Buscar

Politica Educacional BrasilPiaui grafica1810

Prévia do material em texto

UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
Política Educacional – Brasil/Piauí
Elenita Maria Dias de Sousa Aguiar
FUESPI
2013
 Ficha catalográfica elaborada por F. J. Norberto dos Santos
 (Bibliotecário da Universidade Estadual do Piauí- UESPI) CRB-3 1211
Aguiar, Elenita Maria Dias de Sousa.
 Política educacional – Brasil/Piauí / Elenita Maria Dias de Sousa
Aguiar. - Teresina : FUESPI, 2013.
 144 p.
 ISBN 978-85-8320-008-6 
 Material de apoio pedagógico ao Curso de Licenciatura Plena em 
Pedagogia do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual 
do Piauí – NEAD / UESPI, 2013.
 
 1. Políticas educacionais. 2. Educação na Constituição Brasileira. 
3. Educação básica – Políticas públicas no Piauí. 4. Educação – Financia-
mento. I. Título. 
 
 CDD 379.182 2 
A282p
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff
Vice-presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Diretor de Educação a Distância CAPES/MEC
Celso José da Costa
Governador do Piauí
Wilson Nunes Martins
Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí
Átila de Freitas Lira
Reitor da FUESPI – Fundação Universidade Estadual do Piauí
Carlos Alberto Pereira da Silva
Vice-reitor da FUESPI
Nouga Cardoso Batista
Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG
Francisco Soares Santos Filho
Coordenadora da UAB-FUESPI
Márcia Percília Moura Parente
Coordenador Adjunto da UAB-FUESPI
Raimundo Isídio de Sousa
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP
Geraldo Eduardo da Luz Júnior
Pró-reitor de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
Marcelo de Sousa Neto
Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD
Benedito Ribeiro da Graça Neto
Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN
Raimundo da Paz Sobrinho
Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia – EAD
Umbelina Saraiva Alves
Edição
UAB - FNDE - CAPES
FUESPI/NEAD
Diretora do NEAD
Márcia Percília Moura Parente
Diretor Adjunto
Raimundo Isídio de Sousa
Coordenadora do Curso de Licenciatura 
Plena em Pedagogia
Umbelina Saraiva Alves
Coordenador de Tutoria
José da Cruz Bispo de Miranda
Coordenadora de Produção de Material 
Didático
Cândida Helena de Alencar Andrade
Autora do Livro
Elenita Maria Dias de Sousa Aguiar
Revisão
Robson Carlos da Silva
Teresinha de Jesus Ferreira
Diagramação
Anísia Paula Araújo Marques
Capa
Luiz Paulo de Araújo Freitas
MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/FUESPI
UAB/FUESPI/NEAD
Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá), 
NEAD, Rua João Cabral, 2231, bairro 
Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002-150, 
Telefones: (86) 3213-5471 / 3213-1182
Web: ead.uespi.br
E-mail:eaduespi@hotmail.com
SUMÁRIO
UNIDADE 1 
EDUCAÇÃO BRASILEIRA: AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS COMO 
EMBASAMENTO CONTEXTUAL HISTÓRICO ORGANIZACIONAL 
1.1 A Educação na Constituição de 1824.....................................................9
1.2 A Educação na Constituição de 1891...................................................14
1.3 A Educação na Constituição de 1934...................................................16
1.4 A Educação na Constituição de 1937...................................................18
1.5 A Educação na Constituição de 1946...................................................22
1.6 A Educação na Constituição de 1967...................................................25
1.7 A Educação na Emenda Constitucional de 1969..................................27
1.8 A Educação na Constituição de 1988..................................................28
UNIDADE 2 
POLÍTICAS EDUCACIONAIS CONTEXTUALIZADAS NAS LEIS DE 
DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL 
2.1 LDB nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961..........................................47
2.2 LDB nº 5.540, de 28 de novembro de 1968/LDB nº 5.692, de 11 de agosto de 
1971.........................................................................................................48
2.3 LDB nº 7.044, de 18 de outubro de 1982..............................................50
2.4 LDB nº 9.394, de 20 de dezembro de1996...........................................50
2.4.1 A Caracterizações Gerais ...............................................................52
2.4.2 Caracterizações – Níveis e Modalidades de Ensino ........................54
2.4.3 Caracterizações do Currículo ..........................................................55
2.4.4 Caracterizações - Papel e Formação dos Professores ...................56
UNIDADE 3 
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3.1 Caracterização do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensi-
no Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF .....................67
3.2 Instituição e Destinação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação - FUN-
DEB ...........................................................................................................68
3.2.1 Fontes de Receita dos Fundos.........................................................69
3.2.2 Distribuição dos Recursos ..............................................................71
3.2.3 Utilização dos Recursos. ..................................................................72
3.2.4 Fiscalização dos Recursos ...............................................................72
3.2.5 Atuação do Ministério da Educação .................................................73
UNIDADE 4
POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO ESTADO DO PIAUÍ 
4.1 Constituição Federativa de 1989 e Lei Nº 5.101/99 ..........................79
4.1.1 Educação de Jovens e Adultos .......................................................80
4.1.2 Educação Especial ...........................................................................81
4.2 Educação Profissional ........................................................................83
4.3 Programas sociais suplementares .....................................................84
4.4 Valorização dos Profissionais do Magistério ......................................84
Referências ..............................................................................................87
Anexos ......................................................................................................91
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
7
UNIDADE 1
EDUCAÇÃO BRASILEIRA: AS CONSTITUIÇÕES 
BRASILEIRAS COMO EMBASAMENTO CONTEXTUAL 
HISTÓRICO ORGANIZACIONAL 
OBJETIVOS
• Conhecer a organização do sistema educacional brasileiro tendo por 
base o contexto das constituições de 1824 a 1988, com o intuito de que 
seja possível construir embasamento teórico/crítico quanto ao contexto 
histórico e social.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
9
Apresentação da unidade
Nesta unidade, apresentamos a organização da educação brasileira 
presente no texto legal das constituições do nosso país. De forma sucinta 
será possível perceber as contribuições e/ou as negações que se fizeram, 
ou se fazem presentes no sistema educacional brasileiro.
1 Educação brasileira: as constituições brasileiras como embasamento 
contextual histórico organizacional 
O contexto histórico do Brasil até o momento atual, incluiu um total 
de 08 (oito) cartas constitucionais. Uma carta constitucional se organizada 
e votada por representantes do povo, com poderes constituintes são 
classificadascomo promulgadas; se 
organizadas como instrumento de poder, 
ou, como diz Herkenhoff (1989) “[...] 
instrumentos de arbítrio dos ditadores 
de plantão [...] sem o mínimo de respeito 
pelo povo [...]”, são classificadas como 
outorgadas. No nosso país tivemos 04 
(quatro) constituições promulgadas 
(1891, 1934, 1946 e 1988) e quatro 
constituições outorgadas (1824, 1937, 
1967 e 1969). 
Considera o autor que, mesmo 
as promulgadas, tiveram pouca 
participação popular, com exceção da Carta Constitucional de 1988, visto 
que a Constituinte começou os trabalhos em fevereiro de 1987, promulgando 
a carta em 05 de outubro de 1988.
1.1 A educação na constituição de 1824
Vamos conhecer um pouco sobre a constituição outorgada por D. 
Pedro I, em 25 de março de 1824. É caracterizada como Imperial, estabeleceu 
SAIBA MAIS
Assembleia Constituinte é 
um órgão colegial representativo 
executada na elaboração de uma 
Constituição para o ordenamento 
jurídico estatal. Fernando Rebouças 
in: http://www.infoescola.com/direito/
assembleia-constituinte; acesso em: 
08 de dezembro de 2012.
Política Educacional – Brasil/Piauí
10
a gratuidade da instrução primária para todos os cidadãos, previu a criação 
de colégios e universidades e instituiu o ensino da religião católica. 
Naquele momento, o gerenciamento do processo educacional 
estava centralizado no âmbito da Coroa. Haidar e Tanuri (1998) destacam 
o ano de 1827, quando foram criados os cursos jurídicos de São Paulo e 
Olinda, nesse mesmo ano, a 15 de outubro uma lei dispôs sobre o ensino às 
escolas de primeiras letras, a partir da qual foi fixado o currículo e instituído 
o ensino primário para o sexo feminino, já no ano de 1832 as academias 
Médico-Cirúrgicas do Rio de Janeiro e da Bahia foram convertidas em 
Faculdades de medicina. É preciso mencionar que a instrução pública neste 
período mesmo enriquecido com os cursos superiores que foram criados 
não apresentou significação positiva, em relação aos estudos primários e 
médios, cita-se:
[...] algumas escolas de primeiras letras e um punhado de aulas 
avulsas no velho estilo das aulas régias constituíram todo o 
saldo positivo do período que sucedeu a independência e que 
precedeu a reforma constitucional de 1834. O governo central, 
sufocado pelos encargos decorrentes de uma centralização 
excessiva [...] não encontrou tempo para zelar devidamente 
pela instrução pública. (HAIDAR e TANURI, 1998, p. 63). 
