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DIREITO REAIS apostila

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INSTITUTO ENSINAR BRASIL
FACULDADES UNIFICADAS DE GUARAPARI
DIREITOS REAIS LIMITADOS
E
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
GUARAPARI - ES
2015
INSTITUTO ENSINAR BRASIL
FACULDADES UNIFICADAS DE GUARAPARI
MARIA APARECIDA FREIRE
ROSILENE XAVIER SIMÕES
TASSIANE PERUGGIA
DIREITOS REAIS LIMITADOS
E
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
Trabalho de Pesquisa apresentado ao Curso de
Direito das Faculdades Unificadas de Guarapari,
de acordo com as normas do Curso de
Graduação Bacharelado em Direito. Para a
disciplina Direito Civil V, ministrada pelo Prof.
Dr. Ricardo Silveira.
GUARAPARI – ES
2015
SUMÁRIO
Introdução
1-DIREITOS REAIS
1.1-Servidões prediais
1.1.1- Conceito
1.1.2- Finalidade
1.1.3- Princípios Fundamentais
1.1.4- Natureza Jurídica
1.1.5- Classificação
1.1.6- modo de Constituição
1.1.7- Direitos e deveres dos proprietários dos prédios dominantes e serviente
1.1.8- Proteção Jurídica
1.1.9- Extinção
1.2- Usufruto 
1.2.1- Conceito
1.2.2- Objeto
1.2.3- Características Jurídicas
1.2.4- Espécies de usufruto
1.2.5- modo de constituição
1.2.6- direitos e obrigações do usufrutuário
1.2.6.1- Proteção da posse
1.2.6.2- Despesas ordinárias e extraordinárias
1.2.6.3- Sinistros
1.2.7- Direitos e Deveres do nu-proprietário 
1.2.8- Extinção do usufruto
1.3- USO
1.3.1-Conceito
1.3.2-Caracteristicas
1.3.3-Objeto
1.3.4-Concessão de uso especial para fins de moradia e concessão de direito real de uso
1.3.5-Modo de Constituição
1.3.6- deveres e Direitos do usuário
1.3.7- Extinção
1.4-HABITAÇÃO
1.4.1- Conceito e Características
BENFEITORIAS
1.4.2- Direitos e obrigações do habitador
1.4.3- Extinção
1.5-SUPERFICIE
1.5.1-Conceito
1.5.2-Natureja Jurídica
1.5.3-Concessao gratuita de superfície
1.5.4- Concessão onerosa do direito de superfície
1.5.5- Responsabilidade pelos encargos
1.5.6- transferência de superfície
1.5.7- Extinção
1.5.7.1-Causas de extinção da superfície
1.5.7.2-Efeitos da extinção do direito de superfície
2-DIREITOS REAIS DE GARANTIA
2.1- Introdução
2.1.1- Conceito
2.1.2- Requisitos
2.1.3-Efeitos
2.1.4- Vencimentos
2.2- PENHOR
2.2.1- Características
2.2.2- modo de constituição
2.2.3- Direitos e deveres do credor pignoratício
2.2.4- Direitos e obrigações do devedor pignoratício
2.2.5- Das espécies de Penhor
2.2.6-Extinção do penhor
2.3- ANTICRESE
2.3.1- Conceito 
2.3.2- Características
2.3.3- Direitos e deveres do credor anticrético
2.3.4- Das principais obrigaçoes do credor anticrético
2.3.5- dos direitos e obrigações do devedor anticrético
2.3.6-Extinção da anticrese
2.4- HIPOTECA
2.4.1- Conceito
2.4.1- Características
2.4.1- Requisitos
2.4.2- Efeitos
2.4.3- Remissão hipotecária
2.4.4- Das espécies de Hipoteca
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo apresentar noção acerca dos Diretos reais de garantia, modalidade do Código Civil. Também expor a responsabilidade Civil das partes, este irá trazer o intuito de satisfazer a necessidade e conhecimento da responsabilidade perante a ordem jurídica em virtude de fato que venha a ocorrer.
1-DIREITOS REAIS
1.1-SERVIDÕES PREDIAIS
1.1.1- Conceito
Por conceito de servidões prediais se entende os direitos de gozo sobre imóveis que, em virtude de lei ou vontade das partes, se impõem sobre o prédio serviente em beneficio do dominante.
Para tais direitos são necessários alguns requisitos:
A existência de um encargo que pode consistir numa obrigação de tolerar certos atos ou de não praticar algo por parte do possuidor do prédio serviente, porém tal ônus é imposto ao prédio e não à sua pessoa.
Além disso, a servidão deve incidir em um prédio em beneficio de outro, sendo ambos os prédios de proprietários distintos.
1.1.2- Finalidade
A principal finalidade da servidão predial é proporcionar uma valorização do
prédio dominante, tornando-o mais útil, agradável, contudo acarreta uma desvalorização econômica do prédio serviente, levando-se em consideração as servidões prediais possuem característica de perpétuas e acompanham sempre os imóveis quando são transferidos.
1.1.3- Princípios Fundamentais
Baseando-se na definição de servidão predial, é possível extrair alguns princípios fundamentais. Em regra, é uma relação entre prédios vizinhos, onde não podem ser do mesmo proprietário, ou seja, a servidão não recai sobre a própria coisa. Outro princípio é que a servidão serve o imóvel e não ao dono dele, não sendo gerada uma obrigação de fazer, mas sim uma omissão, uma tolerância.
Ainda tratando dos princípios, não se pode de uma servidão constituir outra, não sendo possível ao titular do imóvel a ampliação da servidão. Sendo inalienável a servidão uma vez constituída. E a servidão não pode ser presumida.
1.1.4- Natureza Jurídica
Por força do artigo 1.225 CC, a servidão predial é um direito real de gozo ou
fruição sobre o imóvel alheio, de caráter acessório, perpetuo indivisível inalienável.
Seu titular possui direito de sequela e de ação real podendo exercer o direito erga omnes.
Sua indivisibilidade está contida no artigo 1.386 do CC: As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro.
1.1.5- Classificação
Quanto à natureza:
Rústicas - fora do perímetro urbano: de extração de pedra ou areia, de passagem de gado, de retirada de água de poço, de pastagem.
Urbanas - dentro do perímetro urbano. Exemplos: servidão de escoamento de água por calha ou goteira, de ventilação, iluminação de não construção acima de certa altura (negativa).
Quanto ao modo:
Contínuas - independe de ato humano para o exercício. Exemplo: escoamento de águas, iluminação, ventilação (tijolo de vidro, com registro do contrato no Cartório de Registro de Imóveis).
Descontínuas - o exercício presume atividade humana: de trânsito, de retirada de água de poço. Porque a água não fica escoando indefinidamente. Positiva: o prédio dominante tem direito de retirar um benefício do prédio serviente (água do poço, passagem).
Descontínua: o prédio dominante deve se abster de um direito que poderia exercer.
