Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Universidade Federal da Bahia Instituto de Física Departamento de Física Geral Física Geral e Experimental II (FIS122) Velocidade do Som no Ar Relatório desenvolvido pelos alunos Everton Amaral Lima Igor Emanuel da Silva Lins Salvador - BA, 17 de maio de 2016 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO TEÓRICA 3 1.1 INTENSIDADE DO SOM 4 1.2 ALTURA DO SOM 4 1.3 TIMBRE DO SOM 4 1.4 ONDAS ESTACIONÁRIAS 5 2 MATERIAIS UTILIZADOS 7 3 PROCEDIMENTOS 8 4 MEDIDAS E TABELAS 9 5 TRATAMENTO DE DADOS 9 6 QUESTIONÁRIO 11 7 CONCLUSÕES 12 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12 3 1 INTRODUÇÃO TEÓRICA Qualquer corpo material que vibra gera ondas mecânicas no meio no qual está imerso, podendo tanto o corpo como o meio ser sólido, líquido ou gasoso. O som percebido por nosso aparelho auditivo corresponde a ondas nestes meios materiais. Ao atingir os nossos ouvidos elas provocam vibrações dos tímpanos que são convertidas em impulsos elétricos e conduzidas até o cérebro que processa a informação recebida. O aparelho auditivo do ser humano só processa e distingue ondas com frequências no intervalo [20Hz ,20.000Hz], que define o que chamamos de sons ou ondas sonoras. Abaixo de 20 e acima de 20.000Hz, as ondas são denominadas, respectivamente, de infra-som e ultra-som. Alguns animais são capazes de perceber ondas com frequências mais altas, como cães amestrados que atendem a apitos cuja frequência de emissão atinge a 50.000Hz, e os morcegos que conseguem captar frequências de até 120.000Hz, utilizando esta capacidade para evitar colisões com obstáculos. Por outro lado, elefantes e baleias podem captar ondas com frequências abaixo de 20 Hz, na região dos infra sons. O som (e também os infra- e ultra-som) são ondas longitudinais. Como todas os fenômenos ondulatórios elas são caracterizadas pela velocidade de propagação que depende do meio onde o fenômeno é observado. A título de ilustração apresentamos valores típicos medidos em diversos meios: borracha: 54m/s; ar: (a 20°C): 340 m/s; água: 1.450 m/s; granito: 6.000 m/s. Todas as propriedades estudadas para as ondas em geral (reflexão, refração, difração, interferência) são também válidas para as ondas sonoras. A velocidade de propagação das ondas em um meio gasoso pode ser obtida teoricamente a partir do modelo do gás ideal. A expressão resultante é: 𝑣𝑠 = √ 𝛾𝑃 𝜌 onde 𝑃 indica a pressão no gás, 𝜌 é a sua densidade volumétrica e 𝛾 é a razão entre o calor específico a pressão constante e o calor específico a volume constante, 𝛾 = 𝑐𝑝/𝑐𝑣. No caso em que o meio é o ar, P é a pressão atmosférica (1,03×105 Pascal), e a temperatura é 20°C, obtém-se 𝑣𝑠 = 344𝑚/𝑠, que concorda com os valores medidos com precisão. 4 Neste experimento iremos medir a velocidade de propagação do som no ar através da geração de ondas estacionárias em um tubo. Discutiremos a seguir algumas características do som. 1.1 INTENSIDADE DO SOM A intensidade do som é uma quantidade relacionada com a energia transportada pela onda e depende da potência de vibração da fonte emissora. Quanto maior for a quantidade de energia transportada por unidade de tempo, maior é a intensidade do som que perceberemos. A quantidade de energia transportada está relacionada com a amplitude de vibração da onda, sendo a intensidade do som tanto maior quanto maior for a amplitude da onda sonora. O efeito sonoro da variação da intensidade é percebido ao se variar o volume (i.e., a potência gasta na emissão da onda sonora) de um amplificador de som. 1.2 ALTURA DO SOM A altura do som é relacionada com a frequência da onda sonora. Ela permite classificar o som em grave e agudo. Exemplificando, dizemos em geral que os homens têm voz grave (baixas frequências), enquanto as mulheres possuem voz aguda (alta frequência). Em linguagem musical, um som agudo é alto enquanto um som grave é baixo. Convém ressaltar que na linguagem comum, costuma-se usar os termos "alto" e "baixo" com referência a intensidade do som, o que é incorreto e deve ser evitado. As notas musicais são caracterizadas pelas suas frequências de emissão. Também os cantores de música clássica são classificados segundo a capacidade de emissão de notas musicais. As frequências das notas musicais que os baixos tenores e sopranos são capazes de emitir, variam desde 100Hz até 1.200Hz, aproximadamente. 