O que isso significa? Significa que o ensino primário ficou sob 
a responsabilidade dos governos das províncias, e caracterizado pela 
escassez dos recursos financeiros. Utiliza-se expressão teórica para 
expressar que,
O império relegou o ensino primário ao descaso completo, 
ficando as poucas tentativas de aperfeiçoamento reduzidas 
a leis que nunca foram cumpridas. O currículo aplicado, 
no sentido do prescrito para ser ensinado, nunca passou 
de aulas de leitura, escrita e cálculo. De fato, a elite 
nunca teve interesse por esse nível de ensino, e o povo... 
ora, para que educar o povo... (ZOTTI, 2004, p. 43) 
No que diz respeito ao ensino secundário, oriundo do período 
colonial, apresentava como prática a presença de aulas régias, tendo por 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
11
objetivo primeiro a preparação dos alunos 
para o exame de admissão ao ensino 
superior, cuja oferta era reduzida, visto 
que, maior parte estava concentrada na 
iniciativa privada. 
A Educação Superior tinha 
preocupação em preparar as elites. 
Proporcionou a abertura das Academias 
Militar e da Marinha, os cursos médicos 
cirúrgicos e de Economia Política da 
Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, 
e em 1827, as Faculdades de Direito em 
São Paulo e Pernambuco. É possível 
compreender a intenção velada quanto 
ao futuro das funções a serem assumidas no contexto das políticas, bem 
como, administrativamente. 
A lei nº 16 altera a Constituição de 1824 ao aprovar o Ato Adicional 
em 12 de agosto de 1834. O papel precípuo do ato perpassa a definição das 
políticas de instrução elementar no Império.
Extingue os conselhos gerais e cria as assembleias legislativas nas 
províncias. Cria ainda o município Neutro, desmembrado da província do Rio 
de Janeiro, suprimindo o Conselho do Estado. 
O artigo nº 10, da Lei nº 16 apresenta as competências legislativas 
das Assembleias (provinciais). Cabia a esta legislar - Sobre a instrução pública 
e estabelecimentos próprios a promovê-
la, não compreendendo as faculdades 
de medicina, os cursos jurídicos, 
academias atualmente existentes e 
outros quaisquer estabelecimentos de 
instrução que, para o futuro, fossem 
criados por lei geral. 
Segundo Fernando de 
Azevedo (1996), a partir deste artigo , 
SAIBA MAIS
Em 1834, o Rio de Janeiro tornou-se 
município neutro. Em 1891, passou a 
Distrito Federal. [...] Em 1960, a capital 
federal foi transferida para Brasília e 
o Rio de Janeiro, transformado em 
Estado da Guanabara.
SAIBA MAIS
AULAS RÉGIAS
Corresponderam a aulas avulsas 
de latim, grego, filosofia e retórica. 
Sobre a organização pode-se dizer 
que “[...] Os professores, por eles 
mesmos, organizavam os locais de 
trabalho e, uma vez tendo colocado a 
“escola” para funcionar, requisitavam 
do governo o pagamento pelo trabalho 
do ensino”. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 
2009, p. 27).
Política Educacional – Brasil/Piauí
12
cada província teve autonomia para se organizar e legislar sobre economia, 
justiça, educação, entre outras competências. Para Azevedo, no que tange à 
educação, o século XIX foi um período em que a instrução pública elementar 
“arrastou-se” (grifo nosso), caracterizando-se como: “[...] inorganizada, 
anárquica, incessantemente desagregada [...]” (1996, p. 556). 
Sob a competência do governo central, residia o direito de promover 
e regulamentar a educação na Capital do Império, bem como o ensino 
superior em todo o território brasileiro. Caracterizou-se uma dualidade no 
sistema educacional.
Veja bem, é interessante notar que nesta década, e sob esta 
sistematização educacional é que surgem os primeiros Liceus Provinciais 
– no Rio Grande do Norte, na Paraíba e na Bahia. Visando preparar os 
alunos para o exame de admissão adotavam estrutura curricular que tinha 
por base a educação superior. 
A educação profissional, originada principalmente na sociedade 
civil, mantém na carta constitucional, objetivos essencialmente 
assistencialistas. Destaca-se que em 1809, o Príncipe Regente cria no Rio 
de Janeiro o “Colégio das Fábricas”, considerado como primeiro ato rumo 
à profissionalização dos trabalhadores brasileiros; outras sociedades civis 
foram criadas durante o século XIX, no intuito de dar amparo a crianças 
órfãs e abandonadas, permitiam às crianças instruções teórico-práticas, 
iniciando-as no ofício. A partir de 1861, com a instalação do Instituto 
Comercial do Rio de Janeiro, a educação profissional passa a assumir 
cunho técnico-profissional. 
SAIBA MAIS
LICEUS PROVINCIAIS - Instituições não estatais que visavam à 
instrução pública brasileira “[...] voltada para a formação profissional 
compreendendo os conhecimentos pelas ciências morais e econômicas”. 
(SAVIANI, 2007, p. 125). 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
13
A formação de professores gera discussões políticas com a 
Constituição de 1824, mas somente a partir do Decreto Imperial de 1827 
é que se originam as Escolas de Primeiras Letras. As primeiras Escolas 
Normais destinadas à preparação dos profissionais para atuação no 
magistério público são criadas ainda no século XIX (1831-1840). As 
condições à formação eram precárias – os docentes tinham péssimos 
salários e deviam custear as despesas da formação nos estabelecimentos 
das capitais. 
A Constituição de 1824, na percepção de Herkenhoff (1989), 
não teceu preocupações quanto às questõeseducacionais, visto que, os 
princípios que a orientavam designavam que estas eram de responsabilidade 
da família e da igreja.
Leitura complementar 1 
[...] Dualidade Educacional
O fato dominante nos últimos cinquenta anos de vida brasileira, 
com referência à educação, é a expansão e fusão gradual dos dois 
sistemas escolares que serviram ao país em seu dualismo orgânico de 
duas sociedades: primeiro de senhores e escravos, depois de senhores 
e povo, e que se iriam integrar progressivamente na sociedade de classe 
média em processo. 
Reflete-se na educação êsse1 dualismo substancial, com a 
manutenção, desde a independência, de dois sistemas escolares. Um, 
destinado à formação da elite, compreendendo a escola secundário 
acadêmica e as escolas superiores, mantido sempre sob o contrôle 
do governo central e, rígida e uniformemente, imposto a toda a nação. 
Outro, destinado ao povo e, na realidade, à classe média emergente, 
compreendendo escolas primárias e escolas médias vocacionais, sob o 
controle, desde 1834, dos governos provinciais ou locais e mais tarde, com 
a federação, dos governos dos Estados. Os dois sistemas eram separados 
1 Manteve-se ao longo do texto a escrita original utilizada pelo autor.
Política Educacional – Brasil/Piauí
14
e independentes, para o que contribuía a sua subordinação a diferentes 
áreas do poder público. O sistema de elite era federal e o sistema popular 
ou de classe média, estadual. 
TEIXEIRA, Anísio. O problema de formação do magistério. Revista 
Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v. 46, n.º 104, out/dez. 1966. 
p. 278 – 287. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/
formagist.html; data de acesso: 19 de novembro de 2012.
1.2 A educação na constituição de 1891
A Constituição de 1891 advém 
de uma República proclamada pelo 
Exército, conhecida como República dos 
Coronéis, e também pelas contradições. 
Nesse período, mas especificamente 
em 24.02.1891 a Assembleia Nacional 
Constituinte promulgou a Constituição de 
1891. Esta instituiu o sistema federativo 
de governo objetivando aumento de 
autonomia às antigas províncias e 
apresentou algumas determinações 
quanto à educação. 
Conforme Sophia Lerche 
(2007), a transição do Império para a República no que se refere à educação 
suscita novo projeto, e, nesse contexto são aprovados os Regulamentos da 
Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal, do Ginásio Nacional 
(Decretos nº 981/90 e nº 1.075/90, respectivamente) e do Conselho de 
Instrução Superior (Decreto nº 1.232-G/91), propostos pela Reforma Benjamin 
Constant (apresentou maior preocupação com a formação científica).
Apresenta avanços em relação à carta constitucional de 1824, dentre 
estes se destacam o princípio da laicidade e a separação entre os poderes. À 
educação determinou ainda:
- Função privativa ao Congresso Nacional de legislar sobre a educação 
SAIBA MAIS
A República nada mais foi que 
“[...] reordenamento do Estado, que 
se tornava obsoleto, perante a nova 
realidade econômica e política, de 
acordo com os interesses das elites”. 
Fato este que já ocorrera com a 
abertura dos portos, em 1808, bem 
como com a Independência política, 
em 1822. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 
2009, p.).
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
15
superior - (art. 34, inciso 30); animar no País, “não privativamente”, 
o desenvolvimento das letras, artes e ciências; criar instituições de 
ensino secundário e superior nos Estados; prover o ensino primário 
e secundário do Distrito Federal. 
- Aos Estados coube legislar sobre o ensino primário e secundário, 
bem como proceder implantação, manutenção de escolas primárias, 
secundárias e de ensino superior. 
A dualidade dos sistemas manteve-se presente, configurada 
pelo sistema federal integrado pelo ensino secundário e superior, ao lado 
de sistemas estaduais, que tinham a missão de legislar escolas variadas 
e de graus diferenciados. Esta caracterização viabilizou desigualdades na 
educação entre as regiões, distinguindo-se uma educação à classe dominante 
e, outra, destinada às classes populares. 
