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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS PROFESSORA: Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Dra. Clélia de Moura Fé Campos RAISSA DE ABREU PAZ DOS SANTOS RELATÓRIO SOBRE TESTE DE RECONHECIMENTO DE AROMA TERESINA-PI FEVEREIRO/2023 RAISSA DE ABREU PAZ DOS SANTOS RELATÓRIO SOBRE TESTE DE RECONHECIMENTO DE AROMA ESTAGIÁRIAS DOCENTES: Dayane Dayse de Melo Costa Leandra Caline dos Santos MONITORAS: Iliana de Queiroz Borba Soares Sarah Celeste Rodrigues de Sousa Val TERESINA-PI FEVEREIRO/2023 1. INTRODUÇÃO A análise sensorial é um recurso comumente utilizado na área da ciência dos alimentos como forma de avaliar a aceitação pelo mercado bem como extrair informações do consumidor acerca da qualidade de um determinado produto (DOS REIS, 2021).Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, análise sensorial é uma disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e interpretar reações das características dos alimentos e materiais como são percebidos pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição (ABNT, 1993 TEIXEIRA ,2009).A importância da análise sensorial de produtos alimentares se justifica diante relevância dos indicadores fornecidos, essenciais para a produção e comercialização destes produtos sob a ótica das necessidades e preferências do consumidor (SILVA; DUARTE;CAVALCANTI-MATA, 2010). De acordo com o Instituto Adolfo Lutz (2008), a Análise Sensorial aconteceu em razão das respostas transmitidas pelos indivíduos às várias sensações que se originam de reações fisiológicas e são resultados de certos estímulos, gerando a interpretação das propriedades intrínsecas aos produtos . Este estímulo é medido por processos físicos e químicos e as sensações por efeitos psicológicos, as quais podem dimensionar a intensidade, extensão, duração, qualidade, gosto ou desgosto em relação ao produto avaliado. Nesta avaliação, os indivíduos , por meio dos próprios órgãos sensoriais, numa percepção somatossensorial, utilizam os sentidos da visão, olfato, audição, tato e gosto. Um exemplo é o sentido do olfato, que é estimulado pela percepção de odores liberados pelas substâncias voláteis dos alimentos (DUTCOSKY, 2007). Estas substâncias desprendidas e aspiradas são solubilizadas pela secreção aquosa que recobre as terminações ciliadas da mucosa do nariz, entrando em contato com os receptores nervosos e produzindo impulsos elétricos. Tais impulsos quando chegam ao cérebro, geram informações. Uma questão importante levantada por Dutcosky (2007) é o fato que os odores originados de substâncias voláteis dos alimentos estão sujeitos a variações como fadiga (não saber distinguir mais diferenças entre as amostras) e a adaptação (odor fica menos intenso, quase imperceptível, em comparação ao quanto foi ao primeiro contato). No entanto, em indivíduos fisiologicamente normais, a fadiga olfatória dura em torno de 30 segundos, possibilitando a restauração da sensibilidade. Diante disso, sugere-se que, ao analisar diferentes amostras em que se deseja avaliar o odor, os assessores utilizem as técnicas de cheirar café ou a pele do próprio pulso. Para alcançar a expectativa de obter as respostas de avaliações sensoriais de forma correta e significativa existe uma série de condições importantes a serem consideradas e seguidas. Entre elas é possível citar a estrutura laboratorial, as características desejáveis do ambiente para realização de teste; a correta forma de preparar e apresentar as amostras aos julgadores; e os critérios de seleção dos indivíduos que irão compor a equipe de julgadores para Análise Sensorial (NOGUEIRA, 2021). Deste modo, é importante para a análise sensorial que os assessores tenham consciência da importância da sua avaliação, pois é através das informações passadas por eles que o produto em análise é julgado. O objetivo desta atividade prática (teste) é identificar, no mínimo, 70% dos aromas com grau de dificuldade normal, isto é, que tenha sido identificado, por, no mínimo 50% da equipe. Destacando assim que esse teste é classificatório, e não eliminatório. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais - Copos descartáveis - Papel alumínio - Produtos alimentícios com aroma de uso comum, tais como cebola, canela, café, alecrim, acerola, tempero de feijão, limão, goiaba, maracujá, banana, maçã, leite, cominho, corante e óleo. 2.2 Métodos A aula prática foi realizada na Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portela, no departamento de nutrição, foi utilizado o Laboratório de Análise Sensorial (LASA). Inicialmente a turma foi dividida em 4 grupos de 6 pessoas. Para este teste de reconhecimento de aroma foram selecionadas 15 aromas comuns ( cebola, canela, café, alecrim, acerola, tempero de feijão, limão, goiaba, maracujá, banana, maçã, leite, cominho, corante e óleo), os quais tinham que ser identificados pelos alunos. Os aromas foram preparados em copos de café descartáveis, tampados com papel alumínio, no qual foram feitos 4 furos pequenos para aspirar as amostras. Cada copo contendo os aromas estava identificado numericamente com três dígitos de forma aleatória e distribuído em ordem aleatória em uma bancada circular, facilitando o processo de rodízio entre os alunos. Foram instruídos a posicionar as amostras lateralmente a narina no momento da aspiração. Ao identificar o odor ou não, o aluno registrava na ficha juntamente com o código referente ao aroma. Entre a aspiração de diferentes aromas, os alunos foram orientados a cheirar por alguns segundos o branco do braço. Todos os alunos realizaram esse mesmo procedimento até finalizarem o reconhecimento dos 15 aromas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela 1- Resultado da prática de reconhecimento de aroma AMOSTRAS ACERTO ERROS % ACERTOS Acerola 16 11 59,2% Alecrim 2 25 7,4% Banana 14 13 51,8% Café 25 2 92,5% Canela 24 3 88,8% Cebola 9 18 33,3% Corante 1 26 3,7% Cominho 4 23 14,8% Goiaba 18 9 66,6% Leite 7 20 25,9% Limão 20 7 74% Maracujá 26 1 96,2% Maçã 4 23 14,8% Óleo 1 26 3,7% Tempero 7 20 25,9% Fonte: Dados da pesquisa, 2023 Tabela 2- Percentual (%) de acerto por aluno ALUNOS ACERTO (%) TOTAL DE AMOSTRAS 1- Alenilson Francisco 20% 27 2- Amanda Moreira 40,00% 27 3- Andressa Ruana 46,70% 27 4- Andriele Fontenele 60% 27 5- Artur Norberto 33,30% 27 6- Camila Maria 67% 27 ALUNOS ACERTO (%) TOTAL DE AMOSTRAS 7- Elias Alves 27% 27 8- Flaynna Beroniza 40% 27 9- Geice Kelly 46,70% 27 10- Havanna Sousa 60% 27 11-Iara Maria 27% 27 12-Igor Marques 47% 27 13-Isania Isis 67% 27 14-Joaquim Carlos 47% 27 15-João Paulo 40,00% 27 16-Laicia Kelly 53,30% 27 17-Liana Rachel 40,00% 27 18-Loudyanne Maria 13,30% 27 19-Maria Clara 26,70% 27 20-Maria Shelda 53,30% 27 21-Nadia Aguiar 53,30% 27 22-Raissa Abreu 41% 27 23-Thalya Melo 40,00% 27 24-Vanessa Carneiro 60,00% 27 25-Wídila de Oliveira 40,00% 27 26-Willyana Regina 40,00% 27 27-Yasmin Parente 53,30% 27 Fonte: Dados da pesquisa, 2023. Conforme a tabela 1, observa-se que o aroma com maior percentual de acerto foi o do maracujá com 96,2%, identificado corretamente por 26 assessores, seguido pelo aroma de café com 92,5%, reconhecido por 25 assessores e pelo aroma de canela com 88,8%, que foi reconhecido por 24 assessores. No entanto, os aromas que apresentaram os menores percentuais de acertos foram o aroma de óleo, corante e alecrim, com respectivamente, 3,7%, 3,7% e 7,4%. Os demais aromas não tiveram um resultado significante, portanto são alimentos que não são considerados de fácil identificação. No estudo de Nascimento (2014), os maiores percentuais de associação correta entre aroma e amostra foram verificados nos testes conduzidos com limão (84%), café (80%) e canela (80%). Esses resultados são justificados pela ampla utilização desses alimentos na culinária brasileira, bem como pelos aromas intensos percebidos a partir dessas amostras. De acordo com Ferreira (2018),a habilidade de identificar e rotular um aroma é tão limitada que, em geral, uma pessoa não treinada é capaz de identificar apenas 40% a 50% dos aromas utilizados em sequência de um teste de reconhecimento de aromas. Além disso, cabe mencionar que nenhum aroma foi identificado 100% pelos assessores, assim como não teve nenhum deles que não fosse identificados por pelo menos 1 assessor. Na tabela 2- observou o percentual de acerto por aluno, sendo os alunos número 6 e 13 que obtiveram maior acerto com 67% respectivamente, não ultrapassando a margem de acerto de 70%, pontuação