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CONDIÇÕES PARA DEGUSTAÇÃO, AMOSTRAGEM E PREPARO E APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS Profa. Dra. Roberta Juliano Ramos 2016-1 CONDIÇOES PARA DEGUSTAÇÃO Os testes sensoriais requerem controles especiais, principalmente aqueles relacionados ao ambiente. Muitos fatores podem influenciar na avaliação, podendo levar a julgamentos tendenciosos ou a redução da sensibilidade dos avaliadores. Estes fatores vão desde a localização do laboratório até as condições físicas do mesmo. Laboratório de análise sensorial O laboratório de análise sensorial deve ser em um ambiente longe de odores e de barulho, e de fácil acesso, longe de aglomerações, vias de trânsito intenso e de locais que produzam odores e barulhos. As cabines individuais, idealizadas para garantir a concentração e prevenir interação entre os avaliadores, devem ser planejadas de forma que o acesso seja independente do local de preparo das amostras. O laboratório de análise sensorial normalmente contém: • uma área de teste onde as avaliações possam ser desenvolvidas individualmente em cabines ou em grupos de mesa redonda. Cabines individuais Mesa redonda O laboratório de análise sensorial normalmente contém: • uma área de preparação de amostras; • um escritório; • um banheiro e rouparia; • uma sala de estocagem de materiais e amostras; • uma sala de espera para os julgadores. ÁREA DE PREPARAÇÃO: Equipamentos maiores: Fornos – fogões Refrigeradores Freezer Forno micro-ondas Instrumentos portáteis: Liquidificador Cafeteiras Faca elétrica Utensílios: Copos Louças de porcelana Bandejas Panelas Bacias Talheres Equipamentos especiais: Termômetros Banhos-maria Balanças analíticas Controlador de temperatura ÁREA DE PREPARAÇÃO: Mesa para preparação das amostras. Exaustores para retirada de odores gerados durante a preparação de amostras. Superfície de chão, teto, parede e mesa deve ser não porosa e a limpeza deve ser feita com substâncias não odoríferas. ÁREA DE TESTE: Cabines Individuais: Fornecer conforto e isolamento ao provador; Paredes devem ser de cor clara e neutra; Iluminação deve ser incandescente (luz branca e colorida) As cuspideiras, quando presentes, devem ser bem limpas para evitar cheiro desagradável; São utilizadas portinholas, as quais permitem comunicação entre o preparador e o provador; ÁREA DE TESTE: Mesas para discussão: Existem ocasiões em que a interação entre provadores é desejada. Estas mesas também podem ser utilizadas para padronização de procedimentos, caracterização de amostras de referência, treinamento e busca de consenso entre julgadores para análises descritivas. Horário do teste: O horário do teste pode influenciar os resultados, desse modo deve ser mantido constante, podem ser utilizados três esquemas de horários: Duas horas antes ou depois do almoço; Uma hora antes ou depois do almoço; De acordo com o produto; Exemplos: Café, frutas e leite: meia hora depois do almoço Pescados e carnes: 1 a 1,5 hora depois do almoço Horário do teste: Os horários ideais para realização de avaliações sensoriais são aqueles entre refeições, quando os provadores não estiverem influenciados pela fome ou ausência dela; Ter em mente que: se for muito cedo é difícil a avaliação de alimentos muito condimentados e picantes; se for muito tarde há falta de motivação; Evitar segundas e sextas-feiras, vésperas e pós-feriados prolongados e horários de refeições. Limpeza entre amostras: Fornecer um líquido para enxágue da boca entre amostras; Água a temperatura ambiente é adequada para a maioria das amostras; Se a degustação for de alimentos gordurosos, usar água morna, chá claro morno diluído, água com limão ou uma fatia de maçã; Bolacha de água e sal ou pão também são usados para a remoção de sabores residuais. AMOSTRAGEM Quantidade de amostras Em toda a análise, todas as condições devem ser sempre muito bem padronizadas. Sem esta precaução os resultados ficam comprometidos. Vários cuidados são necessários para se assegurar a padronização: O analista sensorial deve determinar a quantidade necessária do produto; A quantidade de amostra servida deve ser precisamente controlada com o mínimo de manuseio do produto e rapidez no preparo; Devem ser mantidos no laboratório para registro, os dados pertinentes à origem do produto: quando e onde foi produzido, data e código do lote; Todo o produto representativo da amostra deve ser de uma única origem (mesmo lugar, linha de produção, data, etc.). A quantidade e tamanho dependerão da disponibilidade do material experimental; Vários cuidados são necessários para se assegurar a padronização: O tamanho da amostra deve ser mantido constante durante o experimento; Quando se usa uma amostra de referência, sua quantidade é duas vezes a da amostra experimental; Nunca se deve servir uma porção de consumo normal a menos que uma só amostra esteja sendo avaliada em testes afetivos; De maneira geral: 25g ou 30 ml (Esta quantidade pode variar conforme o teste aplicado). Amostras de referência • Incluir sempre que possível (avaliar o tipo de teste aplicado); • Auxilia a equipe e diminui a variação nos julgamentos; • A referência deve ser a mesma em todas as avaliações, durante o experimento; • Uma referência pode ser incluída como uma amostra codificada, a fim de checar a consistência das