Servidão de vista: negativa, não aparente e contínua: o de baixo se compromete a não construir nada, nem deixar nenhuma árvore ultrapassar tal altura. Valor irrisório. Deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Como se manifestam:
Aparentes - se revelam por sinais exteriores: tirar água de poço.
Não aparentes - não se revelam. Exemplo é a servidão de passagem. Entretanto, se trouxer marcas no chão, é aparente. Só posso ter proteção possessória para as servidões aparentes, contínuas.
Exceção: as servidões de trânsito, mesmo não contínuas.
Ação possessória: contínua e aparente.
Quanto à origem:
Legais- nestas advém de imposição legal e não restringem à propriedade similar– Exemplo a de passagem forçada.
Naturais- são as derivadas de situações dos prédios, como exemplo o escoamento das águas.
Convencionais- já nesta classificação é resultado da vontade das partes por meio de contratos e testamentos.
1.1.6- modo de Constituição
A Constituição se dá por:
1. Ato Inter vivos ou causa mortis
2. Por escritura pública, contrato ou testamento.
O testador não pode instituir servidão em benefício próprio. Não pode impor gravame em prédio alheio, mas pode impor gravame a prédio próprio - um encargo a prédio seu.
3. Por sentença judicial por ação divisória, demarcatória. Para trazer a igualdade entre os quinhões. Artigos 979, II e 980 do CPC.
Art. 1.379 do Código civil: O exercício incontestado e contínuo de uma servidão
aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autorizao interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
O Art. 1.379 do Código civil está errado, pois vai contra a interpretação do sistema do código. O prazo de dez anos de uso contínuo e pacífico autoriza o registro com a sentença que constitui a usucapião. Se não houver título, o prazo é de 15 anos.
1.1.7- Direitos e deveres dos proprietários dos prédios dominantes e serviente
Como disposto na lei o dono do prédio dominante tem diversos deveres sobre o imóvel que são eles.
Além do direito ao gozo da servidão, o dono pode realizar obras necessárias à
conservação e uso para atingir os fins da servidão. Podem exigir a ampliação da servidão mesmo contra vontade do proprietário do imóvel serviente a fim de facilitar a exploração do imóvel. Pode de acordo com o artigo 1388 CC renunciar a servidão. Além do mais, pode mover a servidão de um lugar para outro, por suas custas, desde que seja útil tal mudança.
Quanto aos deveres o proprietário fica obrigado a pagar e fazer todas as obras
para o uso e conservação, salvo pactuado o contrário. Art. (1.380). Fica ainda
responsável de evitar qualquer agravo ao prédio serviente. Além do dever de indenizar o dono do prédio serviente pelo excesso de servidão.
Além do proprietário do imóvel dominante, o dono do prédio superveniente também possui direito e obrigações.
São direitos:
Exoneração de pagar as despesas com uso e conservação da servidão, desde
que abandone total ou parcial propriedade em favor do dono do imóvel dominante;
remover a servidão de uma local pata o outro; impedir que o dominante efetive qualquer mudança na forma utilizada da servidão, para manter sua destinação e cancelar a servidão nos casos de renúncia do titular da servidão, ou quando reunidor for dois prédios da mesma pessoa (artigo 1388 e 1389).
Em relação às obrigações pelo proprietário serviente é de permitir ao dono do
prédio dominante que realize obras necessárias de conservação e utilização da
servidão. Além de respeitar o uso normal e legitimo da servidão. E pagar as despesas com a remoção da servidão e não prejudicar ou diminuir as vantagens do prédio dominante.
1.1.8- Proteção Jurídica
O direito brasileiro estabelece as ações que amparam as servidões:
1) Ação confessória: que reconhece a existência quando negada ou contestada pelo proprietário do prédio gravado.
2) Ação negatória: usada pelo dono do prédio serviente para provar a inexistência do ônus real, ou para defender seus direitos contra o proprietário do imóvel dominante;
3) Ação de manutenção e posse: outorgada pelo dono do prédio dominante cuja posse esta denso contestada;
4) Ação de nulidade de obra nova;
5) Ação de usucapião.
1.1.9- Extinção
As ações de extinção da servidão por meio judicial cancelam seu registro
imobiliário independentemente do consentimento do proprietário do prédio dominante.
São elas:
A renúncia do seu titular a fim de afasta-la do seu patrimônio. Além da cessação de sua utilidade, o resgate quando o proprietário serviente pagar o do imóvel liberando o ônus.
Entretanto há modos comuns de extinguir, seja por confusão, que se dá pela
reunião de dois prédios da mesma pessoa, o que torna impossível a servidão, seja pela supressão das respectivas obras, por contrato ou titulo expresso. Ou pelo desuso por 10 anos consecutivos, demonstrando a real desistência do titular. Além disso, pode ser pelo perecimento ou desaparecimento do objeto, decurso do prazo, desapropriação ou por convenção, ou seja, acordo entre as partes, ou preclusão do direito de servidão.
1.2-USUFRUTO
1.2.1- Conceito
Usufruto é o direito real conferido, a alguém de retirar, temporariamente, da coisa alheia o fruto e utilidade que ele produz, sem alterar-lhe a substância.
1.2.2- Objeto
Como objetos do usufruto podem ser moveis infungíveis e inconsumíveis. Quanto aos imóveis não podem ser fungíveis e nem consumíveis. E relação ao patrimônio, ocorre na sucessão hereditária, podendo o usufruto gravar direito desde que sejam transmissíveis.
No usufruto de credito permite ao usufrutuário de praticar atos de disposições.
Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas dívidas.
Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará de imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.
1.2.3-Caracteristicas Jurídicas
É um direito real sobre coisa alheia;
É intransmissível e inalienável;
É Impenhorável.
1.2.4- Espécie de usufruto
Quanto a sua Origem:
Legal, por força da lei.
Convencional, ocorre quando o direito real de gozo e uso advém de ato Inter vivos unilateral ou bilateral ou ato jurídico, (causa mortis) podendo ser por duas formas: a alienação, que se dá pela concessão por ato Inter vivos o causa mortis. E a retenção, ocorre por meio do contrato com a cessão da nu-propriedade com reserva para si o usufruto.
Quanto ao objeto:
Pode ser próprio, onde o objeto é coisa inconsumível e infungível, com a conservação e restituição ao nu-proprietário.
Improprio quando recai sobre bens consumíveis e fungíveis.
Quando a sua extensão:
Pode ser universal ou particular é que recai sobre todos os bens patrimônios, a herança, estabelecimento empresarial, o fundo do comercio ou parte da alíquota desses bens.
Particular quando recai sobre objeto de uma ou varias coisas individualmente
determinadas. E,. Prédio de numero certo de ações. Pleno será que abrange a todos os frutos e utilidade sem exceção que a coisa produz.
Quanto a sua duração:
Pode ser temporário, que segue os prazos estabelecidos ou vitalícios, aquele que perdura após a morte do usufrutuário.
1.2.5- Modo de Constituição
A constituição do Usufruto se dá por diversas formas:
Por lei, quando emanar de disposições legais, direito de família;
Por ato jurídico Inter vivos ou causa mortis
Por sub-rogação real, que é a substituição do bem que sofre usufruto por outro.