1.3 TIMBRE DO SOM O que caracteriza o timbre do som é a forma da onda sonora emitida. Note que raramente uma onda sonora emitida por um instrumento é caracterizada por uma única frequência. Normalmente ela é formada pela superposição (soma) de diversas ondas harmônicas. A frequência mais baixa, chamada de frequência fundamental 𝑓0, é a que caracteriza a altura do som. A ela são superpostos os seus harmônicos, isto é, ondas harmônicas com frequência 𝑓𝑛 = 𝑛𝑓0. O timbre depende dos diferentes pesos relativos com que os harmônicos da frequência fundamental aparecem na onda, sendo que estes pesos são determinados pela forma da cavidade ressonante. 5 Como podemos representar graficamente esta onda, dizemos que a sua forma é que caracteriza o timbre. Assim, uma nota emitida por um piano resulta não apenas da vibração da corda acionada, mas das vibrações dos componentes da caixa (madeira, colunas de ar, outras cordas, etc.), que também vibram com ela e conjuntamente originam uma onda sonora própria do piano. O mesmo ocorre com outros instrumentos musicais e com vozes humanas, o que permite identificar uma pessoa pela voz. O nosso ouvido é capaz de distinguir dois sons, da mesma frequência e mesma intensidade, desde que a forma das ondas sonoras correspondentes sejam diferentes. Dizemos que neste caso, os dois sons possuem timbres diferentes. 1.4 ONDAS ESTACIONÁRIAS Neste experimento iremos medir a velocidade de propagação do som no ar através da geração de ondas estacionárias em um tubo aberto em uma ponta. Já estudamos a geração de ondas estacionárias em uma corda vibrante, presa nas duas pontas. Uma diferença entre os dois casos é que, no caso da corda, as ondas são transversais, pois o movimento oscilante da corda ocorre numa direção transversal à direção de propagação da onda. No caso do som, as ondas são longitudinais, pois as moléculas que compõem o ar vibram na mesma direção em que o som se propaga.Podemos representar esta onda unidimensional por meio de uma senóide, conforme a FIGURA 1. No caso (a), o que estamos representando na ordenada é o deslocamento s(x) das moléculas que compõem o ar, em torno de sua posição de equilíbrio médio, em função de sua posição x ao longo do tubo, em um dado instante. Conforme podemos ver em (b), as moléculas localizadas em x1 e x3 estão em suas posições de equilíbrio neste instante (s=0), ao passo que a molécula em x2 está deslocada para a direita em relação ao equilíbrio (s>0). FIGURA 1 6 Há, no entanto, uma diferença entre as posições em x1 e x3. As moléculas em torno de x3 estão “apertando” o ponto de equilíbrio, o que corresponde a um aumento de pressão, enquanto que as moléculas em torno de x1 estão todas se afastando do equilíbrio, correspondendo a uma pressão mais baixa. Podemos então representar em (c) a curva da pressão p(x) da onda sonora, no mesmo instante da curva (a). Vemos pelas figuras que um máximo de deslocamento corresponde a um zero de pressão, e um zero de pressão a um máximo ou mínimo de deslocamento. Por convenção, é costume desenhar ondas sonoras por meio de uma curva senoidal de deslocamento. O comprimento de onda 𝜆 é a distância entre dois máximos da onda de deslocamento (na FIGURA 1, a distância entre x1 e x5). Estudaremos a propagação do som em um tubo vertical cheio de ar, aberto em uma ponta e fechado com água