avaliações da equipe; a tarefa é coincidir a referência codificada com a amostra-referência na intensidade dos atributos avaliados. PREPARO E APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS É muito importante definir e padronizar a quantidade e temperatura ideais para degustação das amostras. Esta é a fonte de muitos problemas. Em geral, é melhor servir à temperatura em que é normalmente consumido. Os extremos devem ser evitados, sendo que a faixa normal de consumo deve oscilar entre 7º C e 70ºC. PREPARO E APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS As temperaturas recomendadas para análise de alguns produtos são apresentadas na Tabela de Adranees: Fonte: INSTITUTE OF FOOD TECHNOLOGY, 1981. PREPARO E APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS Após as amostras terem sido distribuídas nos recipientes e logo antes de serem servidas deve-se verificar se estão na temperatura apropriada para o teste; Entretanto, em teste de diferença ou descritivos, a temperatura pode ser modificada em função de que a acuidade do gosto ou percepção é considerada mais intensa a temperatura entre 20º e 40ºC; Não cortar as amostras até que estejam prontas para servir, deve-se ter o cuidado para não ressecar as amostras ou isto afetará a avaliação sensorial; Evitar colocar as amostras em um forno ou sistema de aquecimento que as resseque e afete a avaliação sensorial. Codificação A uniformidade das amostras deve ser garantida, observando-se tamanho, tipo de corte, orientação das fibras, etc. A codificação das amostras é indispensável, considerando-se a melhor opção a utilização de três dígitos ao acaso. Não deve dar indício da identidade da amostra; Usar um número de 3 dígitos. Isto eliminará tendências pessoais de letras e números; Para cada repetição, uma nova série de códigos é necessária; Caso o provador seja criança, pode-se usar símbolos (☼, ♥), porém com cuidado; Nunca usar letras (A, B, C). Ordem de apresentação das amostras A ordem de apresentação das amostras deve ser balanceada e aleatória de modo que todas as amostras apareçam um mesmo número de vezes em uma determinada posição, porém em ordem casualizada para cada avaliador. Exemplo: Em uma determinada análise sensorial teremos 40avaliadores para avaliar os produtos A e B. Neste painel sensorial a amostra A deverá aparecer na primeira posição para 20 avaliadores, e na segunda posição para os outros vinte. Utensílios • Devem ser limpos, sem odor e sem sabor; • Material ideal para servir: devem ser preferivelmente de vidro, porcelana vitrificada; • Descartáveis são recomendados somente se tiver sido anteriormente testado, embora atualmente sejam bastante utilizados; • Devem ser de formato que facilite a limpeza interna e externa; • Características visuais podem interferir ou às vezes a camuflagem pode ser desejada; • De fácil codificação; • Adequado ao tipo de produto; Utensílios • Adequado à temperatura do produto a ser servido; • Não devem proporcionar qualquer sabor ou odor à amostra; • Devem ser isentos de cor ou brancos, a menos que se queira mascarar diferenças visuais; • As amostras devem ser servidas em recipientes limpos, livres de odores estranhos, colocados em bandejas com guardanapos e talheres se for o caso; • Cada provador deve receber, no mínimo, uma bandeja com amostras e água, o questionário e um lápis. É facultativo o uso de copos descartáveis para cuspir amostras. NÚMERO DE AMOSTRAS • Determinar com a equipe, durante o treinamento, o número de amostras que podem ser efetivamente testadas, considerando- se saturação e fadiga; • • Depende do tipo de produto, o número de características a serem avaliadas, o tipo de teste, a experiência da equipe e a sua motivação; • • O delineamento experimental e o número de tratamento a serem considerados, afetarão a análise estatística; • • Com o aumento do número de atributos, deve-se diminuir o número de amostras por sessão; NÚMERO DE AMOSTRAS Em geral, 6 a 7 atributos e 7 amostras são considerados o máximo absoluto para equipes treinadas; Já as avaliações visuais podem ser feitas com 20 a 30 amostras por sessão sem o problema de fadiga mental; Blocos completos: o provador recebe todas as amostras; Blocos incompletos: o provador recebe parte das amostras por cada sessão, até receber todas; NÚMERO DE AMOSTRAS Apresentação monádica: provador recebe uma amostra, avalia, após a amostra é retirada e outra é oferecida até o fim da sessão. Evita-se comparação direta. Boa opção para teste com consumidor; Apresentação em blocos completos: todas as amostras são servidas juntas. Alto efeito comparativo. As amostras devem ser provadas da esquerda para direita. Referências bibliográficas • ASSOCOAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12994. Métodos de análise sensorial de alimentos e bebidas. Classificação. São Paulo: ABNT, 1993 • DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 2011. • OLIVEIRA, A.F. Análise sensorial de Alimentos. Londrina: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2010. • OLIVEIRA, M.A.B. Análise sensorial de alimentos: práticas e experimentos. Cachoeira do Itapemirim: Noryam, 2009. • TEIXEIRA, E.; MEINART, E. M.; BARBETTA, P. A. Análise sensorial de Alimentos. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1987.
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