mínima para prosseguir o treinamento para compor uma equipe sensorial. Enquanto os outros os demais alunos apresentaram uma média de acertos de 43,80%, não conseguindo alcançar nem 50% da pontuação satisfatória no teste. Entretanto, nota-se que o assessor 18 foi o que menos conseguiu identificar corretamente os aromas, pontuando apenas 13,30% das amostras. Tal fato pode ter ocorrido por alguma interferência externa, relacionada ao ambiente de análise ou por alguma questão pessoal ou de saúde que tenha interferido nos resultados do teste. A prática realizada, como mencionada anteriormente, não tinha caráter eliminatório para próximos testes sensoriais, mas se este fosse o caso, nenhum aluno teria sido classificado, uma vez que nenhum aluno atingiu o percentual de acerto mínimo (>70 %). O olfato é um sentido primordial de enorme significado para os seres humanos e animais. Sabe-se que uma alteração sutil na estrutura de odores químicos altera drasticamente o seu odor percebido. Os neurônios sensoriais olfativos que detectam odores expressam diferentes sinais no cérebro e, assim, geram percepções de odores distintos e assim como várias características humanas sua percepção também pode ser diferente de pessoa para pessoa, o que explica a diferença entre os participantes. O aumento ou a diminuição de sensibilidade também pode resultar da interação sensorial multimodal dos sistemas neurais olfativos e gustativos (DO NASCIMENTO, 2014). CONCLUSÃO A partir dos resultados observados, foi possível verificar que a prática realizada pode contribuir para que o aluno exercite sua capacidade de perceber diferentes aromas de diferentes amostras. Além disso, ficou evidente a diferença de reconhecimento de aromas pelos alunos. Portanto, pode-se verificar a importância da análise sensorial como ciência, entender a sua influência no mercado de alimentos e nas escolhas dos consumidores. REFERÊNCIA FERREIRA, George Luiz Bleyer et al. Modelo teórico para percepção de atributos do produto a partir da combinação entre associação semântica e dos fatores condicionantes. 2018. DO NASCIMENTO, Kamila de Oliveira; RIBEIRO, Dilson Fagundes; BATISTA, Elga. Reconhecimento de aromas e aplicação de testes afetivos como forma de aprendizado. E-xacta, v. 7, n. 1, p. 139-145, 2014. DOS REIS, Nilmar Diogo et al. Percepção dos consumidores da Cafeteria Escola Cafesal-UFLA: uma análise sensorial de diferentes tipos de torra de café especial. Revista Expectativa, v. 20, n. 1, p. 17-33, 2021. DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. 2 ed.ver.e ampl. Curitiba: Champagnat, 2007. 239 p. NOGUEIRA, Michelle Barboza. Fundamentos e Introdução à Análise Sensorial. Análise Sensorial Clássica: Fundamentos e Métodos, p.9, 2021. SILVA, F. A.; DUARTE, M. E. M; CAVALCANTI-MATA, M. E. R. M. New methodology for data interpretationof food sensorial analysis.Engenharia Agrícola, v. 30, n. 5, p. 967-973,2010. TEIXEIRA, L. V. Análise sensorial na indústria de alimentos.Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 64, n. 366, p. 12-21, 2009. ANEXO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS LAUDO N 01/2023 PRODUTO: AROMAS DE USO COMUM AMOSTRA: CEBOLA, CANELA, CAFÉ, ALECRIM, ACEROLA, TEMPERO DE FEIJÃO, LIMÃO, GOIABA, MARACUJÁ, BANANA, MAÇÃ, LEITE, COMINHO, CORANTE E ÓLEO. EMPRESA: RAISSA Ltda TESTE APLICADO: TESTE DE RECONHECIMENTO DE AROMA N DE ASSESSORES: 27 DATA DAS ANÁLISES: 28/JANEIRO/2023 RESULTADOS Para o teste de reconhecimento de aroma, os produtos que os assessores mais acertaram foram maracujá 96,2% e café 92,5%, considerando esses aromas mais intensos e de conhecimento habitual por quase todos os assessores. As amostras que foram menos reconhecidas foram óleo e corante, respectivamente, com 3,7% de acerto por parte dos avaliadores. As outras amostras não tiveram resultados significativos. CONCLUSÃO Portanto, o teste de reconhecimento de aroma foi realizado identificando que há aromas que são reconhecidos mais facilmente que outros por conta de sua intensidade. E tem outros aromas que a intensidade do seu aroma menor, podendo assim ser confundido com outro. TERESINA, 28 de Janeiro de 2023 RAISSA DE ABREU PAZ DOS SANTOS RESPONSÁVEL TÉCNICO
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