em outra. Simplificadamente, podemos supor que o som se propaga apenas em uma dimensão, paralela ao eixo do tubo. O som é gerado na boca do tubo, se propaga em seu interior, reflete na superfície de água e retorna para a boca do tubo, onde parte sai e parte retorna mais uma vez para dentro. Em nosso experimento, encontraremos situações em que se formam ondas sonoras estacionárias dentro do tubo. Na parede interna do tubo (onde há água), as moléculas de ar são restringidas a ficar paradas, formando assim um nó de deslocamento nulo. Já na superfície aberta do tubo, a condição de contorno apropriada é que a pressão do ar se mantenha aproximadamente constante, resultando em um nó de pressão (igual à pressão atmosférica). Pelo que vimos acima, pressão nula corresponde a um extremo de deslocamento, equivalendo a um ventre de deslocamento na boca do tubo. De forma análoga ao que ocorre com a corda vibrante, essas duas condições de contorno selecionam uma série de harmônicos em que ocorre uma ressonância entre a vibração sonora da fonte e os modos naturais de vibração do tubo. Tais ressonâncias serão ouvidas em classe como um aumento na intensidade do som. Antes de começar a análise do experimento, lembremos que a velocidade V de uma onda é o produto da frequência 𝑓 e de seu comprimento de onda 𝜆: 𝑉 = 𝑓𝜆. Conhecendo 𝑓 e determinando 𝜆, saberemos a velocidade. 7 Na FIGURA 2, representamos três diferentes harmônicos que podem ocorrer quando fixamos a frequência do som. Para inferirmos as condições de ressonância, é mais fácil trabalhar com o comprimento de onda 𝜆 do som, ao variarmos o comprimento L do tubo. Examinando as diferentes relações entre λ e L (ver figura), inferimos por indução que: 𝜆 = 4 2𝑛−1 𝐿𝑛 FIGURA 2 Para a ressonância em n=1, poderíamos inferir o comprimento de onda através da relação 𝜆 = 4𝐿1. No entanto, na prática esta relação não se verifica, porque o ventre de deslocamento da onda estacionária não ocorre exatamente na boca do tubo, mas a uma distância 𝛿𝐿 para fora. Esta correção terminal 𝛿𝐿 é aproximadamente a mesma para todos os valores de n, e é da ordem de grandeza do raio do tubo. Assim, a condição encontrada acima deve ser substituída por: 𝜆 = (4/(2𝑛 − 1))(𝐿𝑛 + 𝛿𝐿) Como 𝛿𝐿 independe do tamanho do tubo, é possível eliminá-lo tomando a diferença entre duas medições de L. Desta forma, para qualquer n: 𝐿𝑛+1 − 𝐿𝑛 = 𝜆/2 2 MATERIAL UTILIZADO - Tudo de vidro contendo coluna de água; - Dispositivo utilizado para fazer variar a coluna de água; - Gerador de áudio; - Alto falante utilizado como fonte de áudio. 8 Vejamos na FIGURA 3 uma ilustração da montagem do experimento: FIGURA 3 3 PROCEDIMENTO Ajustando o reservatório de água numa altura tal que o nível de água se mantenha o mais alto possível no tubo de vidro, selecionamos no gerador uma frequência 𝑓 de aproximadamente 700Hz e a mantivemos fixa. Variamos lentamente a altura do reservatório de água fazendo diminuir a altura da coluna de água e aumentando o comprimento L do tubo. Observamos atentamente o que acontece com a intensidade do som à medida que a coluna de água vai baixando. Repetimos esse procedimento até atingir a menor altura possível da coluna de água. Voltamos a aumentar a altura da coluna de água, registrando na tabela os valores da escala onde o som atingiu a sua intensidade máxima. Completamos a tabela, calculando o valor do comprimento de onda com o auxílio da equação 𝐿𝑛+1 − 𝐿𝑛 = 𝜆/2. Repetimos o mesmo procedimento para mais cinco valores de frequência no gerador. 