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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS PROFESSORA: Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Dra. Clélia de Moura Fé Campos RAISSA DE ABREU PAZ DOS SANTOS TESTE DE GOSTO - INTENSIDADE TERESINA-PI FEVEREIRO/2023 RAISSA DE ABREU PAZ DOS SANTOS TESTE DE GOSTO - INTENSIDADE ESTAGIÁRIAS DOCENTES: Dayane Dayse de Melo Costa Leandra Caline dos Santos MONITORAS: Iliana de Queiroz Borba Soares Sarah Celeste Rodrigues de Sousa Val TERESINA-PI FEVEREIRO/2023 INTRODUÇÃO A análise sensorial tem importância significativa na indústria de alimentos, visto que através dela podem-se resolver problemas que ocorrem no processo de produção, determinar a qualidade de um produto e estreitar caminhos para os interesses do consumidor, que está cada vez mais exigente em busca de alimentos de qualidade sensorial. Através da análise sensorial é possível avaliar a aceitação e preferência mercadológica de um determinado produto, propor mudanças na formulação e/ou no processamento, avaliar as matérias-primas utilizadas no processo produtivo, desenvolver novos produtos, avaliar a vida útil e as condições de armazenamento dos produtos (VICARI,2021). A gustação é um sentido químico em que substâncias químicas são detectadas e convertidas por quimiorreceptores dos botões gustativos presentes na língua, palato, faringe e laringe. Na língua eles estão presentes nas papilas gustativas e são responsáveis pela percepção dos gostos básicos (doce, amargo, salgado, ácido e umami), cada estímulo recebido é detectado por diferentes mecanismos, por exemplo, os gostos salgado e ácido são percebidos através de canais iônicos, enquanto os gostos doce, amargo e umami por receptores acoplados à proteína G (COSTANZO, 2014). O gosto doce está relacionado com a interação dos açúcares como glicose, frutose e lactose, mas outras substâncias também proporcionam essa sensação, como o álcool e alguns aminoácidos. O amargo é reconhecido por substâncias como quinina e cafeína e outros alcaloides presentes nas toxinas de plantas venenosas, sendo associado a algo indesejado, mas o gosto amargo pode ser sinônimo de qualidade em algumas bebidas como chá, café e cerveja. A entrada de íons de sódio nas células receptoras detectam o gosto salgado, como é o caso do cloreto de sódio, mas outros sais minerais como o potássio e o magnésio também provocam essa sensação (COSTANZO, 2014). A acidez de um alimento é percebida através de substâncias que liberam íons de hidrogênio, assim quanto maior a concentração de hidrogênio, maior é a percepção da acidez, o que pode causar rejeição a um alimento. Já o umami, que é estimulado pelo ácido glutâmico, glutamato monossódico e nucleotídeos, pode causar uma sensação agradável devido a proteínas presentes em vegetais, frutos do mar e carnes. O sabor é diferente do gosto, pois ele está relacionado com a interação do paladar, do olfato e tato, ele é influenciado pelos compostos aromáticos em que são percebidos os atributos florais e frutados e através do tato os atributos quente e frio, outro fator que também influencia no sabor é a textura, completando um conjunto de sensações, permitindo que o indivíduo escolha alimentos de acordo com a sua preferência (COSTANZO, 2014). A avaliação sensorial dos alimentos pode ser realizada por meio de diferentes testes, sendo os principais os testes afetivos, testes de discriminação e testes descritivos. O teste afetivo é aquele no qual se busca avaliar a aceitação do produto a partir da reação do avaliador. No teste discriminativo deseja-se avaliar se duas amostras são suficientemente diferentes para serem catalogadas como tal. Por fim, os testes descritivos definem as propriedades de um alimento da maneira mais objetiva possível. Entretanto, para que os testes sensoriais obtenham os resultados desejados é importante o treinamento dos avaliadores para determinar suas capacidades sensoriais como detecção de cor, odor, e gosto básico (DUARTE; PEREIRA, 2022). No entanto, para que a análise sensorial seja realizada é imprescindível que os assessores tenham consciência da importância do seu trabalho, pois é através das informações fornecidas por eles que o produto em análise é avaliado. Dessa forma, o ideal é trabalhar com equipe sensorial treinada, sendo este treinamento direcionado para o produto que se deseja produzir ou aperfeiçoar (DUARTE; PEREIRA, 2022). Diante do exposto, o objetivo deste teste é que através de soluções padronizadas correspondentes aos 4 gostos básicos (doce, salgado, amargo e ácido) e o umami, o assessor identifique qual o gosto e a diferença de intensidade entre as amostras. MATERIAIS E MÉTODOS A aula prática de gosto e intensidade foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial (LASA), no Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí. Para a realização desta atividade, a turma foi dividida em grupos, compostos por no máximo 12 alunos, número equivalente de cabines do laboratório. Cada cabine continha 10 amostras referente às soluções padronizadas, sendo duas correspondentes a cada gosto (doce, salgado, amargo, ácido e umami), com intensidades diferentes (franca e intensa). Neste teste, os assessores tinham que identificar cada gosto, assim como intensidade entre eles, ou seja, indicar a solução mais ou menos concentrada. As soluções foram preparadas em copinhos de café descartáveis. Cada copinho contendo as soluções estava identificado numericamente com três dígitos de forma aleatória. A apresentação dos quatros sabores básicos e o sabor umami foi realizada aleatoriamente para cada assessor, intercalando-se para as duas amostras de um mesmo gosto repetido na sequência. Ao identificar o gosto e a intensidade, o aluno registrava na ficha, juntamente com o código referente. Entre a identificação de cada gosto, os alunos foram orientados a beber água, técnica que representa o branco neste teste. Todos os julgadores realizaram esse mesmo procedimento até finalizarem o reconhecimento dos gostos e suas respectivas intensidades. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise sensorial é um método científico capaz de fornecer informações objetivas sobre a experiência que os consumidores têm em sua relação com os produtos (VARGAS, et al. 2019). Na tabela 1 são apresentados os percentuais de acertos por gosto e intensidade, realizados por 30 alunos. Tabela 1. Percentual de acertos por gosto e intensidade. INTENSIDADE % DE ACERTOS Mais doce 93,33% Menos doce 93,33% Mais salgados 86,66% Menos salgados 83,33% Mais amargo 90% Menos amargo 86,66% Mais ácido 76,66% Menos ácido 73,33 Mais umami 56,66% Menos umami 63,33% Fonte: Pesquisa direta. Tabela 3. Percentual (%) de acertos dos assessores. ASSESSORES % DE ACERTOS 1 80% 2 100% 3 60% 4 60% 5 100% 6 100% 7 80% 8 80% 9 100% Tabela 2. Percentual (%) de acertos dos assessores. Continuação … ASSESSORES % DE ACERTOS 10 80% 11 30% 12 80% 13 60% 14 60% 15 100% 16 100% 17 100% 18 100% 19 100% 20 60% 21 100% 22 60% 23 100% 24 80% 25 40% 26 60% 27 100% 28 100% 29 100% 30 40% Fonte: Dados direto. Conforme a Tabela 1, observou-se que o sabor e a intensidade que teve o maior percentual de acerto foi mais doce e o menos doce, respectivamente com 93,33%. Por outro lado, o sabor mais umami e menos umami foram os que obtiveram menor porcentagem de acertos, respectivamente com 56,66% e 63,33%. Seguido do sabor mais ácido e menos ácido, respectivamente com 76,66% e 73,33% de acertos. Isso se deve , sobretudo, aos fatores que interferem na percepção gustativa, e a proximidade dos assessores com os sabores estudados. Diante disso, deve ser considerado que a capacidade de percepção dos seres humanos sofre variações e apresenta algumas limitações de sensibilidade, tornando importante o conhecimento sobre os limites. Na análise sensorial determina-se 4 limiares: detecção, reconhecimento diferencial e de saturação.Esses limiares são importantes para poderem definir o ponto de transição entre a possibilidade de um indivíduo perceber ou não um determinado estímulo (LUCAS; DALLA NORA, 2021). Para Johnson e Vickers (2004), em suas pesquisas apontam fatores como avaliadores insuficientes e sem treinamento podem ter contribuído para a incapacidade de observar diferenças na eficácia entre as estratégias de limpeza de palato para o gosto amargo, limitando geralmente o poder estatístico ou aumentando o nível de ruído nas medições. Mas como foi analisado na tabela 1, contrapondo a afirmativa anterior o gosto amargo teve um percentual de acerto de 90% a 86,66 %. A prática realizada tem caráter eliminatório para os próximos testes sensoriais. No entanto, em relação ao percentual de acerto por assessores foi observado que 14 avaliadores acertaram 100 % do teste, estando assim hábitos para se classificarem para a próxima etapa. CONCLUSÃO Diante do exposto, foi possível concluir que o teste de sabor e intensidade tem uma importância significativa na ciência de análise sensorial para determinar indivíduos capacitados a serem assessores e avaliadores da qualidade dos alimentos. Com isso, pode-se observar com a prática que dentre os participantes a maior parte conseguiu distinguir 100% os sabores e intensidades básicas. Com isso, destaca-se a importância do conhecimento acerca das percepções organolépticas, com relação aos sabores, sobretudo aos que desejam ser avaliadores. A prática realizada se mostra primordial aos alunos da área de nutrição a fim de conhecer suas utilizações dentro da área. REFERÊNCIA AI, YONGFENG, JANE, JAY‐LIN. Macronutrients in Corn and Human Nutrition. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, v.15, n. 3, p. 581-598, 2016. DUARTE, Madrith Sthel Costa; PEREIRA, Margarete Aparecida. Desenvolvimento de processos fermentativos e análise sensorial no ensino de engenharia química: uma experiência no ensino remoto. Brazilian Journal of Development, v. 8, n.3,p.16590-16600, 2022 COSTANZO, L. S. Fisiologia [tradução Denise Costa Rodrigues], 5. ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. LUCA, B.N.; DALLA NORA, Flávia Michelon. Análise Sensorial de Alimentos: Aplicações Recentes. Análise Sensorial Clássica: Fundamentos e Métodos, p.118, 2021. VARGAS, Klecio Ramos et al. Substitutos parciais de gordura para derivados cárneos: uma revisão. 2019. Disponível em: http://repositorio.ifgoiano.edu.br/handle/prefix/548 Acesso em: 07 de fevereiro. de 2023. VICARI, Lucila; GULARTE, Márcia Arocha; SANTOS, Roberta Bascke. Princípios da Análise Sensorial, 2021. http://repositorio.ifgoiano.edu.br/handle/prefix/548
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