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Sumário O Código Civil é divido em duas partes: I. Parte geral: Sujeitos: · pessoas naturais · pessoas jurídicas Objeto: · bens Forma: · negócio jurídico II. Parte Especial: 1. Obrigações 2. Empresa (não será objeto de estudo) 3. Direito das Coisas 4. Direito de Família 5. Direito das Sucessões *** 1. Pessoa natural: é o ser humano sujeito de relação jurídica. Para tanto, deve ser pessoa natural ou pessoa jurídica. O indivíduo ganha esse status quando adquire personalidade civil (aptidão genérica para contrair direitos e deveres) - art. 2º do CC/02: o início da personalidade se dá com o nascimento com vida (Resolução n. 1 de 13.06.1988 - Conselho Nacional de Saúde - art. 29, item 6: é a expulsão ou extração completa do produto da concepção, havendo respiração e batimento cardíaco próprio). Dessa forma, não é necessário a forma humana. Se a criança nasce e morre na sequência, deve ser lavrados dois registros (de nascimento e de óbito), caso contrário, será feito o registro único de natimorto (demonstra que a criança não adquiriu a plenitude da personalidade). Em relação ao natimorto, é importante ressaltar o Enunciado n. 1 do Conselho da Justiça Federal - CJF (órgão ligado ao STJ que, mediante jornadas de Direito Civil, elabora enunciados sobre posicionamentos doutrinários, não se confundindo com as súmulas oriundas do judiciário), o qual ressalta não ser necessário o corte do cordão umbilical para considerar o nascimento com vida (art. 53, § 2º, Lei de Registros Públicos). Quanto ao nascituro que não nasceu com vida, este já tem os direitos protegidos, desde a concepção. Quais são esses direitos? O nascituro tem ou não personalidade jurídica? Apresentam- se várias teorias, dentes elas destacam-se: I. Teoria Natalista: a personalidade jurídica começa do nascimento com vida. Assim, o nascituro não tem personalidade. Porém, essa teoria não consegue explicar a situação do nascituro, promovendo a coisificação deste. Outra questão que a presente teoria não explica é a reprodução assistida. Nesse caso, o embrião teria personalidade jurídica? Para essa situação, apresenta-se a Lei de Biosegurança n. 11.105/2005, que estabeleceu o regramento para descarte dos embriões que "sobram" do processo de fertilização, destinando-os para pesquisas com célula tronco, para desenvolvimento da vida humana. Em razão disso, foi proposta uma ADI, objetivando a inconstitucionalidade do referido dispositivo legislativo. Esse tema deu ensejo à discussão sobre o início da vida humana. Esse julgamento demonstra que o embrião já possui vida. Em razão dessa constatação, esse teoria foi afastada. II. Teoria Concepcionista: a personalidade se inicia com a concepção. Em face disso, o nascituro já terá personalidade. A personalidade plena = personalidade formal (direitos da personalidade) + personalidade material (direitos patrimoniais). A personalidade formal é adquirida com a concepção, enquanto que a personalidade material é adquirida com o nascimento com vida, conforme o art. 2º do CC\02. Consoante o art. 542 do CC/02, é possível a doação ao nascituro, a qual é ineficaz, pois depende do nascimento com vida. No que tange ao embrião, a aludida teoria estende para este os direitos da personalidade formal, tanto o in vivo como o in vitro (criado para ser armazenado). 2. Capacidade Civil: subdivide- se em: I. capacidade geral ou genérica: vale para todos os atos da vida civil. (parte geral); II. capacidade especial - legitimação: destina-se para a prática de certo e determinado ato. (parte especial): art. 1860 - capacidade testamentária ativa; § único: podem testar os maiores de 16 anos (relativamente incapaz). Nesse caso, o legislador conferiu essa capacidade para o relativamente incapaz testar sem assistência. Ainda, divide-se em: a. capacidade de direito: é a medida jurídica da personalidade. É a que permite a pessoa participar das relações jurídicas (art. 1º do CC\02). Por exemplo: uma criança de três anos pode adquirir um bem, mediante representante legal, sendo parte da relação jurídica. Esta não pode ser recusada. É perdida com a morte. b. capacidade de fato: serve para a prática pessoal dos atos da vida civil. É concedida, consoante o art. 5º, caput, pela maioridade civil, ou seja, aos 18 anos de idade. É possível abreviar essa situação, pelo instituto da emancipação, o qual possibilita a aquisição da capacidade de fato antes da maioridade civil, ou seja, existe a figura do menor capaz (incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). Espécies de Emancipação: · Voluntária: por ato dos pais, mediante escritura pública (Tabelionato de Notas). O art. 9º do CC/02 - necessidade de registro no 1º Cartório do Registro Civil do domicílio do emancipado. Idade mínima: 16 anos. · Judicial: ocorre por sentença, no caso do pupilo - tutelado. Assim, o tutelado não é emancipado pelo seu tutor. Idade mínima: 16 anos. · Legal: decorre da