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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Chegamos ao nosso 1º encontro no Curso de Direitos Humanos para AFT! Fico feliz de começarmos nossa trajetória rumo à aprovação neste maravilhoso concurso de AFT-2013! A matéria de Direitos Humanos foi novidade no concurso, por isso será de grande valia que todos estudem com afinco a matéria, ok? Na esteira dos concursos pretéritos, pretendemos também alcançar 100% das questões da prova! Desejo a todos sucesso nessa reta final! Bons estudos! Ricardo Gomes QUADRO SINÓPTICO DA AULA: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 • 1 Teoria geral dos direitos humanos. 1.1 Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação. 2 Afirmação histórica dos direitos humanos. • 3 Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 1. Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação. Afirmação histórica dos direitos humanos. Gente, o assunto “Direitos Humanos” é muito controverso e, grande parte do público já possui conceitos ou até mesmo pré-conceitos sobre o tema. Quem nunca questionou, em algum momento, as ações de representantes dos direito humanos? “Só protegem marginal!” “Nunca se levantam para beneficiar o cidadão de bem!”. Em contrapartida, quase ninguém consegue definir o que realmente é, e como surgiram os conceitos inerentes aos Direitos Humanos. Então vejamos: humano é o indivíduo que pertence à espécie homo-sapiens (ou seja, homens, mulheres e crianças) e direito é tudo aquilo que se garante a determinado grupo, uma prerrogativa. Então, pode-se concluir que “Direitos Humanos” são todas as garantias e ações conferidas às pessoas pelo simples fato de pertencerem à espécie humana. Em síntese, os Direitos Humanos abarcam a maneira MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 pela qual cada um de nós gostaria de ser tratados pelos nossos pares, com respeito e igualdade. Além disso, trata-se do direito de ser respeitado por suas ideias e atitudes., engloba o direito de falar o que se pensa (liberdade de pensamento) e o de professar a sua fé (liberdade religiosa). Ainda, de acordo com Napoleão Casado Filho: “Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, cuja finalidade é assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio estatal e do estabelecimento da igualdade nos pontos de partida dos indivíduos, em um dado momento histórico.” Nesse sentido, os Direitos Humanos abarcam os seguintes conceitos fundamentais: Consoante Erivaldo da Silva Oliveira, os direitos humanos correspondem à somatória de valores, de atos e de normas que possibilitam a todos uma vida digna. De outro lado, André Carvalho Ramos ensina que Direitos Humanos Conjunto de Direitos Respeito à Dignidade da pessoa humana. Limite ao arbítrio estatal e o estabelecimento de igualdade dos pontos de partida. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 Direitos Humanos podem ser conceituados como o conjunto mínimo de direitos necessário para assegurar uma vida ao ser humano baseada na liberdade e na dignidade (Direitos Humanos em juízo). Agora, atenção, é de relevo ressaltar que as várias fontes de produção e criação dos direitos humanos concorrem para um conceito em comum: a imperiosa necessidade de limitação e controle do Estado e a conseqüente consagração do primado da legalidade e da igualdade. Em complemento, pode-se verificar que existem diversos tipos de direitos e leis aplicáveis a determinados grupos de indivíduos ou segmentos sociais. Por exemplo, a Lei 8.112/90 é aplicável somente aos servidores públicos civis da União (Estatuto dos servidores federais); a Lei 8.666/90 é aplicável nos casos de licitações públicas. No entanto, os Direitos Humanos são aplicáveis igualitariamente a todos aqueles pertencentes à espécie humana em qualquer lugar, independentemente de cor, etnia, país, governo, classe social, idade etc. TODOS TÊM, EXATAMENTE, OS MESMOS DIREITOS!! Não há castas, separação e diferenciação entre os humanos (todos são iguais perante a lei). Com base nessas premissas, as Nações Unidas elencaram os direitos inerentes à condição humana. Tais direitos foram insertos em um documento chamado Declaração Universal dos Direitos Humanos, que será estudada à frente. Aspectos Históricos dos Direitos Humanos. É bom destacar que, para os direitos humanos consolidarem-se e serem aceitos atualmente como universais a toda espécie humana, foram necessários muitos séculos até o estágio atual. Aliás, a construção desses conceitos sofreu alterações durante a formação e reconstrução das instituições humanas. Esses aspectos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 serão devidamente abordados no tópico 2 desta aula. No início da conformação de nossas sociedades, os direitos humanos não existiam. Diversas cidades guerreavam entre si, sendo que os ganhadores vendiam os vencidos como escravos e praticavam as mais variadas barbaridades. Nesse sentido, caso você estivesse do lado vitorioso “Tava tudo dominado” era só “Festa”. Mas, meu amigo, caso você tivesse o azar de estar do lado do perdedor “Tava lascado”. Até que, um homem Ciro “o grande” decidiu mudar aquele estado de coisas. Depois de conquistar a Babilônia, ele fez algo completamente impensável na época: libertou todos os escravos. Também anunciou que todas as pessoas eram livres para professar sua própria religião. Então, suas palavras foram registradas em um tablete de barro denominado cilindro de Ciro. Assim nasceram os direitos humanos. Com o tempo, os conceitos criados no momento explicitado no parágrafo anterior disseminaram-se em várias outras culturas. Além disso, foi percebido que as pessoas seguiam determinadas leis que não necessariamente eram expressas, identificando-se dessa forma uma maneira de agir peculiar a todos. Definiu-se esse modo de comportar-se em sociedade como “Lei Natural”. É bom frisar que, com o tempo, o conceito de “Lei Natural” transmutou para “Direito Natural”. No entanto, essas leis, não raramente, eram ignoradas por aqueles que detinham o poder. Todavia, na Inglaterra, no ano de 1215 d.c, o Rei João sem terra foi obrigado a assinar a “Magna Carta” documento que, basicamente, limitou o poder monárquico. Esse é o primeiro instrumento1 de defesa dos indivíduos que pode ser considerado referência para os futuros tratados sobre direitos humanos. Assim, com a instituição da Magna Carta, o rei reconhecia 1 Embora com um forte viés econômico porquanto focava na proibição de arbitrariedades na cobrança de impostospor parte do monarca. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 e era compelido a não violar determinados direitos dos seus súditos. Foi um passo importante, mas não o decisivo porquanto não consolidou o direito a todos os indivíduos. Tanto é assim que, com a descoberta das Américas, os nativos não recebiam o tratamento humanitário devido. Muitos povos foram exterminados. Além disso, a escravidão ainda continuou sendo prática aceitável, oficialmente, em nosso país até o ano de 1888. Seguindo a ordem de acontecimentos no tempo, acerca da evolução dos Direitos Humanos na História, Norberto Bobbio, em sua obra Dicionário de Política, esclarece que a Inglaterra e a França tiveram papel importante na vitória do cidadão sobre o poder, assim: “O constitucionalismo moderno tem, na promulgação de um texto escrito contendo uma declaração dos Direitos Humanos e de cidadania, um dos seus momentos centrais de desenvolvimento e de conquista, que consagra as vitórias do cidadão sobre o poder. Usualmente, para determinar a origem da declaração no plano histórico, é costume remontar à Déclaration des droits de l`homme et du citoyen, votada pela Assembléia Nacional francesa em 1789, na qual se proclamava a liberdade e a igualdade nos direitos de todos os homens, reivindicavam-se os seus direitos naturais e imprescritíveis (a liberdade, a propriedade, a segurança, a resistência à opressão), em vista dos quais se constitui toda a associação política legítima. Na realidade, a Déclaration tinha dois grandes precedentes: os Bills of rights de muitas colônias americanas que se rebelaram em 1776 contra o domínio da Inglaterra e o Bill of rights inglês, que consagrava a gloriosa revolução de 1689. (...) Durante a Revolução Francesa foram proclamadas outras Déclarations (1793,1795): interessante a de 1793 pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 seu caráter menos individualista e mais social em nome da fraternidade, e a de 1795, porque ao lado dos “direitos” são precisados também os “deveres”, antecipando assim uma tendência que tomará corpo no século XIX (podemos pensar nos Doveri dell`uomo, de Mazzini); a própria Constituição italiana tem como título da primeira parte “Direitos e deveres do cidadão”. Nesse ponto, podemos citar um grande marco histórico, importantíssimo para os Direitos Humanos, o ILUMINISMO. As ideias que permeavam os iluministas robusteceram o que veio a ser outro marco, a REVOLUÇÃO FRANCESA, que pode ser considerada mais abrangente e importante que a REVOLUÇÃO AMERICANA, porquanto seu caráter UNIVERSAL. Ou seja, a Revolução Francesa teve um caráter universal, pois não houve restrições de qualquer natureza porque os direitos eram extendidos a todos. Nesse sentido, a 1ª Carta redigida nesse momento histórico atribuía a todos o direito à LIBERDADE, à IGUALDADE e à FRATERNIDADE. O objetivo era proteger o indivíduo da arbitrariedade do Estado. Outro marco da escalada dos Direitos Humanos será o fim da 2ª Guerra mundial a ser comentado mais adiante. Outro ponto fundamental para o nosso estudo é a instituição, em 07 de junho de 1628, na Inglaterra, do documento “Petition of Rights”. Esse documento impunha ao soberano restrições, como a cobrança e/ou aumento de impostos sem a autorização parlamentar, a prisão de indivíduos sem julgamento justo e à lei marcial. Portanto, os pontos insertos na “Petition of Rights” submetiam e condicionavam a autoridade do Rei ao controle e autorização do Parlamento Inglês. Aqui, mais uma vez, fica patente a ideia de proteger o indivíduo de ações arbitrárias do Estado e das autoridades. Portanto, pode-se considerar o documento “Petition of Rights” como sendo o embrião do sistema de freios e contrapesos, ou MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 seja, a existência de Poderes autônomos que, ao mesmo tempo, harmonizam-se. Nessa direção, é importante que abordemos também a criação do “Habeas Corpus Act” em 1679. Esse documento visava proteger a liberdade de locomoção encontrando-se presente no ordenamento jurídico de diversos países até os dias atuais. Nesse sentido, conforme o disposto no “Habeas Corpus Act” de 1679, a reclamação ou requerimento escrito de determinado indivíduo - ou a favor de algum súdito preso (ou acusado da autoria de algum crime) - era submetida à apreciação do magistrado. Ademais, é de grande relevo destacar o documento denominado “Bill of Rights”. Essa carta de diretios – instituída em 16 de dezembro de 1689 – garantia, na Inglaterra, a supremacia do Parlamento sobre a vontade do soberano. Nesse sentido, objetivava-se diminuir os abusos cometidos pela nobreza com relação aos súditos. Dessa maneira, o Bill of Rights, em sua essência, procurava blindar a liberdade, a vida, a propriedade privada e o poder parlamentar. Amigos, mas a história, às vezes dá uma pequena virada de tempos em tempos. Um jovem oficial francês, de nome Napoleão, não concordava muito com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Na realidade, ele tinha em mente um plano para derrubar a democracia francesa, coroar-se imperador e “dominar o mundo”. Quase conseguiu, mas a Europa juntou forças e o derrotou. Só um comentário nesse ponto, os planos napoleônicos, salvo melhor juízo, até que não foram ruins para os brasileiros tendo em vista que a expansão de Napoleão no continente europeu forçou a família portuguesa a exilar-se (com toda sua côrte, no Brasil). Esse fato ajudou sobremaneira o desenvolvimento de nosso país2. Vamos prosseguir com nossa matéria. 2 Para os curiosos sobre o tema, recomendo a leitura do livro 1808 de autoria do escritor Laurentino Gomes. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 Após a derrota de Napoleão, os Direitos Humanos voltaram a ser um tema importante na pauta mundial. Houve a assinatura de muitos acordos internacionais que consolidaram os direitos humanos na Europa. No entanto, como já foi colocado, só na Europa. O restante do mundo era consumido em suas riquezas (tanto materiais como culturais). Os habitantes das Colônias, principalmente os nativos das Américas e África, em sua maioria eram mortos ou escravizados pelos impérios europeus em crescimento. Com o tempo, várias colônias europeias nas Américas se revoltaram conseguindo sua independência, quase sempre de maneira violenta. Nesse ambiente conturbado, um homem se destacou na luta a favor dos direitos humanos: Mahatma Gandhi, que liderou o povo indiano em uma revolução pacífica contra a opressão do império Britânico. Nesse sentido, insistiu que todos os povos do mundo tinha o direito de serem respeitados, não só os europeus. Por fim, mesmo os europeus começaram a concordar com essa ideia. Todavia, mais uma vez, as coisas não transcorreriam de forma tranquila, 2 Guerras eclodiram. Na 2ª grande guerra, o nazismo tomou força. O conceito de superioridade entre “raças” (?!) cresceu na Alemanha nazista. Esse julgamento equivocadolevou ao extermínio de milhões de judeus e pessoas de diversas nações. O flagelo humano extendeu-se à toda a Europa. O mundo nunca havia presenciado destruição de tamanha magnitude. Com o fim da guerra e derrota da Alemanha nazista e de seus aliados, as nações vencedoras pensaram em vários mecanismos que evitassem uma catástrofe da mesma natureza no futuro e mantivessem a paz no mundo. Um deles foi a criação das Nações Unidas (ONU), que primava pelo fortalecimento dos Direitos Humanos. Portanto, podemos considerar o fim da 2ª grande guerra e a criação das Nações Unidas o 3º Marco histórico na evolução dos Direitos Humanos juntamente com o Iluminismo e a Revolução Francesa. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 É importante destacar que a criação das Nações Unidas teve como foco não apenas a manutenção da paz internacional, mas também desenvolver a igualdade entre os povos. Isso porque a redução das desigualdades é fator sine qua non para a paz entre os Estados. Apesar de todo esse histórico de ações que corroboraram para a afirmação de valores de respeito à vida e à liberdade, os documentos até então convencionados conceituavam os direitos humanos, não raramente, de pespectivas diferentes. Com o intuito de consolidar os conceitos, em 10 de dezembro de 1948, foi Adotada e proclamada, pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pessoal, é bom deixar claro que, apesar de toda essa evolução conceitual, muitos desses direitos não são respeitados. O fato é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos NÃO TEM força de lei, portanto tem caráter apenas enunciativo e principiológico! Entretanto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos RECOMENDA que todos os países integrantes da ONU sigam seus preceitos. Além de ser uma RECOMENDAÇÃO, a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 também se afigura como um CERTIFICADO DE PRINCÍPIOS HUMANITÁRIOS que devem ser seguidos. Apesar de não possuir caráter vinculante e com força de lei, a Declaração de 1948 é hoje o principal instituto de proteção do indivíduo. Em resumo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é vinculante, não tem força de lei, mas guarda apenas um caráter enunciativo, de recomendação e princípios gerais a serem aplicáveis por cada Estado. Por fim, cabem os seguintes comentários acerca dos fundamentos dos direitos humanos. Primeiro, é ponto pacífico nessa conversa que os direitos humanos estão fudamentados na DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Também, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, decorrem 3 princípios MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 fundamentais: 1) Inviolabilidade da pessoa humana; 2) Autonomia da pessoa humana; 3) Dignidade da pessoa humana. No entanto, diversos teóricos que se debruçaram sobre o tema formaram dois grupos com pensamentos opostos. Uns abraçaram o POSITIVISMO e outros o JUSNATURALISMO, como fundamentos dos Direitos Humanos. Fundamentos dos Direitos Humanos: • Positivistas; • Jusnaturalistas. Na defesa do POSITIVISMO temos dois renomados autores: Hans Kelsen e Norberto Bobbio. Suas obras defendem a historicidade do direito, ou seja, o direito NÃO tem caráter absoluto, ele é mutável (de acordo com a evolução das sociedades e seus pontos de vista) no que concerne à cultura, à moral, à economia etc. Portanto, na visão desses autores, é inócuo atribuir um caráter imutável, ou até mesmo eterno no tempo e no espaço aos regramentos que orientam as diversas sociedades. De acordo com Norberto Bobbio, os direitos humanos não nascem todos de uma vez, nem de uma vez por todas. Além disso, o Positivismo defende o caráter coercivo das normas. Para os positivistas, não há que se falar de eficácia de um dispositivo caso o não possa ser imposto aos indivíduos. Ora, se uma norma não é obrigatória, não passa de mera expectativa de conduta, tornando o futuro desse regramento bastante incerto. Nesse sentido, os positivistas defendem a inserção dos dispositivos relacionados aos direitos humanos na Lei máxima de cada Estado (nas Constituições). Além disso, os mesmo dispositivos devem ser insertos em tratados e convenções internacionais de direitos humanos para solidificar seus preceitos. Nesse sentido, Norberto Bobbio aventa que, tendo em MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 vista a superação da fase de positivação dos direitos humanos, o foco deva ser demovido da fundamentação para a efetividade dos mesmos. Ou seja, devem ser pensados mecanismos para a real aplicação dos direitos humanos. Já o JUSNATURALISMO, defendido por autores como Dalmo de Abreu Dallari e Fábio Konder Comparato, apontam o indivíduo como centro e fundamento absoluto dos direitos humanos. Assim, nem o tempo, nem a diversidade de culturas, nem a localização geográfica podem extirpar do ser humano seus direitos. Nesse sentido, a dignidade do ser humano é alçada a princípio intangível que deve ser resguardado por todos. Essa linha de pensamento mostra-se bastante coerente, porquanto toda prática que mutila, diminui ou exclui indivíduos colabora para o flagelo humano, para a dor das pessoas. Então, tudo que implicar em dor aos indivíduos deve ser totalmente condenado pela humanidade. Seguindo esse raciocínio, os direitos humanos não foram criados pelos homens ou mesmo pelos Estados, eles já existiam como pressupostos inerentes à pessoa humana. Dessa forma, os direitos humanos deveriam ser um conjunto de normas asseguradoras do bem-estar humano primando por sua dignidade (junção dos 2 fundamentos dos Direitos Humanos: Positivista e Jusnaturalista). Ainda com relação aos fundamentos dos direitos humanos é importante conhecer dois pensamentos (divergentes também) acerca do assunto: o UNIVERSALISMO e o RELATIVISMO. Em uma breve síntese pode-se dizer que o UNIVERSALISMO adere ao JUSNATURALISMO e o RELATIVISMO ao POSITIVISMO. Assim, no pensamento Universalista, os direitos humanos estão em patamar acima das Leis, da cultura, do Estado. Também é plausível a aplicação da coercitividade para obrigar um Estado soberano a seguir os ditames insertos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Relativismo opõe-se às conclusões externalizadas pelo pensamento Universalista. Segundo a linha do Relativismo, o MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 Direito é uma produção cultural dependente do desenvolvimento dos povos na história. Nesse sentido, há que se respeitar o multiculturalismo e a soberania dos povos. Universalizar os direitos humanos seria impor uma lógica cristã e ocidental ao restante do globo. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Apesar de todo esse histórico de acontecimentos e ações que corroboraram para a afirmação de valores de respeito à vida e à liberdade, os documentos até então convencionados entendiam os direitos humanos, não raramente, de pespectivas diferentes. Com o intuito de consolidar conceitos, em 10 de dezembro de 1948, foi adotadae proclamada pela Resolução 217-A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Historicamente, com o surgimento dos direitos humanos sobreveio a necessidade de mitigar o poder estatal, em face da proteção dos direitos da pessoa humana. Assim, em um 1º momento, os direitos humanos surgiram como tutela às liberdades individuais, resguardando as pessoas das ações abusivas do Estado. Dessa forma, foi imposto ao Estado as liberdades NEGATIVAS, ou seja, o dever de abster-se e de não interferir nas liberdades individuais. Com o aparecimento dos direitos humanos, houve uma ampliação da autonomia do indivíduo. Nesse ponto, como visto anteriormente, podemos definir como antecedentes formais das declarações dos direitos humanos a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 Magna Carta de 1215, a Petition of Rights de 1628 e o Habeas Corpus Act de 1679. Atenção! Como visto, é de relevo ressaltar que as várias fontes de produção e criação dos direitos humanos concorrem para um conceito em comum: a imperiosa necessidade de limitação e controle do Estado e a consequente consagração do primado da legalidade e da igualdade. Nesse contexto, sucedeu a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos - no ano de 1948 – que constituiu o marco da criação do movimento moderno dos direitos humanos. As crueldades praticadas na II Grande Guerra deram azo para que se firmasse um entendimento global acerca da necessidade de se respeitar os direitos humanos. Repise-se, a Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, em Paris no dia 10 (dez) de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos3. Examinando esse período histórico, Celso Lafer observou que a Declaração Universal significou a passagem da condição do ser humano de “súdito” para “cidadão” no plano internacional. Ainda de acordo com seu entendimento, a Declaração representa um evento inaugural, analogamente ao ocorrido quando das Revoluções Americana e Francesa. Não obstante a diversidade de entendimento acerca da força normativa da Declaração Universal, seu cunho vinculante pode ser comprovado internacional e nacionalmente. Seguindo essa compreensão, Cortes Supremas (Ex: STF no Brasil) de nações diferentes já fundamentaram seu entendimento em normativos insculpidos na Declaração Universal. Vale ressaltar que o nosso Supremo Tribunal Federal – 3 René Samuel Cassin (jurista francês) é considerado por muitos como sendo a personalidade mais influente na elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por seu trabalho na construção desse normativo, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1968. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 STF, já citou, por diversas vezes, a Declaração como fundamento para suas decisões. Inclusive, com relação ao Habeas Corpus - HC, as últimas decisões proferidas pelo STF permitem a impetração de HC com o fito de desentranhar dos autos do processo provas obtidas por meio ilícito, que possam resultar na prisão do réu. Fortalecendo esse entendimento, Napoleão Casado Filho ensina que “No Direito Internacional, suas regras são consideradas normas cogentes que nenhum Estado pode deixar de observar (jus cogens)”. Por fim, a Emenda Constitucional 45/2004 introduziu no art. 5º, § 3º, os tratados e convenções internacionais de DIREITOS HUMANOS com status de emenda constitucional, caso sejam aprovados formalmente pelas 2 Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara), em 2 Turnos, por 3/5 dos votos dos membros. Assim, para que os tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos tenham status de emendas constitucionais, devem-se preencher os seguintes requisitos: a) Ser aprovados pelas 2 Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara); b) 2 Turnos de votação (não votação única); c) Aprovação por pelo menos 3/5 dos votos dos membros de cada Casa Legislativa. CF-88 Art. 5 § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Porém, nunca esquecer que tratados e convenções MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 internacionais de DIREITOS HUMANOS aprovados por procedimento comum têm status apenas de normas infraconstitucionais. INFLUÊNCIA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS INTERNACIONAL INTERNA • Influência a construção de tratados que protegem os Direitos Humanos. • Fundamenta a jurisprudência de Tribunais como, por exemplo, o STF; • Os Direitos presentes em seu texto serviram de molde para diversos artigos de nossa Constituição; • Serve como modelo de cunho valorativo para a interpretação dos normativos pátrios que disponham sobre Direitos Humanos; • Quando seguem o mesmo trâmite de aprovação das emendas constitucionais, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos adquirem a força de normas constitucionais (não apenas infraconstitucionais). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 Com relação ao texto da Declaração dos Direitos Humanos, vale ressaltar a importância dada à dignidade da pessoa humana, que é elevada a fundamento da liberdade, da justiça e da paz mundial no seu preâmbulo. Nesse sentido, ela enumera uma série de direitos que, juntos, consubstanciam um ideal a ser perseguido e uma meta a ser atingida por todas as nações do mundo. Com isso, a Declaração inaugurou o recente movimento mundial que visa à promoção do respeito aos direitos nela insculpidos. COMPOSIÇÃO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Preâmbulo (constituído de 07 considerandos) + 30 (trinta) artigos Outro aspecto importante a ser tratado é a divisão de assuntos na Declaração Universal. No seu texto, fica evidente a divisão entre: • LIBERDADES PÚBLICAS (direitos CIVIS E POLÍTICOS, que posteriormente serão chamados de direitos de 1ª Geração) – abarcados nos artigos I ao XXI, e os • DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS (chamados direitos de 2ª Geração) – insertos nos artigos XXII e XXVII. Desse modo, pode-se dizer que Declaração Universal dos Direitos Humanos tem estrutura bipartite. A seguir disponho 2 tabelas que referenciam os direitos garantidos pela Declaração Universal e os respectivos artigos que os abrangem: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 Liberdades Públicas (1ª Geração): DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (Representam as conquistas das chamadas Revoluções Liberais do século XVIII) Artigo da Declaração Universal Igualdade de todos perante a lei Art. I, art. II e art. VIIDireito à vida e à liberdade Art. III Presunção de inocência Art. IX Direito à intimidade Art. XII Liberdade de religião Art. XVIII Liberdade de expressão Art. XIX Liberdade de associação Art. XX Direitos sociais, econômicos e culturais (2ª Geração): DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (Derivam das conquistas alcançadas nos séculos XIX e XX – Revolução Socialista) Artigo da Declaração Universal Segurança social Art. XXII e art. XXV MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 Trabalho Art. XXIII Repouso e lazer Art. XXIV Educação Art. XXVI Antes de seguirmos adiante, vale uma breve explicação acerca do que seriam os Direitos de 1ª, 2ª e 3ª gerações. Primeiramente, é de bom alvitre expor que, estudiosos dos direitos humanos fundamentais divergem sobre a utilização da expressão "GERAÇÃO", com o fito de denotar o processo de consolidação desses direitos. Nesse sentido, alguns acham melhor utilizar o termo "DIMENSÃO", porquanto entendem que ao utilizarmos “GERAÇÃO” seria transmitida a ideia errada de que os direitos humanos anteriores seriam substituídos pela próxima geração, o que não ocorre. Seguindo esse raciocínio, a expressão "DIMENSÃO" favorece a compreensão de que os direitos humanos são complementares, que não há sobreposição de um aos demais, mas sim acumulação e expansão. Debates à parte segue um quadro ilustrativo sobre os Direitos de 1ª, 2ª e 3ª gerações/dimensões: GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 1ª CIVIS E POLÍTICOS - fundamentados na LIBERDADE (são os direitos e garantias MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 individuais e políticos clássicos - liberdades públicas) 2ª SOCIAIS, ECONÔMICOS e CULTURAIS 3ª SOLIDARIEDADE OU FRATERNIDADE (Direito ao meio ambiente, ao Desenvolvimento e à Paz). Cabe informar que parte da doutrina incluiu mais 2 gerações/dimensões de direitos fundamentais: GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 4ª Democracia, informação e pluralismo 5ª Direito à PAZ Observação: Os direitos de 1ª dimensão não são, em hipótese alguma, inferiores aos demais! NÃO há hierarquia entre as gerações de direitos humanos! Uma outra característica observada na Declaração Universal é o não estabelecimento de mecanismos para fazer cumprir os direitos nela insculpidos (não possui meios coercitivos para impor a sua observância). Entretanto, convoca todo cidadão a lutar para a implementação, promoção e respeito aos direitos nela previstos. Nesse sentido, incentiva que os países envidem esforços no sentido de tornar efetivas ações para ampliar progressivamente os direitos dos cidadãos (caráter de recomendação!). No mais, a doutrina majoritária elenca as seguintes CARACTERÍSTICAS como inerentes aos DIREITOS HUMANOS: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 CARACTERÍSTICA CONCEITO UNIVERSALIDADE; GENERALIDADE; IMPESSOALIDADE Alcançam a todos os seres humanos, indistintamente, independente de sua raça, sexo, cor, nacionalidade, credo ou convicção. Todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses direitos, podendo pleiteá-lo em qualquer foro nacional ou internacional (parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993). INDIVISIBILIDADE Não podem ser analisados separadamente (ISOLADAMENTE). Compõem um único conjunto de direitos (parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993). INTERDEPENDÊNCIA Os direitos estão vinculados uns aos outros (parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993). INTER- RELACIONARIDADE Os direitos humanos e os sistemas de proteção inter-relacionam-se, possibilitando às pessoas escolherem entre o mecanismo de proteção global ou regional, pois não há hierarquia entre eles (parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993). IMPRESCRITIBILIDADE Tais direitos não se perdem com o passar do tempo, com o decurso de prazo. Os direitos humanos não sofrem alterações com o decurso do tempo, pois têm caráter ETERNO. São anteriores, concomitantes e posteriores aos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 indivíduos. INDIVIDUALIDADE Podem ser exercidos por apenas 1 indivíduo. COMPLEMENTARIDADE Os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, NÃO havendo HIERARQUIA entre eles. RELATIVIDADE Os direitos humanos podem ser exercidos simultaneamente, não encontrado limitações nos demais direitos. Assim, havendo conflito entre direitos é necessária uma solução que ajuste os direitos envolvidos (ponderação dos direitos em questão). INVIOLABILIDADE Não podem ser violados por leis infraconstitucionais, nem por ato de autoridade do Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, penal e administrativa. Os direitos humanos não podem ser descumpridos ou violados por nenhuma pessoa ou autoridade. INDISPONIBILIDADE Não se pode dispor desses direitos (abrir mão, renunciar). INALIENABILIDADE Os direitos humanos não podem ser vendidos, transferidos ou, de qualquer forma, negociados. Ou seja, não existe possibilidade de transferência, a qualquer título (seja a título gratuito ou oneroso), desses direitos. Nesse sentido, não podem ser objeto de comércio ou transferidos de indivíduo para indivíduo. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 HISTORICIDADE Os direitos humanos apresentam natureza histórica, advindo do Cristianismo, superando diversas revoluções até chegarem aos dias atuais. Estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano. IRRENUNCIABILIDADE Deles não pode haver renúncia, pois ninguém pode abrir mão da própria natureza. Não se pode renunciar aos direitos humanos. Eles são inerentes à pessoa humana. Ressalte-se que essa é uma discussão que gera muita controvérsia. Exemplos: Eutanásia e aborto. VEDAÇÃO DO RETROCESSO O Estado não pode proteger menos do que já protege. Uma vez estabelecidos os direitos humanos, não se admite o retrocesso visando a sua limitação ou diminuição (art. 4º, parágrafo 3º, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido). INERÊNCIA Os direitos humanos são inerentes ou inatos (naturalmente ligados) aos seres humanos, desde a sua concepção e nascimento com vida. EFETIVIDADE O Estado deve garantir a efetivação dos direitos humanos (no mínimo, os direitos civis e políticos). Ou seja, o Poder Público constituído deve criar MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 mecanismos coercitivos para a garantiados direitos humanos. ESSENCIALIDADE Os direitos humanos são essenciais por excelência, na medida em que são inerentes ao ser humano, tendo por base os valores supremos do homem e sua dignidade (aspecto material), assumindo posição normativa de destaque (aspecto formal). São essenciais aos seres humanos, podendo ser dividido em: • Direitos Humanos MATERIAIS - constituem a dignidade da pessoa humana) • Direitos Humanos FORMAIS - prevalecem em face da legislação interna para proteger as pessoas – art. 7º, parágrafo 7º da Convenção Americana de Direitos Humanos – prisão civil só para devedor de alimentos – RE 466.343 e Súmula Vinculante 25). LIMITABILIDADE ATENÇÃO!!! Os direitos humanos NÃO são ABSOLUTOS, pois sofrem restrições nos momentos constitucionais de crise (Liberdade ambulatória x Estado de Sítio) e também frente aos interesses ou direitos que, acaso confrontados, sejam mais importantes (Princípio da Ponderação). Desse modo, os direitos