Aspecto a ser destacado nesta constituição, conforme Sofia Lerche 
(2007) é a proibição do voto aos analfabetos (art. 70, § 1º), para a autora 
revela exclusão do direito à cidadania, esta disposição permeará as próximas 
cartas constitucionais, sendo superada pela Constituição de 1988. 
A partir de 1906 a educação profissional passou a ser 
responsabilidade do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Havia 
nesse período uma preocupação com a preparação de mão de obra, e 
nessas condições foi organizada a instalação de escolas comerciais 
públicas, algumas Escolas de Aprendizes Artífices, bem como o ensino 
agrícola.
SAIBA MAIS
LAICIDADE - O princípio da Laicidade é garantir a liberdade de crença 
e de culto dentro dos limites das leis comuns e da ordem pública; Enquanto 
liberdade de expressão a laicidade não é apenas uma condição necessária, 
é a origem. 
No caso da educação garantiu a extinção da obrigatoriedade do ensino 
religioso.
Disponível em www.laicidade.org.br
Política Educacional – Brasil/Piauí
16
A Primeira República, como ficou caracterizada, além de ignorar os 
princípios educacionais debatidos nesse período, agravou as condições 
educacionais por não contemplar no texto constitucional a gratuidade do 
ensino. 
1.3 A educação na constituição de 1934 
O Congresso Nacional no ano de 1934 elege Getúlio Vargas como 
presidente da República e, nesse mesmo ano, é promulgada a Constituição 
de 1934, que na percepção de muitos apresentou características mais 
democráticas, principalmente, se comparada com a Constituição de 1937 
que lhe sucede, e que apresenta texto totalmente autoritário.
A carta constitucional de 1934 dedica capítulo específico à 
Educação e à Cultura. Este fato pode ser associado ao debate político 
entre os defensores da Escola Pública, representando o movimento “Escola 
Nova”, sob influência das doutrinas pedagógicas surgidas na década de 30, 
e de outro, os católicos, que naquele momento exerciam grande influência 
à educação.
Apresenta favorecimento quanto ao ensino religioso, assim como à 
escola privada. No que tange ao financiamento da Educação Brasileira, o 
Artigo nº 156 definia que “a União e os Municípios aplicariam nunca menos 
de dez por cento, e os Estados e o Distrito Federal nunca menos de vinte por 
cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento 
dos sistemas educativos”. Apresenta nesse sentido, a vinculação de um 
percentual mínimo de recursos tributários a serem aplicados na educação. 
Apresentou indícios que visavam á organização da educação, 
mediante o estabelecimento de um Plano Nacional de Educação, sendo de 
competência do Conselho Nacional de Educação a elaboração do mesmo. 
Conforme Romanelli (2007), o crescimento e desenvolvimento das ações 
educacionais são contemplados na constituição de 1934, o que incide em 
muitos aspectos com a proposta dos liberais, inscrita no Manifesto dos 
Pioneiros. Destacam-se como contribuições desta: criação dos sistemas 
educativos nos estados, prevendo os órgãos de sua composição e 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
17
destinação de recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino. 
A inclusão do ensino religioso como obrigatório nas escolas públicas, 
devendo ser ministrado respeitando os princípios da confissão religiosa do 
educando, e sendo atribuição facultativa a esses. Garantia de imunidade 
de impostos para estabelecimentos particulares, de liberdade de cátedra e 
de auxílio a alunos necessitados e determinação de provimento de cargos 
do magistério oficial mediante concurso.
Pois bem, nesse momento o ensino secundário passa por reforma 
e divisão. Quanto à reforma tinha por objetivo a preparaçãodo indivíduo 
para a vida, nesse sentido visava o desenvolvimento de hábitos, atitudes e 
comportamentos que contribuíssem para a tomada de decisões. O ensino 
secundário foi dividido em – fundamental e complementar. O fundamental 
permitia a formação geral, enquanto o complementar ou pré-universitário 
permitia maior abrangência quanto aos anseios dos alunos, na medida em 
que atendia a três caracterizações – os estudos jurídicos, os estudos na 
área de saúde e os estudos na área de engenharia e arquitetura.
É importante destacar que o ensino superior antes mesmo da 
Promulgação da Constituição de 1934, ou seja, no período do governo 
provisório de Vargas, sofre alterações com a promulgação do Estatuto 
das Universidades Brasileiras (Decreto Nº 19.851/31). No ano de 1934 a 
Universidade de São Paulo é a primeira a ter seu funcionamento regido por 
este estatuto, seguida da Universidade do Distrito Federal, sob o comando 
de Anísio Teixeira. 
 
 
Saiba mais
REVOLUÇÃO DE 30 - acontecimento que consolida o modelo 
capitalista no Brasil. A partir deste surgem novas exigências educacionais. 
Destaca-se que de 1930 a 1950 houve um desenvolvimento do ensino, com 
aumento do número das escolas primárias e secundárias (estas chegando 
a quase duplicarem). Nesta década houve a criação do Ministério da 
Educação e Saúde Pública – MESP teve como primeiro ministro Francisco 
Política Educacional – Brasil/Piauí
18
Campos que orientou a reforma que proporcionou uma estrutura mais 
orgânica aos ensinos secundários, comercial e superior. A reforma recebeu 
o nome de “Reforma Francisco Campos”. (Aranha, 1989).
1.4 A educação na constituição de 1937
Não se pode afirmar sobre 
esta carta constitucional o disposto na 
carta anterior quanto ao Manifesto dos 
Pioneiros, vejamos por quê. 
Esta Constituição (outorgada) 
expressou as tendências autoritárias 
do Estado Novo ao instaurar o 
Golpe de 1937, fato este que 
favoreceu o fortalecimento do 
Estado e a centralização do poder. 
A Carta constitucional apresentava 
características do fascismo, sendo 
possível perceber o Estado como 
provedor da
 
[...] disciplina moral e o adestramento físico 
da juventude, de maneira a prepará-la para o cumprimento 
de seus deveres com a economia e a defesa da nação. Foi 
dada ênfase ao ensino cívico, que se confundia com o culto 
ao regime e à pessoa do ditador. (Herkenhoff, 1989, p. 20).
A Constituição de 1937 atendia ao antes declarado no texto 
constitucional de 1934, pois no Art. 15, Nº IX, prever “fixar as bases e 
determinar os quadros da educação nacional, traçando as diretrizes dessa 
educação”. Previa manter a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário 
no Art. 130, mas apresentava no texto a ressalva – os alunos que tivessem 
disponibilidade financeira deveriam contribuir com o caixa escolar, sendo 
esta contribuição benefícios aos mais necessitados.
Na percepção de Noronha (2010), esta constituição tratou de forma 
SAIBA MAIS
CARACTERÍSTICAS DO 
FASCISMO - nacionalismo, exaltação 
do país italiano que o coloca 
como país supremo em termos de 
desenvolvimento; cerceamento da 
liberdade civil, pois trata-se de um 
regime autoritário; unipartidarismo, o 
único partido permitido pelo governo 
era o próprio partido fascista; derrota 
dos movimentos de esquerda; 
limitação ao direito dos empresários 
de administrar sua força de trabalho.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
19
conservadora e restritiva à educação, pois o que era dever do Estado como 
educador passa a ser de forma reduzida, enquanto aumenta a liberdade da 
iniciativa privada no contexto da educação. 
Saiba que houve uma preocupação com a garantia da Educação 
Profissional, como primeiro dever do Estado, fato esse que corrobora com 
a intenção velada de oferecimento de uma educação dual – um modelo de 
escola para os ricos, e outro modelo para as classes populares, ou seja, a 
uns o benefício do exercício intelectual, a outros o exercício manual, com 
ênfase na profissionalização.
A carta de 1937 desconsiderou a questão de concurso que 
atendesse ao magistério, e em consequência à qualidade do ensino público.
Compreenda que o papel do Estado, conforme disposto por 
Ghiraldelli Júnior (2009) tomando por base o art. 125 era o de subsidiar e 
não o de centrar esforços quanto às condições de ensino no Brasil.
Sendo assim, é possível visualizar o tratamento dispensado ao 
ensino profissional, como diretriz à expansão das forças produtivas, bem 
como o papel da educação quanto à regulação das classes sociais como 
forma de atender ao projeto de reconstrução social pensado. 
No que tange a vinculação financeira como qualidade à educação 
a presente constituição (Estado Novo) revoga o percentual de recursos 
estabelecido. Evidenciou aspectos relacionados à centralização e ao 
autoritarismo. Nela a educação pública fora colocada em segundo plano 
enquanto dever do Estado e concebida como “privilégio” destinado aos que 
não tiverem condições de pagar os custos do ensino privado. O que tornou 
explícito o caráter discriminatório da educação sob esta constituição, na 
qual o ensino religioso também ganhou maior importância.