lei. Se houver um fato descrito na lei, a pessoa estará emancipada. São eles (incisos II a V do § ú do artigo 5º do CC): _casamento, sem a idade mínima de 16 anos, conforme o art. 1520 do CC/02, excepcionalmente, é possível, no caso de gravidez. A emancipação é um ato irrevogável. Todavia, somente haverá a sua revogação, na hipótese de casamento putativo; _exercício de emprego público efetivo (não pode ser temporário); _colação de grau no ensino superior; _economia própria por emprego ou estabelecimento comercial (condições de se sustentar); 2.1. Teoria das Incapacidades: I. Incapacidade absoluta (art. 3º): não tem vontade jurídica relevante. Deve ser representado, surgindo o instituto da representação, sob pena de ocorrer uma nulidade. Quem pratica o ato por ele é seu representante legal. II. Incapacidade Relativa (art. 4º): o relativamente incapaz pratica o ato assistido pelo seu assistente, mediante o instituto da assistência, sob pena de ocorrer um ato anulável (sujeito a um prazo: 4 anos de quando cessar a incapacidade). Em relação ao índio não socializado, este é assistido pela FUNAI, sob pena de nulidade do ato em questão. Observa-se que não é necessário haver a interdição para constatar a incapacidade, basta tão somente o fato descrito na lei. A interdição serve para dar publicidade erga onmes, a qual deve ser registrada (art. 9º do CC/02) no 1º Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais do domicílio do interditado. 3. Domicílio · residência: é um conceito fático, pois não está previsto em lei. É verificada no local em que a pessoa é encontrada. · domicilio: é um conceito jurídico, estando previsto no art. 70 do CC/02. Domicílio = residência + ânimo definitivo (preceito legal indeterminado: é subjetivo) É o local onde a pessoa realiza a maioria de suas relações jurídicas obrigacionais dentro de uma determinada circunscrição municipal. Ser dono de um imóvel confere ânimo definitivo.O art. 71 do CC autoriza a pluralidade de domicílios. Ainda, o art. 72 trata do domicílio profissional - local onde as atividades profissionais são exercidas. O art. 73 fala sobre as pessoas que não têm residência habitual, sendo considerada onde for localizada. Espécies de domicílio: I. domicílio voluntário: é aquele escolhido voluntariamente pelo sujeito. II. domicílio necessário (legal): é aquele imposto pela lei. Exemplos: · do incapaz: é o domicílio de seu representante ou assistente; · do servidor público: é o local em que este exerce permanentemente as suas funções; · do militar: é o local onde ele servir, mas, sendo da aeronáutica ou marinha será a sede do comando a que se encontrar subordinado; · do marítimo: é o do local em que o navio está matriculado; · do preso: éo local em que ele cumpre sentença. Obs.: o preso temporário ou provisório não tem domicílio necessário, já que estes não estão cumprindo sentença. III. Domicílio de eleição (art. 78 do CC): pode ser fixado por contrato. 4. Direitos da Personalidade (art. 11 e seguintes do CC): serão dados à pessoa natural, nascituro - embrião, ao natimorto e à pessoa jurídica (art. 52 do CC). Exemplos: direito à vida, direito de imagem, honra, ao nome, à vida privada, intimidade, alimentos, partes do corpo vivo, partes do corpo morto. Art. 11 - características dos direitos da personalidade: são intransmissíveis (deriva a impenhorabilidade, a incomunicabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade) e irrenunciáveis. A lei pode estabelecer exceções, por exemplo: lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais, art. 28. Art. 12 - Ações judiciais: tutela a ameaça (por ação cautelar) e a lesão (por ação indenizatória - prazo prescricional de três anos; podendo buscar o dano material, moral ou estético; legitimidade: titular do direito ou seus herdeiros - cônjuge, ascendentes, descentes e colaterais de 4º grau) a direitos da personalidade. Obs.: o companheiro é legitimado, por equiparação, para ingressar com essas espécies de ações judiciais, conforme o Enunciado n. 275 do CJF. Art. 13 - Doação Irregular de Órgãos: proibição de disposição do próprio corpo, salvo por exigência médica. Objetiva inibir a comercialização de órgãos. § único: não afastou o regramento da Lei de Transplante (n. 9434/97). Esse artigo acabou autorizando a cirurgia de transgenitalização. Art. 14 - Doação pós morte do corpo inteiro ou em parte: é necessário ter um objetivo altruístico ou científico e ser de forma gratuita. § único: o ato de vontade pode ser revogado a qualquer tempo. Deve-se lembrar que há algumas entidades de classe que inserem o ato de consenso afirmativo no documento de identificação, por exemplo, a OAB. Vide Enunciado n. 277 do CJF. Art. 15 - Autorização para a Ortotanásia: é a escolha por uma morte digna. É realizado através de um documento médico, momento e que o paciente opta pelo tratamento que gostaria de seguir (consentimento informado).
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