humanos podem ser limitados em situações excepcionais previstas nas MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 legislações, como, por exemplo, a prisão de um indivíduo que cometeu um delito (limitação da liberdade de ir e vir). No Brasil, é possível limitar o direito de reunião nos casos de estado de defesa e de estado de sítio (artigos 136 e 139 da CF/88, respectivamente). INESGOTABILIDADE OU INEXAURIBILIDADE São inesgotáveis no sentido de que podem ser expandidos, ampliados, sendo que a qualquer tempo podem surgir novos direitos (vide art. 5º, parágrafo 2º, da C.F.). Os direitos humanos não são elencados em um rol fechado ou limitado, podendo ser ampliados de acordo com a evolução histórica da sociedade. CONCORRÊNCIA Os direitos fundamentais podem ser exercidos de forma acumulada, quando, por exemplo, um jornalista transmite uma notícia e expõe sua opinião (liberdade de informação + comunicação + opinião). É possível o seu exercício concomitante ou simultaneamente (direito de reunião e manifestação, entre outros). Pelo todo exposto, pode-se inferir que a Declaração Universal dos Direitos Humanos instituiu as bases dos direitos que deveriam ser inerentes a toda humanidade. Com isso, a vontade dos detentores do poder foi, de certa forma, limitada, conquanto “autoridade suprema”, dando lugar a um conjunto de direitos com fulcro no ideário de justiça na perspectiva dos governados. Esta foi MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 a transformação do “servo” em “cidadão” munido de garantias que lhe assegurem liberdade, igualdade e fraternidade. Texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 Preâmbulo Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, A Assembléia Geral proclama A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo IX Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOSAUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 Artigo X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo XII Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Artigo XIII 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. Artigo XIV 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XV 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo XVI 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Artigo XX 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo XXI 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo XXII Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo XXIII 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Artigo XXV 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo XXVI 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Artigo XXVII 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo XXIX 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercíciode seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 2. Direitos Humanos e Responsabilidade do Estado. Nesse tomo, já faremos a iniciação do estudo da responsabilidade do Estado e direitos humanos. Todos os instrumentos que impliquem na defesa do indivíduo são, de uma forma ou de outra, delimitadores da ação do Estado. Inicialmente, a Magna Carta de 1215 (que o Rei João sem terra foi compelido a assinar) estabeleceu uma limitação do poder Estatal - naquele momento representado pelo Rei. No princípio, o Estado era autocrático e tirano, não tinha seus poderes delimitados. Com efeito, conforme entendimento exarado por Carl Schmitt, a criação da Magna Carta Inglesa de 1215 serviu como fronteira e acabou por retirar do Estado (leia-se, Monarca) o poder uníssono que exercia sobre seus populares. Essa fase foi caracterizada por um não fazer estatal, tendo em vista que o Estado se viu impedido de atuar em determinadas situações, o que garantiu aos cidadãos certa liberdade de ação. Todavia, há outra corrente doutrinária que atribui o momento da passagem do Estado totalitário para o libertário pelo advento da Revolução Francesa, quando foram apregoados os valores da tríade: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Com o passar do tempo, as pessoas perceberam que a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 falta de atuação estatal acabou por gerar distorções muito acentuadas entre aqueles que detinham poder e dinheiro (burgueses) e aqueles que não detinham (proletariado). Nesse cenário de extremas diferenças sociais e econômicas, surgiu o chamado Estado SOCIAL em oposição ao Estado LIBERAL. Esse novo modelo Estatal assentava que o Estado era obrigado a garantir as condições necessárias à subsistência e ao desenvolvimento de todos os indivíduos. Nesse sentido, o Estado deveria atuar positivamente para garantir condições igualitárias aos seus governados (atuação ostensiva e proativa do Estado). Não obstante o que foi dito, observem que somente em meados do século XX o Estado Liberal perdeu força com o robustecimento das ideias consubstanciadas no Estado Social. Nesse bojo, nasce o Estado do Bem Estar Social (Well Fare State). De acordo com esse modelo estatal, o Estado de Justiça Social intervia na sociedade para que os direitos sociais e econômicos fossem indistinta e genericamente assegurados. No mundo, as primeiras constituições de cunho social foram a Mexicana de 1917, Russa de 1918 e a Alemã de 1919 (Constituição de Weimer). Diante do exposto, percebemos que o Estado tem delimitações nos seus poderes (melhor dizendo, em suas funções do poder) e na atuação do Estado frente aos seus governados. Nesse sentido, vê-se que o ILUMINISMO, a REVOLUÇÃO FRANCESA, a REVOLUÇÃO AMERICANA, o Habeas Corpus Act de 1679, o Bill of Rights Inglês de 1689, a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 Declaração Universal dos Direitos Humanos4, entre outros, foram todos marcos que estabeleceram ou tentaram estabelecer limitações ao poder do Estado. No entanto, um quesito fundamental para a limitação do poder Estatal deve ser esplanado: o sistema de “FREIOS E CONTRAPESOS” ou “CHECKS AND BALANCES”. Esse sistema foi elaborado para controlar e limitar o exercício do poder Estatal sem, no entanto, desprezar o papel estratégico de uma estrutura governamental na sociedade. O sistema de freios e contrapesos não visa extinguir o poder Estatal, mas apenas controlá-lo em suas ações. Aliás, é um controle exercido pelo próprio Poder sobre seus atos, como veremos a seguir. As primeiras bases fundamentais para a tripartição dos poderes e, por conseguinte, para o sistema de “checks and balances” foram lançadas por Aristóteles, em sua obra Política. O pensador grego vislumbrava a existência de 3 funções distintas exercidas pelo poder soberano: • a função de editar normas gerais a serem observadas por todos (Poder Legislativo); • a de aplicar as referidas normas no caso concreto (Poder Executivo); • e a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das normas gerais nos casos concretos (Poder Judiciário). 4 Assuntos abarcados nas aulas 0 e 1 deste curso. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 No entanto, Aristóteles vislumbrava essas 3 funções inerentes ao soberano. Com isso, contribuiu no sentido de identificar o exercício de 3 funções estatais distintas, apesar de ainda exercidas, à época, por 1 único órgão. Com fundamento no que foi dito, pode-se imaginar que Aristóteles desenvolveu o seguinte raciocínio: não obstante o poder estatal emanar de uma única fonte, é possível determinar uma série de atos estatais que poderiam ser dispostos em grupos; melhor explicando, o Estado, ora praticava atos que tinham caráter legislativo, ora atos que possuíam aspecto executivo e ora atos que tinham cunho judiciário. Legislar, executar e julgar... Conforme o que foi dito, os atos Estatais apresentariam certas características embora, em síntese, todos acabam por produzir normas (os atos Legislativos, Executivos e do Judiciário inserem normas no sistema). No entanto, essas normas apresentam características bastante distintas entre si. Então, quando se fala em atos Legislativos, estamos falando em edição de normas gerais e abstratas regulamentadoras da sociedade. Já os atos Judiciais e Executivos apresentam as características de normas concretas e individuais. Ademais, foi importante a contribuição de Montesquieu em sua célebre obra “O espírito das leis”. Essa obra teve o condão de aprimorar as ideias aristotélicas, porquanto repartiu as três funções Estatais entre três órgãos distintos e independentes entre si. Com ele, deu-se corpo aos conceitos de Poder Executivo, PoderLegislativo e Poder Judiciário. Note que essa MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 ideia de repartição dos poderes entra em conflito com o poder uno exercido por um único soberano. Cada poder exerceria somente a função que lhe fosse típica e fiscalizava as ações dos demais. Tais atividades passariam a ser realizadas, independentemente, por cada poder, surgindo, assim, o que se convencionou chamar “teoria dos freios e contrapesos”. Mais recentemente, a separação dos poderes tem por fundamentando a independência e harmonia entre os órgãos do Poder Político. Entretanto, é imperativo que esses órgãos cooperem entre si (notem que um órgão não pode se sobrepor aos demais, mas pode existir, sim, um controle mútuo). Nesse sentido, interferências de um órgão na atuação de outro devem visar o estabelecimento do sistema de freios e contrapesos (o equilíbrio deve ser buscado). A meta é realizar o bem comum e evitar o arbítrio e o desmando do poder. Assim, o sistema de freios e contrapesos mostrou-se essencial por assegurar a delimitação do Poder pelo próprio poder, como corolário da tripartição do mesmo em Executivo, Legislativo e Judiciário. Tendo em vista o exposto, a separação dos poderes é um princípio fundamental que impacta vigorosamente em nossa Lei Maior (CF). Nessa direção, são os seguintes alguns exemplos de delimitação de poder abraçados por nossa Constituição de 1988: • O controle de constitucionalidade das leis e atos normativos do Poder Público (exercido pelo Judiciário); • O poder dos chefes do Executivo em vetar projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional, quando MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 esses forem inconstitucionais ou contrários ao interesse público; • Iniciativa de leis do Executivo e o poder de criar seus próprios regimentos internos do Judiciário; • Poder fiscalizatório do Legislativo, que tem mecanismo de controle e investigação de atos dos outros poderes; • Poder de emenda de projetos de lei do Executivo, além do poder de rejeição do veto do chefe do Executivo; • Participação na nomeação de Membros do Poder Judiciário pelo Poder Executivo e Legislativo (Ex: nomeação pelo Presidente da República e sabatina no Senado Federal). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 EXERCÍCIOS COMENTADOS QUESTÃO 1 (Delegado de Polícia/2003/SP): Assinale o documento que não se relaciona aos antecedentes formais das declarações de direito: a) Magna Carta (1215) b) “Petition of Rights” (1628) c) “Habeas Corpus Act” (1679) d) “Chart of Liberties” (1732) COMENTÁRIOS: Essa é tranquila, como visto “Chart of Liberties” é o único documento que não é considerado um antecedente formal das declarações de direito. RESPOSTA CERTA: D QUESTÃO 2 (Delegado de Polícia/2000/SP): Tecnicamente a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) constitui: a) um acordo internacional; b) uma recomendação c) um tratado internacional; d) um pacto. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 COMENTÁRIOS: Na aula vimos que a Declaração Universal dos Direitos do Homem não tem força de lei. Assim sendo, é opcional a aderência do Estado as suas regras. No entanto, é RECOMENDADO que as nações integrantes da ONU respeitem esse regramento. A Declaração Universal dos Direitos do Homem é, portanto, uma RECOMENDAÇÃO. RESPOSTA CERTA: B QUESTÃO 3 (Delegado/SP/1999): Qual a natureza jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 a) Convenção Internacional; b) Pacto das Nações Unidas; c) Resolução da Assembléia-Geral da ONU; d) Tratado Internacional. COMENTÁRIOS: A Declaração foi o resultado de RESOLUÇÃO da Assembleia-Geral da ONU, possuindo o CARÁTER DE RECOMENDAÇÃO GENÉRICA. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 4: Qual das características, inerentes aos direitos humanos, abaixo relacionadas diz respeito a impossibilidade desses direitos serem transferidos de indivíduo para indivíduo: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 a) Irrenunciabilidade; b) Indisponibilidade; c) Inalienabilidade; d) Inerência; e) Essencialidade COMENTÁRIOS: Como visto anteriormente, esse é o conceito da INALIENABILIDADE. Nesse sentido, os direitos humanos não podem ser vendidos, TRANSFERIDOS ou, de qualquer forma, negociados. Ou seja, não existe possibilidade de transferência, a qualquer título (seja a título gratuito ou oneroso), desses direitos. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 5 (Tribunal Regional da 3ª Região - 13): Sobre os direitos e garantias fundamentais, é correto afirmar-se que: a) os de primeira geração são denominados direitos negativos, de abstenção, focados no princípio da igualdade e fraternidade universal; b) os de segunda geração, ao contrário, enfatizam o princípio da liberdade do cidadão em face do Estado, a busca de melhores condições de vida, a criação de políticas sociais de intervenção contra o arbítrio da liberdade individual; c) as garantias têm caráter instrumental, são meios destinados a assegurar o exercício dos direitos, preservá-los ou repará-los, quando violados, como ocorre quando, no artigo 5°, X, da Constituição Federal, é assegurado o direito à indenização, pelo dano material ou moral decorrente da violação dos direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 44 d) têm como características essenciais a temporariedade, excepcionalidade, irrenunciabilidade e concorrência. COMENTÁRIOS: De cara podemos excluir as letras “a” e “b” pois já vimos que direitos de primeira geração ou dimensão são os CIVIS e POLÍTICOS fundamentados no valor da LIBERDADE ao passo que os de segunda geração ou dimensão são os SOCIAIS e ECONÔMICOS. Assim sendo, temos que a primeira assertiva dispõe acerca do conceito de direitos humanos de terceira geração e a assertiva “b” acerca dos de primeira. Portanto as duas primeiras estão erradas. A assertiva “d” afirma que os direitos são concorrentes, isso não é verdade porquanto eles se inter-relacionam, também são interdependentes, ou seja, não concorrem. Na mesma assertiva é dito que uma das características dos direitos humanos é a temporariedade. Essa afirmação é falsa, pois os mesmos são IMPRESCRITÍVEIS! Nesse sentido, não há que se falar em temporariedade no que diz respeito aos direitos humanos porquanto eles são dotados de IMPRESCRITIBILIDADE, não se perdem com o passar do tempo.Igualmente, não há excepcionalidade na aplicação dos direitos humanos, eles têm caráter UNIVERSAL não de EXCEÇÃO. Alcançam todos os seres humanos. Portanto, memorizem a assertiva “C” como correta. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 6 (OAB/PA-2007): O descaso para com os problemas sociais, que veio a caracterizar o État Gendarme, associado às pressões decorrentes da industrialização em marcha, o impacto do crescimento demográfico e o agravamento das disparidades no interior da sociedade, tudo isso gerou novas MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 45 reivindicações, impondo ao Estado um papel ativo na realização da justiça social. O ideal absenteísta do Estado liberal não respondia, satisfatoriamente, às exigências do momento. Uma nova compreensão do relacionamento Estado/sociedade levou os poderes públicos a assumir o dever de operar para que a sociedade lograsse superar as suas angústias estruturais. Daí o progressivo estabelecimento pelos Estados de seguros sociais variados, importando intervenção intensa na vida econômica e a orientação das ações estatais por objetivos de justiça social. Gilmar Ferreira Mendes et al. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 223 (com adaptações). Esse texto caracteriza, em seu contexto histórico, a a) primeira geração de direitos fundamentais. b) segunda geração de direitos fundamentais. c) terceira geração de direitos fundamentais. d) quarta geração de direitos fundamentais. COMENTÁRIOS: Como visto, os direitos SOCIAIS, CULTURAIS e ECONÔMICOS, na acepção de igualdade entre os homens são os de SEGUNDA GERAÇÃO OU DIMENSÃO. Além disso, o próprio texto expõe que o “ideal absenteísta do Estado” já não era suficiente. Ou seja, os direitos de 1ª Geração, onde o Estado se abstinha em relação às liberdades individuais, deveria ser complementado por outros que abarcassem um contexto mais amplo. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 46 RESPOSTA CERTA: B QUESTÃO 7 (OAB/SP – 141º/CESPE/2010): Com relação à ONU, assinale a opção correta. a) O Conselho de Segurança da ONU compõe-se de cinco membros permanentes e de dez membros não permanentes, todos indicados pelo próprio Conselho, devendo estes últimos cumprir mandato de dois anos. b) Poderão ser admitidos como membros da ONU todos os Estados que o desejarem, independentemente de condições de natureza política ou de qualquer outro teor. c) Principal órgão da ONU, a Assembleia-Geral é composta de todos os membros da organização, tendo cada Estado-membro direito a apenas um representante e um voto. d) O secretário-geral da ONU, eleito pelo Conselho de Segurança mediante recomendação dos seus membros permanentes, tem o dever de atuar em todas as reuniões da Assembleia-Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela, além de desempenhar outras funções que lhe forem atribuídas por esses órgãos. COMENTÁRIOS: Caros, embora nosso conteúdo não abarque especificamente a Organização das Nações Unidas - ONU, resolvi abrangê-lo por ser interessante e importante. Vai que cai alguma coisa sobre esse assunto na prova! Dito isso comecemos: A assertiva “a” está incorreta, pois somente os 10 membros não permanentes são eleitos pela Assembleia Geral mediante RECOMENDAÇÃO do Conselho de Seguração tendo em vista que os demais são PERMANENTES. De acordo com a proposição “b”, todos os Estados que desejarem podem ser membros da ONU, independente de qualquer condição. Essa afirmação é FALSA, os MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 47 Estados que ambicionarem ser admitidos como membros da ONU, deverão preencher diversas condições. Esses requisitos são enumerados no art. 2º e no art. 4º da Carta das Nações Unidas, então vejamos: “ARTIGO 2 - A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo, agirão de acordo com os seguintes Princípios: 1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros. 2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultantes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por eles assumidas de acordo com a presente Carta. 3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais. 4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas. 5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo. 6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 48 7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do Capitulo VII.” “ARTIGO 4 - 1. A admissão como Membro das Nações Unidas fica aberta a todos os Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações contidas na presente Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e dispostos a cumprir tais obrigações. 2. A admissão de qualquer desses Estados como Membros das Nações Unidas será efetuada por decisão da Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança.”(Grifei) A proposição “c” assevera que a Assembleia-Geral é o órgão principal da ONU. No entanto, são 05 (cinco) os órgãos principais conforme o inserto no art. 7º da Carta das Nações Unidas: ARTIGO 7 - 1. Ficam estabelecidos como órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembleia Geral, um Conselho de Segurança, um Conselho Econômico e Social, um Conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um Secretariado. 2. Serão estabelecidos, de acordo com a presente Carta, os órgãos subsidiários considerados de necessidade. A assertiva “d” está correta porquanto é justamente o texto dos artigos 97 e 98 da Carta das Nações Unidas. Assim vejamos: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 1 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 49 “ARTIGO 97 - O Secretariado será composto de um Secretário-Geral e do pessoal exigido pela
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