Leitura complementar 2 
Reforma do Ensino – Aprovação das Leis Orgânicas da Educação 
Nacional
No período do Estado Novo (1937-1945) as Leis Orgânicas 
(Reforma Capanema) decretadas no período de 1937-1946, dispostas à 
Política Educacional – Brasil/Piauí
20
sociedade por meio de decretos ordenaram a organização da educação 
no âmbito do ensino primário, secundário, industrial, comercial, normal e 
agrícola. Enquanto política social é permitido mencionar que à organização 
da educação estava previsto:
[...] organizar um sistema de ensino bifurcado, com o ensino 
secundário público destinado, nas palavras do texto da lei, às 
“elites condutoras”, e um ensino profissionalizante para outros 
setores da população. A Reforma Capanema queria criar 
“elites condutoras” a partir de um dado setor já privilegiado 
economicamente, sem levar em conta o processo escolar pelo 
qual passaria cada indivíduo e que, segundo o credo liberal, 
poderia elevar os mais pobres a condições melhores. A idéia de 
elite condutora não é antagônica à idéia da democracia liberal; 
mas a idéia de elite forjada a partir de uma segregação antecipada, 
onde determinados setores da sociedade são encaminhados 
para um determinado tipo de escola e outros setores para 
outro tipo de escola, pela lei, é incompatível com a idéia de 
democracia liberal ou quaisquer outras idéias de democracia 
mais à esquerda. [...] (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2009, p. 82).
Quadro de disposição das leis orgânicas do ensino
• Decreto-Lei Nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942 → cria o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI objetivando 
oferecer cursos de aprendizagem, aperfeiçoamento e programas 
de atualização profissional;
• Decreto-Lei Nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942 → regulamenta o 
ensino profissional tornando obrigatoriedade aos empregadores 
o ensino dos ofícios aos seus empregados;
• Decreto-Lei Nº 4.244, de 09 de abril de 1942 → regulamenta o 
ensino secundário, a partir do qual passa a ser estruturado em 
dois ciclos – ginasial e científico ou clássico;
• Decreto-Lei Nº 4.481, de 16 de julho de 1942 → designa a 
obrigatoriedade que os estabelecimentos industriais teriam de 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
21
empregarem um total de 8% equivalente ao número de operários, 
e matriculá-los nas escolas do SENAI;
• Decreto-Lei Nº 6.141, de 28 de dezembro de 1943 → regulamenta 
o ensino comercial, organizando-o em quatro anos de nívelbásico, ramificado em cursos técnicos de três anos, tais como: 
comércio, administração, contabilidade, e outros; 
• Decreto-Lei Nº 8.529, de 02 de janeiro de 1946, regulamenta 
o ensino primário, estrutura-o em Fundamental, destinado a 
crianças de sete a doze anos e Supletivo, voltado aos jovens e 
adultos que não se encontrassem na faixa etária adequada;
• Decreto-Lei Nº 8.530, de 02 de janeiro de 1946, estabelece a 
obrigatoriedade do Ensino Normal como finalidade de promoção 
da formação docente dos professores de ensino primário, com 
ênfase nos conhecimentos voltados à educação infantil, assim 
como em administração;
• Decreto-Lei Nº 8.621, de 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, sob organização 
e direção da Confederação Nacional do Comércio;
• Decreto-Lei Nº 9.612, de 20 de agosto de 1946, regulamenta 
o Ensino Agrícola, com os cursos de: agricultura, horticultura, 
prática veterinária, indústrias agrícolas e mecânica agrícola.
SAIBA MAIS
LEIS ORGÂNICAS - Os decretos instituídos no período de 1942 a 1943 se 
encontravam na vigência da presidência de Vargas. Com a queda do governo 
de Vargas a reforma continuou, sob a condução do Ministro de Educação – Raul 
Leitão de Cunha no governo de José Linhares. (PAMPLONA e OTRANTO, s/a). 
Disponível em: www.aedb.br
Política Educacional – Brasil/Piauí
22
1.5 A educação na constituição de 1946
Ao nos depararmos com o texto desta Carta Magna é possível 
compreender que numa perspectiva de comparação com os textos 
constitucionais anteriores, os princípios da constituição de 1946, promulgada 
em 18 de setembro pela Assembleia Constituinte Nacional são dispostos 
como de “avanços à educação”, dentre estes, o principal - a educação volta 
a ser definida como direito de todos. Conforme Ghiraldelli Júnior (2009, p. 
87) “Apesar de ter aspectos liberais, o novo ordenamento legislativo do país 
manteve determinadas características do regime ditatorial”. Exemplo: segundo 
Silva (s/a) a “liberdade” era relativa, na medida em que alguns partidos políticos 
não podiam atuar, caso do Partido Comunista; não havia o direito de greve, 
proibição estipulada pela Justiça Federal.
Vejamos o que nos diz o disposto no texto legal a partir de legislação 
e teoria pertinente. Estabelecia que a legislação sobre as diretrizes e bases 
da educação nacional cabia à União. Zotti (2004) citando Saviani (1998) infere 
que, a expressão “diretrizes e bases” pela primeira vez é associada à educação 
nacional, esta se apresenta como dispositivo de construção de uma única lei, 
e a esta caberia legislar sobre a educação nacional, ou seja, sobre todos os 
níveis e formas da educação, não de maneira isolada, mas integral. 
Permeados pelas condições democráticas desta carta magna os 
“problemas educacionais” são dispostos e debatidos por treze anos, e, como 
fruto do estudo em 20 de dezembro de 1961 é promulgada a primeira Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei Nº 4.024. A educação é disposta 
como direito de todos, sem, entretanto, estabelecer relação direta com o Estado, 
que seria o principal instrumento responsável pela garantia e exercício deste 
direito. Outros encaminhamentos da lei são dispostos a seguir:
• A gratuidade do ensino primário;
• O ensino religioso facultado nas escolas oficiais;
• Estados e Distritos Federal tinham dentre suas responsabilidades, 
a organização do ensino nas áreas de sua competência;
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
23
• O financiamento da educação foi contemplado a partir de 
mecanismos privados, como, bolsas de estudo e, ou outras formas 
de cooperação financeira;
• Estabeleceu a vinculação de 
recursos para a educação. 
Cabia a União, aplicar nunca 
menos de 10%, enquanto aos 
estados, municípios e Distrito 
Federal, nunca menos de 
20% das receitas resultantes 
de impostos, na manutenção 
e desenvolvimento do ensino (art. nº 169); 
• O art. nº 171, parágrafo único, estabelecia papel colaborativo da 
União quanto ao desenvolvimento dos sistemas de ensino (ensino 
primário) através de um fundo nacional;
• Retoma e amplia no artigo 168, inciso III, um aspecto inovador 
estabelecido pela constituição de 1934, o qual trata da obrigação 
das empresas que tivessem no seu quadro mais de cem pessoas 
empregadas, de manter o ensino primário gratuito para os mesmos 
e para seus filhos. Constituiu-se em determinação constitucional 
que não logrou êxito, pois envolvia ônus financeiro às empresas 
que não se dispuseram a assumir;
• Definiu “concursos” de provas e títulos como requisitos para o 
ingresso no magistério.
Conforme Carvalho e Oliveira (2004, p. 5), “O golpe militar de 1964 
corta pela raiz boa parte dos “avanços relativos” obtidos com a constituição de 
1946, entre estes, o da vinculação constitucional de recursos para a educação”. 
Sob esta perspectiva, Zotti (2004) dispõe que os investimentos em educação 
haviam aumentado, principalmente, nos anos de 1961 a 1964, menciona 
SAIBA MAIS
A Lei nº 4.024/61 estimulou o 
crescimento da iniciativa privada 
(uso de recursos públicos) no que 
diz respeito ao ensino.
Política Educacional – Brasil/Piauí
24
o lançamento do Plano Nacional de Educação (PNE) que previa 12% 
dos recursos dos impostos, como sendo o mínimo a ser arrecadado pelo 
governo federal. O plano, conforme disposto pela autora, continha metas 
qualitativas e quantitativas a serem atingidas no prazo de oito anos, mas 
foi extinto 14 dias após o golpe de março de 1964.
Percebemos que estava sendo iniciada a fase da ditadura, e que 
o fortalecimento do poder Executivo permitiu a criação e definição de 
novos instrumentos legais que passaram a regular o país.
Leitura complementar 3 
1964: o golpe de Estado e a ditadura militar pelo prisma político-
econômico/ Fábio Pestana Ramos
O fim da experiência parlamentarista no Brasil, criada para 
impedir que João Goulart assumisse efetivamente o comando do país, 
conduziu a uma série de fatos que levaram a um golpe militar em 1964. 
O plebiscito popular que exigiu a volta do presidencialismo, colocando 
Goulart de fato no poder, referendou o anseio por mudanças.
As mudanças começaram a acontecer com medidas nacionalistas 
que entraram em choque direto com os interesses dos Estados Unidos 
da América (EUA) e dos grandes latifundiários brasileiros.
Notadamente a intenção de diminuir o limite máximo de envio 
de remessas das empresas estrangeiras para o exterior e de realizar 
uma ampla reforma agrária fizeram com que setores da direita se 
relevassem em uma campanha contra o governo de Jango.
A UDN (União Democrática Nacional), o IBAD (Instituto Brasileiro 
de Ação Democrática), o IPES (Instituto de Pesquisas Sociais), apoiados 
e financiados pelos EUA utilizaram os meios de comunicação de massa 
para vender a idéia de um governo comunista no poder.