Por usucapião quando adquirido pelo decurso do lapso prescricional e pela ocorrência de todas as condições do artigo 1.238 e 1.242 CC
Ou por sentença.
1.2.6- Direitos e obrigações do usufrutuário
Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lhe exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.
Inventário - é instituição do Direito das Sucessões, mas presta-se, também, para levantar ou listar patrimônio.
Primeira obrigação do usufrutuário: inventariar o que recebeu em usufruto. Se não o fizer, paira uma presunção relativa de que recebeu o bem em bom estado de conservação.
Segunda obrigação do usufrutuário: prestar caução, real ou fidejussória.
Caução real: penhor, hipoteca - tem natureza real
Fiança: fidejussória, tem natureza obrigacional.
Art. 1.401. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente
perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador.
Se não tiver nada ou não estiver disposto a garantir os bens recebidos, a
consequência será a administração dos bens pelo nu proprietário, que administrará e cobrará tal administração do usufrutuário. O que sobrar (do que angariar do produzido pelos bens) será entregue ao usufrutuário.
Os lucros vão para o usufrutuário, depois de pagar o nu proprietáriopela
administração e pelas despesas havidas com tal senhor.
Exceção na qual não se exige caução:
Quando o titular transferir o domínio e ficar com o usufruto, a lei não exige caução.
Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:
I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;
II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída.
Terceira obrigação do usufrutuário:
Por fim, o usufrutuário tem a obrigação de usar a coisa como se fosse sua, de modo civilizado.
1.2.6.1-Proteção da posse
O usufrutuário tem o dever de proteger a posse e dar, imediatamente, ciência ao proprietário.
Art. 1.404. Incumbem ao dono às reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída.
§ 1o Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendimento em um ano.
§ 2o Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são
indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a importância despendida.
Art. 1.405. Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele.
Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste.
1.2.6.2-Despesas ordinárias x Extraordinarias
Ordinários são os gastos cotidianos, costumeiros com a coisa, como despesas
com gás, luz, telefone, limpeza. Para que a coisa continue funcionando.
Extraordinários são os gastos havidos com a conservação da estrutura do bem,
como a troca do madeiramento do telhado, em virtude de contaminação por cupins.
Módicas são as despesas que atinjam valor igual ou inferior a 2/3 do rendimento anual da coisa. Correm por conta do usufrutuário, ainda que consideradas extraordinárias. Como exemplo, a substituição da válvula hidra.
Se a despesa extraordinária é necessária por falta de zelo (por culpa do
usufrutuário), correrão por conta do usufrutuário.
Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do seguro.
§ 1o Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele
resultante contra o segurador.
§ 2o Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro.
Se a coisa já estiver segurada, o usufrutuário tem a obrigação de continuar pagando o prêmio do seguro. Se não estiver segurada, não tem obrigação de segurar a coisa, a menos que antes estipulada.
Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.
Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a
indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no caso de danificação ou perda.
1.2.6.3- Sinistros
Quem recebe é o nu-proprietário. Se a casa pegar fogo e o nu proprietário empregar o dinheiro recebido na reconstrução da casa, renasce o usufruto. Se utilizar os valores em outra coisa, extingue-se o usufruto.
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art.1.395;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399)
1.2.7- Direitos e deveres do nu-proprietário
1. Exigir a conservação da coisa;
2. Obrigar o usufrutuário a prestar caução;
3. Exigir o pagamento dos tributos e prestações pela posse ou rendimento da coisa;
4. Perceber os frutos civis no início do usufruto;
5. Perceber os frutos naturais no final do usufruto;
6. Autorizar a mudança do usufruto para outra pessoa.
7. Não pode obstar o uso pacífico da coisa;
8. Entregar ao usufrutuário o lucro da administração, se este não prestar caução;
9. Fazer os reparos necessários.
O Legislador não previu nenhuma sanção para o não cumprimento. Abre-se, no entanto, a possibilidade para a ação de regresso por parte do usufrutuário.
1.2.8- da extinção do usufruto
A extinção do usufruto se dá por:
- pela morte do usufrutuário;
- pelo advento do dies ad quem;
- pelo programo de condição resolutiva estabelecida no ato da constituição do usufruto;
- pela cessação do motivo de que se origina;
- pela destruição da coisa, não sendo fungível;
- pela consolidação (o retorno do uso e do gozo nas mãos do proprietário);
- pelo não uso da coisa em que recai o usufruto;
- por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora ou deixa arruinar os bens, não fazendo os reparos necessários a sua conservação;
- pela renúncia, expressa ou tácita;
- pela resolução do domínio de quem o constituiu (desapropriação).
O mau uso do bem, se provado, gera a extinção do usufruto. Mas se houver segurado, o nu proprietário não pedir a extinção e reconstruir a casa dada em usufruto, renasce o usufruto.
Carro: se explodir, extingue o usufruto. Perece completamente o objeto.
O usufruto traz uma restrição de direito ao nu proprietário. Deve ser interpretado, portanto, restritivamente. Tudo o que traz uma restrição de direitos deve ser interpretado restritivamente.
Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.
1.3-USO
1.3.1-Conceito
É o direito real que, a título gratuito o oneroso, autoriza a uma pessoa a retirar
temporariamente, de coisa alheia, toda sua utilidade para atender as suas próprias necessidades e as de sua família
1.3.2-Caracteristicas
É um direito real sobe coisa alheia, temporário, indivisível, intransmissível e
personalíssimo.
1.3.3-Objeto
O objeto deste pode ser tanto tem moveis (infungíveis e inconsumíveis) como
imóveis. Bens corpóreos e incorpóreos.
1.3.4-Concessão de uso especial para fins de moradia e concessão de direito real de uso
A fim de atender a função social a lei estabelece a concessão de uso especial
para fins de moradia. Deve ser possuidor do imóvel não superior a 250 mt², por mais de cinco anos ininterruptos, sendo utilizado para moradia familiar, desde que não seja proprietário de outro imóvel.
Ainda há previsão de que um imóvel publica poderá ser objeto de concessão de uso especial pra fins de programa de habitação ou regularização fundiária, cujas famílias beneficiadas não tenham renda superior a cinco salários mínimos.
1.3.5-Modo de Constituição
Para que se constitua o uso, faz necessária a existência do constituinte, que é
aquele que vai ceder o bem, sendo este o titular do domínio. E também a presença do usuário. A constituição se dar por ato jurídico Inter vivos ou causa mortis bem como por sentença judicial, ou usucapião.
1.3.6- deveres e Direitos do usuário
O usuário tem o direito de:
Fruir a utilidade da coisa;
Extrairdo bem todos os frutos para atender as suas próprias necessidades
Pratica todos os atos indispensáveis a satisfação de sua necessidade e de sua família sem comprometer a substancia ou destinado do objeto. Melhorar o bem introduzindo benfeitorias que o tornem mais cômodo ou agradável. Administrar a coisa. Ainda tem os deveres:
Conservar a coisa como se sua fosse, com diligencia e zelo, para restituir como a recebeu;
Não retirar rendimentos ou utilidades que excedam aquelas necessidades prevista em lei.
