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PREPARO DE AMOSTRAS No que diz respeito ao preparo das amostras, é importante salientar que cada produto tem sua própria técnica de preparo que deve, entretanto, ser fielmente reproduzida para cada julgador, em cada repetição (MINIM, 2006). Testes preliminares geralmente são requeridos para determinar o método de preparo do produto. Fatores como tempo e temperatura de cozimento, quantidade de água necessária ao preparo, velocidades de agitação etc. devem ser cuidadosamente avaliados e mantidos constantes durante toda a fase de avaliação do produto (MINIM, 2006). Uma vez que os julgadores podem ser influenciados por características aparentemente irrelevantes das amostras, todo e qualquer esforço deve ser feito para que amostras provindas de tratamentos diferentes sejam idênticas em todas as características, exceto, obviamente, naquela que esteja em estudo (MINIM, 2006). Atenção especial deve ser dada para as técnicas usadas para amostragem de alimentos, preparo e apresentação das amostras do painel e para uso de amostras de referencia e controle (CLEMENTE, 2001). AMOSTRAGEM DE ALIMENTOS PARA TESTES SENSORIAIS Todos os alimentos apresentados para os julgadores para teste, devem, certamente, serem saudáveis para comer. Os julgadores não devem ser convidados a provar ou comer algum alimento que esteja mofado ou tenha sido tratado por um processo que possa causar contaminação microbiológica ou química. Se um alimento ou ingrediente do alimento foi tratado ou armazenado em processo que possa fazê-Io perigoso para comer, então, somente os atributos de odor e aparência do alimento, devem ser avaliados (CLEMENTE, 2001). Quando os grupos de alimentos estão sendo amostrados para teste sensorial, as amostras devem ser representativas do grupo. Se as porções ultimamente servidas para os julgadores não são representativas do alimento como um todo, os resultados não são válidos. Para um alimento como feijão, o lote a ser testado deve primeiro ser totalmente misturado, dividido em quatro partes e extraída uma amostra de cada parte. Essas quatro amostras devem ser recombinadas para formar uma amostra teste. O tamanho da amostra teste deve ser calculado antecipadamente, baseado no numero de porções que será requerido para o painel (CLEMENTE, 2001). APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS A apresentação das amostras aos julgadores é outro fator a ser rigorosamente controlado durante o experimento. Qualquer diferença entre a apresentação de uma amostra e outra pode induzir a erros de tendências nos resultados dos testes (MINIM, 2006). Assim sendo, os recipientes utilizados para servir as amostras devem ser preferencialmente de vidro ou porcelana vitrificada (apesar de nem sempre isso ser possível); ser uniformes entre si, adequados ao teste em questão em bem higienizados, livres de odores estranhos; e ser servidos em bandeja, com guardanapos e talheres, quando necessário. Quando for preciso, devem-se eliminar diferenças entre as amostras, por meio da utilização de taças opacas, pires de fundo preto, iluminação colorida, entre outros (MINIM, 2006). Também é importante que cada julgador receba uma porção representativa da amostra teste. Bombons, por exemplo, devem ser cortados em tamanho uniforme para que cada julgador receba parte da superfície e do centro do bombom. Produtos fluidos devem ser misturados durante a administração para manter a consistência uniforme entre as porções (CLEMENTE, 2001). As amostras alimentícias que estão sendo avaliadas podem ser engolidas ou expectoradas, entretanto, o painel deve ser encorajado a desenvolver uma técnica constante e consistente. Copos com tampas devem ser fornecidos para expectoração (CLEMENTE, 2001). Água em temperatura ambiente é frequentemente apresentada aos provadores para que eles possam lavar sua boca antes e entre amostras. A água de lavagem pode ser engolida ou expectorada. Se a água em temperatura ambiente não limpa a boca entre amostras, água quente, água com limão, biscoito sem sal, pão de forma ou pedaços de maça, podem ser usados. Água quente é particularmente útil, quando gordura de alimentos oleosos estão sendo testados. O tempo entre a avaliação de cada amostra pode ter que ser maior que o usual se os produtos testados têm "flavor" forte. Pode também ser necessário restringir para 2 ou 3, o numero de amostras apresentadas para uma sessão (CLEMENTE, 2001). Quando as outras características que não a cor estão sendo avaliadas, pode ser necessário mascarar as diferenças de cor; de outra forma elas podem influenciar o julgamento dos provadores para as outras características. Luz vermelha, azul, verde ou amarela mascaram as diferenças de