Uma campanha que rapidamente ganhou a adesão da Igreja 
católica e das forças armadas, com a organização de grandes 
manifestações anti-governamentais, as marchas “da família, com Deus, 
pela liberdade”.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
25
Fatos em cadeia que levaram o Brasil a uma ditadura de direita, 
com generais se alternado no poder e decidindo os destinos da nação, em 
um período, entre 1964 e 1985, que ficou conhecido como anos de chumbo. 
Disponível em: http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/05/1964:-
o-golpe-de-estado-e-ditadura.htm
1.5 A educação na constituição de 1967
Em tempos de ditadura foram definidos instrumentos legais que 
passaram a orientar o país, entre esses a Constituição Federal de 24 de 
janeiro de 1967, posteriormente modificada e substituída por uma Emenda 
Constitucional de 17 de outubro de 1969. Os documentos tinham como 
finalidade - justificar o regime que se instalara no país. Este período foi 
encerradocom a eleição para presidente da República em 1985, primeira 
por voto indireto, tendo sido eleito para presidente Tancredo Neves.
No entorno desta discussão, em 21 de janeiro de 1967, sob regime 
ideológico de segurança nacional (primeira década do regime militar), foi 
promulgada a sexta constituição brasileira. Perspectivas educacionais não 
podem ser definidas como de caracterização desta carta constitucional, pois 
o período ditatorial no decorrer de duas décadas permitiu visualizar-se o 
descompromisso com os interesses da sociedade, na medida em que, serviu
[...] de palco para o revezamento de cinco generais na 
Presidência da República, foi paulatinamente em termos 
educacionais pela repressão, privatização de ensino, exclusão 
de boa parcela dos setores mais pobres do ensino elementar de 
boa qualidade, institucionalização do ensino profissionalizante 
na rede pública regular sem qualquer arranjo prévio para tal, 
divulgação de uma pedagogia calcada mais em técnicas do que 
em propósitos com fins abertos e discutíveis, tentativas variadas 
de desmobilização do magistério através de abundante e confusa 
legislação educacional. (GHIRALDELLI JR., 2009, p. 112).
Dentre as disposições lançadas pela carta constitucional de 1967, 
tem-se:
Política Educacional – Brasil/Piauí
26
• Gratuidade do ensino primário, com restrição – demonstração 
de aproveitamento como pré-requisito a continuação deste; 
• Obrigatoriedade do ensino estendida à faixa etária de sete a catorze 
anos; 
• Valorização à privatização do ensino, definindo assistência técnica 
e financeira às escolas particulares;
• Sistema de bolsas reembolsáveis;
• Dispõe sobre a permissão do trabalho infantil a partir dos doze anos;
• Prever a reforma do Ensino Superior – Lei nº 5.540/68;
• Aos municípios cabia a aplicação de 20% da renda de seus 
impostos na educação (Emenda Constitucional nº 01/1969) e, 
posteriormente, a Emenda Constitucional de 1983, que determinou 
13% à União e 25% aos Estados e Municípios, destinados ao 
desenvolvimento da educação;
• A reforma do ensino de 1° e 2° graus, manifesta no texto atingir 
um duplo objetivo - conter a crescente demanda sobre o ensino 
superior e promover a profissionalização de nível médio.
Durante o interstício desta carta magna o Ministério da Educação e a 
United States Agency for International Development – USAID firmaram acordo, 
e, a partir deste, várias reformas foram definidas pela política norte-americana. 
A primeira reforma aprovada estabelecia novas formas de organização e 
funcionamento da educação superior, fixada pela Lei Nº 5.540/68. 
Leitura complementar 4 
Ato Institucional Nº 5
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
27
A letra do aparato legal autoritário invocava a necessidade 
imperiosa de adoção de medidas que pudessem pôr a “Revolução de 64” 
em condições de “enfrentamento da subversão e da guerra revolucionária” 
(estaria havendo no país, segundo a ditadura, um movimento amplo de 
insurreição, o que era nítido exagero). Assim, a própria Constituição de 
1967, fruto da Ditadura Militar, foi praticamente posta de lado pelos artigos 
do AI-5 que permitiram ao Executivo decretar recesso no Congresso 
Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores; que 
atribuíram ao Poder Executivo a capacidade de legislar durante o recesso 
do Legislativo; que permitiram com base na observação do Conselho 
de Segurança Nacional, a suspensão dos direitos políticos de quaisquer 
cidadãos pelo prazo de dez anos e a cassação de qualquer mandato 
eletivo. O AI-5 suspendeu as garantias constitucionais de vitaliciedade, 
inamovibilidade e estabilidade dos funcionários públicos beneficiados com 
esses direitos. Segundo o AI-5, o Presidente da República poderia, ainda, 
confiscar os bens daqueles que, segundo investigação governamental, 
tivessem enriquecido ilegalmente. O povo brasileiro tornou-se de um dia 
para o outro, culpado, sem saber que crime havia cometido.
 
 (GHIRALDELLI JR, 2009, p. 121) 
1.7 A educação na emenda constitucional de 1969
 
Antes falamos sobre as disposições da Constituição de 1967, 
mas é preciso também conhecer sobre as modificações que ocorreram 
em alguns dos seus artigos a partir da Emenda Constitucional nº 
1 estabelecida no ano de 1969 como texto imposto pelos militares à 
sociedade, quando da ausência do então Presidente da República – 
Costa e Silva.
A emenda apresentava características notórias ao momento político, 
sendo o autoritarismo a manifestação precípua. A carta passou por muitas 
alterações, e por este motivo, alguns pesquisadores chegam a considerá-la 
como “A Constituição de 1969”, mas o próprio texto desta expressa que a 
Política Educacional – Brasil/Piauí
28
Constituição de 1967 deve ser mantida, em sua maior parte.
Algumas Alterações:
• Estabelecimento de eleições indiretas para o cargo de 
governador;
• Ampliação do mandato presidencial por cinco anos e a extinção 
das imunidades parlamentares;
• Estrutura baseada na Segurança Nacional, liberdades civis 
foram restritas (Lei da Segurança Nacional);
• Regulamenta a censura oficial (Lei da Imprensa).
1.8 A educação na constituição de 1988
Vamos retomar dados do Regime Militar. Em 1964, a partir de um 
golpe militar, o Brasil teve início ao maior período de autoritarismo de sua 
história – o Regime Militar, caracterizado como Período Ditatorial. Com 
duração de 21 (vinte e um) anos, tem seu término no ano de 1985, com a 
aprovação da Emenda Constitucional nº 25, de 15 de maio de 1985, que 
punha fim aos últimos vestígios da Ditadura Militar, ao estabelecer o direito 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
29
à realização de eleições diretas à Presidência da República.
Vitória aos homens e mulheres desta nação, pois o Regime Militar 
caracteriza-se como um período em que muitos brasileiros sofrem violências, 
senão todos, uns foram massacrados, outros torturados mediante suas 
convicções. Progressivamente a credibilidade foi sendo retomada, os 
cidadãos voltam a ter suas histórias, e o clima da democracia passa a fazer 
parte do contexto nacional. Nesse contexto acontecem pautas de discussões 
da proposta de texto constitucional, e no ano de 1988 temos a aprovação 
da “Constituição Cidadã”, atual constituição que nos rege. A partir desta 
carta magna, outros documentos legais passam a fazer parte desta história 
– a Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional; a Lei nº 9.424/96, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, 
a Lei 10.172/2001, que aprova o Plano Nacional de Educação. Estes 
instrumentos provocam e propõem alterações significativas à Educação, 
incluindo entre estas, o modo de financiá-las. 
A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada 
pela Assembleia Nacional Constituinte em 05 de Outubro de 1988, data 
que marca um período de redemocratização do país, caracterizado pelo 
espírito de cidadania do povo brasileiro, e dentre as mudanças propostas, 
a educação é contemplada como parte dos direitos sociais.
Olha só, nossa Constituição, há vinte e cinco anos em vigor, 
já recebeu várias emendas nos diversos segmentos em que esta é 
apresentada, inclusive no segmento educacional, ao qual dispomo-nos 
buscar maior compreensão.
Você conhece a atual Constituição Brasileira? Se já conhece, 
ótimo, se ainda não conhece vamos aproveitar para organizar nossos 
conhecimentos quanto a Carta Magna que rege o nosso país. Na sua 
estrutura traz títulos, capítulos, seções, nesta dispõe os artigos que 
estabelecem normas gerais à sociedade brasileira. A educação é disposta 
no Título VIII – Da Ordem Social,no Capítulo III, Seção I. As finalidades, 
princípios, formas de oferta, obrigações do Estado, organização dos 
sistemas de ensino, recursos financeiros e políticas públicas são dispostos 
ao longo dos artigos, alguns destes serão apresentados e discutidos no 
Política Educacional – Brasil/Piauí
30
sentido de estabelecer maior interação com o previsto em lei.
Art. 205. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O disposto clama por uma 
finalidade pré-estabelecida (direito de todos), mas com divisão de esforços, 
visto fazer referência à intenção compartilhada entre Estado, família e 
sociedade.
O artigo 206 apresenta alguns princípios que visam à organização 
do ensino. Apresentamos estes princípios seguidos de considerações. 
I – Igualdade de condições para o acesso e a permanência na 
escola.
A partir deste princípio seria possível distanciar a escolarização das 
crianças da sempre presente “evasão escolar”, visa a partir de políticas 
públicas que as escolas estejam aptas a receber e que as famílias exerçam 
a responsabilização pela matrícula de seus filhos. 