Proteger o bem com os remédios possessórios, contra terceiros mas contra o próprio constituinte;
Não dificultar ou impedir o exercício do direito do proprietário
Restituir a coisa, pois só detém a sua posse direta a título precatório, ou seja de uso temporário, podendo responder por perdas e danos.
1.3.7- Extinção
A extinção se dá pelas mesmas causas do usufruto: morte do usuário, advento do prazo final, perecimento do objeto, consolidação, renúncia.
1.4-HABITAÇÃO
1.4.1- Conceito e Características
É o direito temporário de ocupar gratuitamente, casa alheia para moradia Do titular e sua família.
Art. 1.414 do Código Civil: Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família.
Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
É um direito acessório, personalíssimo, temporário e indivisível.
Se foi instituído em favor do titular do direito real:
- não pode transferir;
- não pode vender;
- só pode morar (não nele estabelecer comércio);
- receber visitas, pode;
- não pode emprestar a casa;
- finalidade: moradia;
- não pode constituir fundo de comércio, indústria. Entretanto, se a atividade for de subsistência (uma loja na garagem, uma fabriqueta nos fundos), pode, segundo a jurisprudência. Se tiver relevância econômica, o direito real deve ser o usufruto, é gratuito.
BENFEITORIAS
Necessárias: é indenizado Tem o direito de usar interditos possessórios contra
terceiros, inclusive contra o titular do domínio.
É obrigado a guardar/conservar a coisa, mas não a pagar pela desvalorização
que ocorre pelo decurso do tempo. Apenas é obrigado a indenizar na ocorrência de dano.
Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
Subsidiariamente são aplicadas as regras do usufruto tanto para o direito real de uso como para o direito real de habitação, quando não houver conflito entre as normas.
Porque alguns instituem o direito real de habitação ao invés de comodato?
Por causa da natureza jurídica. Se cansar e a natureza é contratual, pode-se resolver.
Se a natureza do instituto é de direito real, está previsto em lei. Deve, neste último caso, ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis, e estará o imóvel onerado, mesmo que venda. A volatividade não é tão grande quanto a da natureza obrigacional. Não pode alterar se o proprietário do direito não quiser.
A mãe viúva: Código Civil de 1916: casamento pelo regime da comunhão universal de bens. Ao cônjuge sobrevivente cabe o direito real de habitação, se o único imóvel do casal.
Outro regime: usufruto vidual: se existiam filhos, tinha direito ao usufruto de 1/4 da herança. Sem filhos, mas com sogros vivos, a 1/2 da herança, com direito a usufruto. Isso não existe mais.
O Código Civil de 2002 unificou tudo para direito real de habitação,
independentemente do regime de bens. Para o cônjuge sobrevivente, se único imóvel do casal: Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Hoje, para qualquer regime, inclusive para o de separação total de bens, vigora o direito real de habitação. Se o viúvo, entretanto, casar novamente, perde o direito.
1.4.2- Direitos e obrigações do habitador
São seus direitos:
1) Morar na casa com sua família, podendo hospedar parentes a amigos, desde que estes não paguem tal hospedagem.
2) Exigir que o dono do imóvel respeite esse seu direito de moradia.
3) Defender sua posse por meio de interditos possessórios, não só contra terceiros mas também contra o proprietário do imóvel.
4) Permitir ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, usufruir do direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único bem daquela natureza a inventariar (CC, art. 1.831).
São suas obrigações:
1) Guardar a conservar o prédio.
2) Não alugar nem emprestar o imóvel.
3) Fazer o seguro, se o título the impuser tal realização, devendo o valor segurado ser empregado na reedificação do prédio se este sofrer destruição por caso fortuito ou força maior.
4) Pagar todos os tributos que recaírem sobre o imóvel.
5) Restituir o prédio ao proprietário ou a seus herdeiros, no estado em que o recebeu, salvo deterioração derivada do use regular, sob pena de pagar indenização de perdas e danos por todos os prejuízos que, por sua negligência, ocasionou.
1.4.3- Extinção
A extinção do direito real de habitação se dá pelos mesmos motivos que de
usufruto e uso.
1.5-SUPERFICIE
1.5.1-Conceito
Conforme Carlos Roberto Gonçalves "Trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre coisa alheia, de origem romana. Surgiu da necessidade prática de se permitir edificação sobre bens públicos, permanecendo o solo em poder do Estado. No direito romano o Estado arrendava suas terras a particulares, que se obrigavam ao pagamento dos vectigali, com o objetivo precípuo de manter a posse das largas terras conquistadas".
Portanto, a superfície é o direito real que o proprietário transfere a terceiros o seu direito de construir ou plantar em sua propriedade. Ao contrário da enfiteuse, trata-se de um contrato temporário, ou seja, possui prazo determinado de validade de direito. É necessário a elaboração de contrato através de escritura pública, posteriormente registrada em cartório. À obra ou plantação que decorre do direito de superfície dá-se o nome de implante. (Art. 1369 ao art. 1377)
1.5.2-Natureja Jurídica
Direito real de fruição sobre coisa alheia, que não atinge à propriedade do dono
do solo, por afastar a acessão.
Nela se tem o fundieiro, que é o proprietário do solo e possuidor indireto. Bem
como o superficiário, que tem, por ser o possuidor direto, o direito de plantar ou de construir no terreno seja ele urbano ou rural de outrem.
1.5.3-Concessao gratuita de superfície
Neste conceito o fundieiro fica, temporariamente, sem seu imóvel e sem receber a contraprestação, mas, findado a concessão, recebe o bem bastante valorizado.
1.5.4- Concessão onerosa do direito de superfície
Na concessão onerosa o fundieiro passa a ter o direito ao solarium ou canon
Superficiário.
1.5.5- Responsabilidade pelos encargos
As responsabilidades pelos encargos são do beneficiário, que responde pelos
tribunos e ônus incidentes sobre o imóvel.
1.5.6- transferência de superfície
Consoante o art. 1.372 do Código Civil:
"O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros".
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.
O superficiário não é obrigado a pagar valores da transferência do seu direito, quer seja a título oneroso o não. É proibido ter cláusula contratual estabelecendo essa regra.
Tal orientação se amolda â tendência universal de se eliminar qualquer cobrança, por parte dos proprietários de imóveis, quando da transferênciaa terceiros de direitos constituídos sobre os mesmos.
O art. 1.373 do Código Civil confere o "direito de preferência, em igualdade de
condições", no caso de alienação, seja do imóvel ou da superfície, ao superficiário ou ao proprietário, respectivamente. O aludido dispositivo estabelece, assim, o direito de preferência recíproco sobre direitos reais em benefício de ambos os titulares dos direitos objeto da avença.
Desse modo, se o proprietário concedente resolver alienar o imóvel, o
superficiário terá preferência na aquisição. Se, por outro lado, este último optar por alienar o direito real de superfície, deverá respeitar a preferência instituída em favor do primeiro, sempre em igualdade de condições para ambas as partes.
Em se tratando de direito patrimonial de caráter privado, a preferência na aquisição pode ser objeto de transação ou renúncia, sendo licito consignar esta última no instrumento de constituição.
1.5.7- Extinção
1.5.7.1-Causas de extinção da superfície
Seguindo orientação das diversas legislações que consagram o direito de
superfície a lei federal n.º 10.257/2001, em seu artigo 23, dispôs que o mesmo se extingue: pelo advento do termo e/ou pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário. Resta, ainda, a hipótese consignada no parágrafo primeiro do artigo 24, a saber: “antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito de superfície se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para a qual for concedida”.
Registro, que existem ordenamentos jurídicos que colocam ao lado das hipóteses acima citadas a confusão (explica De Plácido e Silva que confusão, no direito civil, tecnicamente, o usual sentido é o de reunião ou mistura) a qual, segundo José Guilherme, pode ocorrer em três hipóteses distintas, a saber: aquisição da superfície pelo senhor do solo; aquisição do solo pelo superficiário e aquisição do solo e da superfície por terceira pessoa.
Outra hipótese é a renúncia do superficiário e o perecimento do objeto.
Interessante notar, que a extinção pode também ocorrer por causa diversa da vontade das partes, vale dizer, pela desapropriação, quando a extinção opera não só em face da propriedade do dolo, mas também do direito de superfície.
1.5.7.2-Efeitos da extinção do direito de superfície
Os efeitos da extinção do direito de superfície estão regulados no artigo 24 do
citado diploma legal. Nele, resta consignado que uma vez extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato.
Assim, extinto o direito de superfície pelas causas mencionadas anteriormente, salvo o perecimento do solo ou a desapropriação, a extinção da superfície implica no término da suspensão do efeito aquisitivo da acessão, que ressurge revigorado, passando a construção ou a plantação a pertencer ao senhor do solo, salvo estipulação em contrário no contrato.
2-DIREITOS REAIS DE GARANTIA
2.1- INTRODUCAO
Em um breve apanhado histórico acerca dos direitos de garantia, podemos ver que surgiu nos primórdios da civilização, aonde o devedor chegou ate a oferecer sua vida como garantia ao credor. Com a evolução do direto ao longo dos séculos o patrimônio fora sendo a forma de saciar a obrigação.
Inicialmente viu-se surgir diversas fraudes e simulações, pois tais garantias ainda eram genéricas. Surgem então duas espécies de garantia. A primeira dela chamada de pessoal ou fidejussória, a qual obrigava à pessoa alheia a relação a pagar a dívida caso o devedor assim não o fizesse. A outra espécie é a real, na qual o devedor ou alguém por ele, transmitia seu patrimônio a fim de garantia o cumprimento da obrigação.
Contudo essas figuras não prosperaram, e evoluíram para as que temos nos dias atuais: penhor, anticrese, hipoteca e alienação fiduciária dada em garantia.
2.1.1- Conceito
A título de conceito, usaremos assim como Carlos Roberto Gonsalves e Maria
Helena Diniz em suas respectivas obra o entendimento de Orlando Gomes em que direito real de garantia é o que confere ao credor a pretensão de obter o pagamento da dívida com o valor do bem aplicado exclusivamente a sua satisfação. Gonsalves entende que a função é garantir o recebimento da dívida pelo credor. Estado tal direito concentrado no elemento patrimonial. Onde os atributos são sequelas e preferência, de natureza real e substantiva.
É classificado como direito real pois a aderência imediata à coisa, onde se aperfeiçoa com a tradição ou registro. Não menos importante se faz saber que nos direitos reais de garantia quando há vinculação de certo bem do devedor ao pagamento de um debito, sem que o credor possa dele usar e gozar, mesmo tento em seu poder. Os rendimentos dele são exclusivamente para liquidação da dívida.
Os direitos reais de garantias são considerados acessórios, por pressupor que há um direito ao credito, cuja serventia é assegurar enquanto o direito de gozo for autônomo.
E por fim os direitos reais de garantia são direitos de valores da coisa, enquanto o direito de gozo é consubstanciado na utilização do bem e suas utilidades.
2.1.2- Requisitos
A garantia real deve sempre estar atrelada a existência de requisitos de ordem
subjetiva, objetiva e formal.
a) Requisitos Subjetivos
Um dos requisitos subjetivos a qual o artigo 1420 do Código Civil traz é a capacidade genérica. Além desse requisito vem à capacidade de alienar. Logo o proprietário poderá dá o objeto em real garantia, desde que tenha livre disposição, e seja dono da coisa.
O inventariante só poderá dispor do bem do acerto de inventario aquele cuja obtiver licença judicial.
O artigo 1420 ainda estabelece que se a coisa for comum a dois ou mais proprietário, somente com a anuência de todos poderá ser dada como garantia real, mas cada um pode dispor de sua parte individualmente.
b) Requisitos Objetivos
A segunda parte do artigo 1420 traz os requisitos objetivos da garantia real. Onde estabelece que só os bens que se podem alienar poderão ser objetos de penhor, anticrese ou hipoteca. Diante disso as garantias reais que recaiam sob os bens gravados de inalienabilidade são nulos, tais como, coisas fora do comercio, bens inalienáveis, bens de família, imóveis financiados pelos Institutos e Caixas de Aposentadorias e Pensões.
A coisa alheia móvel que for penhorada, cuja posse foi transferida ao credor, poderá ser vendida judicialmente a fim de garantia o adimplemento da obrigação. Na hipoteca e anticrese sobre bem imóveis alheios, onde na hipoteca o credor fica com a posse do imóvel podendo também vende judicialmente. Enquanto na anticrese, não pode dispor do bem através da venda, somente possui o direito de reter o imóvel enquanto a dívida não for satisfeita.
c) Requisitos Formais
Em relação aos requisitos formais, a garantia real só possui eficácia quando estiver presente a especialização e a publicidade.
Por especialização, o rol enumerativo está no artigo 104 e artigo 1.424 do Código Civil, onde consta valor do credito, sua estimação ou valor máximo (quantum). O prazo fixado para pagamento do débito. A taxa de juros. Esta se não houver estipulada entende-se que as partes acordaram 6% ao ano (Dec.). Lei 22.626, art. 1º, § 3º. E por fim deve constar a especificação da coisa dada em garantia.
Em relação à publicidade do contrato, está se dá pelo registro e pela tradição de bem móvel.
A ausência de tais requisitos, não torna o contrato nulo, mas não existirá um
direito real, e sim valerá Inter partes.
