 
Fusarium oxysporum zero zero 
Verticillium albo-atrum zero zero 
 
2. ARROZ 
Dreschslera oryzae 
 
10,0 
 
25,0 
Pyricularia oryzae 5,0 10,0 
Rhynchosporium oryzae 10,0 20,0 
 
3. FEIJÃO COMUM 
Colletotrichum lindemuthianum 
 
zero 
 
1,0 
Fusarium oxysporum zero zero 
Sclerotinia sclerotiorum zero zero 
 
4. SOJA 
Colletotrichum spp 
 
15,0 
 
20,0 
Cercospora spp* * * 
Phomopsis spp* * * 
Sclerotinia sclerotiorum zero zero 
 
5. TRIGO 
Bipolaris sorokiniana 
 
10,0 
 
40,0 
Fusarium graminearum 5,0 10,0 
Stagonospora nodorum** 10,0 10,0 
Pyricularia oryzae 5,0 10,0 
 
6. CENOURA 
Alternaria dauci 
 
5,0 
 
10,0 
Alternaria radicina 3,0 5,0 
OBS.: A ocorrência de patógeno em qualquer nível em recomendação do 
tratamento de sementes para o plantio. 
 * Recomendado o tratamento preventivo ao Cancro da Haste e a espécies 
patogênicas de Cercospora. 
** Sugere-se o método de fluorescência. 
categoria A, engloba patógenos de natureza epidêmica ainda inexistentes no 
país ou na região importadora; categoria B, diz respeito a patógenos com 
pequeno potencial de disseminação, ainda inexistentes ou com distribuição 
limitada na região de introdução; e categoria C, trata dos agentes que já 
ocorrem na região ou no país importador e para os quais existem medidas 
eficazes de controle. Devem ser adotados padrões de tolerância mais rigorosos 
devem ser adotados para patógenos pertencentes à categoria A. 
Vale ressaltar que a maior sensibilidade dos métodos de detecção e 
o tamanho adequado da amostra a ser analisada são pontos de capital 
importância para o sucesso de qualquer programa de vigilância vegetal. Urna 
das sérias barreiras neste sentido é a pequena sensibilidade dos atuais métodos 
disponíveis para grande número de patógenos desta natureza. Para os agentes 
patogênicos da categoria A, os métodos de detecção tendema ser baseados em 
princípios bioquímicas e moleculares em que se empregam técnicas 
serológicas modernas e provas de ácidos nucléicos. 
Finalmente, cumpre salientar que o tema em discussão pode ser 
abordado de diferentes maneiras, em função da sua complexidade e da visão 
de cada profissional. Reconhece o autor que o assunto não se encontra 
esgotado, entendendo que o objetivo desta revisão era de apresentar uma 
noção geral sobre a relevância do tema, bem como suas implicações no âmbito 
da produção de sementes, visando melhorar sua qualidade sob todos aspectos, 
principalmente em termos de sanidade. 
 
 
LITERATURA CITADA 
 
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