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16.03.09 Clínica Médica de Animais de Produção 1 Afecções Gastrointestinais de Equinos


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Clínica Médica de Animais de Produção 1
Afecções do Trato Digestório dos Equinos
Paulo Henrique da Silva Barbosa
Medicina Veterinária – UFRRJ
Os Equinos são herbívoros não ruminantes e boa parte dos casos de cólicas e distúrbios gastrointestinais estão ligados à falta de conhecimento em relação aos hábitos alimentares característicos da espécie. 
Os cavalo pasteja cerca de 14 – 16 horas durante o dia. O cavalo precisa passar essas 16 horas mastigando, sendo metade durante o dia e metade durante a noite, porém não tem-se costume de oferecer alimento ao cavalo durante a noite, tendo-se então que fazer um manejo de oferecer uma maior quantidade de alimento para que perdure durante a noite ou que deixe o animal no pasto para que o mesmo se alimente de acordo com suas necessidades.
O estômago dos cavalos é muito pequeno, sendo o limitador de quantidade. Suínos tem capacidade de dilatar o estômago para armazenar alimento enquanto o do cavalo é mais uma câmara de mistura e passagem. Pequenas quantidades de alimento, portanto, podem dilatar o estomago dos equinos. Intestino delgado bastante longo, com suas funções parecidas com as do suíno. Um cavalo que consome muito produto concentrado precisa de bastante amilase porém a secreção desta enzima nesta espécie é pouca, o que deve ser trabalhado.
Fisiologicamente, ceco e cólon funcionam como câmaras isoladas de fermentação. No meio do cólon central há um marca passo que faz uma contração diferenciada. São 4 câmaras de fermentação.
Apreensão de Alimentos
As estruturas envolvidas são lábios e dentes. Seus lábios são móveis e sensíveis e retraem para que os dentes incisivos cortem o alimento.
A consanguinidade acarreta problemas como flacidez da musculatura labial e mal formação das gengivas, o que prejudica na apreensão e mastigação de alimentos.
Há uma maior propensão em animais mais velhos apresentarem cólica por impactação de ceco e cólon devido a baixa capacidade de mastigação e, se ficarem a pasto, possível ingestão de forrageira de baixa qualidade. Os dentes desses animais mais velhos vão mudando de angulação conforme o tempo, o que prejudica sua mastigação.
Mastigação
Tem como objetivo a redução do tamanho das partículas, lubrificação do bolo alimentar.
1 Kg de feno: 3000 movimentos mastigatórios, sendo 70 – 80 movimentos/minuto.
1 Kg de concentrado: redução de 50% dos movimentos
A retenção de alimento concentrado no estômago é maior devido a essa mastigação, fator responsável pela cólica.
Problemas genéticos ou desgaste nos dentes causam: Desperdício de alimento, predisposição à cólica, alimentos mal digeridos, obstrução esofágica (não muito comum no Brasil, mas ocorre), mal hálito, corrimento nasal, tumefação da mandíbula.
Ponta dentária pode causar feridas na boca que causam muita dor no animal e diminuem a ingestão de alimentos. Quanto mais velho o animal, maior o número de pontas.
Saliva - Secreção de Três Glândulas
Parótidas – 70%
Sub-Mandibulares
Bucal
Volume = 40 a 90ml/minuto
O volume de saliva secretada difere de acordo com o tipo de alimento, sendo maior quando o consumo é de feno, e diminuindo quando o alimento é concentrado e verde.
Afecções da Boca
Estomatite
Todo e qualquer processo inflamatório da mucosa oral: Glossite, gengivite, palatite, sialoadenite. Pode ser causada por ingestão de corpos estranhos como espinhos, entre outros. A sialoadenite é rara e está mais ligada a traumas na região lateral da ligação cabeça-pescoço.
As causas podem ser separadas entre estomatites contagiosas e não contagiosas.
Estomatites Não Contagiosas: 
Traumáticas – pontas dentárias, espinhos de plantas. 
Físicos – Ingestão de alimentos muito quentes. Alguns tratadores de algumas regiões muito frias têm costume de fazer cozido para o animal que, as vezes, é muito quente, e acaba provocando esse quadro.
Químicos – Ingestão de álcalis, ácidos e substâncias irritantes. Animais que ficam em periferias tem maiores chances de ingerir esses tipos de substâncias.
Estomatites Contagiosas:
Bacterianas – Pequenas lesões na língua são porta de entrada para bactérias oportunistas que causam processo inflamatório. Fusobacterium necrophorum, Actinobacillus lignieresi, Corynobacterium pyogenes.
Micóticas – Ambiente muito úmido, contaminado, favorece a ocorrência de cândida. Placas esbranquiçadas, feridas extensas na superfície da língua, bochechas e lábios dos animais. São muito doloridas, o potro tem dificuldade de mamar devido a dor, o que causa um sério problema no rebanho de perda de potros por falta de alimentação. Têm tendência de cronicidade. Comum em áreas com falhas de manejo sanitário. Candida albicans. Ocorrência em animais neonatos. Provocam lesões de traquéia, esôfago e até pneumonias, podendo levar o potro à morte.
Víricas – Inicialmente aparecme pequenas vesículas que tendem a se agrupar e romperem, formando pequenas erosões, tendendo a formar grande úlceras quando agrupadas.
Vesicular (Estomatite vesicular) – Bovinos e Equinos. O fato de ocorrer em equinos já é um diagnóstico diferencial para Febre Aftosa que acomete apenas bovinos e ovinos.
Erosiva
Ulcerativa
Proliferativa (Papilomatose)
Sintomatologia: Anorexia, gânglios linfáticos reativos, sialorréia, emagrecimento progressivo, odor fétido, lesões na mucosa oral, dificuldade de preensão dos alimentos e febre (pode estar ausente).
Patologia Clínica: Exames laboratoriais do material recolhido. Inoculação em animais de laboratório.
Diagnóstico: Sintomatologia e lesões. Epidemiologia.
Tratamento: Deve ser prático. Algumas doenças são de rebanho, é necessário tratar vários animais ao mesmo tempo, o que requer praticidade.
Antissépticos Bucais: Permanganato de Potássio 1:2000 , Tintura de Iodo, Glicerina Iodada 10%. No caso da glicerina iodada, tem que tocar na ferida com um chumaço de algodão com a glicerina iodada 1 ou 2 vezes ao dia o que faz a cicatrização das feridas em até 3 dias.
Antibioticoterapia: Sulfas e Penicilinas. Quando o animal está febril, quando há linfonodos reativos.
Controle: Isolamento dos animais doentes. Tratamento dos animais doentes.
Palatite em Equinos
Sinonímia: Travagem
Processo inflamatório do palato com edema que aumenta de tamanho. Pode ser uma resposta fisiológica à erupção dentária, comum em potros. Em animais adultos é traumática, relacionada com a ingestão de alimentação fibrosa e grosseira