II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber.
O princípio número II, no que corresponde à liberdade de ensinar 
pressupõe dependência das condições de acesso e permanência; à 
liberdade de ensinar abrangeria uma amplitude, perpassando desde a 
elaboração da proposta pedagógica, assim como, a própria condição 
do professor quanto a liberdade de atuação em sala de aula, as demais 
disposições seriam atreladas às iniciais. 
III – Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino.
IV – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
Restabelecimento da liberdade expressa dos professores, 
garantindo ainda, relações entre instituições educacionais. Re-definição da 
garantia do direito à educação ao determinar a gratuidade do ensino.
V- Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos na 
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos, aos das redes públicas. (alterado pela EC nº 53).
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
31
Esta valorização embora prevista constitucionalmente somente 
será determinada pela LDB nº 9394.96.
VI – Gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
Atende a caracterização democrática, prescrevendo a garantia da 
participação à comunidade escolar como exercício de co-responsabilidade 
na busca de alcance aos objetivos educacionais perseguidos.
VII – Garantia de padrão de qualidade.
VIII – Piso salarial profissional nacional para os profissionais da 
educação escolar pública, nos termos da lei federal.
Estes princípios compreendem mecanismos essenciais ao 
funcionamento da escola. Se bem remunerados, os profissionais do 
magistério terão maiores condições de desenvolver ações destinadas à 
melhoria da qualidade do processo educacional. Quanto a estes princípios 
concorrem outros, como, gestão, acesso permanência, etc., visto que, 
segmentos participativos podem fazer grande diferença à efetividade 
educacional.
No artigo 207, encontramos disposição sobre as universidades, 
vejamos: “as universidades gozam de autonomia didático-científica, 
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao 
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. 
Percebe-se que o exercício de autonomia permite aos profissionais das 
Instituições de Ensino Superior realizar adequações às suas estruturas 
curriculares, realizar e pensar projeções de produção científica. Viabiliza 
ainda, a gerência dos recursos financeiros e patrimoniais, e, nesse sentido, 
o Projeto de Desenvolvimento Institucional – PDI favorecerá a gestão 
organizacional. 
As incumbências do Estado com a educação escolar são elencadas 
no artigo 208, determinando ações a serem viabilizadas. Neste texto a 
apresentação será seguida de algumas observações acerca das ações.
I – “Educação Básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezesseis 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a 
ela não tiveram acesso na idade própria”. A partir da Emenda Constitucional 
nº 59/2009 passa a ser dos quatro aos dezessete anos.
Política Educacional – Brasil/Piauí
32
II – “Progressiva universalização do ensino médio gratuito”. 
III – “Atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. 
IV – “Educação Infantil em creches e pré-escolas, às crianças até 
cinco anos de idade”.
A obrigatoriedade equivale assegurar a educação desde a etapa de 
Educação Infantil que corresponde ao período de pré-escolas (a creche é 
assegurada, mas não como obrigatoriedade) até praticamente o término do 
Ensino Médio, considerando o sucesso escolar, entretanto o inciso II dispõe 
sobre a garantia do término do Ensino médio àqueles que apresentem as 
condições, nestes casos, o Poder Público deverá continuar a oferta desta 
etapa da educação básica.
Define e determina a necessidade de política de inclusão que 
assegurem a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, 
de preferência escola regular, como destacado. A disposição na Carta 
Magna não prevê as devidas condições para que o escrito possa ser 
vivenciado, são muitos os entraves – qualificação de profissionais, trabalho 
de conscientização para aprofundamento da questão, dentre outras. As 
escolas estão seguindo o texto? Várias poderiam ser as respostas, mas 
a que nos permitimo-nos nesse momento pronunciar é que esse processo 
de “inclusão” precisa realmente ser compreendido como de “possibilidade 
para”, de forma que não seja permitido o crescimento de desigualdades de 
outra ordem.
V – “Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e 
criação- artística, segundo a capacidade de cada um”. 
A Educação Superior prevê a articulação entre Ensino, Pesquisa 
e Extensão, desse modo, esses níveis já seriam contemplados, porém, 
outros empecilhos não favorecem o acesso à Educação Superior dentro da 
educação superior, e assim, uma camada significativa da sociedade não 
logra esse intento.
VI – “Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
educando”. 
De modo geral, esta oferta garante o direito às pessoas que já estão 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
33
inseridas no mercado de trabalho. A adequação referida requer condições 
ao ensino e à aprendizagem, desse modo necessita de professores 
qualificados e currículos que sejam direcionados às necessidades de 
formação do aluno de ensino noturno.
VII – “Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação 
básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde”. 
Dispõe sobre as condições que podem favorecer as etapas de 
desenvolvimento do aluno na Educação Básica, enquanto política pública 
visa permitir à igualdade, inclusão social e qualidade em contextos de 
diferenciações, tendo em vista a permanência do aluno na escola.
 O artigo 209 trata das condições de participação da iniciativa 
privada na atividade de ensino, estabelece:
I – “cumprimento das normas gerais da educação nacional”;
II – “autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público”. 
No intuito de garantir a coexistência de instituições públicas 
e privadas de ensino é que são traçadas as disposições deste artigo. A 
liberdade de atuação das escolas tanto da rede pública quanto da rede 
privada condiciona-se à adoção da legislação educacional brasileira. Desta 
forma a legislaçãoeducação deve ser observada quando da elaboração 
de estatutos, regimentos e projetos pedagógicos, os quais prescindem 
da autorização emitida pelo Poder Público competente. A qualidade das 
instituições quanto ao ensino a ser oferecido deve ser definida como meta, 
e, sob esta pretensão as instituições devem exercer a auto-avaliação, bem 
como serem avaliadas por seus usuários, e, ou órgãos externos, pois a 
avaliação suscita tomada de decisão quanto à melhoria das deficiências 
conhecidas. 
Art. 210. “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino 
fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito 
aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. 
O currículo comum nesse período correspondia aos conteúdos 
mínimos que deveriam ser trabalhados à formação de alunos do ensino 
fundamental, estes precisavam ser assegurados a nível nacional. No ano 
Política Educacional – Brasil/Piauí
34
de 1996, a LDB nº 9.394 definirá no art. nº 26 uma “base comum” e uma 
“parte diversificada” aos currículos de Ensino Fundamental e Médio da 
nação brasileira. 
Art. 211. “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino”. 
Observe que sob esta pretensão, a União é responsável pela 
organização do sistema federal de ensino, mas deverá prestar assistência 
técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios de maneira 
que seja garantido o padrão mínimo de qualidade do ensino ofertado, sendo 
que aos Estados brasileiros e ao Distrito Federal caberá atuação destinada 
com prioridade ao ensino fundamental e médio, enquanto os municípios 
terão suas ações centradas na educação infantil e no ensino fundamental.
Art. 212. “A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito 
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no 
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”. 
Esta definição constitucional fixa o volume de recursos financeiros 
que os Poderes Públicos devem retirar de sua receita tributária, de forma, 
que a cada ano estes recursos possam ser aplicados à melhoria dos níveis 
e modalidades de ensino educacional.
Art. 213. “Os recursos públicos serão destinados às escolas 
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou 
filantrópicas, definidas em lei, que:
I – Comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes 
financeiros em educação;
II – “assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola 
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de 
encerramento de suas atividades”. 
Os recursos públicos são garantidos às escolas privadas nas 
situações descritas, sendo que as instituições destinam bolsas a alunos do 
ensino fundamental e médio que de alguma forma está condicionado aos 
recursos recebidos, e ao mesmo tempo supre a questão de falta de vagas, 
e, ou outras situações que possa ser agravante que possa dificultar as 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
35
condições de permanência na escola em prol da igualdade.
Art. 214. “A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de 
duração decenal; com o objetivo de articular o sistema nacional de educação 
em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias 
de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do 
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações 
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que 
conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VI – “estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos 
em educação como proporção do produto interno bruto”.
Está lembrado que o Plano Nacional de Educação já havia sido 
instituído pela Constituição de 1934? Então ele continua fazendo parte 
da organização da educação brasileira. Foi estabelecido no ano de 2001, 
a partir da Lei nº 10.172/2001, plano de orientações sistematizadas às 
políticas educacionais do Brasil, sob a responsabilidade da União.
Os incisos I e II determinantes a uma educação de qualidade que se 
queira a um país estabelecem exigências às administrações da educação 
pública, no sentido de assegurar ações que sejam pertinentes e, sobretudo 
que visem à condução efetiva de ações pensadas à educação. 
A determinação da lei nº 9.394/96 à “formação para o trabalho”, 
presente no inciso IV, significa aos profissionais que lidam com o processo de 
ensino e aprendizagem, encaminhamentos necessários aos conhecimentos 
que demonstrem o vínculo a ser estabelecido entre educação escolar e o 
mundo do trabalho.
Outros instrumentos legais surgiram, e contribuem com a 
caracterização do cenário educacional brasileiro, destaca-se: a Lei nº 
9.394/96, a Lei 9.424/96 e a Lei 10.172/2001. Estes provocam e propõem 
mudanças nas políticas a serem desenvolvidas, no formato de condução 
Política Educacional – Brasil/Piauí
36
do financiamento destas, durante a década de noventa. (1990). No capítulo 
II a discussão é direcionada às disposições da Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional no sentido de traçar uma linha situacional dos 
textos legais por ela gerados ao longo do percurso histórico educacional da 
sociedade brasileira.
