Buscar

Notas Dierito Civil Contratos Prof. Adriana Brill

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Civil IV – Contratos 
Aula 02/08/2013 (Marcolini)
Revisão de vocabulário
Obrigação natural: obrigação interna. Não exigível legalmente
Obrigação civil: obrigação externa, exigível legalmente.
Obrigação de execução instantânea: obrigação que é cumprida imediatamente. Ex: compra e
venda.
Obrigação de execução diferida: obrigação que se cumpre com tempo. Não ocorre imediatamente.
Obrigação principal: Não depende de outra para existir. Existe por si só.
Obrigação acessória: Depende da obrigação principal para existir. “O acessório acompanha o
principal.”
Bem fungível: Pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Bem infungível: Não pode ser substituído.
Tradição: cumprimento da obrigação com a entrega. 
Pagamento com sub-rogação: substituição da coisa ou da pessoa. O pagamento com sub-rogação
transfere os direitos do credor.
Novação: criação de uma nova obrigação que extingue a anterior. Deve ter o animus de novar.
Compensação: credor e devedor devem um para o outro. Pode ser total ou parcial.
Confusão: credor e devedor se confundem na mesma pessoa. Ex: filho que deve para o pai, e este
morre deixando a herança para aquele.
Remissão: perdão da dívida.
Caso fortuito e força maior: Excludentes de responsabilidade, como regra. 
Mora: imperfeição no pagamento, pelo tempo, forma. 
Cláusula penal: contrato acessório
Arras: É o sinal. Podem ser confirmatórias ou penitenciais: As penitenciais admitem o
arrependimento e não possibilitam a indenização suplementar. As confirmatórias não admitem o
arrependimento, possibilitando, portanto, a indenização suplementar. 
Aula 05/08/2013 (Marcolini)
1. Princípios Gerais do Direito Contratual
1.1. Princípio da Autonomia da Vontade: Deve ter um dos itens abaixo, não é necessário ter
todos. As pessoas são livres para contratar, com quem, como e sobre o que quiserem. O princípio da
autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade que os contratantes tem de
contratar. Tem as partes a faculdade de celebrar contratos sem qualquer interferência do Estado.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato. Ou seja, a função social limita a autonomia da vontade, quando
houver colisão de interesse público e particular.
a) Liberdade de Contratar;
b) Escolha do outro contratante;
c) Escolha da modalidade do contrato.
Obs.: Ordem pública: conjunto de interesses jurídicos e morais preservados pela sociedade. Os
contratos servem a limitações de ordem pública. Ainda, os princípios de ordem pública não podem
ser alterados pelos contratantes.
Ex.: o contrato de turismo não existe na nossa legislação, portanto, são utilizadas as regras do
contrato de compra e venda, de serviço, de locação, etc. É aplicada a teoria da absorção, na qual são
absorvidas cláusulas de outros contratos, onde pela equivalência são utilizadas.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas
gerais fixadas neste Código.
Contrato atípico é o que resulta de um acordo de vontades não regulado no ordenamento jurídico,
mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. É válido, desde que estas sejam capazes e o
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. 
-> Cláusulas leoninas: são aquelas que não têm validade. Sob a ótica da escada “Ponteana”, elas
não existem. Ex.: CEUB faz contrato com o aluno e coloca cláusula, onde, caso este desista do
curso, terá de pagar todas as mensalidades até o final. 
1.2. Princípio da relatividade dos contratos:
-> Efeitos: os efeitos dos contratos só se manifestam entre as partes contratantes, ou seja, não se
cria obrigações para terceiros que não fazem parte do contrato.
-> CDC = Existe superação do princípio da relatividade no CDC, ela não se aplica plenamente. Ou
seja, admite a responsabilidade solidária.
1.3. Princípio da Boa-fé e da probidade contratual: 
a) Boa-fé objetiva: é aquela do homem médio. É uma regra de conduta ética, ou obrigação de agir,
de acordo com certos padrões sociais pré-estabelecidos. Deve existir no contrato.
b) Boa-fé subjetiva: é aquela que o contratante crê que a sua conduta é correta, porém, constitui em
um entendimento equivocado da realidade. Ex.: 
1.4. Princípio da força vinculante dos contratos: é aquele que obriga o cumprimento do contrato.
É o princípio que faz lei entre as partes. 
“Pacta sunt servanda”: o contrato faz lei entre as partes. 
Intangibilidade do contrato: Ninguém pode alterar o conteúdo de um contrato unilateralmente. 
Relativização e suavização desse conceito: A suavização do princípio da obrigatoriedade, no
entanto, como observa Mônica Bierwagen, não significa o seu desaparecimento. Continua sendo
imprescindível que haja segurança nas relações jurídicas criadas pelo contrato, tanto que o Código
Civil, ao afirmar que o seu descumprimento acarretará ao inadimplente a responsabilidade não só
por perdas e danos, mas também por juros, atualização monetária e honorários advocatícios (art.
389), consagra tal princípio, ainda que implicitamente. O que não se tolera mais é a obrigatoriedade
quando as partes se encontram em patamares diversos e dessa disparidade ocorra proveito
injustificado.
Acrescenta a mencionada autora: “Daí o novo Código Civil, atento a essa tendência de amenização
do rigor do princípio, ter incorporado expressamente em seu texto a cláusula rebus sic stantibus1 aos
contratos de execução continuada e diferida (arts. 478 a 480), assim como os institutos da lesão (art.
157) e do estado de perigo (art. 156), que permitem a ingerência estatal, seja para resolver, seja para
revisar as condições a que se obrigaram as partes”
1 Rebus sic stantibus fundamenta a Teoria da Imprevisão que constitui uma exceção à regra do Princípio da Força 
Obrigatória dos Contratos. A Teoria da Imprevisão trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da 
obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da 
execução da obrigação contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um ajuste 
no contrato.
1.5. Princípio social do contrato = Função social do contrato
O contrato não é apenas um instrumento de manifestação privada de vontade. Ele deve ser um
elemento social segregador. O interesse coletivo deve prevalecer sob o interesse privado. Ainda, a
função social pode servir para privar a autonomia da vontade, caso o interesse privado se oponha ao
interesse coletivo. 
Segundo Caio Mário, a função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da
vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer,
ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas
hipóteses de contrato obrigatório. Tal princípio desafia a concepção clássica de que os contratantes
tudo podem fazer, porque estão no exercício da autonomia da vontade. Essa constatação tem como
consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros, que não são propriamente partes do contrato,
possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos.
Aula 09/08/2013 (Marcolini)
2. Conceito – N. jurídica e requisitos de validade dos contratos
2.1. Conceito
Negócio jurídico: manifestação de vontade do homem combinada com a intenção de gerar efeitos
jurídicos.
Contrato: é uma espécie de negócio jurídico. Assim, os contratos são negócios jurídicos com a
conjunção de pelo menos duas vontades. Serão nulos de pleno direito aqueles contratos que não
tiverem os requisitos do art. 104 do CC.
Carlos Roberto Gonçalves: O contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou
extinguir direitos e obrigações. É, pois, a forma mais comum de negócio jurídicobilateral. 
2.2 Requisitos de validade
2.2.1 Capacidade das partes
Nota: a incapacidade para contratar não é absoluta e sim específica. Pode ser perpétua ou
circunstancial.
Existe ainda a legitimidade para contratar. Ex.: o tutor não pode contratar os bens do tutelado.
2.2.2 Vontade das partes: pode ser expressa ou tácita. Em regra, os contratos com manifestação de
vontade tácita devem ser provenientes de atos inequívocos.
Como regra, nos contratos o silencio NAO importa anuência. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos
o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa
2.2.3 Conteúdo do objeto do contrato: deve ser possível, lícito, determinado e determinável.
a) Possível: física e jurídica
- Notas: A impossibilidade do objeto é circunstancial, portanto, pode variar de contrato para
contrato.
É possível contrato cujo objeto constitui coisas futuras, litigiosas ou alheias se estes aspectos forem
conhecidos dos contratantes.
b) Determinado ou determinável: O objeto do contrato deve ser suscetível de avaliação em
dinheiro, o seu descumprimento acarreta indenização de substituir o cumprimento da obrigação. O
objeto deve ser determinado ou pelo menos determinável 
2.2.4 A forma dos contratos: Art. 104, CC – a forma deve ser prescrita ou não defesa em lei.
Como regra, a forma dos contratos é livre. Os contratos que tem forma específica são chamados de
contratos solenes.
Aula do dia 13/08/2013 (Marcolini)
3. Formação dos contratos
3.1 A manifestação da vontade: A declaração da vontade é requisito de existência dos contratos. o
contrato se forma primeiro com a manifestação da vontade, que pode ser expressa ou tácita (se os
atos forem absolutamente inequívocos). Como regra para os contratos, o silencio não importa
anuência, mas poderá ser, caso a lei ou os costumes o digam.
3.2 As negociações preliminares = período pré-contratual => Não existe ainda o contrato, não