2.1.3-Efeitos
O principal efeito do direito real de garantia é o separar o patrimônio do devedor, afetando-o ao pagamento de terminada obrigação, de onde podem surgir as demais consequências jurídicas:
*Preferência em benefício do Credor pignoratício ou hipotecário (art. 1.422): neste artigo a preferência ou prelação consiste ao titular da coisa o direito de vendê-la judicialmentea fim de satisfazer a dívida. Algumas peculiaridades devem ser pontuadas neste direito de preferência.
*Direito à excussão da coisa hipotecada ou empenhorada
O efeito trazido pelo artigo 1422, quanto à excussão, ou seja dá direito ao credor de vender em hasta publica, por meio de processo de execução judicial, sendo requisito que a obrigação esteja vencida. Sendo feita através de ação especifica, a ação de excussão, cujo preço será pago o da venda judicial, com exclusão de credores quirografários.
*Direito de sequela
O direito de sequela consiste em seguir a coisa dada como garantia real em poder de quem quer que se encontre, pois mesmo se transitada em ato jurídico inter vivos ou mortis causa, continua ela afetada ao pagamento do debito.
*Indivisibilidade do direito real de garantia
Artigo 1.421 – o pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa
exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título de quitação.
Desta forma se o devedor pagar parte da dívida, a coisa gravada permanecerá
integralmente onerada até o pagamento total da dívida.
*Remição total do penhor e da hipoteca.
Por força da indivisibilidade, a dívida não pode ser remida parcialmente,
2.1.4- Vencimentos
O artigo 1425 contempla o vencimento antecipado da dívida, onde não deverão ser cobrados os juros compensatórios do tempo ainda não corrido.
A hipótese para antecipação de vencimento é:
*desvalorização econômica ou deterioração do objeto: Caso haja a desvalorização econômica do bem, o devedor tem o dever de substitui-lo. Caso não o faça injustificadamente poderá o credor requerer o vencimento antecipado. Contudo, se a desvalorização da coisa for por terceiro, salvo se agiu com culpa ou dolo ou tem obrigação expressa em cláusula.
*Falência ou insolvência do devedor: o artigo 77 da Lei 11.101/2005, trás que a falência produz o vencimento antecipado de todas as dívidas do devedor.
*Falta de pontualidade no pagamento das prestações: por este dispositivo entende-se que se uma dívida é acordado entre as partes que serão pagas em parcelas iguais mês a mês, onde uma delas não for adimplida no tempo correto de seu vencimento, considerarão vencida junto a ela todas as demais que estarão por vir. Isso também vale para juros, conforme entendimento dos tribunais.
*Perecimento do objeto dado em garantia e não substituído. Como exemplo deste tópico, podemos dizer que se um imóvel dado como garantia se incendeia, cessa o prazo concedido ao devedor, que terá a sua dívida exigida imediatamente. Salvo em caso de segurado o prédio em garantia.
*Desapropriação total do bem dado em garantia: depositando-se parte do preço que for necessária para o pagamento integral do credor. Sub-roga-se o bem onerado, no preço da desapropriação até o valor da coisa gravado, objeto de 
expropriação.
2.2- PENHOR
Para conceituarmos o penhor, fundamentamos no artigo 1.431 do Código Civil,
sendo penhor o direito real que concite na transferência efetiva de uma coisa móvel ou mobilizável, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor como garantia do pagamento do debito.
2.2.1- Características
Como característica jurídica do penhor pode citar ser m direito real, devido ao sua vinculação ao bem empenhado. Também é um direito acessório, dado a decorrência do fato que gera uma dívida que visa a garantir, seguindo a coisa principal.
O penhor está sujeito à tradição embora não seja exigência absoluta. Pois no
penhor rural, industrial, mercantil e de veículos dispensa-se a posse do bem pelo credor.
Em regra, recai sobre coisa móvel, seja ela singular ou coletiva, corpórea ou
incorpórea. Exige ainda a alienação do objeto, pois visa a garantir a solução do debito.
Para tal, ainda requer que o bem empenhado seja de propriedade do devedor.
Outra característica é que nulo o pacto comissório, um direito real uno e
Indivisível, e temporário, pois não pode ultrapassar o prazo estabelecido.
2.2.2- modo de constituição
O penhor se constitui por dois modos: o primeiro deles é por convenção onde é
estipulada a garantia pignoratícia por interesse própria. E por lei, quando no intuito de proteger o interesse dos credores a própria norma jurídica assegura o direito de tomar certos bens como garantia de pagamento.
2.2.3- Direitos e deveres do credor pignoratício
Os artigos 1.433, 1.434 e 1.435 regularizam o direito e deveres do credor
pignoratício:
Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:
I - à posse da coisa empenhada;
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua;
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração;
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder;
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.
Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do credor.
Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado:
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das
circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.
2.2.4- Direitos e obrigações do devedor pignoratício
Em relação aos direitos são eles:
*não perder a propriedade da coisa, e seus frutos e acessões, quem der penhor;
*Conservar a posse indireta do bem empenhado
*Impedir que o credor faça uso de coisa gravada;
*exigir do credor o ressarcimento de prejuízos que vier a sofrer com a perda ou
deterioração da coisa por culpa deste;
*receber o remanescente preço judicial da venda;
*Reaver o objeto dado em garantia, quando pago debito;
*socorrer-se de processo judicial para reaver a coisa, quando a dívida já foi quitada.
Em relação às obrigações :
*Pagar as despesas feitas pelo credo como a guarda, conservação e defesa do bem gravado;
*indenizar ao credor de todos os prejuízos causados por vícios ou defeitos ocultos da coisa empenhada;
*reforça o ônus real, nos casos em que isso for necessário;
*obter licença do credor para alienar o bem onerado sob pena de sofrer sansão do artigo 171 CC
*pagar a dívida e exibir todos os bens empenhados na execução do penhor, sob pena de sujeitar-se à prisão administrativa.
2.2.5- Das espécies de Penhor
*Penhor Rural: subdivide-se em agrícola e pecuário; o penhor agrícola incide
sobre culturas e plantações (1442) e o penhor pecuário sobre animais domésticos (1444). Ambos exigem contrato solene (1424), seja particular ou público, registrado no Cartório de Imóveis do lugar da fazenda (1438). A posse da coisa empenhada permanece com o devedor, o que é uma grande vantagem para o devedor, como na hipoteca, e ao contrário do penhor convencional. O devedor fica assim utilizando os bens empenhados e usa o dinheiro para melhorar suaprodução, trazendo progresso para o campo. É por isso que não se pode depois ter pena do devedor: ele usou o dinheiro do credor para gerar emprego e renda, e se por má-fé ou incompetência não obteve o resultado esperado, precisa pagar a dívida e ter seus bens executados. Muitas vezes o devedor alega a “crise”, ou a “seca”, para justificar sua inadimplência, mas tais fatores sempre existiram e nunca impediram empresários mais capazes de se desenvolver. Proteger o devedor, como já disse, é prejudicar os bons pagadores e é frustrar o credor, que na próxima vez deixará de emprestar, ou vai cobrar juros mais altos, ou exigir mais garantias, e sem crédito não existe progresso, perdemos todos.
*Penhor Industrial: é o das máquinas e demais objetos do 1.447. Interessa ao Direito Comercial. Existem muitas normas, decretos e portarias regulamentando o penhor especial, que só vale a penas vocês conhecerem caso queiram se especializar neste assunto.
*Penhor Mercantil: é o das mercadorias depositadas em armazéns, conforme p.ú. do 1.447. Exige registro no Cartório de Imóveis do lugar do armazém (1.448).
*Penhor de direitos e de títulos de crédito: incide sobre o direito autoral ou sobre um cheque ou uma nota promissória (1451). Então o proprietário intelectual de obra autoral pode empenhá-la, afina o direito do autor, embora incorpóreo, também integra o patrimônio das pessoas. E tudo que é alienável é empenhável. Já vimos Direito do Autor no semestre passado, outro ótimo tema para a monografia de final de curso. O penhor de direitos exige registro no Cartório de Títulos e Documentos (1452). Já o penhor de título de crédito se perfaz pela tradição do título ao credor (1458).
*Penhor de veículos: é novidade do CC e é mais um instrumento para aumentar à venda de veículos, juntamente com o leasing, a venda com reserva de domínio e a alienação fiduciária (1461). Aplica-se também a caminhões, lanchas, etc. Já navios e aviões sujeitam-se a hipoteca, que veremos na próxima aula. Na prática a alienação fiduciária é mais utilizada por ser melhor para o credor, como veremos em breve. O penhor de veículos exige anotação no documento do veículo (1462). O art. 1463 traz uma determinação que deveria ser extensiva ao leasing e à alienação fiduciária, afinal já sabemos que o contrato de seguro é importante por dividir por muitos o prejuízo imposto a alguém pelo destino. A falta de seguro representa um grande problema para o devedor caso o veículo venha a sofrer um roubo ou acidente, pois o devedor fica sem o bem e ainda tem que pagar a dívida.
2.2.6-Extinção do penhor
Vejamos o art. 1436 e mais outras duas hipóteses:
I – o penhor é direito acessório, assim a extinção da dívida, ou sua anulação,
implica na extinção da garantia; se a dívida prescrever se torna obrigação natural, até pode ser espontaneamente paga (lembram?), mas a garantia se extingue.
II – perecendo a coisa: a garantia consiste numa coisa que, se perecer,
extinguirá a própria garantia (ex: joia empenhada que é roubada na Caixa; o banco perde a garantia e vai ter que indenizar o devedor após o pagamento da dívida; se a coisa tinha segurado o credor vai se sub-rogar na indenização: vide § 1º dos 1425).
III – se o credor pode perdoar a dívida, pode também dispensar a garantia; a
renúncia da garantia não implica em renúncia do crédito, o credor está simplesmente demonstrando que confia no devedor (§ 1º dos 1436). A renúncia da garantia é unilateral, independe de aceitação do devedor, enquanto a remissão do crédito exige aceitação, afinal pagar é um direito e o devedor sempre pode consignar o pagamento.
IV – o penhor é direito real na coisa alheia; não se admite penhor na coisa
própria; se o credor comprar/herdar/ganhar a coisa empenhada extingue-se a garantia, mas a dívida permanece. 
V – isso ocorre no processo de execução, se o devedor não pagar a dívida;
 propriedade sobre essa coisa, a garantia se extingue (e: A herda uma joia e dá essa joia em garantia, só que depois se descobre que o testamento era falso, então A vai perder a joia, vai ter sua propriedade resolvida/extinta).
VII – pelo decurso do prazo pois algumas espécies de penhor têm prazo máximo (1439, 1466). Bem como a prescrição da obrigação principal
VIII - Com a remissão ou perdão da dívida
IX –Nulidade da obrigação principal cujo adimplemento é garantido por penhor;
X - Com a reivindicação do bem gravado, julgada procedente
Extinto o penhor, deve ser cancelado o registro no mesmo cartório onde foi feito, para fins de publicidade (1437).
2.3- ANTICRESE
2.3.1- Conceito
O conceito de anticrese se extrai do artigo 1.506 CC, onde o termo de origem
grega é o uso da soma que tem o devedor contra o uso dos frutos e dos rendimentos que REM o credor anticrético. É o direito rela sobre imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa, a fim de pertencer-lhe os frutos e impa-los no pagamento da dívida, juros e capital, podendo pôr estipular que os frutos sejam na sua totalidade percebida à conta de juros.
2.3.2- Características:
Uma das características da anticrese é que é direito real de garantia, pois adere o imóvel as percepção dos seus frutos, e também que o credor pode opor seu direito ao adquirente do imóvel dado em garantia. Podendo a sua transmissão inter vivos ou causa mortis.
Outra característica é a capacidade das partes de dispor do imóvel. Além de não conferir preferência ao anticretista, ou seja, no pagamento só poderá se opor com a importância obtida na excussão do bem onerado. A aplicar as rendar auferidas com a retenção da bem raiz, no pagamento das garantias.
A forma de constituição requerida é a escritura pública e o registro no cartório
imobiliário.
Além disso, o credor anticrético poderá requerer a tradição real do imóvel.
2.3.3- Direitos e deveres do credor anticrético
1- Reter o imóvel pelo devedor pelo prazo de 15 dias;
2- Ter a posse do imóvel, para gozar e perceber seus frutos e rendimentos, não podendo usar este bem para arrendar a terceiros, salvo disposto em contrato.
3- Vindicar seus direitos contra o adquirente do imóvel e credores quirografários e hipotecários posteriores ao registro da anticrese.
4- administrar o imóvel em seu proveito exclusivo, pertencendo-lhes tudo o que este produzir, até que a obrigação seja solvida.
5- direito de preferência sobe qualquer credito posterior.
6- em caso de falência do devedor, haverá o anticretista o valor que puder obter para compensar o debita do produto da venda do bem até o limite do bem gravado.
7- adjudicar os bens penhorados
8 - defender sua posso mediante interditos
9- liquidar o debita mediante apercepção da renda do imóvel do devedor.
2.3.4-Das principais obrigações do Credor anticrético
1- guardar e conservar como se seu fosse o imóvel
2- responder pela deterioração do imóvel
3- Prestar contas de sua administração ao proprietário do imóvel, demonstrando rendimentos e despesas de conservação.
4- Restituir o imóvel ao devedor no fim do prazo estipulado em contrato ou findado do débito.
2.3.5- dos direitos e obrigações do devedor anticrético
Os direitos são:
Permanecer como proprietário do imóvel dado em garantia, podendo aliena-lo.
Exigir do anticresista a conservação do prédio, impedindo obras que disvirtuem sua finalidade.
Ressarcir-se das deteriorações causadas no imóvel
Pedir contas ao anticretista de suas gestões
Reaver o seu imóvel assim que o debito se liquidar
Em relação às obrigações
Transferir a posse do imóvel ao anticretista para que este possa fruir de seus
Rendimentos. Solver o débito deixando que o imóvel ao anticretista
Ceder ao credor o direito de perceber os frutos e rendimentos do bem de raiz que lhe pertence
2.3.6-Extinção da anticrese
Este direito real de garantia se resolve com o pagamento da dívida, sendo direito acessória a extinção da obrigação principal, desaparecendo também o ônus real.