cor das amostras mais efetivamente, quando usadas (CLEMENTE, 2001). Veículos de apresentação de amostras Muitas vezes, existem produtos em avaliação que não podem ou não devem ser provados diretamente, uma vez que possuem algum atributo sensorial em grande intensidade (geralmente o sabor) e viriam a causar sensações desagradáveis ao paladar do julgador. Como exemplo desse tipo de produto, tem-se manteiga, margarina, caldo de carne, edulcorantes e essências. Neste caso, é interessante que se utilize algum veiculo para apresentar a amostra ao julgador, de maneira que ele possa realizar normalmente análise, sem que o resultado seja influenciado pelo atributo de grande intensidade (MINIM, 2006). Veículos são alimentos ou substâncias empregadas como suporte para o produto que se quer avaliar, sendo as amostras incorporadas ou mescladas a eles para a apresentação ao julgador (MINIM, 2006). Exemplos comuns de veículos e respectivas amostras avaliadas são biscoitos de água e sal para a geléia, a manteiga ou margarina, batata como suporte para o óleo de soja, arroz para o caldo de carne, entre outros (MINIM, 2006). O uso de veículos deve ser feito apenas quando é realmente necessário, já que alguns erros podem ser incorporados a análise quando do seu uso. Pode ocorrer interferência das características do veiculo com as da amostra; além disso, se a proporção amostra- veículo não for constante, ou se a qualidade do veiculo não for consistente, os julgadores poderão avaliar as amostras de maneira diferente uns dos outros, gerando erros de tendência ou de estimulo aos resultados (MINIM, 2006). Assim, veículos são recomendados para alguns produtos em testes com consumidores, que são julgadores nao - treinados; a escolha dessa substancia suporte será baseada no uso mais comum, freqüente e popular do produto avaliado (MINIM, 2006). Em testes com julgadores treinados, como é o caso dos testes de diferença ou testes descritivos, utilizam-se as amostras na forma pura ou em sua forma de preparo mais simples, para se evitar a interferência no julgamento da propriedade em questão. Como exemplo, a avaliação de amostras de manteiga será feita sem o veiculo, assim como a bebida de café será provada sem o uso de açucares ou adoçantes (MINIM, 2006). Quantidade de amostra oferecida Geralmente, a quantidade de amostra que se oferece a cada julgador é limitada pela quantidade de material experimental disponível para os testes (MINIM, 2006). É importante salientar que as amostras devem ser servidas de maneira idêntica a cada julgador: devem possuir mesmo tamanho, corte, formato, peso, volume, de modo que sejam evitados erros de tendência e que apenas os atributos de interesse sejam avaliados, levando os julgadores a analisar as amostras com base no mesmo critério (MINIM, 2006). Alimentos que se apresentam como uma unidade pequena que pode ser degustada de uma só vez (doce em barra, bala de caramelo, bombom), a amostra deve ser de uma unidade. Para alimentos sólidos a granel, como arroz, verduras e feijão, recomenda-se oferecer 25 g de amostra. No caso de alimentos líquidos (sopas, cremes), oferecem-se cerca de 15 mL de amostra e, parabebidas, pode-se apresentar aos julgadores até 50 mL do produto (MINIM, 2006; CLEMENTE, 2001). Convém enfatizar que a quantidade de amostra oferecida deve ser suficiente para que o julgador a avalie e tire sua conclusão; isso dependerá, muitas vezes, do tipo de teste que está sendo adotado (MINIM, 2006). Temperatura das amostras na apresentação Muitos trabalhos têm mostrado que a temperatura de apresentação das amostras e a temperatura da boca do julgador influenciam na avaliação do produto. Além disso, a aceitação de alimentos e bebidas é dependente da temperatura de apresentação destes; a familiaridade do julgador com a temperatura em que as amostras são servidas tem afetado diretamente a aceitabilidade de alguns alimentos, como suco, água, frango, sopa de queijo, entre outros (MINIM, 2006). Via de regra, as amostras devem ser servidas à temperatura em que normalmente são consumidas. A temperatura normal de consumo de alimentos varia entre 7°C e 70°C. Frutas, doces, pães são servidos à temperatura ambiente. Verduras cozidas e carnes assadas, cozidas ou fritas são oferecidas a uma temperatura de 57 ± 1ºC. Leite, refrescos e sucos de frutas devem ser servidos entre 4°C e 10°C e gelados comestíveis são apresentados a -1°C (MINIM, 2006). As temperaturas recomendadas para análise de alguns produtos são apresentadas na Tabela de Adranees (Tabela 1) (DUTCOSKY, 2007). Tabela 1. Tabela de Adrannes. Produtos Teste de Aroma (ºC) Teste de Sabor (ºC) Cerveja 4 5 Pão 22 22 Manteiga 22 22 Refrigerantes 7 a 10 7 a 10 Café 71 68 Licores destilados 22 22 Óleo