Glossário
Cátedra → 1. s.f. Cadeira professoral; o mais alto posto da 
hierarquia do magistério: conquistar a cátedra de literatura. 
Desmembrar → 1. Fig. Dividir, partir em pedaços: desmembrar um 
território.
Dualidade → 1. s.f. Caráter ou propriedade do que é duplo ou do 
que contém em si duas naturezas, duas substâncias, dois princípios.
Plebiscito →1. s.m. Antig. Decreto emanado do povo romano, 
reunido em comício; 2. Voto expresso diretamente pelo povo, que tem 
por objeto deliberar sobre uma proposta, uma lei ou resolução que lhe é 
submetida.
Referendar → 1. v.t. Assinar um documento qualquer como 
responsável; 2. Assinar o ministro, por baixo da assinatura do chefe do 
poder executivo, um documento legal, como condição para que este se 
publique e se execute; 3. Aceitar a responsabilidade de alguma coisa já 
aprovada por outrem, concorrendo assim para que ela se realize ou se 
cumpra.
Inamovibilidade → 1. Direito do magistrado e certas categorias de 
funcionários públicos, que não pode ser privado de suas funções antes de 
ter alcançado a idade da aposentadoria. 
Interstício → 1. fenda, intervalo.
Vitaliciedade → 1. sf Qualidade de vitalício (adj. Que dura a vida 
toda, ou que a isso é destinado). 
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
37
Constituições /Brasil – resumo
• A Constituição de 1824 assegurava a gratuidade do ensino 
primário, e previa a criação de escolas, ginásios e universidades. 
Segundo Ghiraldelli (2009) na prática isso não aconteceu, pois 
embora traçados os objetivos e houvesse as necessidades, 
manteve-se um descompasso. A partir da Lei de outubro de 1827 
as aulas passam a ser praticadas com a adoção do “método 
lancasteriano de ensino” – ensino mútuo, onde os alunos mais 
adiantados ajudavam os menos adiantados. 
• Objetivando a qualificação da elite que deveria ocupar os 
cargos administrativos e políticos do país, o governo imperial 
privilegia o ensino superior em detrimento do ensino primário 
e profissional. Ao ensino secundário cabia à preparação dos 
alunos para o ingresso nos cursos superiores, nesse sentido a 
estrutura do currículo mantinha as disciplinas indispensáveis.
• A primeira lei de instrução elementar no Brasil, única até o ano 
de 1946, foi estabelecida no período do Império, corresponde 
ao decreto imperial de 15 de outubro de 1827, conformeZotti 
(2004) representou avanço, pois previa a educação feminina.
• O Ato Adicional de 1834 provoca o desmembramento do 
sistema de ensino em dois sistemas paralelos de ensino, de um 
lado, aquele administrado pelo governo central e de outro o de 
responsabilidade dos governos provinciais.
• A dualidade de sistemas foi marcada por currículos inorgânicos, 
irregulares, não seriados e com exames parcelados, permitindo o 
ingresso nos cursos superiores sem a conclusão do secundário, 
a preocupação era o oferecimento de disciplinas exigidas nos 
exames que preparavam os alunos ao ingresso no ensino 
superior.
• Primeiras escolas normais criadas no Brasil – a de Niterói 
(1835), a da Bahia (1836) e a do Ceará (1845), que não foram 
adiante, a de São Paulo (1846) e a do Rio de Janeiro (1880), 
Política Educacional – Brasil/Piauí
38
todas com uma organização rudimentar. (AZEVEDO, 1976, 
p. 94 apud ZOTTI, 2004, p. 40). Entretanto somente a partir 
de 1880 se inicia no Brasil o movimento das escolas normais. 
(CHAGAS, 1980, p. 23 apud ZOTTI, 2004, p. 40).
• Colégio Pedro II, criado em 1838 para servir como modelo de 
instituição do ensino secundário – referência da época imperial. 
Conforme Ghiraldelli Jr. “[...] ele nunca se efetivou realmente 
como modelo para tal nível, tomado em si mesmo, e vingou 
como uma instituição preparatória aos cursos superiores” 
(2009, p. 30). 
• A criação do Instituto Comercial do Rio de Janeiro no ano de 1861 
viabiliza o início de um determinado padrão técnico-profissional 
no âmbito da educação profissional, existente desde 1809. 
• A formação de professores na visão de Luz (2010) foi insipiente, 
na medida em que obrigava os docentes a se qualificarem as 
custas de seus baixos salários em escolas das capitais. 
• A Constituição da Primeira República promulgada em 1891, 
além de instituir o sistema federativo de governo, definiu em 
matéria de educação, as competências do Congresso Nacional, 
dos estados e do governo Federal, objetivava aumentar a 
autonomia das antigas províncias.
• A autonomia dos Estados, trazida pelo federalismo, favoreceu 
desenvolvimento desigual da educação entre as regiões do 
país.
• Adentrar a um curso superior continuava a ser o principal 
objetivo dos alunos que faziam o ensino secundário.
• A constituição de 1934 determinou que coubesse a União a 
obrigação de:
- fixar as diretrizes da educação nacional; elaborar o Plano 
Nacional de educação; exercer a função supletiva; manter 
o ensino no Distrito Federal e nos territórios; controlar, 
supervisionar e fiscalizar o cumprimento das normas federais. 
• Determinou aos Estados e Distrito Federal:
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
39
 
- autonomia para criar seus Conselhos de Educação e organizar 
seus sistemas de ensino.
- gratuidade do ensino primário e auxílio a alunos carentes.
- aplicação de verbas, oriundas de impostos, no desenvolvimento 
do ensino.
- a educação como direito de todos e obrigação do estado e da 
família.
- ensino religioso obrigatório para a escola e facultativo para o 
aluno.
- concurso público para a admissão de professores nas escolas 
públicas. 
• Constituição de 1937
- expressa tendências autoritárias do Estado Novo;
- formação cívica como elemento essencial;
- previa a manutenção da gratuidade e obrigatoriedade do ensino 
primário, mas os alunos que tivessem maior disponibilidade 
financeira deveriam contribuir com caixa escolar;
- educação profissional como prioridade (primeiro dever do 
Estado);
- a normatização de diversos ramos do ensino passa a ser 
realizada por Leis Orgânicas;
- a garantia da Educação Profissional contribuiu com a intenção 
velada de oferecimento de uma educação dual – um modelo de 
escola para os ricos, e outro modelo para as classes populares.
• Constituição de 1946
- Resgate aos princípios democráticos:
m Educação volta a ser definida como direito de todos;
m dispõe sobre a assistência a alunos carentes, visando 
garantir a qualidade da educação;
m gratuidade do ensino primário;
m estabeleceu a vinculação de recursos para a educação;
m define “concursos” de provas e títulos como requisitos para 
o ingresso no magistério. 
Política Educacional – Brasil/Piauí
40
- Estudo, elaboração e sanção da primeira Lei de Diretrizes e 
bases da Educação Brasileira – n.º 4.024, de 20 de dezembro de 
1961;
• Constituição de 1967 estabelece:
- gratuidade do ensino primário;
- ensino obrigatório para a faixa etária de 7 a 14 anos; 
- valorização à privatização do ensino (assistência técnica e 
financeira às escolas particulares);
- permissão do trabalho infantil a partir dos doze anos;
- a partir das emendas constitucionais de 1969 e 1983 passa 
a ser obrigação da União (13%), Estados e Municípios (25%) 
de aplicarem percentuais da renda de seus impostos no 
desenvolvimento da educação;
- prever a reforma do Ensino Superior Lei. Nº 5.540/68);
- reestrutura o ensino médio – em ensino de Primeiro e Segundos 
Graus;
- sanciona a lei 7.044/82 – esta torna facultativa a habilitação 
profissional no ensino de Segundo Grau.
• Constituição de 1988 - marca um período de redemocratização 
do país, dispondo a educação como direito social dos cidadãos 
e cidadãs do Brasil - promulgada pela Assembleia Nacional 
Constituinte em 05 de Outubro de 1988, estabelece:
- a educação como direito de todos e dever do Estado e da 
família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade;
- a educação tem como finalidade – o desenvolvimento da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para 
o trabalho;
- Oito princípios dispõem sobre a organização do ensino (art. 
206), tratando de questões como
a acesso e permanência na escola, Gratuidade do ensino 
público, valorização dos profissionais da educação escolar, 
estão democrática do ensino público, garantia de padrão de 
qualidade, dentre outras.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
41
- autonomia às universidades, sendo que estas precisam garantir o 
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
-Alguns deveres dos Estados garantidos pela constituição:
a oferta da educação básica e gratuita à população de quatro 
a dezessete anos;
a atendimento aos portadores de deficiência;
a oferta da educação infantil em creches e pré-escolas;
a oferta do ensino noturno regular;
- Outras disposições da Constituição de 1988:
a garantia da formação básica a partir da fixação de currículo 
de base comum – conteúdos mínimos;
a livre participação da iniciativa privada nas atividades da 
educação escolar;
a os recursos públicos serão destinados à escola pública, como 
forma de bolsa, também poderão ser destinados a instituições de 
ensino sem fins lucrativos;
a plano nacional de educação – previa a definição de metas, 
objetivos, diretrizes e estratégias, com previsão para uma década, 
no sentido de desenvolver ações que visem a aumentar o índice 
de alfabetização, a universalização do atendimento escolar, etc. 
Atividades de aprendizagem
- Responda a estas questões, este exercício contribuirá com a 
fixação das ideias trabalhadas.
1) Na Constituição de 1824, somente um nível de ensino teve a gratuidade 
garantida. Cite-o. 
2) O gerenciamento do processo educacional no período colonial estava 
centralizado. Quem o centralizava?
 3) Explique com suas palavras porque o ensino superior recebeu maior 
atenção por parte do governo imperial.
4) A dualidade de sistemas esteve presente nas cartas constitucionais. Em 
que consiste?
Política Educacional – Brasil/Piauí
42
5) O Colégio D. Pedro II foi criado com finalidades pré-definidas. Quais?
6) A primeira Constituição Republicana específica certa determinação 
quanto à competência de legislação à Educação Superior. Qual foi esta 
determinação? 
7) A partir de 1906 a educação profissionalpassa a ser coordenada por 
qual Ministério?
8) A Carta Magna de 1891 apresenta avanços em relação à Carta Magna 
de 1824. Apresente no mínimo um dos avanços.
9) Órgão normativo da educação nacional criado pela Constituição de 
1934? 
10) Que competências legislativas foram definidas pela Constituição de 
1891 aos Estados?
11) Qual a primeira constituição que teve preocupação com a aplicação de 
recursos tributários?
12) Que leis foram aprovadas na vigência da Constituição de 1937. Dentre 
elas, na sua concepção, qual teve maior significação à sociedade? 
13) Ao desconsiderar a questão de concurso que atendesse ao magistério, 
consequentemente, a carta de 1937 prejudicou a educação brasileira. Por 
quê?
14) A primeira LDB nº 4.024/61 define dois níveis de ensino à Educação 
Brasileira. Quais?
15) Considerando que a LDB nº 9.394 foi aprovada na década de 90, é 
possível dizer que este fato aconteceu na vigência de que constituição?
16) A Constituição de 1967 especifica determinado apoio às escolas 
privadas. De que apoio se trata?
17) Duas reformas se fizeram presentes no período da Constituição 
caracterizada pelo regime militar. Quais são elas?
18) O objetivo do ensino de Primeiro e Segundo Graus foi alterado a partir 
de uma reforma. Qual a reforma? Apresente os dois formatos do objetivo.
19) Leia a Constituição de 1988 – localize o capítulo que trata da “Educação” 
e enumere caracterizações aos seguintes aspectos:
• Finalidade da Educação Nacional.
• Princípios Basilares do Ensino.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
43
• Ensino Noturno – condições de oferecimento.
• Escolas Privadas – autorização e avaliação.
• Recursos Públicos – escolas comunitárias, confessionais e 
filantrópicas.
• Plano Nacional de Educação.
• Educação Infantil.
• Alunos portadores1 de deficiências. (grifo da autora).
Atividade complementar
Acesse o site http://www.dhnet.org.br/dados/apostila/dh/br/
const88.htm
Leia com atenção e conheça mais sobre a Constituição do Brasil 
– Lei maior que organiza o nosso país.
Releia o texto, se possível. Apresente no mínimo 08 (oito) pontos 
/ideias do texto que lhe chamaram atenção. 
Para aprender mais
Consulte o seguinte endereço eletrônico - www.educarparacrescer.
abril.br
- Conheça mais, confronte com o texto do livro, enriqueça sua 
trajetória de formação.
Para finalizar
As Constituições Brasileiras, e neste caso, o item “Educação 
nas Constituições”, nos permite aprofundar o desenvolvimento de 
aspectos educacionais ao longo da história brasileira, considerando a 
periodização que permeia o Império aos dias atuais.
2 Esta menção (portadores) às pessoas com algum tipo de deficiência passa por alter-
ações – a Portaria nº 2.344, de novembro de 2010 especifica que: Onde se lê “Pessoas 
Portadoras de Deficiência”, leia-se “Pessoas com Deficiência”. Disponível em: http://www.
deficienteciente.com.br/2010/11/decreto-atualiza-nomenclatura-do-conade.html; data de 
acesso: 19.02 de 2013.
Política Educacional – Brasil/Piauí
44
O contexto de cada Carta Magna define a caracterização destas, 
suas manifestações quanto ao estabelecido denotam se estas tendem 
a pretensões autoritárias, e ou, mais democráticas. São interessantes 
alguns pontos que se repetem, tornando-se comuns, e na sua continuidade 
continuam chamando e clamando por atenção, em especial de estudiosos 
que se debruçam por conhecê-los e compreendê-los, destaca-se: o 
oferecimento da educação às camadas populares, perpassando pela 
questão da gratuidade, a formação de professores, dentre outros.
Foi possível perceber que uma constituição define intencionalidades, 
mas não dispõe sobre as garantias dessa ocorrência, nela estão dispostos 
sonhos e anseios de uma sociedade, no caso, a brasileira, e envolve 
“direitos dos cidadãos”, mas preconiza também os seus “deveres”, e nesse 
movimento visa a busca da cidadania de filhos e filhas da nação brasileira. 
O estudo nos possibilita conhecer a política educacional do nosso 
país, a partir desse conhecimento, indagações, desafios ocorrerão, estes 
favorecem o desenvolvimento da reflexão dos fatos políticos e sociais que 
nos cercam, pois fazem parte da vida pública, conforme assinala Vieira 
(2007, p. 308) “[...] a presença ou ausência da educação nas constituições 
brasileiras evidencia seu menor ou maior grau de importância ao longo da 
história”.
UNIDADE 2
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA SOBRE AS LEIS 
DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
OBJETIVOS
• Conhecer as diretrizes e bases que orientam a organização e o funciona-
mento da Educação Brasileira. 
• Identificar políticas públicas presentes no texto e no contexto da Edu-
cação Brasileira.
FUESPI/NEAD Licenciatura Plena em Pedagogia
47
2 Políticas educacionais contextualizadas nas leis de diretrizes e 
bases da educação nacional 
Ao dispor resumidamente sobre a legislação pertinente às Leis de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional pretende-se configurá-las a partir 
de um contexto histórico, social, político, situando o “contexto educacional” 
aos quais estas vislumbraram atender. Intenções às vezes veladas visto 
camuflarem interesses que por muitas vezes constituem desvios às reais 
necessidades dos momentos em que foram definidas. 
2.1 Ldb nº 4.024, De 20 de dezembro de 1961
Você sabia que esta foi a primeira Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação do Brasil? Enquanto Projeto tramitou por um período de 13 anos. 
Gadotti (2009, p. 100) cita que Saviani (1973) ao analisá-la “[...] concluiu 
pela inexistência de um sistema educacional no País, apontando apenas a 
existência de estruturas desarticuladas.” Vamos conhecer um pouco mais 
sobre esta lei?
O ministro da educação Clemente Mariani definiu dentre suas metas 
a necessidade de elaboração de projeto que objetivasse atender a reforma 
da educação nacional. Com este intento, no ano de 1947, segundo Saviani 
(2006) constituiu comissão de educadores de tendências diferenciadas, 
com o intuito de organização do projeto pensado, tendo como fruto do 
trabalho o documento que gerou a primeira Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional – nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
Principais Definições da Lei 4.024/61
Esta unidade dispõe informações importantes sobre as normas 
que envolvem a Educação Básica de forma que possamos perceber a 
definição de políticas públicas correspondentes ao âmbito educacional.
Política Educacional – Brasil/Piauí
48
- O ensino a partir desta lei passa a compor-se de: pré primário, primário, 
médio (ginasial e colegial) e superior;
- O ingresso ao Ensino Médio apresentava como pré-requisito a aprovação 
em um Exame de Admissão.
Obs: No momento de submissão ao exame os alunos deveriam fazer a 
opção por Secundário ou Profissional (industrial, comercial, agrícola e normal 
- formação de professores), permitindo acesso ao ensino superior. 
- à família cabia o direito de escolha sobre a educação dos filhos, enquanto 
que o ensino era obrigação do poder público, sendo livre a iniciativa privada.
2.2 Ldb nº 5.540/68, De 28 de novembro de 1968/ ldb nº 5.692, De 11 de 
agosto de 1971
Ghiraldelli Jr. (2009) menciona que evoluções e involuções políticas 
aconteceram nos vinte e um anos de ditadura, período caracterizado por 
três representações, a primeira corresponde aos governos Castelo Branco 
e Costa e Silva (1964-1969), a segunda ao governo do general Garrastazu 
Médici (1970-1974), e a terceira pelo governo dos generais Ernesto Geisel e 
João Baptista Figueiredo (1975-1985). 
Esta periodização envolveu a elaboração das reformas do ensino 
– implantadas por duas leis de diretrizes e bases da educação, a Lei Nº 
5.540/68 e Lei Nº 5.692. Destaca o autor que as legislações especificadas 
foram elaboradas no primeiro período, com implantação da segunda no 
segundo período, e, reconhecidas como desastrosas pelos

Continue navegando