O outro modo de extinção da anticrese é o termino pelo pra legal, ou seja, quinze anos, contato da data do assento.Outra hipótese é pelo perecimento do bem anticrético, além da desapropriação,
renuncia do anticretista, pela excussão de outros credores quando o anticrético não opuser seu direito de retenção. E por último pelo resgaste feito pelo adquirente do imóvel gravado.
2.4- HIPOTECA
2.4.1- Conceito
O conceito de hipoteca pode entender ser o direito real de garantia de natureza
civil, que grava o imóvel ou bem a que a lei entende por hipotecável, pertencente ao devedor ou terceiro sem transmissão de posse ao credor, conferindo a este o direito de promover a sua venda judicial, pagando preferencialmente se inadimplente o devedor.
2.4.1- Características
Por ser um direito real de garantia, também possui natureza civil, requer a
presença de dois sujeitos, no caso o credor hipotecário e o devedor hipotecam te. Com relação ao objeto, este deve ser de propriedade do devedor ou de terceiros, cuja posse uma vez do objeto onerado fica com o devedor hipotecante. É uma garantia indivisível e acessória.
2.4.1- Requisitos
Dentre os requisitos destacam-se os objetivos, subjetivos e formais.
Os requisitos objetivos: recai sobre bens imóveis alienáveis, pertencentes ao devedor, e também pode recair sobre bens moveis. Dentre os objetos de hipoteca temos os bens imóveis e seus acessórios e acessões, o domínio direto e útil, estradas de ferro, minas e pedreiras, navios, aeronaves, gasodutos, direito de uso espacial para fins de moradia, direito real de uso e propriedade superficiais.
Já os requisitos objetivos, requer a capacidade de alienar do devedor. Pode ser
constituída pelo dono do imóvel pessoalmente ou por meio de procuração especial, sendo nula se este mandatário não tiver poderes especiais expressos.
Já em relação aos requisitos formais para a hipoteca convencional é o acordo de vontade entre a interessada presença de testemunhas instrumentarias; escritura pública contendo especialização ou instrumento particular e registro. Já a hipoteca legal faz necessária a sentença de especialização e registro. Em se tratando de hipoteca judicial requer a presença de carta de sentença ou mandado judicial e o devido registro.
2.4.2- Efeitos
A hipoteca traz alguns efeitos no mundo jurídico.
Em relação ao devedor, este não poderá praticar atos que desvalorizem
deteriorem ou destruam o objeto, muito menos poderá alterar a substancia do bem onerado.
Ainda o devedor fica proibido de constituir outro direito real sobre o imóvel
hipotecado, nem alienar o bem gravado; por ação executiva perderá o direito de alienar e perceber os frutos.
Poderá defender sua posse;
poderá constituir sub-hipoteca, o credor sub-hipotecado poderá remir a primeira
hipoteca, conforme artigo 1.478. O devedor ainda terá o direito de libertação do bem gravado, após o comprimento da obrigação. Ou ainda antecipar o pagamento de sua dívida.
Já em relação ao credor os efeitos que a hipoteca provocam são a possiblidade
de exigir q conservação do bem gravado. Tem o direito potencial antes do executivo hipotecário, pois seu direito de execução pressupõe a exigibilidade da dívida, ou seja, seu vencimento e inadimplemento. Além disso, poderá o credor pedir reforço da garantia hipotecaria.
A doutrina por sua vez traz os efeitos quanto à relação jurídica em si mesma, logo a hipoteca convencional poderá ser estipulada em qualquer prazo, desde que não exceda há 30 anos. Já a hipoteca legal pode ser indefinidamente enquanto ainda se prolongar a situação jurídica que visa garantir.
Reconhece-se a preferência do credor hipotecário e cria-se um vínculo real,
opondo-se ao erga omnes, entre o credor e o imóvel gravado.
Em se tratando dos terceiros os efeitos trazidos pela hipoteca é que são oponíveis ao erga omnes. Sendo considerado licita a alienação de imóvel hipotecado a terceiro, que recebe juntamente com ônus que o grava. Ainda assim outro efeito trazido é que a cessão de credito poderá sem feito sem o consentimento do devedor.
E por fim, os efeitos em relação aos bens gravados é que a hipoteca adere ao
imóvel, cujo perecimento faz também desaparecer o ônus real.
Se houver a reconstrução do prédio sinistrado pelo segurador ou responsável, o credor não poderá exigir o preço.
As benfeitorias ou acessões trazidas ao bem gravado também podem ser
hipotecas. E outro efeito da hipoteca é o de assegurar o cumprimento das obrigações acessórias.
2.4.3- Remissão hipotecária
Conceitua-se remissão hipotecaria como sendo o direito concedido a certas pessoas de liberar o imóvel onerado, mediante ao pagamento de quantia devida independentemente do consentimento do credor. Podendo resgatar:
*O credor hipotecário (art. 1.478 CC)
*(O adquirente do imóvel art. 1.481 CC)
*O devedor da hipoteca ou membros de sua família (art. 1.482, e art. 651 CPC).
*A massa falida (art. 1.483 e parágrafo Único; Lei 11.101/2005 art. 83, 33, 149,153).
2.4.4- Das espécies de Hipoteca
Dentre as espécies de hipotecas temos a convencional a legal e a hipoteca
Judicial.
A hipoteca Convencional é a que se constitui por meio de acorde de vontade
entre o credor e o devedor da obrigação principal. Já a hipoteca legal é aquele que a lei confere a certos credores, que, por se encontrarem em determinada situação e pelo fato que seus bens são confiados a administração alheia devem ter proteção especial. E por fim, a hipoteca judicial é aquela que a lei empresta a todo julgamento que condena um dos devedores a executar sua obrigação. A obrigação judicial possui como requisitos a sentença condenatória proferida pelo Poder Judiciário, liquidez dessa sentença; transito em julgado especialização; e inscrição no registro imobiliário.
CONCLUSÃO
Finalizamos as considerações acerca dos Direitos reais de Garantia, onde são
evidentes as vantagens decorrentes da assinatura de contratos de aquisição de imóveis com a previsão de garantia por alienação fiduciária, em comparação à hipoteca.
Vistos pela criação da lei 9.514/97, o legislador criou um instituto mais afinado com a realidade do mundo dos negócios, pois as previsões tem o condão de buscar soluções mais rápidas, seguras, eficazes e baratas para que haja a satisfação do crédito pelo credor.
Assim, as operadoras de mercado de concessão de crédito passaram a ter em
mãos uma ferramenta de eficiência e celeridade, jamais vista anteriormente, gerando assim maior segurança na concessão do crédito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro volume 4: direitos das Coisas. 29a
ed. São Paulo: Saraviva, 2014;
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
VENOSA, Silvio de Salvo, Direitos reais. 14ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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