comestível 43 43 Sorvete 10 a 12 10 a 12 Maionese 22 22 Leite 7 7 Sopa 71 68 Chá 71 68 Água 22 22 Vinho tinto 22 22 Vinho branco 12 a 18 12 a 18 Fonte: INSTITUTE OF FOOD TECHNOLOGY, 1981 apud DUTCOSKY, 2007. Uma vez determinada a temperatura de apresentação das amostras, cuidados são requeridos para que a mesma não varie durante o teste ou entre julgadores (MINIM, 2006; DUTCOSKY, 2007). Codificação das amostras As amostras, ao serem apresentadas aos julgadores, devem estar codificadas, de modo que não possam ser identificadas por meio de sua marca ou de seu nome comercial, já que isso poderia influenciar o julgamento do individuo, levando a um erro de tendenciosidade no teste. Desse modo, a codificação é extremamente necessária, sendo feita, normalmente, com um numero de três dígitos que não informe alguma dica a respeito das amostras apresentadas e que não cause erros psicológicos (MINIM, 2006). Os números de um ou dois dígitos e a codificação feita por meio de letras não são recomendados, uma vez que podem levar o julgador a cometer erros (como achar, por exemplo, que a amostra codificada com a letra A é superior à amostra que apresenta a letra B como código) (MINIM, 2006). Recomenda-se, também, utilizar, em alguns testes, marcadores (ou canetas) especiais para a codificação, que não deixem resíduo de odor nos recipientes, que possa vir a interferir no julgamento das amostras (MINIM, 2006). Ordem de apresentação das amostras A posição em que são servidas as amostras pode influenciar na resposta dada pelos julgadores. Observa-se que, em alguns testes, o julgador pode cometer o erro de tendência central, ou seja, ele tende a escolher a amostra servida ao centro da bandeja como a diferente em relação a determinada característica, ou ainda, julgar uma amostra somente em relação à imediatamente superior. A ordem de apresentação bem como a amostra precedente (a primeira a ser apresentada) em um grupo de amostras costumam influenciar na percepção de características de sabores em perfis sensoriais (MINIM, 2006). Na Tabela 2 estão exemplificadas as possíveis posições para a apresentação de três produtos (1, 2 e 3) a serem comparados (MINIM, 2006). Tabela 2. Possíveis posições de apresentação de três produtos: A, B e C. Primeira posição Segunda posição Terceira posição 1 2 3 1 3 2 2 1 3 2 3 1 3 1 2 3 2 1 Fonte: MINIM, 2006. Assim, a ordem de apresentação das amostras seguirá determinado critério para se evitarem erros psicológicos ou fisiológicos de escolha. As amostras deverão, então, serem apresentadas de maneira aleatória ou balanceada, de modo que cada ordem possível ocorra em um mesmo numero de vezes, ao se realizar a analise do alimento em questão, porém em ordem casualizada para cada julgador (MINIM, 2006; DUTCOSKY, 2007). Numero de amostras testadas em cada prova O planejamento do numero de amostras a ser avaliado por teste deve levar em consideração alguns fatores importantes como (MINIM, 2006): Natureza do alimento - Dependendo do tipo de alimento a ser avaliado, um maior ou um menor numero de amostras poderá ser servido. Como exemplo, produtos mais condimentados ou gordurosos devem ser apresentados em, no máximo, um par de amostras. Pode-se perceber que o numero de amostras apresentado dependerá da fadiga sensorial ou mental que o teste poderá causar ao julgador. Observa-se, aqui, a importância do uso de um delineamento na apresentação das amostras. Em geral, não se deve oferecer mais de cinco amostras ao mesmo tempo para o julgador (MINIM, 2006). Intensidade/complexidade da propriedade sensorial em estudo - Quando a propriedade sensorial a ser avaliada envolve o sentido da visão para sua análise, não se percebe o problema da fadiga do julgador, podendo-se avaliar um numero grande de amostras por sessão, cerca de 20 a 30 amostras. Normalmente, o que ocorre é, em testes envolvendo a visão, poder oferecer um maior numero de amostras que em testes de odor, sendo este ultimo constituído de maior numero de avaliações que os testes de sabor de alimentos (MINIM, 2006). Experiência do julgador - Para julgadores treinados, o teste sensorial poderá prover um maior numero de amostras por sessão comparado ao teste com julgadores não - treinados (consumidores). Naturalmente, o numero de amostras nesses testes será função da própria natureza da avaliação (teste triangular, comparação múltipla, preferência etc.) (MINIM, 2006). Tempo disponível para a realização do teste - Quanto mais amostras se tem a avaliar, maior será o tempo requerido para as sessões. Portanto, deve-se planejar o numero de amostras de acordo com o tempo disponível tanto para o analista sensorial quanta para o julgador (MINIM, 2006).
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