gerando, portanto, direito e obrigações. Ainda que não seja contrato, não se pode abandonar as
negociações preliminares de forma injusta, causando prejuízo para outro. Desse modo, nessa fase,
se houve um prejuízo causado a alguém por outrem, pode haver indenização.
Carlos Roberto Gonçalves: O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a
aceitação. A primeira dá início à formação do contrato e não depende, como regra, de forma
especial. Contudo, nem sempre o contrato é formado com uma proposta seguida de uma aceitação.
É muito comum a oferta ser antecedida por uma etapa de negociações preliminares, caracterizada
por sondagens, debates, etc. Nesta, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há
qualquer vinculação ao contrato, e as partes, caso haja desinteresse, podem afastar-se sem que isso
gere perdas e danos.
Assim, mesmo que haja minuta, um esboço do contrato, como será dito abaixo, ainda sim não
haverá vinculação. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar comprovada a intenção de causar dano
a outro contratante, como, por exemplo, levando-o a perder outro negócio. Entretanto, cumpre
informar que o fundamento para o pedido de perdas e danos, nesse caso, não é o inadimplemento
contratual, e sim, um ilícito civil.
Obs.: Não confundir período pré-contratual com pré-contrato. No primeiro não há contrato, no
segundo já há.
Proponente x Oblato (aceitante): 
Minutas: é o esboço de um contrato. Minuta não é contrato. 
3.3 Proposta ou oferta = > A oferta traduz a vontade definitiva de contratar, não estando mais
sujeita a estudos e debates, mas sim destinada à outra parte, para que a aceite ou não. A oferta é um
negocio jurídico unilateral, e constitui elemento formador do contrato.
Em regra não tem forma especial, mas deve conter os elementos do negocio jurídico do art. 104,
CC. 
Ainda, a proposta deve ser clara, objetiva e séria para ter validade. 
3.3.1 O vínculo do proponente: A proposta obriga, vincula, por isso, não pode ter eficácia
indefinida no tempo.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso.
Como dito, desde que séria e consistente, a proposta vincula o proponente. Essa obrigatoriedade
nasce pois a proposta provoca no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio,
levando-o, muitas vezes, a efetuar gastos, etc. 
3.3.2 Presentes X Ausentes: 
Presentes: são aqueles que se encontram em conversa simultânea. Exemplo: telefone, vídeo
conferência.
Ausente: são aqueles que não se encontram em conversa simultânea. Exemplo: email.
3.3.3 A proposta deixa de ser obrigatória quando: Em primeiro lugar, a oferta não é obrigatória
se o próprio proponente declara que não é definitiva, ou seja, se há cláusula expressa sobre o tema.
Muitas vezes está assim “não vale como proposta” ou “proposta sujeita à confirmação”. Nestes
casos, o aceitante, ao recebê-la, já a conhece e sabe da sua não obrigatoriedade. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de
comunicação semelhante;
II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado;
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a
retratação do proponente.
a) Sem prazo, pessoa presente, não aceita. Ex.: chego na sala e falo que quero vender meu vade
mecum por 40 reais e ninguém se manifesta. “é pegar ou largar”, se o oblato não se manifesta, a
proposta caduca, e o proponente se desvincula.
b) Sem prazo, pessoa ausente e tiver decorrido tempo suficiente para aceitação. Ex.: falo no
whatsapp que quero vender meu vade mecum por 40 reais. Depois de um mês, vem alguém e quer
comprar. Não sou obrigado a vender. Esse prazo suficiente para a resposta varia de acordo com as
circunstâncias do caso concreto.
c) Com prazo, pessoa ausente e esse prazo se esgota sem aceitação. Ex.: mandei um e-mail
vendendo meu Iphone por 40 reais pelos próximos 2 dias. Senão tiver sido expedida resposta dentro
do prazo dado, a proposta não é vinculante.
d) Se junto ou antes da proposta chegar à retratação, arrependimento. Ex.: mandei um email de uma
proposta e logo depois mandei outro para retratação, neste caso não irei me vincular.
Também aquelas ofertas abertas destinadas ao público, limitam-se ao estoque existente, tal como
disciplinado no art. 429 do CC.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos
usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação,
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
3.3.4 A proposta e os sucessores: Como visto acima, a lei abre diversos espaços para a não
vinculação da proposta, entretanto a morte e a sucessão inter vivos não acabam com a vinculação da
proposta, desse modo, esta se transmite aos sucessores como qualquer outra obrigação.
Há a sucessão causa mortis e a sucessão inter vivos. 
3.3.5 A proposta e o CDC: No CDC há uma relação de consumo. Mas o que vem a ser uma relação
de consumo? Para se ter uma relação de consumo, é necessário ter um fornecedor e um consumidor
e um produto ou serviço.
Para se caracterizar o fornecedor, a venda do objeto ou do serviço deve ser indiscriminada e para
uma grande quantidade de pessoas. Além disso, aquilo deve ser o meio de sobrevivência do
fornecedor.
E consumidor? A maior característicado consumidor é a retirada do bem do mercado, ou seja,
compra para uso próprio.
Quais as vantagens do CDC? As principais são a inversão do ônus da prova e a desconsideração da
personalidade jurídica diretamente.
O que é proposta pelo CDC? Está disciplinada nos arts. 30 a 35 do CDC. Deve ser séria, clara e
precisa. Vincula, obriga. 
De acordo com o art. 30 do CDC, toda informação ou publicidade, suficientemente precisa,
veiculada por qualquer forma de meio de comunicação com relação a produtos ou serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor, formando o contrato. Panfletos, por exemplo. A
oferta deve ser clara, precisa, veiculada na língua portuguesa e de fácil entendimento. 
3.4 A Aceitação: é a manifestação da vontade do oblato destinada a formação do contrato. Em
outras palavras, aceitação é a concordância com os termos da proposta. É imprescindível para que
se repute a formação do contrato. 
Deve ser pura e simples, pois se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou
modificações, importará nova proposta, é a chamada contraproposta.
3.4.1 A eficácia da aceitação
a) Formulada dentro do prazo e
b) Sem alterações à proposta, ou seja, a adesão tem de ser integral. Art. 430, 431.
A contraproposta gera uma nova aceitação. 
A aceitação pode ser expressa ou tácita. O art. 432 traz situações de aceitação tácita, em que se
reputa concluído o contrato à “Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a
aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não
chegando a tempo a recusa.”
Como exemplo onde o proponente a tiver dispensado: um turista manda um fax para um hotel
confirmando a reserva. Caso não receba a negativa a tempo, estará concluído o contrato.
3.4.2 Quando a aceitação não gera a formação do contrato:
a) Enviada dentro do prazo, mas chega tardiamente. Chega fora do prazo. Art. 430, primeira parte: 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao
conhecimento do proponente
b) Se junto ou antes da aceitação, chegar a retratação ou arrependimento a aceitação não gera a
formação do contrato. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela
chegar ao proponente a retratação do aceitante.
3.4.3 A Aceitação nos contratos por correspondência
a) Teoria da cognição ou teoria da informação: o contrato somente se perfaz (se forma) no
momento em que o proponente toma conhecimento da aceitação. Ou seja, só vai ter contrato se
quem propôs sabe que o outro aceitou.
b) Teoria da agnição ou da declaração:
Subteorias:
Da declaração: O contrato se forma quando o aceitante escreve, redige a aceitação. Ou seja, vai ter
contrato quando o oblato escrever que quer. Não é aceita em lugar nenhum. Ex.; escreve o e-mail,
mesmo que não mande, já existirá contrato. 
Da Expedição: o contrato se forma no momento que a correspondência é enviada. ACEITA NO
BRASIL. Ex.: no momento em que eu envio o e-mail, já existe contrato.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a
aceitação é expedida, exceto:
I – no caso do artigo antecedente;
II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III – se ela não chegar no prazo convencionado.
Da recepção: o contrato se forma no momento que o proponente recebe a aceitação.
Obs.: E nos contratos entre presentes? Quando se dá a conclusão do contrato?
Se o proponente estipulou prazo, a aceitação deve ser dentro do prazo para ter eficácia.
Se não houve a estipulação de prazo, a resposta do oblato deve ser imediata sob pena da proposta
perder a força vinculante, tal qual como disposto no art. 428, I, CC.
3.4.4 Lugar em que se reputa celebrado o contrato:
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Ex.: Moro em Brasília e ligo para um amigo, que mora em salvador, querendo comprar uma
geladeira.
O contrato será proposto em Brasília.
Assim, o contrato reputa-se celebrado no lugar que for proposto ou por convenção das partes. 
3.4.5 “Pacta corvina”
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Aula 16/08/2013
4. Classificação dos contratos – Aula I 
4.1 Notas
4.2 Contratos unilaterais e bilaterais
4.2.1 Unilaterais → Contratos unilaterais são aqueles que geram obrigações para apenas um dos
contratantes no momento da sua formação (ex. Emprestar algo a alguém. A obrigação é só da pessoa
a quem você emprestou, de restituir o bem emprestado).
4.2.2 Bilaterais (sinalagmáticos) → Contratos bilaterais, por sua vez, geram obrigações para
ambos os contratantes no momento de sua formação (ex. Compra e venda, pagar/entregar).
4.2.3 “Exceptio non adimpleti contractus” (exceção do contrato não adimplido art. 476)
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Significa que o inadimplemento por parte de um contratante, confere ao outro a prerrogativa de não
cumprir a sua parte do acordo.
→ Para se caracterizar a exceptio, necessária a presença dos seguintes requisitos:
1) contrato bilateral
2) prévio cumprimento da obrigação
3) demanda judicial (somente pode ser intentada em defesa)
→ Cláusula “solve et repete”: é a cláusula que permite a renúncia da exceptio, ou seja, ainda que o
comprador não receba o produto, continua pagando as parcelas. Pergunta-se, esta cláusula é abusiva
ou não? Pode-se renunciar a este direito? Pesquisar.
4.2.4 Cláusula resolutiva
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende
de interpelação judicial.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, 
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, 
indenização por perdas e danos.
→ Tácita: Depende de interferência judicial.
→ Expressa: Opera de pleno direito, pois está previsto no próprio contrato.
4.2.5 O contratante pontual pode:
a) Resolver o contrato/desfazer o negócio (cláusula resolutiva)
b) Exigir o cumprimento da obrigação (cláusula resolutiva)
c) Isentar-se de obrigações, não pagar, não cumprir (exceção do contrato não cumprido)
4.3 Contratos onerosos e Contratos gratuitos
4.3.1 Onerosos → são aqueles em que ambas as partes sofrem prejuízo patrimonial (ex. Compra e
venda).
4.3.2 Gratuitos (benéficos) → são aqueles em que apenas uma das partes sofre prejuízo
patrimonial, enquanto a outra parte percebe apenas vantagens (ex. Amiga que empresta o
apartamento por 6 meses à outra).
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a
quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos
onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas
em lei.
Ex. A Maria deixou a geladeira na casa da Nara par que esta cuidasse para ela enquanto ela viajava
pra Tailândia. A Nara, intencionalmente, danifica a geladeira, logo terá que indenizar Maria. Por
outro lado, se Nara, acidentalmente danifica a geladeira (culpa), não responderá por nada. Isto
ocorre pois, neste contrato gratuito quem se beneficia é Maria, que pediu pra amiga cuidar de sua
geladeira (respondendo por dolo e culpa), enquanto Nara tem esta inconveniente responsabilidade
de cuidar da geladeira, sendo a não favorecida (somente responde por dolo, como no caso em que
ela intencionalmente danificou a geladeira).
4.3.3 Notas importantes
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.
→ Contratos onerosos geralmente são bilaterais e contratos gratuitos geralmente são unilaterais.
→ Mútuo feneratício é um empréstimo com cobrança de juros, logo unilateral oneroso. Se fosse
somente um mútuo, unilateral gratuito.
Aula19/08/2013
5. Classificação dos contratos – Aula II 
5.1 Contratos Comutativos e Aleatórios
5.1.1 Comutativos → são aqueles que os contraentes conhecem, no momento de sua formação,
suas respectivas obrigações. São os contratos mais comuns.
5.1.2 Aleatórios2 → são aqueles que o conteúdo da obrigação de pelo menos uma das partes é
desconhecido no momento da sua formação.
Ex. Contrato de locação de sala comercial em shopping center. De que maneira? O valor do aluguel
será de 20% do faturamento da loja, dependerá do acaso, da sorte, do que a loja faturar.
Ex. 2. Compra e venda de grãos em negócio agrícola. Suponhamos que um mercado venda soja, e
estipule com um produtor rural um contrato onde acorde um valor fixo por toda a produção. Risco:
pode ser que a produção seja baixa.
→ modalidades
a) Coisas futuras:
“emptio spei” → são aqueles que o adquirente compra o risco das coisas adquiridas virem ou não a
existir, assumindo o risco de nada receber. Mesmo exemplo do Ex. 2. Contrato de alto risco e pouco
usado.
“emptio rei speratae” → significa que o adquirente assume o risco apenas da coisa avençada
(acordada), ser em maior ou menor quantidade, porém não mais diz respeito à sua existência. 
Ex. Compra e venda de grãos em negócio agrícola. Suponhamos que um mercado venda soja, e
estipule com um produtor rural um contrato onde acorde um valor fixo por toda a produção, mas
considerando um valor mínimo de produção para que o contrato possa ter validade. Pode estipular
também o valor da saca.
b) Coisas já existentes → Um produtor de soja está com algumas sacas paradas em seu armazém
há cerca de 3 meses. Um comprador, necessitando da soja, entra em contato, ao que o comprador
2 Alea, do latim, risco, sorte, acaso.
lhe comunica que não sabe da situação atual da soja, se ela está bem conservada ou imprópria. O
comprador, assumindo um risco, estipula com o vendedor um valor mais baixo que o de mercado
para comprar toda a soja. Representa um risco também ao produtor, que poderia ganhar bem mais
com a soja se ela estivesse em boas condições. Como nenhum dos dois sabe da qualidade atual das
sojas, pois não visitaram o armazém por 3 meses, o risco é para ambos.
5.1.3 Notas →
a) O risco de perder e ganhar pode ser apenas de uma das partes, porém a incerteza do evento tem
que ser das duas partes.
b) Vícios redibitórios não se aplicam a contratos aleatórios.
5.2 Contratos típicos e atípicos
5.2.1 Típicos ou nominados → são aqueles contratos que possuem um nome, uma designação
própria, mas também sejam regulados por lei.
5.2.2 Atípicos ou inominados → são aqueles contratos que a lei não disciplina expressamente.
→ Teoria da absorção: é aquela em que o redator do contrato deve procurar a categoria do
contrato típico que mais se amolde aos princípios do atípico em questão.
5.3 Contratos solenes e não solenes
5.3.1 Solenes ou formais → são contratos que dependem de forma prescrita em lei para existirem.
Ex. Contrato de doação deve ser feito por escritura. 
5.3.2 Não solenes ou informais → são aqueles contratos de forma livre, sendo eficaz qualquer que
seja a sua forma. Via de regra a grande maioria dos contratos são não solenes.
5.3.3 Solenes x Formais → Os solenes são os que necessitam de uma escritura pública e os formais
necessitam ser por escrito. 
5.4 Contratos consensuais e reais
5.4.1 Consensuais → são aqueles contratos que se aperfeiçoam, formam-se pelo mero
consentimento das partes, sendo este formal ou não formal.
5.4.2 Reais → são aqueles que dependem da entrega da coisa para se aperfeiçoarem, para existirem.
Ex. Faço um contrato de depósito com um brother pra deixar minha geladeira na casa dele enquanto
eu viajo por 6 meses. Este contrato se iniciará somente quando da entrega da geladeira em sua casa.
5.5 Contratos principais e acessórios
5.5.1 Principais → existem por si só, não possuem dependência jurídica com outros.
5.5.2 Acessórios → possuem dependência jurídica de outro contrato, não possuem autonomia,
inexistem por si só.
Ex. estabelecimento que vende coca, fica com o freezer da coca alugado.
5.5.3 Notas:
a) Contrato acessório acompanha o principal. Nula a obrigação principal, nula a obrigação
acessória; prescrita a obrigação principal, prescrita a obrigação acessória.
b) Vencido o contrato acessório, isso por si só não termina o contrato principal, pois o principal não
segue a sorte do acessório.
5.6 Contratos de execução instantânea e contratos de execução diferida
5.6.1 De execução instantânea → são aqueles em que as partes cumprem suas obrigações no
momento da celebração do contrato. Compra e venda com pagamento à vista. Sendo parcelado,
ainda que a entrega seja imediata, não se considera de execução instantânea.
5.6.2 De execução diferida → são aqueles que pelo menos uma das partes cumpre a sua obrigação
em tempo futuro. Compra e venda com pagamento parcelado. Um contrato aleatório será sempre de
execução diferida.
5.7 Contratos pessoais e impessoais
5.7.1 Pessoais (intuitu personae) → são aqueles em que a pessoa que irá cumprir a obrigação não
pode ser substituída, obrigação personalíssima. Geralmente são contratos de obrigação de fazer. 
5.7.2 Impessoais → são aqueles cuja prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa. Geralmente
obrigações de dar.
Aula 23/08/2013
6. Classificação dos Contratos – Aula III 
6.1 Contratos por prazo determinado e prazo indeterminado
6.1.2 Prazo determinado → são aqueles contratos em que as partes estipulam um prazo certo para
o término de sua vigência.
6.1.3 Prazo indeterminado → são aqueles contratos em que as partes não estipulam um prazo
certo para o término de sua vigência. Para cessar esse tipo de contrato, um dos contratantes deve
denunciar o contrato (informar a outra parte que não deseja continuar contratando). Existe uma
denúncia chamada vazia, que é aquela que não é motivada. Denúncia cheia é aquela motivada.
Aditamento: é a prorrogação do contrato mediante:
a) renovação → significa que na prorrogação as partes agregam novas cláusulas, ou seja, existe
uma modificação no contrato.
b) recondução → quando na prorrogação do contrato este se mantém com as mesmas cláusulas.
6.2 Contratos paritários e contratos de adesão
6.2.1 Contratos paritários → são aqueles contratos do tipo tradicional em que as partes discutem
livremente as suas cláusulas e condições. As partes encontram-se em pé de igualdade. 
6.2.2 Contratos de adesão → são aqueles em que todas as cláusulas são previamente estipuladas
por apenas uma das partes. O oblato (aceitante) apenas aceita as cláusulas, aderindo ao contrato sem
nada estipular.
→ CC → Arts. 423 e 424:
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
(proíbe a solve et repete no contrato de adesão)
→ CDC → Art. 54:
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do
contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a
alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2°
do artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo
doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
§ 4° As cláusulas que implicaremlimitação de direito do consumidor deverão ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
6.2.3 Requisitos de validade para os contratos de adesão
a) Ser impresso em letras legíveis, sem redação confusa ou terminologia técnica, conceitos
ambíguos ou falsos.
b) Devem ser uniformes e com oferta rígida, ou seja, o conteúdo do contrato não pode ser alterada
sem ampla divulgação, com muita frequência, etc.
c) Conter aceitação pura e simples do oblato, ou seja, não ter modificação no contrato.
d) Supor superioridade econômica do proponente.
e) Conter proposta aberta ao público, permanente e geral e dirigir-se a um número indeterminado de
pessoas.
6.3. Contrato preliminar e contrato definitivo
6.3.1 Contrato preliminar → é a convenção de que se valem as partes para obrigarem-se à
realização futura de um contrato. Ex. Contrato preliminar de promessa de compra e venda (um dos
mais usuais). Alguns doutrinadores entendem que o contrato preliminar somente terá validade se for
feito nos moldes do definitivo. Esta corrente é minoritária.
6.3.2 Contrato definitivo → são aqueles contratos que tem por objetivo criar obrigações para seus
contraentes e seu objeto são vários.
6.4 Contrato com pessoa a declarar → acordo comum em que no momento da conclusão do
contrato uma das partes se reserva o direito de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e
assumir as obrigações contratuais em momento futuro.
→ O contrato só terá eficácia entre os contraentes originários:
a) quando não houver indicação da pessoa no prazo estipulado;
b) se o indicado (nomeado) não aceitar a indicação;
c) se o indicado era incapaz ou insolvente no momento da indicação, e a outra pessoa (a que está
vendendo) não conhecia esta circunstância.
Aula 26/08/2013
7. Estipulação em favor de 3º e vícios redibitórios
7.1 Da estipulação em favor de terceiro → contrato pelo qual uma pessoa (promitente) obriga-se
perante outra (estipulante) a conferir um direito em favor de quem não participa dessa relação
jurídica (beneficiário)
Ex. Um pai (estipulante) que celebra contrato com um plano de saúde (promitente), e coloca seu
filho (beneficiário) como dependente, sendo que, apesar deste não participar da relação jurídica,
será por ela beneficiado.
Figurantes da relação jurídica:
→ Estipulante
→ Promitente ou devedor
→ Beneficiário ou 3º
7.1.1 A estipulação e o CC
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da
obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação,
também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do
contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de
reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado
no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por
disposição de última vontade.
7.2 Dos vícios redibitórios3 → Art. 441 → defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de
contrato comutativo4, que tornam a coisa imprópria para o uso a que se destina, ou lhe diminuem o
valor.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada,
ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
7.2.1 Requisitos
a) O vício tem que ser oculto.
b) Tem de ser um contrato comutativo.
c) Boa-fé do vendedor e do comprador. Se for de má-fé, fora a restituição do valor pago, pode o
comprador pedir indenização também.
d) O defeito tem de ser grave. 
e) Torne a coisa imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminua o valor.
f) O defeito deve existir ao tempo do contrato.
Obs.: Suponhamos que Adriana veja um anúncio no jornal: “vendo lustre”. Ela entra em contato
com o vendedor, e adquire o lustre pensando ser de prata. Quando pela primeira vez vai usar um
produto de limpeza para prata, o metal fica alaranjado, quando ela constata que o lustre não era de
prata. Neste caso, como ela não perguntou ao vendedor acerca do material do lustre, bem como no
anúncio do jornal não havia qualquer especificação, este caso foi um erro no negócio jurídico (erro
dela por presumir que o lustre fosse de prata).
7.2.2 Vícios Redibitórios Erro no negócio jurídico
Vício Coisa Sujeito
Ação Edilícia Redibitória ou Quanti
Minoris
Ação anulatória de negócio
jurídico
7.2.3 Ações para defesa contra vícios redibitórios (ações edilícias)
a) Edilícia Redibitória → desfazer o negócio, devolver a coisa e pedir a devolução dos gastos
envolvidos no negócio. Se o vendedor tiver agido de má-fé, vai pedir além de tudo isso indenização.
3 Redibir, do latim, devolver.
4 Vide início da matéria a diferença entre contratos comutativos e contratos aleatórios.
OU
b) Edilícia Quanti Minoris → neste caso, o comprador deseja ficar com o objeto por algum motivo
pessoal, entretanto pede que o vendedor abaixe seu preço em face do vício.
7.2.4 
Vícios Redibitórios Código Civil CDC
Conceito Ja mencionado acima Defeito oculto, aparente ou de
fácil constatação. Qualidade no
produto ou serviço não
correspondente à propaganda,
rótulo, etc.
Objeto do contrato São bens móveis e imóveis Produtos (móveis, imóveis,
corpóreos ou incorpóreos) e
serviços
Efeitos (art. 18 CC) Rescindir o contrato, pedir
abatimento no preço, substituir
ou consertar a coisa
Rescindir o contrato, pedir
abatimento no preço, substituir
ou consertar a coisa
Prazos de decadência p/
ajuizar reclamação
a) Bens móveis: 30 dias da
tradição;
b) Bens imóveis: 1 ano da
tradição;
c) Art. 445: se na posse, metade
do tempo.
a) Produtos e serviços
duráveis: 
a.1) se for vício oculto, 90 dias
da constatação; 
a.2) se for vício aparente, 90
dias da tradição;
a.3) se for serviço, 90 dias da
conclusão do serviço.
b) Produtos e serviços não
duráveis: são aqueles que se
esgotam com o uso, ex.
Shampoo, comida, sabonete,
comida, etc.
b.2) os prazos serão de 30 dias,
nos moldes idênticos aos dos
produtos e serviços duráveis.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação,
reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras
disciplinando a matéria.
Aula 30/08/2013
8. Da promessa de fato de 3º e da evicção
8.1 Promessa de fato de 3º
Conceito: Obrigação que assuma uma pessoa (promitente) perante outra (promissária) a conseguir
de uma terceira a realização de um ato ou negócio. Ex. A professora Adriana (promitente) combinou
com a turma (promissária) que na formatura em 2016, a Ivete Sangalo (terceiro) cantaria.
Partes: 
→ promitente
→ promissário
→ 3º
8.1.1 Excludentes de responsabilidade do promitente
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e
danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do
promitente,dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os
seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se
este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
O único vinculado à obrigação é aquele que assumiu o cumprimento da prestação, como devedor
primário, prometendo fato de terceiro, no que consista em fazer, dar ou não fazer, tornando-se,
portanto, garante do fato alheio. Assim, se o terceiro não atender o prometido por outrem, o
promitente obriga-se a indenizar os prejuízos advindos dessa não execução, cabendo a ação do
credor contra si e não contra o terceiro.
Na sua Exposição de Motivos Complementar, o Prof. Agostinho Neves de Arruda Alvim analisa que
a regra introduzida no dispositivo “visa a impedir que o cônjuge, geralmente a mulher, por ter usado
do seu direito de veto, venha a sofrer as consequências da ação de indenização que mais tarde se
mova contra o cônjuge promitente. O pressuposto é que, pelo regime do casamento, a ação
indenizatória venha, de algum modo, a prejudicar o cônjuge que nada prometera”.
8.2 Da evicção
Conceito: Perda total ou parcial da coisa adquirida em função de contrato oneroso, em razão de
sentença judicial transitada em julgado.
Bruno comprou um carro de Ana. Ocorre que um terceiro sujeito chamado Carlos teve seu carro
roubado há 2 anos, e certa vez, parado no semáforo, ao olhar pela janela, viu seu carro desaparecido
sendo usado por Bruno. Rapidamente, Carlos o seguiu e anotou o endereço de Bruno e demais
dados, estes conseguidos com seus vizinhos.
Carlos então ajuizou uma ação reivindicatória em face de Bruno, pedindo seu carro de volta. O
juiz, ao constatar os fatos, julgou o pedido de Carlos procedente, concedendo-lhe de volta seu carro
roubado, removendo-o da posse de Bruno. Bruno, neste caso, é denominado evicto. 
O que cabe ao evicto fazer? Ora, se Bruno gastou dinheiro para comprar o carro de Ana, é ela
quem deve ressarci-lo. Logo Bruno ajuíza uma ação de evicção em face de Ana. E se Ana também
tiver percebido prejuízo pois comprou o carro de outra pessoa? Ela poderá ajuizar ação
indenizatória, e não de evicção, uma vez que a ação de evicção somente pode ser intentada pelo
evicto.
Obs.: Somente o evicto pode ajuizar ação de evicção.
Nota: 
Vício Redibitório Erro no neg. jurídico Evicção
Vício Coisa Sujeito Título de direito (o
próprio direito é que
está viciado)
Ações Edilícia Quanti Minoris
Edilícia redibitória
Anulatória de negócio
jurídico
Reivindicatória pro
dono original e evicção
pro evicto
8.2.1 Pedidos do evicto
1 – Evicção parcial:
Rescisão total do contrato (se o valor e/ou a importância da perda for considerável);
Restituição do valor apenas correspondente à pena.
2 – Evicção total:
Rescisão do contrato.
Obs.: O valor a ser pago será o preço da coisa na época do contrato.
Obs. 2: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade por
evicção.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção.
O reforço, a redução ou a exclusão da responsabilidade pela evicção são disposições de vontade dos
contratantes autorizadas por lei. Pelo reforço, as partes convencionam devolução de valor superior.
Diversamente, poderão convir pela devolução não integral (redução) ou pela completa isenção de
responsabilidade pela evicção, de caráter indenizatório, o que não exclui a responsabilidade do
alienante pela devolução do preço (art. 449 do CC de 2002), salvo se o adquirente, informado do
risco da evicção, o assumiu (art. 449, in fine, do CC de 2002).
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta
se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não
soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
O dispositivo limita a cláusula de isenção excludente de responsabilidade do alienante aos efeitos
indenizatórios, não excluindo a sua obrigação de devolver o preço pago. Ocorrente a evicção, o
adquirente (evicto), não obstante a cláusula, tem direito de receber o preço que despendeu pela
coisa evicta, seja porque, insciente do risco ou dele conhecendo, não o assumiu. Caso o tenha
assumido, materializa-se a renúncia do evicto ao direito que lhe é assegurado.
8.2.2 Direitos do evicto
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição
integral do preço ou das quantias que pagou:
I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção;
III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa,
na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de
evicção parcial.
8.2.3 Requisitos da evicção
a) vício no direito do alienante (o que vende, aliena)
b) perda total ou parcial da coisa alienada
c) onerosidade na aquisição do bem 
d) sentença judicial transitada em julgada declarando a evicção
e) anterioridade ao direito do evicto, ou seja, o problema deve ter surgido antes dele
f) denunciação da lide ao alienante (no nosso exemplo, chamar a Ana e informá-la do processo)
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente
notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e
como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo 
manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer 
contestação, ou usar de recursos.
Malgrado esta regra da obrigatoriedade da denunciação da lide ao alienante, a jurisprudência tem
aceitado a ação de evicção mesmo nos casos onde esta denunciação não tenha sido previamente
feita.
g) ignorância pelo adquirente da litigiosidade da coisa
Aula 02/09/2013
9. Da extinção do contrato (com cumprimento)
Extinção esperada, ou desejada no momento da formação do contrato.
Quitação = Recibo. Importante frisar que o recibo é obrigatório, ou seja, se você cumpriu sua
obrigação, tem o direito de recebê-lo. O termo quitação é mais usado quando se fala na entrega de
algo que não seja dinheiro.
9.2. Da extinção pela inexecução do ato (sem cumprimento)
Extinção não esperada, ou não desejada no momento da formação do contrato.
9.2.1 Modos de extinção sem cumprimento por causas anteriores ou contemporâneas à
formação do contrato
a) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos subjetivos → agente incapaz, vontade viciada, erro
no negócio jurídico.
b) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos formais → forma prescrita ou não defesa em lei.
c) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos objetivos → objeto ilícito, impossível, indeterminado
ou indeterminável.
Nulidades: Podem ser sanáveis ou insanáveis, nulos de pleno direito ou anuláveis.
9.2.1.1 Exercício do direito de arrependimento
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer
das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso,
quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-
las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização
suplementar.
Ex. Adriana deseja comprar um iPad de Ana. Ambas estipulam uma cláusula de arrependimento. O
valor do iPad é de 500 reais e elas estipulam um sinal (arras) de 50 reais. Estas arras serão
consideradas unicamente indenizatórias.
Se Adriana desistir da compra, perderá os 50 reais que deu de entrada.
Se Ana desistir de vender, deverá devolver os 50 reaispara Adriana, e mais 50 reais (o equivalente).
9.2.1.2 Implemento da cláusula resolutiva = pacto comissório
Esta cláusula é também conhecida como pacto comissório. Esta cláusula está em todos os contratos
bilaterais (sinalagmáticos). Também é um modo de extinção do contrato sem cumprimento.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende
de interpelação judicial.
O contrato se resolve pela cláusula resolutiva expressa, diante de obrigação não adimplida de
acordo com o modo determinado. A cláusula expressa promove a rescisão de pleno direito do
contrato em face do inadimplemento. Aplica-se, segundo a doutrina, o princípio dies interpellat pro
homine.
Quando não houver sido expressa a cláusula resolutiva, o contratante prejudicado deverá notificar a
parte inadimplente acerca da sua decisão de resolver o contrato em face da inadimplência do outro.
É ínsita a todo pacto bilateral a cláusula resolutória tácita.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato,
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.
9.2.2 Modos de extinção do contrato sem cumprimento por causa supervenientes à formação
do contrato
1) Resolução:
Por inexecução voluntária do contrato → Ocorre quando há inadimplemento culposo (se você
causou, querendo ou não, diferença do culposo do penal onde não há a vontade, a intenção) do
contrato por parte de um dos contratantes. Haverá indenização e, se cabível, perdas e danos
também.
Por inexecução involuntária do contrato → Ocorre quando há caso fortuito ou força maior. Neste
caso não haverá a obrigação de indenizar.
2) Resilição:
Bilateral (distrato) → Desfazimento voluntário do contrato, sem insatisfação. As duas partes, de
comum acordo e declaração de vontade, rompem o contrato.
Unilateral → Desfazimento do contrato por declaração de vontade de apenas uma das partes, sem
insatisfação. Geralmente são contratos de execução diferida. Pode-se sempre resilir unilateralmente
um contrato se este for de período indeterminado (Ex. Locação de imóvel).
Ex2. Adriana empresta 1.000 reais para Ana, e no contrato estipula-se que Ana deverá pagar
Adriana em fevereiro. Em dezembro Ana recebe um adiantado e decide pagar Adriana, ocasião em
que o contrato é desfeito, e ambas as partes estão satisfeitas. 
Obs.: Tanto a resolução, quando a resilição podem ser chamados de rescisão.
3) Morte:
A morte só extingue os contratos intuito personae. 
Por ex. Contrato de prestação de serviços por alguém cuja habilidade seja específica, ou suas
características sejam imprescindíveis ao cumprimento, como um show da Ivete Sangalo, que não
pode ser substituída por outra cantora.
Aula 06/09/2013
10. Empréstimo-Comodato
10.1 Empréstimo em geral
Quando uma parte entrega uma coisa à outra, para ser devolvida em espécie ou gênero.
10.2 Comodato (art. 579)
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se
com a tradição do objeto.
Empréstimo para uso de coisas não fungíveis que se perfaz com a tradição do objeto. Trata-se de
um contrato real, pois aperfeiçoa-se pela entrega do objeto, com a tradição. 
Partes:
comodante → dono, proprietário da coisa que transfere o uso e o gozo (a posse precária) ao
comodatário.
comodatário → aquele a quem é confiado a coisa.
10.3 Classificação / Natureza Jurídica
Unilateral. É gratuito. Comutativo. Típico. Não solene. Principal, mas pode ser acessório, depende
do contrato. De execução diferida. É um contrato pessoal, depende de confiança de que o
comodatário restituirá a coisa. Pode ser determinado ou indeterminado. Contrato paritário.
Obs.: Nem sempre a morte extingue os contratos pessoais (intuitu personae).
10.4 Características
a) pessoalidade → A pessoalidade é preponderante.
b) infungibilidade e não consumibilidade do bem → 
10.5 Direitos e obrigações do comodante
a) não reclamar a restituição da coisa antes do prazo convencionado, ou do necessário para o uso do
seu direito. Contudo, em situações urgentes ou imprevistas pode haver a resilição unilateral por
parte do comodante.
b) reembolsar o comodatário com as despesas extraordinárias e urgentes que este tiver de fazer. 
c) indenizar os prejuízos experimentados pelo comodatário, oriundos de defeito da coisa e, que se
os conhecia, deixou de advertir o comodatário.
d) receber a coisa em restituição.
10.6 Direitos e obrigações do comodatário
a) devolver a coisa. A ação cabível no caso do comodatário se recusar a devolver a coisa será a
reintegração de posse. 
b) velar pela conservação da coisa como se fosse sua. 
c) servir-se da coisa emprestada de forma adequada
d) responder pelos riscos nos moldes do que preconiza o artigo 583 (pois nos outros casos haverá a
incidência do brocardo “res perit in domino”.
583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante,
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou
força maior.
e) Responsabilizar-se solidariamente se houver mais comodatários.
10.7 Comodato modal
A lei não trata desde comodato modal. Conhecido também como comodato com encargo (não o
transforma em contrato bilateral). Ex. Coca-Cola que emprestou o freezer pro dono da padaria
estipula que o freezer somente pode ser usado para produtos Coca-Cola.
10.8 Extinção do comodato
a) decurso do prazo
b) inexecução contratual
c) perecimento do objeto → se houve culpa por parte do comodatário, deve restituir. Se for por
força maior e caso fortuito, está isento. Contudo lembrar do art. 583.
d) resilição unilateral → o comodatário pode resilir unilateralmente em qualquer situação. O
comodante somente pode resilir unilateralmente em situações urgentes ou imprevistas.
e) distrato
f) morte → só extingue o contrato quando não causa prejuízo à outra parte e a pessoalidade é
preponderante.
Ex. Empresto a batedeira pra minha vizinha, e ela morre. Mas suas filhas a utilizam para fazer bolos
e vender, desta maneira sendo esta atividade sua única forma de remuneração, não pode a morte da
mãe delas ter o condão de extinguir o contrato, pois traria prejuízo às suas filhas.
Doutrina (Comodato x Mútuo): Os contratos de empréstimo são dois, nas suas espécies:
comodato e mútuo. São contratos reais, isto é, aperfeiçoam-se pela entrega do objeto ou da coisa
mutuada. A dissimilitude entre eles, para melhor ideia conceitual, é exposta, com acuidade, por
Darcy Arruda Miranda. Diz ele: “O comodato é empréstimo de uso, abrangendo coisas móveis e
imóveis, e o mútuo é empréstimo de consumo, que exige a transferência da propriedade ao
mutuário, que fica com a faculdade de consumi-la. O mutuante deve ser dono da coisa mutuada para
poder transferir o domínio. O mútuo pode ser gratuito ou oneroso e o comodato é sempre gratuito”.
Na precisa lição, recolhe-se a distinção específica. Enquanto no comodato, é a própria coisa
emprestada que deve ser devolvida; no mútuo efetua-se a devolução em coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (art. 586). Anote-se, por outro lado, a análise feita por Agostinho Alvim em
sua Exposição Complementar, destacando haver o CC de 2002 alterado a presunção de gratuidade
do mútuo, “atendendo a que o anteprojeto regula a matéria civil e também a comercial”.
Aula 09/09/2013
11. Mútuo (art. 586)
Contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa fungível à outra, para ser consumida e
restituída em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. No mútuo, ao contrário do que
acontece no comodato, o mutuante transfere o domínio da coisa para o mutuário. Neste caso, na
hipótese do mutuário perder a coisa por casofortuito ou força maior, não poderá este invocar a
regra do “res periti domino”, uma vez que é ele próprio o dono da coisa. Deverá, pois, ressarcir o
mutuante invariavelmente.
Partes:
→ mutuante → quem empresta
→ mutuário → quem toma emprestado
11.1 Classificação
Real (perfaz com a tradição), unilateral, gratuito ou oneroso, comutativo, típico (art. 586), não
solene, principal, de execução diferida, impessoais, por prazo determinado ou indeterminado,
paritário (é possível que seja de adesão, ex. Empréstimo no banco), definitivo ou preliminar (ex. Se
você passar no mestrado do UniCEUB você ganha um carro. Inclusive é um elemento acidental de
negócio jurídico, qual seja, uma condição).
11.2 Capacidade / Empréstimo feito a menores
É exigido para o mútuo a mesma capacidade do artigo 104. E se o contrato for celebrado com um
menor, pois o mutuante desconhecia essa condição, como fica?
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores
(fiador é contrato acessório, logo segue a sorte do principal).
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I – se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o
empréstimo, o ratificar posteriormente;
II – se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o
empréstimo para os seus alimentos habituais;
III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a
execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV – se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
V – se o menor obteve o empréstimo maliciosamente (mentir a idade, mentir
sobre a finalidade).
11.2.1 Capacidade do mutuário → falado acima.
11.2.2 Capacidade do mutuante → só posso emprestar se eu for proprietário, ou tutor, curador, ou
tenho o pátrio poder do dono do bem. Contudo: os detentores do poder familiar, tutores e curadores,
somente podem contrair empréstimos onerando seus pupilos, mediante prévia autorização judicial e
comprovada a evidente utilidade do empréstimo, independente do mútuo ser gratuito ou oneroso. 
11.3 Mútuo feneratício
Empréstimo de dinheiro com cobrança de juros. Trata-se de um contrato unilateral, contudo, neste
caso específico de mútuo, é oneroso. Ressalte-se que a correção monetária poderá ser cobrada
também, se o mutuante assim desejar.
Obs.: É possível que estes juros possam ser cobrados mesmo que em coisas, não somente em
dinheiro.
11.4 Obrigação das partes
11.4.1 Obrigação do mutuário
a) restituir o que recebeu em coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade dentro do prazo
estipulado. Não sendo possível a restituição do que foi emprestado, poder-se-á devolver o
equivalente pecuniário, mesmo que isto não conste do contrato.
b) o pagamento do equivalente mais os juros (somente pro mútuo feneratício).
11.4.2 Obrigação do mutuante
a) responsabilidade pelos vícios da coisa.
b) não tolher (atrapalhar, obstruir) o consumo por parte do mutuário. Contudo, se for estipulado
previamente no contrato uma finalidade específica à coisa emprestada, poderá o mutuante cobrar o
fiel cumprimento desta referida finalidade. Ex. CAIXA empresta dinheiro para construção de casa.
c) exigir garantia da restituição, se o mutuário vier a sofrer, antes do vencimento do contrato,
notória mudança em seu patrimônio. Se o mutuário se negar a dar a garantia, o contrato considera-
se extinto, e o mutuário passa a ser obrigado a pagar desde já.
d) exigir a restituição da coisa somente em momento oportuno, estipulado pelas partes, ou antes, se
o uso da coisa já cessou.
e) demandar a resolução do contrato se o mutuário deixar de pagar juros (somente no mútuo
feneratício).
11.5 Extinção do mútuo
a) vencimento do prazo convencionado
b) 
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o
consumo, como para semeadura;
II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
c) descumprimento de cláusula contratual 
d) distrato
e) resilição unilateral (só é possível no caso do mutuário)
f) efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato (uma cláusula resolutória
expressa). 
12. Jogo e aposta
12.1 Conceito
Jogo → é a convenção pela qual duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa soma em dinheiro
àquela que se mostrar vencedora na prática de determinado ato.
Aposta → é a convenção pela qual duas ou mais pessoas de opiniões divergentes, prometem entre
si pagar certa quantia ou entregar certo objeto, àquela cuja opinião se verificar verdadeira.
12.2 Espécies de jogo
12.2.1 Proibidos ou ilícitos → aqueles cujo ganho depende unicamente da sorte (jogos de azar).
12.2.2 Tolerados ou não proibidos → aqueles cujo ganho não depende unicamente da sorte, mas
também de certa habilidade dos jogadores. Ex. Pôquer, e outros jogos de carta no geral. Não são
considerados jogos de azar, nem contravenção penal.
Observações importantes → As disposições do código civil se aplicam tanto aos tolerados
quanto aos proibidos, e são as seguintes:
1) não obrigam ao pagamento, ou seja, ninguém pode ser demandado em juízo por débito de jogo
em aposta.
2) não há direito a repetição de indébito no caso de jogo ou aposta (receber a devolução do que foi
pago). Ou seja, joguei pôquer, perdi R$ 1.000,00, paguei, já era filhão. 
3) se a dívida de jogo foi ganha com dolo ou o perdedor for menor ou interdito, é possível receber
de volta o que foi pago, ou seja, há o direito à repetição de indébito.
4) o contrato que envolve reconhecimento, novação, ou fiança de dívida de jogo, é passível de
nulidade. A nulidade de negócio jurídico realizada em função de jogo ou aposta, não poderá ser
oposta ao terceiro de boa-fé, alheio ao negócio jurídico. Ex. Um jogador A que pede dinheiro
emprestado para um amigo B, alegando ser para consertar seu carro, enquanto na verdade ele vai
usar a dívida para jogar. Neste caso, B não pode ser prejudicado por isso, e por ser terceiro de boa-
fé poderá cobrar esta quantia de A.
5) o reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar não pode ser
exigido também. Neste caso o terceiro sabia da finalidade do dinheiro.
6) dívida de jogo ou aposta não pode ser utilizada para compensação
7) o pagamento de débito de jogo ou aposta não pode ser garantido por nenhum ônus real. 
12.2.3 Autorizados ou lícitos
Nestes jogos existe a obrigação ao pagamento. Estes jogos visam a uma utilidade social. 
a) que estimula a destreza, a inteligência, a força ou a coragem.
b) que estimula atividade econômica de interesse geral.
c) beneficiam o Estado empregando parte de sua renda em obras sociais ou eventos esportivos.
d) angariam fundos ou recursos para incentivo do esporte.
12.3 Contratos diferenciais
São aqueles sob título de bolsa de valores, ou de mercadorias em que se estipula a liquidação
exclusivamente pela diferença entre preço ajustado e a cotação que eles tiverem no mercado. Não
são considerados nem jogos nem apostas.
Direito Civil IV – Contratos – Parte II 
 
Aula 13/09/2013 
 
13. Compra e venda (art. 481) 
13.1 Conceito → contrato em que uma pessoa se obriga a transferir à outra o domínio de uma coisa 
corpórea ou incorpórea mediante pagamento de certo preço em dinheiro. 
13.2 Classificação → Consensual, Bilateral, Oneroso, Comutativo ou Aleatório (compra safra de 
soja), Típico, Não Solene, Principal, Execução Instantânea ou Diferida, Impessoal, Por prazo 
determinado ou indeterminado, Paritários ou de Adesão, Preliminar ou Definitivo. 
13.3 Elementos constitutivos da compra e venda 
13.3.1 A coisaNo caso de bem móvel, se o cara se recusa a entregar a coisa, busca e apreensão. 
No caso de bem imóvel, se o cara se recusa a entregar a coisa, imissão na posse. 
→ A coisa deverá: 
1) existir (seja corpórea ou incorpórea); se na tradição a coisa inexistir, o contrato torna-se nulo pela 
falta de objeto. 
2) a coisa deve ser individuada, determinada ou determinável. 
3) a coisa tem de ser disponível e estar no mercado. A indisponibilidade pode decorrer de: 
3.1) da própria natureza da coisa, ex. Vender uma estrela do céu. 
3.2) pode estar indisponível em função da lei; pacta corvina (vender herança de pessoa viva) 
3.3) voluntariamente, a pessoa não quer vender. 
4) ter possibilidade de ser transferida ao comprador. Só posso vender algo que é meu. 
13.3.2 O preço 
→ O preço deverá: 
a) apresentar pecuniariedade (ser em dinheiro) 
b) deve ser sério, apresentar seriedade, ex. Comprar um apt. Por R$ 100,00. 
c) o preço deve ser certo e determinado no momento da venda. Pode ser determinável. 
13.3.3 O consentimento → deve ser absolutamente capaz. 
13.3.4 A forma → é necessário a escritura pública de imóveis acima de 30x o salário-mínimo 
13.4 Restrições a liberdade de comprar e vender = Falta de legitimação 
a) venda a cônjuge → 
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens 
excluídos da comunhão. 
b) venda a menores (crime) → Lei 8.069/90 fala de bens que não podem ser vendidos a menores, 
ex. Álcool e cigarros. 
c) Vender a descendente à Os ascendentes não podem vender aos descendente sem que os demais 
descendentes e o cônjuge consintam expressamente. Se a venda ocorrer sem autorização, o negócio 
será anulável, ou seja, é possível de ser corrigido. 
 
Situações: 
 
1) No caso de um dos descendentes não estar presente (sumiu, por exemplo), é possível que se entre 
com uma ação para suprir a vontade deste descendente. 
2) No caso de recusa injusta (implicância) de um dos descendentes, é possível também entrar com 
uma ação para suprir a vontade deste descendente que recusou injustamente. 
3) No caso de incapacidade de um dos descendentes, é possível entrar com uma ação para solicitar a 
nomeação de um curador especial, para analisar e acompanhar todo o processo de compra e venda. 
 
Obs.: É possível entrar com ação anulatória para anular a compra e venda a descendentes. O prazo 
para entrar com a ação está no art. 179, CC e na súmula 494, STF: 
 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato 
 
E 
 
A AÇÃO PARA ANULAR VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE, SEM 
CONSENTIMENTO DOS DEMAIS, PRESCREVE EM VINTE ANOS, CONTADOS DA DATA 
DO ATO, REVOGADA A SÚMULA 152. 
 
Assim, há divergência na doutrina sobre qual dispositivo deve ser usado. 
 
d) Compra por pessoa encarregada de zelar pelo interesse do vendedor à 
 
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: 
 
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou 
administração; 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou 
que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares 
da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde 
servirem, ou a que se estender a sua autoridade; 
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. 
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. 
 
a) Venda por condomínio de coisa indivisível à Art. 504, CC Ex.: um terreno 
 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro 
consorte a quiser, tanto por tanto (o preço que oferecer para um, deve oferecer para o outro). O 
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a 
parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
 
 
O outro consorte (aquele que não está querendo vender sua parte da coisa) tem direito de 
preferência na compra da outra parte do coisa indivisível. 
 
E se o consorte não fica sabendo da venda? Só é comunicado depois da venda? Poderá ser proposta, 
então, uma ação anulatória no prazo decadencial de 180 dias contados, como aduz o art. 504, 
segunda parte, CC: 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro 
consorte a quiser, tanto por tanto (o preço que oferecer para um, deve oferecer para o outro). O 
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a 
parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
 
Há divergência na doutrina sobre quando este prazo começaria a contar. Assim, alguns dizem que o 
prazo de 180 dias começa a correr a partir da ciência da compra ou do ato do negócio. 
 
Ainda, aduz o art. 504, parágrafo único: 
 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, 
na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os 
comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço 
 
Aula 30/09/2013 
 
14. Regras especiais sobre algumas modalidades de venda 
14.1 Venda por amostra 
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, 
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas 
correspondem. 
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver 
contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no 
contrato. 
A venda que se realiza à vista de amostra é venda sob condição suspensiva; obriga o vendedor a 
entregar a coisa com as qualidades por aquelas apresentadas, ou seja, em correspondência ideal com 
as qualidades concebidas pelo exemplar que serviu de padrão. A inexatidão entre a amostra e a 
mercadoria entregue produz o aliuvo pro aliud (uma coisa por outra), importando, pela 
desconformidade havida, o inadimplemento contratual e perdas e danos. O comprador pode optar 
entre a resolução do contrato ou exigir a entrega da coisa exata, com danos da mora. 
Exceptio non riti (exceção do contrato parcialmente cumprido) e cláusula resolutiva. 
 
14.2 Venda de imóvel ad mensuran 
É aquela venda em que se determina a área do imóvel vendido, estipulando-se o preço por medida 
de extensão. 
A ação cabível a para complementação de área em venda ad mensuran: Ação ex empto ou ex 
vendito. Esta ação prescreve em um ano contado do dia do registro do imóvel, prazo decadencial. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de 
extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em 
qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o 
complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do 
contrato ou abatimento proporcional ao preço. 
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, 
quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total 
enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais 
circunstâncias, não teria realizado o negócio. 
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos 
para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua 
escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. 
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel 
for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a 
referência às suas dimensões,ainda que não conste, de modo expresso, ter sido 
a venda ad corpus. 
 
14.3 Venda de imóvel ad corpus 
É a venda de imóvel com o corpo certo e determinado, independente de medidas especificadas no 
instrumento do contrato. A preocupação das partes é vender coisa certa e determinada. 
 
14.4 Notas importantes sobre a venda de imóveis 
a) O magistrado deve sempre verificar a intenção dos contratantes, independente do nome dado ao 
contrato; 
b) Se a venda for ad corpus, e a medida do imóvel não conferir com a do contrato, nenhuma ação 
compete ao comprador; 
c) Se a venda for ad mensuran, cabe ao comprador a ação ex empto ou ex vendito, através da qual 
reclamará pela complementação da área. 
d) Somente se a complementação não for possível, pode o comprador: 
pedir a rescisão do contrato ou reclamar o abatimento do preço, não cabem ambos os pedidos, pois 
é o comprador quem deve decidir, de pronto, se quer ou não continuar com o imóvel. Se não quiser, 
pedirá a rescisão. Se quiser, pedirá o abatimento no preço; 
e) Não se aplica o art. 500 se a compra for realizada em hasta pública mediante leilão; 
f) A venda de imóveis sob o prisma do CDC será sempre ad mensuran. 
 
14.5 Defeito oculto nas coisas vendidas conjuntamente 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não 
autoriza a rejeição de todas. 
 
14.6 Consequências complementares da compra e venda 
a) responsabilidade pelos riscos da coisa → res periti domino; 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do 
vendedor, e os do preço por conta do comprador. 
§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar 
coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, 
e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. 
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se 
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e 
pelo modo ajustados. 
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á 
no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. 
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por 
sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, 
salvo se das instruções dele se afastar o vendedor. 
Ex. Compro uma TV em Manaus e peço ao vendedor que entregue em Brasília. Se no caminho, por 
motivo de força maior ou caso fortuito a coisa se perde, quem se fode sou eu (res periti domino). 
Neste caso, entende-se que a tradição foi feita em Manaus mesmo, e, portanto, a coisa já era do 
comprador à época. Contudo, se no próprio estabelecimento estiver expressamente escrito 
“entregamos para todo o território nacional”, entende-se que o local da coisa é em todo o território 
nacional. 
b) responsabilidade pela evicção e pelos vícios redibitórios → O vendedor vai responder sempre 
por evicção e vício redibitório. 
 
c) despesas do contrato de compra e venda de imóveis → Caso as partes não falem nada sobre 
isso, a lei determina que: 
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a 
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. 
 
d) direito de retenção = garantia → 
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a 
coisa antes de receber o preço. 
 
14.7 Aplicação do CDC à compra e venda 
Aplica-se o CDC à compra e venda e à prestação de serviços. Quando? Quando for uma relação de 
consumo. Se for aplicado o CDC, o CC deixa de ser aplicado? Não. Aplica-se ambos em harmonia. 
 
Aula 04/10/2013 (correção da prova) 
 
Aula 07/10/2013 
 
15. Cláusulas especiais da compra e venda 
15.1 Retrovenda 
Cláusula em um contrato de compra e venda, em que o vendedor se reserva o direito de recobrar o 
imóvel que vendeu, em certo prazo, restituindo o preço mais despesas feitas pelo comprador. 
Ex. vendo um terreno pra um sujeito, e dentro de 1 ano eu tenho o direito de comprar este terreno de 
volta. 
Neste contrato se diz o imóvel como resolúvel, até o fim do prazo estipulado para a retrovenda. 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no 
prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e 
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de 
resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de 
benfeitorias necessárias. 
15.1.2 Pressupostos 
a) deve ser imóvel; 
b) máximo de 3 anos; 
c) a cláusula deve constar no mesmo papel do contrato de compra e venda. 
 
15.1.3 Extinção 
a) pelo direito do vendedor, ou seja, no momento em que o vendedor deseja fazer uso da cláusula, 
readquirindo o imóvel; 
b) pera preclusão do prazo; 
c) pelo perecimento do imóvel; o vendedor que desejar de volta o imóvel, deverá ressarcir as 
benfeitorias necessárias, mas não as úteis ou voluptuárias; 
d) pela renúncia do direito do vendedor (resilição unilateral). 
e) ocorrendo morte do vendedor, transferem-se os direitos aos herdeiros e legatários. Este direito de 
resgate, de retrovenda, não é cessível em vida, somente a herdeiros e legatários pós-morte. 
 
15.2 Venda a contento 
É a cláusula no contrato de compra e venda que o subordina a condição de ficar desfeito se a coisa 
não agradar o comprador. Venda condicional, só compro se eu gostar. Neste caso, não há a 
transferência da propriedade. A propriedade só é transferida quando ela manifestar o contento. Deve 
ser estabelecido por cláusula expressa. 
A lei não fala em prazo para que seja manifestado o contento. Se não houver estabelecido o tempo 
pela cláusula, e o sujeito não se manifestar, eu posso intima-lo judicialmente com prazo para que 
manifeste a sua vontade. Se não cumprir o prazo, determina-se a transferência da propriedade e 
efetiva execução do contrato. O comprador não precisa motivar a recusa 
Se o comprador morrer, seu direito não se transfere a herdeiros ou legatários, momento em que a 
venda se consolida, nada restando a estes reclamar. 
 
15.3 Preempção ou preferência 
Cláusula especial em um contrato de compra e venda, onde o comprador de uma coisa se obriga 
para com o vendedor, a preferi-lo. 
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de 
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para 
que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder 
a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. 
Trata-se de direito personalíssimo, não se transfere. 
15.3.1 Requisitos 
a) o comprador deve querer vender; 
b) que o vendedor queira comprar pagando o preço ajustado; 
c) que esse direito seja exercido em determinado prazo. 
 
15.3.2 O descumprimento da obrigação 
 
15.4 
 Retrovenda Preempção 
Objeto do contrato Imóvel Móvel e Imóvel 
Nº de contratos Apenas um Dois 
Detentor do direito Vendedor Comprador (se quiser revende) 
Nº de impostos 1 imposto 2 impostos 
Valor a ser pago Igual Diferente 
Descumprimento Ação reivindicatória (direito real) Ação de indenização (perdas + danos) 
 
 
Aula 11/10/2013 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
16. Da doação (art. 538 CC) 
16.1 Conceito 
Contrato em que uma pessoa, por liberalidade transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o 
de outrem, que o aceita. 
 
Partes 
doador → quem doa 
donatário → quem recebe 
16.2 Classificação 
Contrato unilateral, gratuito, comutativo, típico, consensual, solene (escritura pública ou 
instrumento particular), principal ou acessório, de execução instantânea ou diferida, pessoal,

Continue navegando