9 4 MEDIDAS E TABELAS Vejamos na TABELA 1 os dados obtidos no experimento: TABELA 1 f (Hz) = 700 Marca da fita na boca do tubo = 0 (cm) Posição das Ressonâncias 10,5 cm 35,5 cm 60,0 cm 72,0 cm 84,5 cm f (Hz) = 800 Marca da fita na boca do tubo = 0 (cm) Posição das Ressonâncias 9,0 cm 30,5 cm 52,0 cm 74,0 cm Não Observável f (Hz) = 900 Marca da fita na boca do tubo = 100.00 (cm) Posição das Ressonâncias 7,0 cm 27,0 cm 47,0 cm 66,0 cm 85,0 cm f (Hz) = 1000 Marca da fita na boca do tubo = 100.00 (cm) Posição das Ressonâncias 6,5 cm 24,0 cm 41,5 cm 59,0 cm 76,0 cm f (Hz) = 1100 Marca da fita na boca do tubo = 100.00 (cm) Posição das Ressonâncias 5,5 cm 21,5 cm 37,5 cm 53,0 cm 69,0 cm f (Hz) = 1200 Marca da fita na boca do tubo = 100.00 (cm) Posição das Ressonâncias 5,0 cm 19,5 cm 34,0 cm 48,0 cm 63,0 cm 5 TRATAMENTO DE DADOS O gráfico da frequência 𝑓(𝐻𝑧) em função do inverso do comprimento de onda 1/𝜆 encontra-se em anexo a este relatório. Como solicitado no roteiro do experimento, vamos agora obter a expressão experimental da velocidade do som 𝑣𝑠 através de três procedimentos: média dos valores 𝑣𝑠 obtidos usando-se 𝑓 e 𝜆; inclinação da reta obtida no gráfico 𝑓 versus 1/𝜆 e método dos mínimos quadrados aplicado às grandezas 𝑓 e 1/𝜆. Desse modo, temos: 10 1º Procedimento: média dos valores 𝑣𝑠 obtidos usando-se 𝑓 e 𝜆: 𝒇 (𝑯𝒛) 𝝀 (𝒎) 𝒗 (𝒎/𝒔) 𝟏/𝝀 (𝒎−𝟏) 700 0.50 350.00 2.00 800 0.44 354.00 2.29 900 0.39 351.00 2.57 1000 0.35 350.00 2.86 1100 0.32 352.00 3.14 1200 0.29 348.00 3.43 Como a velocidade do som será calculada através da média dos valores obtidos na tabela, temos: 𝑣𝑠 = 350 + 354 + 351 + 350 + 352 + 348 6 ⇒ 𝑣𝑠 = 350,833333 𝑚/𝑠 Através do 1º procedimento, obtemos a velocidade do som 𝑣𝑠 = 350,833333 𝑚/𝑠. 2º Procedimento: inclinação da reta obtida no gráfico 𝑓 versus 1/𝜆: Fazendo uma breve análise do gráfico, temos que: tan 𝜃 = 𝑣𝑠 = Δ𝑦 Δ𝑥 = 1200 − 700 3,43− 2 ⇒ 𝑣𝑠 = 349,65 𝑚/𝑠 Através do segundo procedimento, obtemos a velocidade do som 𝑣𝑠 = 349,65 𝑚/𝑠. 3º Procedimento: método dos mínimos quadrados aplicado às grandezas 𝑓 e 1/𝜆: Aplicando o método dos mínimos quadrados às grandezas 𝑓 e 1/𝜆, temos: ∑ 𝑥𝑖 𝑖 = 2 + 2,29 + 2,57 + 2,86 + 3,14 + 3,43 = 16,29 ∑ 𝑥𝑖 2 𝑖 = 22 + 2,292 + 2,572 + 2,862 + 3,142 + 3,432 = 45,6531 ∑ 𝑦𝑖 𝑖 = 5700 11 ∑ 𝑥𝑖 𝑖 𝑦𝑖 = 15975 𝑎 = 𝑣𝑠 = ∑ 𝑥𝑖𝑖 ∑ 𝑦𝑖𝑖 − 𝑛 ∑ 𝑥𝑖𝑖 𝑦𝑖 (∑ 𝑥𝑖𝑖 )2 − 𝑛 ∑ 𝑥𝑖2𝑖 𝑣𝑠 = 16,29 × 5700 − 6 × 15975 (16,29)2 − 6 × 45,6531 ⇒ 𝑣𝑠 = 350,342 𝑚/𝑠 Através do 3º procedimento, obtemos a velocidade do som 𝑣𝑠 = 350,342 𝑚/𝑠. 6 QUESTIONÁRIO QUESTÃO 1) Identifique o sistema no experimento que você realizou. Resposta: QUESTÃO 2) Como os conceitos de onda estacionária e ressonância se relacionam com o fenômeno que acabou de observar? Resposta: QUESTÃO 3) Faça um esquema ilustrativo do que está ocorrendo na coluna de ar, acima do nível da água. Resposta: QUESTÃO 4) Na experiência sobre corda vibrante, tínhamos que dois nós nas extremidades do meio eram as condições de contorno. E no sistema usado nesta experiência, quais são as condições de contorno? Elas levam à mesma situação anterior? Resposta: QUESTÃO 5) Com base nos dados obtidos acima, determine o valor da velocidade do som no ar, explicando o raciocínio desenvolvido. Resposta: 12 QUESTÃO 6) Qual a relação entre 1/𝜆 e 𝑓? Resposta: QUESTÃO 7) A partir do gráfico determine a velocidade do som no ar. Como você compara este resultado com o obtido na questão 4? Resposta QUESTÃO 8) Qual a função dos furos em instrumentos de sopro, como a flauta? Resposta: QUESTÃO 9) Por que um órgão é considerado um instrumento de sopro? Por que ele possui tubos de vários tamanhos? Resposta: 7 CONCLUSÕES Através deste experimentos, obtivemos três expressões experimentais para a velocidade das ondas sonoras no ar, expressões com valores de 350.833333m/s, 349,65m/s e 350,342m/s com respectivos erros percentuais de 0,238%, 0,1% e 0,098%. Observando os erros percentuais percebemos que são valores bastante próximos do valor teórico com desvios muito pequenos, e em muitos casos, sendo considerados despresíveis. Desse modo, concluímos que os resultados obtidos no experimento foram perfeitamente aceitáveis e coerentes com a teoria. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar