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Direito Civil IV – Contratos Aula 02/08/2013 (Marcolini) Revisão de vocabulário Obrigação natural: obrigação interna. Não exigível legalmente Obrigação civil: obrigação externa, exigível legalmente. Obrigação de execução instantânea: obrigação que é cumprida imediatamente. Ex: compra e venda. Obrigação de execução diferida: obrigação que se cumpre com tempo. Não ocorre imediatamente. Obrigação principal: Não depende de outra para existir. Existe por si só. Obrigação acessória: Depende da obrigação principal para existir. “O acessório acompanha o principal.” Bem fungível: Pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade. Bem infungível: Não pode ser substituído. Tradição: cumprimento da obrigação com a entrega. Pagamento com sub-rogação: substituição da coisa ou da pessoa. O pagamento com sub-rogação transfere os direitos do credor. Novação: criação de uma nova obrigação que extingue a anterior. Deve ter o animus de novar. Compensação: credor e devedor devem um para o outro. Pode ser total ou parcial. Confusão: credor e devedor se confundem na mesma pessoa. Ex: filho que deve para o pai, e este morre deixando a herança para aquele. Remissão: perdão da dívida. Caso fortuito e força maior: Excludentes de responsabilidade, como regra. Mora: imperfeição no pagamento, pelo tempo, forma. Cláusula penal: contrato acessório Arras: É o sinal. Podem ser confirmatórias ou penitenciais: As penitenciais admitem o arrependimento e não possibilitam a indenização suplementar. As confirmatórias não admitem o arrependimento, possibilitando, portanto, a indenização suplementar. Aula 05/08/2013 (Marcolini) 1. Princípios Gerais do Direito Contratual 1.1. Princípio da Autonomia da Vontade: Deve ter um dos itens abaixo, não é necessário ter todos. As pessoas são livres para contratar, com quem, como e sobre o que quiserem. O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade que os contratantes tem de contratar. Tem as partes a faculdade de celebrar contratos sem qualquer interferência do Estado. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Ou seja, a função social limita a autonomia da vontade, quando houver colisão de interesse público e particular. a) Liberdade de Contratar; b) Escolha do outro contratante; c) Escolha da modalidade do contrato. Obs.: Ordem pública: conjunto de interesses jurídicos e morais preservados pela sociedade. Os contratos servem a limitações de ordem pública. Ainda, os princípios de ordem pública não podem ser alterados pelos contratantes. Ex.: o contrato de turismo não existe na nossa legislação, portanto, são utilizadas as regras do contrato de compra e venda, de serviço, de locação, etc. É aplicada a teoria da absorção, na qual são absorvidas cláusulas de outros contratos, onde pela equivalência são utilizadas. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Contrato atípico é o que resulta de um acordo de vontades não regulado no ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. É válido, desde que estas sejam capazes e o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. -> Cláusulas leoninas: são aquelas que não têm validade. Sob a ótica da escada “Ponteana”, elas não existem. Ex.: CEUB faz contrato com o aluno e coloca cláusula, onde, caso este desista do curso, terá de pagar todas as mensalidades até o final. 1.2. Princípio da relatividade dos contratos: -> Efeitos: os efeitos dos contratos só se manifestam entre as partes contratantes, ou seja, não se cria obrigações para terceiros que não fazem parte do contrato. -> CDC = Existe superação do princípio da relatividade no CDC, ela não se aplica plenamente. Ou seja, admite a responsabilidade solidária. 1.3. Princípio da Boa-fé e da probidade contratual: a) Boa-fé objetiva: é aquela do homem médio. É uma regra de conduta ética, ou obrigação de agir, de acordo com certos padrões sociais pré-estabelecidos. Deve existir no contrato. b) Boa-fé subjetiva: é aquela que o contratante crê que a sua conduta é correta, porém, constitui em um entendimento equivocado da realidade. Ex.: 1.4. Princípio da força vinculante dos contratos: é aquele que obriga o cumprimento do contrato. É o princípio que faz lei entre as partes. “Pacta sunt servanda”: o contrato faz lei entre as partes. Intangibilidade do contrato: Ninguém pode alterar o conteúdo de um contrato unilateralmente. Relativização e suavização desse conceito: A suavização do princípio da obrigatoriedade, no entanto, como observa Mônica Bierwagen, não significa o seu desaparecimento. Continua sendo imprescindível que haja segurança nas relações jurídicas criadas pelo contrato, tanto que o Código Civil, ao afirmar que o seu descumprimento acarretará ao inadimplente a responsabilidade não só por perdas e danos, mas também por juros, atualização monetária e honorários advocatícios (art. 389), consagra tal princípio, ainda que implicitamente. O que não se tolera mais é a obrigatoriedade quando as partes se encontram em patamares diversos e dessa disparidade ocorra proveito injustificado. Acrescenta a mencionada autora: “Daí o novo Código Civil, atento a essa tendência de amenização do rigor do princípio, ter incorporado expressamente em seu texto a cláusula rebus sic stantibus1 aos contratos de execução continuada e diferida (arts. 478 a 480), assim como os institutos da lesão (art. 157) e do estado de perigo (art. 156), que permitem a ingerência estatal, seja para resolver, seja para revisar as condições a que se obrigaram as partes” 1 Rebus sic stantibus fundamenta a Teoria da Imprevisão que constitui uma exceção à regra do Princípio da Força Obrigatória dos Contratos. A Teoria da Imprevisão trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um ajuste no contrato. 1.5. Princípio social do contrato = Função social do contrato O contrato não é apenas um instrumento de manifestação privada de vontade. Ele deve ser um elemento social segregador. O interesse coletivo deve prevalecer sob o interesse privado. Ainda, a função social pode servir para privar a autonomia da vontade, caso o interesse privado se oponha ao interesse coletivo. Segundo Caio Mário, a função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de contrato obrigatório. Tal princípio desafia a concepção clássica de que os contratantes tudo podem fazer, porque estão no exercício da autonomia da vontade. Essa constatação tem como consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros, que não são propriamente partes do contrato, possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. Aula 09/08/2013 (Marcolini) 2. Conceito – N. jurídica e requisitos de validade dos contratos 2.1. Conceito Negócio jurídico: manifestação de vontade do homem combinada com a intenção de gerar efeitos jurídicos. Contrato: é uma espécie de negócio jurídico. Assim, os contratos são negócios jurídicos com a conjunção de pelo menos duas vontades. Serão nulos de pleno direito aqueles contratos que não tiverem os requisitos do art. 104 do CC. Carlos Roberto Gonçalves: O contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações. É, pois, a forma mais comum de negócio jurídicobilateral. 2.2 Requisitos de validade 2.2.1 Capacidade das partes Nota: a incapacidade para contratar não é absoluta e sim específica. Pode ser perpétua ou circunstancial. Existe ainda a legitimidade para contratar. Ex.: o tutor não pode contratar os bens do tutelado. 2.2.2 Vontade das partes: pode ser expressa ou tácita. Em regra, os contratos com manifestação de vontade tácita devem ser provenientes de atos inequívocos. Como regra, nos contratos o silencio NAO importa anuência. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa 2.2.3 Conteúdo do objeto do contrato: deve ser possível, lícito, determinado e determinável. a) Possível: física e jurídica - Notas: A impossibilidade do objeto é circunstancial, portanto, pode variar de contrato para contrato. É possível contrato cujo objeto constitui coisas futuras, litigiosas ou alheias se estes aspectos forem conhecidos dos contratantes. b) Determinado ou determinável: O objeto do contrato deve ser suscetível de avaliação em dinheiro, o seu descumprimento acarreta indenização de substituir o cumprimento da obrigação. O objeto deve ser determinado ou pelo menos determinável 2.2.4 A forma dos contratos: Art. 104, CC – a forma deve ser prescrita ou não defesa em lei. Como regra, a forma dos contratos é livre. Os contratos que tem forma específica são chamados de contratos solenes. Aula do dia 13/08/2013 (Marcolini) 3. Formação dos contratos 3.1 A manifestação da vontade: A declaração da vontade é requisito de existência dos contratos. o contrato se forma primeiro com a manifestação da vontade, que pode ser expressa ou tácita (se os atos forem absolutamente inequívocos). Como regra para os contratos, o silencio não importa anuência, mas poderá ser, caso a lei ou os costumes o digam. 3.2 As negociações preliminares = período pré-contratual => Não existe ainda o contrato, não gerando, portanto, direito e obrigações. Ainda que não seja contrato, não se pode abandonar as negociações preliminares de forma injusta, causando prejuízo para outro. Desse modo, nessa fase, se houve um prejuízo causado a alguém por outrem, pode haver indenização. Carlos Roberto Gonçalves: O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. A primeira dá início à formação do contrato e não depende, como regra, de forma especial. Contudo, nem sempre o contrato é formado com uma proposta seguida de uma aceitação. É muito comum a oferta ser antecedida por uma etapa de negociações preliminares, caracterizada por sondagens, debates, etc. Nesta, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há qualquer vinculação ao contrato, e as partes, caso haja desinteresse, podem afastar-se sem que isso gere perdas e danos. Assim, mesmo que haja minuta, um esboço do contrato, como será dito abaixo, ainda sim não haverá vinculação. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar comprovada a intenção de causar dano a outro contratante, como, por exemplo, levando-o a perder outro negócio. Entretanto, cumpre informar que o fundamento para o pedido de perdas e danos, nesse caso, não é o inadimplemento contratual, e sim, um ilícito civil. Obs.: Não confundir período pré-contratual com pré-contrato. No primeiro não há contrato, no segundo já há. Proponente x Oblato (aceitante): Minutas: é o esboço de um contrato. Minuta não é contrato. 3.3 Proposta ou oferta = > A oferta traduz a vontade definitiva de contratar, não estando mais sujeita a estudos e debates, mas sim destinada à outra parte, para que a aceite ou não. A oferta é um negocio jurídico unilateral, e constitui elemento formador do contrato. Em regra não tem forma especial, mas deve conter os elementos do negocio jurídico do art. 104, CC. Ainda, a proposta deve ser clara, objetiva e séria para ter validade. 3.3.1 O vínculo do proponente: A proposta obriga, vincula, por isso, não pode ter eficácia indefinida no tempo. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Como dito, desde que séria e consistente, a proposta vincula o proponente. Essa obrigatoriedade nasce pois a proposta provoca no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o, muitas vezes, a efetuar gastos, etc. 3.3.2 Presentes X Ausentes: Presentes: são aqueles que se encontram em conversa simultânea. Exemplo: telefone, vídeo conferência. Ausente: são aqueles que não se encontram em conversa simultânea. Exemplo: email. 3.3.3 A proposta deixa de ser obrigatória quando: Em primeiro lugar, a oferta não é obrigatória se o próprio proponente declara que não é definitiva, ou seja, se há cláusula expressa sobre o tema. Muitas vezes está assim “não vale como proposta” ou “proposta sujeita à confirmação”. Nestes casos, o aceitante, ao recebê-la, já a conhece e sabe da sua não obrigatoriedade. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. a) Sem prazo, pessoa presente, não aceita. Ex.: chego na sala e falo que quero vender meu vade mecum por 40 reais e ninguém se manifesta. “é pegar ou largar”, se o oblato não se manifesta, a proposta caduca, e o proponente se desvincula. b) Sem prazo, pessoa ausente e tiver decorrido tempo suficiente para aceitação. Ex.: falo no whatsapp que quero vender meu vade mecum por 40 reais. Depois de um mês, vem alguém e quer comprar. Não sou obrigado a vender. Esse prazo suficiente para a resposta varia de acordo com as circunstâncias do caso concreto. c) Com prazo, pessoa ausente e esse prazo se esgota sem aceitação. Ex.: mandei um e-mail vendendo meu Iphone por 40 reais pelos próximos 2 dias. Senão tiver sido expedida resposta dentro do prazo dado, a proposta não é vinculante. d) Se junto ou antes da proposta chegar à retratação, arrependimento. Ex.: mandei um email de uma proposta e logo depois mandei outro para retratação, neste caso não irei me vincular. Também aquelas ofertas abertas destinadas ao público, limitam-se ao estoque existente, tal como disciplinado no art. 429 do CC. Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 3.3.4 A proposta e os sucessores: Como visto acima, a lei abre diversos espaços para a não vinculação da proposta, entretanto a morte e a sucessão inter vivos não acabam com a vinculação da proposta, desse modo, esta se transmite aos sucessores como qualquer outra obrigação. Há a sucessão causa mortis e a sucessão inter vivos. 3.3.5 A proposta e o CDC: No CDC há uma relação de consumo. Mas o que vem a ser uma relação de consumo? Para se ter uma relação de consumo, é necessário ter um fornecedor e um consumidor e um produto ou serviço. Para se caracterizar o fornecedor, a venda do objeto ou do serviço deve ser indiscriminada e para uma grande quantidade de pessoas. Além disso, aquilo deve ser o meio de sobrevivência do fornecedor. E consumidor? A maior característicado consumidor é a retirada do bem do mercado, ou seja, compra para uso próprio. Quais as vantagens do CDC? As principais são a inversão do ônus da prova e a desconsideração da personalidade jurídica diretamente. O que é proposta pelo CDC? Está disciplinada nos arts. 30 a 35 do CDC. Deve ser séria, clara e precisa. Vincula, obriga. De acordo com o art. 30 do CDC, toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma de meio de comunicação com relação a produtos ou serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor, formando o contrato. Panfletos, por exemplo. A oferta deve ser clara, precisa, veiculada na língua portuguesa e de fácil entendimento. 3.4 A Aceitação: é a manifestação da vontade do oblato destinada a formação do contrato. Em outras palavras, aceitação é a concordância com os termos da proposta. É imprescindível para que se repute a formação do contrato. Deve ser pura e simples, pois se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta, é a chamada contraproposta. 3.4.1 A eficácia da aceitação a) Formulada dentro do prazo e b) Sem alterações à proposta, ou seja, a adesão tem de ser integral. Art. 430, 431. A contraproposta gera uma nova aceitação. A aceitação pode ser expressa ou tácita. O art. 432 traz situações de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato à “Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.” Como exemplo onde o proponente a tiver dispensado: um turista manda um fax para um hotel confirmando a reserva. Caso não receba a negativa a tempo, estará concluído o contrato. 3.4.2 Quando a aceitação não gera a formação do contrato: a) Enviada dentro do prazo, mas chega tardiamente. Chega fora do prazo. Art. 430, primeira parte: Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente b) Se junto ou antes da aceitação, chegar a retratação ou arrependimento a aceitação não gera a formação do contrato. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. 3.4.3 A Aceitação nos contratos por correspondência a) Teoria da cognição ou teoria da informação: o contrato somente se perfaz (se forma) no momento em que o proponente toma conhecimento da aceitação. Ou seja, só vai ter contrato se quem propôs sabe que o outro aceitou. b) Teoria da agnição ou da declaração: Subteorias: Da declaração: O contrato se forma quando o aceitante escreve, redige a aceitação. Ou seja, vai ter contrato quando o oblato escrever que quer. Não é aceita em lugar nenhum. Ex.; escreve o e-mail, mesmo que não mande, já existirá contrato. Da Expedição: o contrato se forma no momento que a correspondência é enviada. ACEITA NO BRASIL. Ex.: no momento em que eu envio o e-mail, já existe contrato. Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente; II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III – se ela não chegar no prazo convencionado. Da recepção: o contrato se forma no momento que o proponente recebe a aceitação. Obs.: E nos contratos entre presentes? Quando se dá a conclusão do contrato? Se o proponente estipulou prazo, a aceitação deve ser dentro do prazo para ter eficácia. Se não houve a estipulação de prazo, a resposta do oblato deve ser imediata sob pena da proposta perder a força vinculante, tal qual como disposto no art. 428, I, CC. 3.4.4 Lugar em que se reputa celebrado o contrato: Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Ex.: Moro em Brasília e ligo para um amigo, que mora em salvador, querendo comprar uma geladeira. O contrato será proposto em Brasília. Assim, o contrato reputa-se celebrado no lugar que for proposto ou por convenção das partes. 3.4.5 “Pacta corvina” Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Aula 16/08/2013 4. Classificação dos contratos – Aula I 4.1 Notas 4.2 Contratos unilaterais e bilaterais 4.2.1 Unilaterais → Contratos unilaterais são aqueles que geram obrigações para apenas um dos contratantes no momento da sua formação (ex. Emprestar algo a alguém. A obrigação é só da pessoa a quem você emprestou, de restituir o bem emprestado). 4.2.2 Bilaterais (sinalagmáticos) → Contratos bilaterais, por sua vez, geram obrigações para ambos os contratantes no momento de sua formação (ex. Compra e venda, pagar/entregar). 4.2.3 “Exceptio non adimpleti contractus” (exceção do contrato não adimplido art. 476) Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Significa que o inadimplemento por parte de um contratante, confere ao outro a prerrogativa de não cumprir a sua parte do acordo. → Para se caracterizar a exceptio, necessária a presença dos seguintes requisitos: 1) contrato bilateral 2) prévio cumprimento da obrigação 3) demanda judicial (somente pode ser intentada em defesa) → Cláusula “solve et repete”: é a cláusula que permite a renúncia da exceptio, ou seja, ainda que o comprador não receba o produto, continua pagando as parcelas. Pergunta-se, esta cláusula é abusiva ou não? Pode-se renunciar a este direito? Pesquisar. 4.2.4 Cláusula resolutiva Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. → Tácita: Depende de interferência judicial. → Expressa: Opera de pleno direito, pois está previsto no próprio contrato. 4.2.5 O contratante pontual pode: a) Resolver o contrato/desfazer o negócio (cláusula resolutiva) b) Exigir o cumprimento da obrigação (cláusula resolutiva) c) Isentar-se de obrigações, não pagar, não cumprir (exceção do contrato não cumprido) 4.3 Contratos onerosos e Contratos gratuitos 4.3.1 Onerosos → são aqueles em que ambas as partes sofrem prejuízo patrimonial (ex. Compra e venda). 4.3.2 Gratuitos (benéficos) → são aqueles em que apenas uma das partes sofre prejuízo patrimonial, enquanto a outra parte percebe apenas vantagens (ex. Amiga que empresta o apartamento por 6 meses à outra). Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. Ex. A Maria deixou a geladeira na casa da Nara par que esta cuidasse para ela enquanto ela viajava pra Tailândia. A Nara, intencionalmente, danifica a geladeira, logo terá que indenizar Maria. Por outro lado, se Nara, acidentalmente danifica a geladeira (culpa), não responderá por nada. Isto ocorre pois, neste contrato gratuito quem se beneficia é Maria, que pediu pra amiga cuidar de sua geladeira (respondendo por dolo e culpa), enquanto Nara tem esta inconveniente responsabilidade de cuidar da geladeira, sendo a não favorecida (somente responde por dolo, como no caso em que ela intencionalmente danificou a geladeira). 4.3.3 Notas importantes Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. → Contratos onerosos geralmente são bilaterais e contratos gratuitos geralmente são unilaterais. → Mútuo feneratício é um empréstimo com cobrança de juros, logo unilateral oneroso. Se fosse somente um mútuo, unilateral gratuito. Aula19/08/2013 5. Classificação dos contratos – Aula II 5.1 Contratos Comutativos e Aleatórios 5.1.1 Comutativos → são aqueles que os contraentes conhecem, no momento de sua formação, suas respectivas obrigações. São os contratos mais comuns. 5.1.2 Aleatórios2 → são aqueles que o conteúdo da obrigação de pelo menos uma das partes é desconhecido no momento da sua formação. Ex. Contrato de locação de sala comercial em shopping center. De que maneira? O valor do aluguel será de 20% do faturamento da loja, dependerá do acaso, da sorte, do que a loja faturar. Ex. 2. Compra e venda de grãos em negócio agrícola. Suponhamos que um mercado venda soja, e estipule com um produtor rural um contrato onde acorde um valor fixo por toda a produção. Risco: pode ser que a produção seja baixa. → modalidades a) Coisas futuras: “emptio spei” → são aqueles que o adquirente compra o risco das coisas adquiridas virem ou não a existir, assumindo o risco de nada receber. Mesmo exemplo do Ex. 2. Contrato de alto risco e pouco usado. “emptio rei speratae” → significa que o adquirente assume o risco apenas da coisa avençada (acordada), ser em maior ou menor quantidade, porém não mais diz respeito à sua existência. Ex. Compra e venda de grãos em negócio agrícola. Suponhamos que um mercado venda soja, e estipule com um produtor rural um contrato onde acorde um valor fixo por toda a produção, mas considerando um valor mínimo de produção para que o contrato possa ter validade. Pode estipular também o valor da saca. b) Coisas já existentes → Um produtor de soja está com algumas sacas paradas em seu armazém há cerca de 3 meses. Um comprador, necessitando da soja, entra em contato, ao que o comprador 2 Alea, do latim, risco, sorte, acaso. lhe comunica que não sabe da situação atual da soja, se ela está bem conservada ou imprópria. O comprador, assumindo um risco, estipula com o vendedor um valor mais baixo que o de mercado para comprar toda a soja. Representa um risco também ao produtor, que poderia ganhar bem mais com a soja se ela estivesse em boas condições. Como nenhum dos dois sabe da qualidade atual das sojas, pois não visitaram o armazém por 3 meses, o risco é para ambos. 5.1.3 Notas → a) O risco de perder e ganhar pode ser apenas de uma das partes, porém a incerteza do evento tem que ser das duas partes. b) Vícios redibitórios não se aplicam a contratos aleatórios. 5.2 Contratos típicos e atípicos 5.2.1 Típicos ou nominados → são aqueles contratos que possuem um nome, uma designação própria, mas também sejam regulados por lei. 5.2.2 Atípicos ou inominados → são aqueles contratos que a lei não disciplina expressamente. → Teoria da absorção: é aquela em que o redator do contrato deve procurar a categoria do contrato típico que mais se amolde aos princípios do atípico em questão. 5.3 Contratos solenes e não solenes 5.3.1 Solenes ou formais → são contratos que dependem de forma prescrita em lei para existirem. Ex. Contrato de doação deve ser feito por escritura. 5.3.2 Não solenes ou informais → são aqueles contratos de forma livre, sendo eficaz qualquer que seja a sua forma. Via de regra a grande maioria dos contratos são não solenes. 5.3.3 Solenes x Formais → Os solenes são os que necessitam de uma escritura pública e os formais necessitam ser por escrito. 5.4 Contratos consensuais e reais 5.4.1 Consensuais → são aqueles contratos que se aperfeiçoam, formam-se pelo mero consentimento das partes, sendo este formal ou não formal. 5.4.2 Reais → são aqueles que dependem da entrega da coisa para se aperfeiçoarem, para existirem. Ex. Faço um contrato de depósito com um brother pra deixar minha geladeira na casa dele enquanto eu viajo por 6 meses. Este contrato se iniciará somente quando da entrega da geladeira em sua casa. 5.5 Contratos principais e acessórios 5.5.1 Principais → existem por si só, não possuem dependência jurídica com outros. 5.5.2 Acessórios → possuem dependência jurídica de outro contrato, não possuem autonomia, inexistem por si só. Ex. estabelecimento que vende coca, fica com o freezer da coca alugado. 5.5.3 Notas: a) Contrato acessório acompanha o principal. Nula a obrigação principal, nula a obrigação acessória; prescrita a obrigação principal, prescrita a obrigação acessória. b) Vencido o contrato acessório, isso por si só não termina o contrato principal, pois o principal não segue a sorte do acessório. 5.6 Contratos de execução instantânea e contratos de execução diferida 5.6.1 De execução instantânea → são aqueles em que as partes cumprem suas obrigações no momento da celebração do contrato. Compra e venda com pagamento à vista. Sendo parcelado, ainda que a entrega seja imediata, não se considera de execução instantânea. 5.6.2 De execução diferida → são aqueles que pelo menos uma das partes cumpre a sua obrigação em tempo futuro. Compra e venda com pagamento parcelado. Um contrato aleatório será sempre de execução diferida. 5.7 Contratos pessoais e impessoais 5.7.1 Pessoais (intuitu personae) → são aqueles em que a pessoa que irá cumprir a obrigação não pode ser substituída, obrigação personalíssima. Geralmente são contratos de obrigação de fazer. 5.7.2 Impessoais → são aqueles cuja prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa. Geralmente obrigações de dar. Aula 23/08/2013 6. Classificação dos Contratos – Aula III 6.1 Contratos por prazo determinado e prazo indeterminado 6.1.2 Prazo determinado → são aqueles contratos em que as partes estipulam um prazo certo para o término de sua vigência. 6.1.3 Prazo indeterminado → são aqueles contratos em que as partes não estipulam um prazo certo para o término de sua vigência. Para cessar esse tipo de contrato, um dos contratantes deve denunciar o contrato (informar a outra parte que não deseja continuar contratando). Existe uma denúncia chamada vazia, que é aquela que não é motivada. Denúncia cheia é aquela motivada. Aditamento: é a prorrogação do contrato mediante: a) renovação → significa que na prorrogação as partes agregam novas cláusulas, ou seja, existe uma modificação no contrato. b) recondução → quando na prorrogação do contrato este se mantém com as mesmas cláusulas. 6.2 Contratos paritários e contratos de adesão 6.2.1 Contratos paritários → são aqueles contratos do tipo tradicional em que as partes discutem livremente as suas cláusulas e condições. As partes encontram-se em pé de igualdade. 6.2.2 Contratos de adesão → são aqueles em que todas as cláusulas são previamente estipuladas por apenas uma das partes. O oblato (aceitante) apenas aceita as cláusulas, aderindo ao contrato sem nada estipular. → CC → Arts. 423 e 424: Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (proíbe a solve et repete no contrato de adesão) → CDC → Art. 54: Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. § 4° As cláusulas que implicaremlimitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. 6.2.3 Requisitos de validade para os contratos de adesão a) Ser impresso em letras legíveis, sem redação confusa ou terminologia técnica, conceitos ambíguos ou falsos. b) Devem ser uniformes e com oferta rígida, ou seja, o conteúdo do contrato não pode ser alterada sem ampla divulgação, com muita frequência, etc. c) Conter aceitação pura e simples do oblato, ou seja, não ter modificação no contrato. d) Supor superioridade econômica do proponente. e) Conter proposta aberta ao público, permanente e geral e dirigir-se a um número indeterminado de pessoas. 6.3. Contrato preliminar e contrato definitivo 6.3.1 Contrato preliminar → é a convenção de que se valem as partes para obrigarem-se à realização futura de um contrato. Ex. Contrato preliminar de promessa de compra e venda (um dos mais usuais). Alguns doutrinadores entendem que o contrato preliminar somente terá validade se for feito nos moldes do definitivo. Esta corrente é minoritária. 6.3.2 Contrato definitivo → são aqueles contratos que tem por objetivo criar obrigações para seus contraentes e seu objeto são vários. 6.4 Contrato com pessoa a declarar → acordo comum em que no momento da conclusão do contrato uma das partes se reserva o direito de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações contratuais em momento futuro. → O contrato só terá eficácia entre os contraentes originários: a) quando não houver indicação da pessoa no prazo estipulado; b) se o indicado (nomeado) não aceitar a indicação; c) se o indicado era incapaz ou insolvente no momento da indicação, e a outra pessoa (a que está vendendo) não conhecia esta circunstância. Aula 26/08/2013 7. Estipulação em favor de 3º e vícios redibitórios 7.1 Da estipulação em favor de terceiro → contrato pelo qual uma pessoa (promitente) obriga-se perante outra (estipulante) a conferir um direito em favor de quem não participa dessa relação jurídica (beneficiário) Ex. Um pai (estipulante) que celebra contrato com um plano de saúde (promitente), e coloca seu filho (beneficiário) como dependente, sendo que, apesar deste não participar da relação jurídica, será por ela beneficiado. Figurantes da relação jurídica: → Estipulante → Promitente ou devedor → Beneficiário ou 3º 7.1.1 A estipulação e o CC Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 7.2 Dos vícios redibitórios3 → Art. 441 → defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo4, que tornam a coisa imprópria para o uso a que se destina, ou lhe diminuem o valor. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 7.2.1 Requisitos a) O vício tem que ser oculto. b) Tem de ser um contrato comutativo. c) Boa-fé do vendedor e do comprador. Se for de má-fé, fora a restituição do valor pago, pode o comprador pedir indenização também. d) O defeito tem de ser grave. e) Torne a coisa imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminua o valor. f) O defeito deve existir ao tempo do contrato. Obs.: Suponhamos que Adriana veja um anúncio no jornal: “vendo lustre”. Ela entra em contato com o vendedor, e adquire o lustre pensando ser de prata. Quando pela primeira vez vai usar um produto de limpeza para prata, o metal fica alaranjado, quando ela constata que o lustre não era de prata. Neste caso, como ela não perguntou ao vendedor acerca do material do lustre, bem como no anúncio do jornal não havia qualquer especificação, este caso foi um erro no negócio jurídico (erro dela por presumir que o lustre fosse de prata). 7.2.2 Vícios Redibitórios Erro no negócio jurídico Vício Coisa Sujeito Ação Edilícia Redibitória ou Quanti Minoris Ação anulatória de negócio jurídico 7.2.3 Ações para defesa contra vícios redibitórios (ações edilícias) a) Edilícia Redibitória → desfazer o negócio, devolver a coisa e pedir a devolução dos gastos envolvidos no negócio. Se o vendedor tiver agido de má-fé, vai pedir além de tudo isso indenização. 3 Redibir, do latim, devolver. 4 Vide início da matéria a diferença entre contratos comutativos e contratos aleatórios. OU b) Edilícia Quanti Minoris → neste caso, o comprador deseja ficar com o objeto por algum motivo pessoal, entretanto pede que o vendedor abaixe seu preço em face do vício. 7.2.4 Vícios Redibitórios Código Civil CDC Conceito Ja mencionado acima Defeito oculto, aparente ou de fácil constatação. Qualidade no produto ou serviço não correspondente à propaganda, rótulo, etc. Objeto do contrato São bens móveis e imóveis Produtos (móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos) e serviços Efeitos (art. 18 CC) Rescindir o contrato, pedir abatimento no preço, substituir ou consertar a coisa Rescindir o contrato, pedir abatimento no preço, substituir ou consertar a coisa Prazos de decadência p/ ajuizar reclamação a) Bens móveis: 30 dias da tradição; b) Bens imóveis: 1 ano da tradição; c) Art. 445: se na posse, metade do tempo. a) Produtos e serviços duráveis: a.1) se for vício oculto, 90 dias da constatação; a.2) se for vício aparente, 90 dias da tradição; a.3) se for serviço, 90 dias da conclusão do serviço. b) Produtos e serviços não duráveis: são aqueles que se esgotam com o uso, ex. Shampoo, comida, sabonete, comida, etc. b.2) os prazos serão de 30 dias, nos moldes idênticos aos dos produtos e serviços duráveis. Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Aula 30/08/2013 8. Da promessa de fato de 3º e da evicção 8.1 Promessa de fato de 3º Conceito: Obrigação que assuma uma pessoa (promitente) perante outra (promissária) a conseguir de uma terceira a realização de um ato ou negócio. Ex. A professora Adriana (promitente) combinou com a turma (promissária) que na formatura em 2016, a Ivete Sangalo (terceiro) cantaria. Partes: → promitente → promissário → 3º 8.1.1 Excludentes de responsabilidade do promitente Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente,dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. O único vinculado à obrigação é aquele que assumiu o cumprimento da prestação, como devedor primário, prometendo fato de terceiro, no que consista em fazer, dar ou não fazer, tornando-se, portanto, garante do fato alheio. Assim, se o terceiro não atender o prometido por outrem, o promitente obriga-se a indenizar os prejuízos advindos dessa não execução, cabendo a ação do credor contra si e não contra o terceiro. Na sua Exposição de Motivos Complementar, o Prof. Agostinho Neves de Arruda Alvim analisa que a regra introduzida no dispositivo “visa a impedir que o cônjuge, geralmente a mulher, por ter usado do seu direito de veto, venha a sofrer as consequências da ação de indenização que mais tarde se mova contra o cônjuge promitente. O pressuposto é que, pelo regime do casamento, a ação indenizatória venha, de algum modo, a prejudicar o cônjuge que nada prometera”. 8.2 Da evicção Conceito: Perda total ou parcial da coisa adquirida em função de contrato oneroso, em razão de sentença judicial transitada em julgado. Bruno comprou um carro de Ana. Ocorre que um terceiro sujeito chamado Carlos teve seu carro roubado há 2 anos, e certa vez, parado no semáforo, ao olhar pela janela, viu seu carro desaparecido sendo usado por Bruno. Rapidamente, Carlos o seguiu e anotou o endereço de Bruno e demais dados, estes conseguidos com seus vizinhos. Carlos então ajuizou uma ação reivindicatória em face de Bruno, pedindo seu carro de volta. O juiz, ao constatar os fatos, julgou o pedido de Carlos procedente, concedendo-lhe de volta seu carro roubado, removendo-o da posse de Bruno. Bruno, neste caso, é denominado evicto. O que cabe ao evicto fazer? Ora, se Bruno gastou dinheiro para comprar o carro de Ana, é ela quem deve ressarci-lo. Logo Bruno ajuíza uma ação de evicção em face de Ana. E se Ana também tiver percebido prejuízo pois comprou o carro de outra pessoa? Ela poderá ajuizar ação indenizatória, e não de evicção, uma vez que a ação de evicção somente pode ser intentada pelo evicto. Obs.: Somente o evicto pode ajuizar ação de evicção. Nota: Vício Redibitório Erro no neg. jurídico Evicção Vício Coisa Sujeito Título de direito (o próprio direito é que está viciado) Ações Edilícia Quanti Minoris Edilícia redibitória Anulatória de negócio jurídico Reivindicatória pro dono original e evicção pro evicto 8.2.1 Pedidos do evicto 1 – Evicção parcial: Rescisão total do contrato (se o valor e/ou a importância da perda for considerável); Restituição do valor apenas correspondente à pena. 2 – Evicção total: Rescisão do contrato. Obs.: O valor a ser pago será o preço da coisa na época do contrato. Obs. 2: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade por evicção. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. O reforço, a redução ou a exclusão da responsabilidade pela evicção são disposições de vontade dos contratantes autorizadas por lei. Pelo reforço, as partes convencionam devolução de valor superior. Diversamente, poderão convir pela devolução não integral (redução) ou pela completa isenção de responsabilidade pela evicção, de caráter indenizatório, o que não exclui a responsabilidade do alienante pela devolução do preço (art. 449 do CC de 2002), salvo se o adquirente, informado do risco da evicção, o assumiu (art. 449, in fine, do CC de 2002). Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. O dispositivo limita a cláusula de isenção excludente de responsabilidade do alienante aos efeitos indenizatórios, não excluindo a sua obrigação de devolver o preço pago. Ocorrente a evicção, o adquirente (evicto), não obstante a cláusula, tem direito de receber o preço que despendeu pela coisa evicta, seja porque, insciente do risco ou dele conhecendo, não o assumiu. Caso o tenha assumido, materializa-se a renúncia do evicto ao direito que lhe é assegurado. 8.2.2 Direitos do evicto Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 8.2.3 Requisitos da evicção a) vício no direito do alienante (o que vende, aliena) b) perda total ou parcial da coisa alienada c) onerosidade na aquisição do bem d) sentença judicial transitada em julgada declarando a evicção e) anterioridade ao direito do evicto, ou seja, o problema deve ter surgido antes dele f) denunciação da lide ao alienante (no nosso exemplo, chamar a Ana e informá-la do processo) Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Malgrado esta regra da obrigatoriedade da denunciação da lide ao alienante, a jurisprudência tem aceitado a ação de evicção mesmo nos casos onde esta denunciação não tenha sido previamente feita. g) ignorância pelo adquirente da litigiosidade da coisa Aula 02/09/2013 9. Da extinção do contrato (com cumprimento) Extinção esperada, ou desejada no momento da formação do contrato. Quitação = Recibo. Importante frisar que o recibo é obrigatório, ou seja, se você cumpriu sua obrigação, tem o direito de recebê-lo. O termo quitação é mais usado quando se fala na entrega de algo que não seja dinheiro. 9.2. Da extinção pela inexecução do ato (sem cumprimento) Extinção não esperada, ou não desejada no momento da formação do contrato. 9.2.1 Modos de extinção sem cumprimento por causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato a) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos subjetivos → agente incapaz, vontade viciada, erro no negócio jurídico. b) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos formais → forma prescrita ou não defesa em lei. c) Defeitos decorrentes da falta dos requisitos objetivos → objeto ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável. Nulidades: Podem ser sanáveis ou insanáveis, nulos de pleno direito ou anuláveis. 9.2.1.1 Exercício do direito de arrependimento Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê- las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Ex. Adriana deseja comprar um iPad de Ana. Ambas estipulam uma cláusula de arrependimento. O valor do iPad é de 500 reais e elas estipulam um sinal (arras) de 50 reais. Estas arras serão consideradas unicamente indenizatórias. Se Adriana desistir da compra, perderá os 50 reais que deu de entrada. Se Ana desistir de vender, deverá devolver os 50 reaispara Adriana, e mais 50 reais (o equivalente). 9.2.1.2 Implemento da cláusula resolutiva = pacto comissório Esta cláusula é também conhecida como pacto comissório. Esta cláusula está em todos os contratos bilaterais (sinalagmáticos). Também é um modo de extinção do contrato sem cumprimento. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. O contrato se resolve pela cláusula resolutiva expressa, diante de obrigação não adimplida de acordo com o modo determinado. A cláusula expressa promove a rescisão de pleno direito do contrato em face do inadimplemento. Aplica-se, segundo a doutrina, o princípio dies interpellat pro homine. Quando não houver sido expressa a cláusula resolutiva, o contratante prejudicado deverá notificar a parte inadimplente acerca da sua decisão de resolver o contrato em face da inadimplência do outro. É ínsita a todo pacto bilateral a cláusula resolutória tácita. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 9.2.2 Modos de extinção do contrato sem cumprimento por causa supervenientes à formação do contrato 1) Resolução: Por inexecução voluntária do contrato → Ocorre quando há inadimplemento culposo (se você causou, querendo ou não, diferença do culposo do penal onde não há a vontade, a intenção) do contrato por parte de um dos contratantes. Haverá indenização e, se cabível, perdas e danos também. Por inexecução involuntária do contrato → Ocorre quando há caso fortuito ou força maior. Neste caso não haverá a obrigação de indenizar. 2) Resilição: Bilateral (distrato) → Desfazimento voluntário do contrato, sem insatisfação. As duas partes, de comum acordo e declaração de vontade, rompem o contrato. Unilateral → Desfazimento do contrato por declaração de vontade de apenas uma das partes, sem insatisfação. Geralmente são contratos de execução diferida. Pode-se sempre resilir unilateralmente um contrato se este for de período indeterminado (Ex. Locação de imóvel). Ex2. Adriana empresta 1.000 reais para Ana, e no contrato estipula-se que Ana deverá pagar Adriana em fevereiro. Em dezembro Ana recebe um adiantado e decide pagar Adriana, ocasião em que o contrato é desfeito, e ambas as partes estão satisfeitas. Obs.: Tanto a resolução, quando a resilição podem ser chamados de rescisão. 3) Morte: A morte só extingue os contratos intuito personae. Por ex. Contrato de prestação de serviços por alguém cuja habilidade seja específica, ou suas características sejam imprescindíveis ao cumprimento, como um show da Ivete Sangalo, que não pode ser substituída por outra cantora. Aula 06/09/2013 10. Empréstimo-Comodato 10.1 Empréstimo em geral Quando uma parte entrega uma coisa à outra, para ser devolvida em espécie ou gênero. 10.2 Comodato (art. 579) Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. Empréstimo para uso de coisas não fungíveis que se perfaz com a tradição do objeto. Trata-se de um contrato real, pois aperfeiçoa-se pela entrega do objeto, com a tradição. Partes: comodante → dono, proprietário da coisa que transfere o uso e o gozo (a posse precária) ao comodatário. comodatário → aquele a quem é confiado a coisa. 10.3 Classificação / Natureza Jurídica Unilateral. É gratuito. Comutativo. Típico. Não solene. Principal, mas pode ser acessório, depende do contrato. De execução diferida. É um contrato pessoal, depende de confiança de que o comodatário restituirá a coisa. Pode ser determinado ou indeterminado. Contrato paritário. Obs.: Nem sempre a morte extingue os contratos pessoais (intuitu personae). 10.4 Características a) pessoalidade → A pessoalidade é preponderante. b) infungibilidade e não consumibilidade do bem → 10.5 Direitos e obrigações do comodante a) não reclamar a restituição da coisa antes do prazo convencionado, ou do necessário para o uso do seu direito. Contudo, em situações urgentes ou imprevistas pode haver a resilição unilateral por parte do comodante. b) reembolsar o comodatário com as despesas extraordinárias e urgentes que este tiver de fazer. c) indenizar os prejuízos experimentados pelo comodatário, oriundos de defeito da coisa e, que se os conhecia, deixou de advertir o comodatário. d) receber a coisa em restituição. 10.6 Direitos e obrigações do comodatário a) devolver a coisa. A ação cabível no caso do comodatário se recusar a devolver a coisa será a reintegração de posse. b) velar pela conservação da coisa como se fosse sua. c) servir-se da coisa emprestada de forma adequada d) responder pelos riscos nos moldes do que preconiza o artigo 583 (pois nos outros casos haverá a incidência do brocardo “res perit in domino”. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. e) Responsabilizar-se solidariamente se houver mais comodatários. 10.7 Comodato modal A lei não trata desde comodato modal. Conhecido também como comodato com encargo (não o transforma em contrato bilateral). Ex. Coca-Cola que emprestou o freezer pro dono da padaria estipula que o freezer somente pode ser usado para produtos Coca-Cola. 10.8 Extinção do comodato a) decurso do prazo b) inexecução contratual c) perecimento do objeto → se houve culpa por parte do comodatário, deve restituir. Se for por força maior e caso fortuito, está isento. Contudo lembrar do art. 583. d) resilição unilateral → o comodatário pode resilir unilateralmente em qualquer situação. O comodante somente pode resilir unilateralmente em situações urgentes ou imprevistas. e) distrato f) morte → só extingue o contrato quando não causa prejuízo à outra parte e a pessoalidade é preponderante. Ex. Empresto a batedeira pra minha vizinha, e ela morre. Mas suas filhas a utilizam para fazer bolos e vender, desta maneira sendo esta atividade sua única forma de remuneração, não pode a morte da mãe delas ter o condão de extinguir o contrato, pois traria prejuízo às suas filhas. Doutrina (Comodato x Mútuo): Os contratos de empréstimo são dois, nas suas espécies: comodato e mútuo. São contratos reais, isto é, aperfeiçoam-se pela entrega do objeto ou da coisa mutuada. A dissimilitude entre eles, para melhor ideia conceitual, é exposta, com acuidade, por Darcy Arruda Miranda. Diz ele: “O comodato é empréstimo de uso, abrangendo coisas móveis e imóveis, e o mútuo é empréstimo de consumo, que exige a transferência da propriedade ao mutuário, que fica com a faculdade de consumi-la. O mutuante deve ser dono da coisa mutuada para poder transferir o domínio. O mútuo pode ser gratuito ou oneroso e o comodato é sempre gratuito”. Na precisa lição, recolhe-se a distinção específica. Enquanto no comodato, é a própria coisa emprestada que deve ser devolvida; no mútuo efetua-se a devolução em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (art. 586). Anote-se, por outro lado, a análise feita por Agostinho Alvim em sua Exposição Complementar, destacando haver o CC de 2002 alterado a presunção de gratuidade do mútuo, “atendendo a que o anteprojeto regula a matéria civil e também a comercial”. Aula 09/09/2013 11. Mútuo (art. 586) Contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa fungível à outra, para ser consumida e restituída em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. No mútuo, ao contrário do que acontece no comodato, o mutuante transfere o domínio da coisa para o mutuário. Neste caso, na hipótese do mutuário perder a coisa por casofortuito ou força maior, não poderá este invocar a regra do “res periti domino”, uma vez que é ele próprio o dono da coisa. Deverá, pois, ressarcir o mutuante invariavelmente. Partes: → mutuante → quem empresta → mutuário → quem toma emprestado 11.1 Classificação Real (perfaz com a tradição), unilateral, gratuito ou oneroso, comutativo, típico (art. 586), não solene, principal, de execução diferida, impessoais, por prazo determinado ou indeterminado, paritário (é possível que seja de adesão, ex. Empréstimo no banco), definitivo ou preliminar (ex. Se você passar no mestrado do UniCEUB você ganha um carro. Inclusive é um elemento acidental de negócio jurídico, qual seja, uma condição). 11.2 Capacidade / Empréstimo feito a menores É exigido para o mútuo a mesma capacidade do artigo 104. E se o contrato for celebrado com um menor, pois o mutuante desconhecia essa condição, como fica? Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores (fiador é contrato acessório, logo segue a sorte do principal). Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: I – se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II – se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV – se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V – se o menor obteve o empréstimo maliciosamente (mentir a idade, mentir sobre a finalidade). 11.2.1 Capacidade do mutuário → falado acima. 11.2.2 Capacidade do mutuante → só posso emprestar se eu for proprietário, ou tutor, curador, ou tenho o pátrio poder do dono do bem. Contudo: os detentores do poder familiar, tutores e curadores, somente podem contrair empréstimos onerando seus pupilos, mediante prévia autorização judicial e comprovada a evidente utilidade do empréstimo, independente do mútuo ser gratuito ou oneroso. 11.3 Mútuo feneratício Empréstimo de dinheiro com cobrança de juros. Trata-se de um contrato unilateral, contudo, neste caso específico de mútuo, é oneroso. Ressalte-se que a correção monetária poderá ser cobrada também, se o mutuante assim desejar. Obs.: É possível que estes juros possam ser cobrados mesmo que em coisas, não somente em dinheiro. 11.4 Obrigação das partes 11.4.1 Obrigação do mutuário a) restituir o que recebeu em coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade dentro do prazo estipulado. Não sendo possível a restituição do que foi emprestado, poder-se-á devolver o equivalente pecuniário, mesmo que isto não conste do contrato. b) o pagamento do equivalente mais os juros (somente pro mútuo feneratício). 11.4.2 Obrigação do mutuante a) responsabilidade pelos vícios da coisa. b) não tolher (atrapalhar, obstruir) o consumo por parte do mutuário. Contudo, se for estipulado previamente no contrato uma finalidade específica à coisa emprestada, poderá o mutuante cobrar o fiel cumprimento desta referida finalidade. Ex. CAIXA empresta dinheiro para construção de casa. c) exigir garantia da restituição, se o mutuário vier a sofrer, antes do vencimento do contrato, notória mudança em seu patrimônio. Se o mutuário se negar a dar a garantia, o contrato considera- se extinto, e o mutuário passa a ser obrigado a pagar desde já. d) exigir a restituição da coisa somente em momento oportuno, estipulado pelas partes, ou antes, se o uso da coisa já cessou. e) demandar a resolução do contrato se o mutuário deixar de pagar juros (somente no mútuo feneratício). 11.5 Extinção do mútuo a) vencimento do prazo convencionado b) Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. c) descumprimento de cláusula contratual d) distrato e) resilição unilateral (só é possível no caso do mutuário) f) efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato (uma cláusula resolutória expressa). 12. Jogo e aposta 12.1 Conceito Jogo → é a convenção pela qual duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa soma em dinheiro àquela que se mostrar vencedora na prática de determinado ato. Aposta → é a convenção pela qual duas ou mais pessoas de opiniões divergentes, prometem entre si pagar certa quantia ou entregar certo objeto, àquela cuja opinião se verificar verdadeira. 12.2 Espécies de jogo 12.2.1 Proibidos ou ilícitos → aqueles cujo ganho depende unicamente da sorte (jogos de azar). 12.2.2 Tolerados ou não proibidos → aqueles cujo ganho não depende unicamente da sorte, mas também de certa habilidade dos jogadores. Ex. Pôquer, e outros jogos de carta no geral. Não são considerados jogos de azar, nem contravenção penal. Observações importantes → As disposições do código civil se aplicam tanto aos tolerados quanto aos proibidos, e são as seguintes: 1) não obrigam ao pagamento, ou seja, ninguém pode ser demandado em juízo por débito de jogo em aposta. 2) não há direito a repetição de indébito no caso de jogo ou aposta (receber a devolução do que foi pago). Ou seja, joguei pôquer, perdi R$ 1.000,00, paguei, já era filhão. 3) se a dívida de jogo foi ganha com dolo ou o perdedor for menor ou interdito, é possível receber de volta o que foi pago, ou seja, há o direito à repetição de indébito. 4) o contrato que envolve reconhecimento, novação, ou fiança de dívida de jogo, é passível de nulidade. A nulidade de negócio jurídico realizada em função de jogo ou aposta, não poderá ser oposta ao terceiro de boa-fé, alheio ao negócio jurídico. Ex. Um jogador A que pede dinheiro emprestado para um amigo B, alegando ser para consertar seu carro, enquanto na verdade ele vai usar a dívida para jogar. Neste caso, B não pode ser prejudicado por isso, e por ser terceiro de boa- fé poderá cobrar esta quantia de A. 5) o reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar não pode ser exigido também. Neste caso o terceiro sabia da finalidade do dinheiro. 6) dívida de jogo ou aposta não pode ser utilizada para compensação 7) o pagamento de débito de jogo ou aposta não pode ser garantido por nenhum ônus real. 12.2.3 Autorizados ou lícitos Nestes jogos existe a obrigação ao pagamento. Estes jogos visam a uma utilidade social. a) que estimula a destreza, a inteligência, a força ou a coragem. b) que estimula atividade econômica de interesse geral. c) beneficiam o Estado empregando parte de sua renda em obras sociais ou eventos esportivos. d) angariam fundos ou recursos para incentivo do esporte. 12.3 Contratos diferenciais São aqueles sob título de bolsa de valores, ou de mercadorias em que se estipula a liquidação exclusivamente pela diferença entre preço ajustado e a cotação que eles tiverem no mercado. Não são considerados nem jogos nem apostas. Direito Civil IV – Contratos – Parte II Aula 13/09/2013 13. Compra e venda (art. 481) 13.1 Conceito → contrato em que uma pessoa se obriga a transferir à outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea mediante pagamento de certo preço em dinheiro. 13.2 Classificação → Consensual, Bilateral, Oneroso, Comutativo ou Aleatório (compra safra de soja), Típico, Não Solene, Principal, Execução Instantânea ou Diferida, Impessoal, Por prazo determinado ou indeterminado, Paritários ou de Adesão, Preliminar ou Definitivo. 13.3 Elementos constitutivos da compra e venda 13.3.1 A coisaNo caso de bem móvel, se o cara se recusa a entregar a coisa, busca e apreensão. No caso de bem imóvel, se o cara se recusa a entregar a coisa, imissão na posse. → A coisa deverá: 1) existir (seja corpórea ou incorpórea); se na tradição a coisa inexistir, o contrato torna-se nulo pela falta de objeto. 2) a coisa deve ser individuada, determinada ou determinável. 3) a coisa tem de ser disponível e estar no mercado. A indisponibilidade pode decorrer de: 3.1) da própria natureza da coisa, ex. Vender uma estrela do céu. 3.2) pode estar indisponível em função da lei; pacta corvina (vender herança de pessoa viva) 3.3) voluntariamente, a pessoa não quer vender. 4) ter possibilidade de ser transferida ao comprador. Só posso vender algo que é meu. 13.3.2 O preço → O preço deverá: a) apresentar pecuniariedade (ser em dinheiro) b) deve ser sério, apresentar seriedade, ex. Comprar um apt. Por R$ 100,00. c) o preço deve ser certo e determinado no momento da venda. Pode ser determinável. 13.3.3 O consentimento → deve ser absolutamente capaz. 13.3.4 A forma → é necessário a escritura pública de imóveis acima de 30x o salário-mínimo 13.4 Restrições a liberdade de comprar e vender = Falta de legitimação a) venda a cônjuge → Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. b) venda a menores (crime) → Lei 8.069/90 fala de bens que não podem ser vendidos a menores, ex. Álcool e cigarros. c) Vender a descendente à Os ascendentes não podem vender aos descendente sem que os demais descendentes e o cônjuge consintam expressamente. Se a venda ocorrer sem autorização, o negócio será anulável, ou seja, é possível de ser corrigido. Situações: 1) No caso de um dos descendentes não estar presente (sumiu, por exemplo), é possível que se entre com uma ação para suprir a vontade deste descendente. 2) No caso de recusa injusta (implicância) de um dos descendentes, é possível também entrar com uma ação para suprir a vontade deste descendente que recusou injustamente. 3) No caso de incapacidade de um dos descendentes, é possível entrar com uma ação para solicitar a nomeação de um curador especial, para analisar e acompanhar todo o processo de compra e venda. Obs.: É possível entrar com ação anulatória para anular a compra e venda a descendentes. O prazo para entrar com a ação está no art. 179, CC e na súmula 494, STF: Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear- se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato E A AÇÃO PARA ANULAR VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE, SEM CONSENTIMENTO DOS DEMAIS, PRESCREVE EM VINTE ANOS, CONTADOS DA DATA DO ATO, REVOGADA A SÚMULA 152. Assim, há divergência na doutrina sobre qual dispositivo deve ser usado. d) Compra por pessoa encarregada de zelar pelo interesse do vendedor à Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. a) Venda por condomínio de coisa indivisível à Art. 504, CC Ex.: um terreno Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto (o preço que oferecer para um, deve oferecer para o outro). O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. O outro consorte (aquele que não está querendo vender sua parte da coisa) tem direito de preferência na compra da outra parte do coisa indivisível. E se o consorte não fica sabendo da venda? Só é comunicado depois da venda? Poderá ser proposta, então, uma ação anulatória no prazo decadencial de 180 dias contados, como aduz o art. 504, segunda parte, CC: Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto (o preço que oferecer para um, deve oferecer para o outro). O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Há divergência na doutrina sobre quando este prazo começaria a contar. Assim, alguns dizem que o prazo de 180 dias começa a correr a partir da ciência da compra ou do ato do negócio. Ainda, aduz o art. 504, parágrafo único: Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço Aula 30/09/2013 14. Regras especiais sobre algumas modalidades de venda 14.1 Venda por amostra Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. A venda que se realiza à vista de amostra é venda sob condição suspensiva; obriga o vendedor a entregar a coisa com as qualidades por aquelas apresentadas, ou seja, em correspondência ideal com as qualidades concebidas pelo exemplar que serviu de padrão. A inexatidão entre a amostra e a mercadoria entregue produz o aliuvo pro aliud (uma coisa por outra), importando, pela desconformidade havida, o inadimplemento contratual e perdas e danos. O comprador pode optar entre a resolução do contrato ou exigir a entrega da coisa exata, com danos da mora. Exceptio non riti (exceção do contrato parcialmente cumprido) e cláusula resolutiva. 14.2 Venda de imóvel ad mensuran É aquela venda em que se determina a área do imóvel vendido, estipulando-se o preço por medida de extensão. A ação cabível a para complementação de área em venda ad mensuran: Ação ex empto ou ex vendito. Esta ação prescreve em um ano contado do dia do registro do imóvel, prazo decadencial. Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. § 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. § 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. § 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões,ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. 14.3 Venda de imóvel ad corpus É a venda de imóvel com o corpo certo e determinado, independente de medidas especificadas no instrumento do contrato. A preocupação das partes é vender coisa certa e determinada. 14.4 Notas importantes sobre a venda de imóveis a) O magistrado deve sempre verificar a intenção dos contratantes, independente do nome dado ao contrato; b) Se a venda for ad corpus, e a medida do imóvel não conferir com a do contrato, nenhuma ação compete ao comprador; c) Se a venda for ad mensuran, cabe ao comprador a ação ex empto ou ex vendito, através da qual reclamará pela complementação da área. d) Somente se a complementação não for possível, pode o comprador: pedir a rescisão do contrato ou reclamar o abatimento do preço, não cabem ambos os pedidos, pois é o comprador quem deve decidir, de pronto, se quer ou não continuar com o imóvel. Se não quiser, pedirá a rescisão. Se quiser, pedirá o abatimento no preço; e) Não se aplica o art. 500 se a compra for realizada em hasta pública mediante leilão; f) A venda de imóveis sob o prisma do CDC será sempre ad mensuran. 14.5 Defeito oculto nas coisas vendidas conjuntamente Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. 14.6 Consequências complementares da compra e venda a) responsabilidade pelos riscos da coisa → res periti domino; Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. § 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor. Ex. Compro uma TV em Manaus e peço ao vendedor que entregue em Brasília. Se no caminho, por motivo de força maior ou caso fortuito a coisa se perde, quem se fode sou eu (res periti domino). Neste caso, entende-se que a tradição foi feita em Manaus mesmo, e, portanto, a coisa já era do comprador à época. Contudo, se no próprio estabelecimento estiver expressamente escrito “entregamos para todo o território nacional”, entende-se que o local da coisa é em todo o território nacional. b) responsabilidade pela evicção e pelos vícios redibitórios → O vendedor vai responder sempre por evicção e vício redibitório. c) despesas do contrato de compra e venda de imóveis → Caso as partes não falem nada sobre isso, a lei determina que: Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. d) direito de retenção = garantia → Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. 14.7 Aplicação do CDC à compra e venda Aplica-se o CDC à compra e venda e à prestação de serviços. Quando? Quando for uma relação de consumo. Se for aplicado o CDC, o CC deixa de ser aplicado? Não. Aplica-se ambos em harmonia. Aula 04/10/2013 (correção da prova) Aula 07/10/2013 15. Cláusulas especiais da compra e venda 15.1 Retrovenda Cláusula em um contrato de compra e venda, em que o vendedor se reserva o direito de recobrar o imóvel que vendeu, em certo prazo, restituindo o preço mais despesas feitas pelo comprador. Ex. vendo um terreno pra um sujeito, e dentro de 1 ano eu tenho o direito de comprar este terreno de volta. Neste contrato se diz o imóvel como resolúvel, até o fim do prazo estipulado para a retrovenda. Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. 15.1.2 Pressupostos a) deve ser imóvel; b) máximo de 3 anos; c) a cláusula deve constar no mesmo papel do contrato de compra e venda. 15.1.3 Extinção a) pelo direito do vendedor, ou seja, no momento em que o vendedor deseja fazer uso da cláusula, readquirindo o imóvel; b) pera preclusão do prazo; c) pelo perecimento do imóvel; o vendedor que desejar de volta o imóvel, deverá ressarcir as benfeitorias necessárias, mas não as úteis ou voluptuárias; d) pela renúncia do direito do vendedor (resilição unilateral). e) ocorrendo morte do vendedor, transferem-se os direitos aos herdeiros e legatários. Este direito de resgate, de retrovenda, não é cessível em vida, somente a herdeiros e legatários pós-morte. 15.2 Venda a contento É a cláusula no contrato de compra e venda que o subordina a condição de ficar desfeito se a coisa não agradar o comprador. Venda condicional, só compro se eu gostar. Neste caso, não há a transferência da propriedade. A propriedade só é transferida quando ela manifestar o contento. Deve ser estabelecido por cláusula expressa. A lei não fala em prazo para que seja manifestado o contento. Se não houver estabelecido o tempo pela cláusula, e o sujeito não se manifestar, eu posso intima-lo judicialmente com prazo para que manifeste a sua vontade. Se não cumprir o prazo, determina-se a transferência da propriedade e efetiva execução do contrato. O comprador não precisa motivar a recusa Se o comprador morrer, seu direito não se transfere a herdeiros ou legatários, momento em que a venda se consolida, nada restando a estes reclamar. 15.3 Preempção ou preferência Cláusula especial em um contrato de compra e venda, onde o comprador de uma coisa se obriga para com o vendedor, a preferi-lo. Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. Trata-se de direito personalíssimo, não se transfere. 15.3.1 Requisitos a) o comprador deve querer vender; b) que o vendedor queira comprar pagando o preço ajustado; c) que esse direito seja exercido em determinado prazo. 15.3.2 O descumprimento da obrigação 15.4 Retrovenda Preempção Objeto do contrato Imóvel Móvel e Imóvel Nº de contratos Apenas um Dois Detentor do direito Vendedor Comprador (se quiser revende) Nº de impostos 1 imposto 2 impostos Valor a ser pago Igual Diferente Descumprimento Ação reivindicatória (direito real) Ação de indenização (perdas + danos) Aula 11/10/2013 Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 16. Da doação (art. 538 CC) 16.1 Conceito Contrato em que uma pessoa, por liberalidade transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o de outrem, que o aceita. Partes doador → quem doa donatário → quem recebe 16.2 Classificação Contrato unilateral, gratuito, comutativo, típico, consensual, solene (escritura pública ou instrumento particular), principal ou acessório, de execução instantânea ou diferida, pessoal,
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