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Aula 6 Imprensa e poder

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INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA
Aula 6 – Imprensa e poder: agenda setting e espiral do silêncio I Práticas midiáticas e espaço público I O campo dos media e as mutações da opinião pública
REFERÊNCIAS:
ESTEVES, João Pissarra. O campo dos media e as mutações da opinião pública. In: ______. A ética da comunicação e os media modernos: legitimidade e poder nas sociedade complexas. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Serviço de Educação e Bolsas, 2003.
FERREIRA, Giovandro Marcus. As origens recentes: os meios de comunicação pelo viés do paradigma da sociedade de massa. In: HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C.; FRANÇA, Vera Veiga (orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
McCOMBS, Maxwell. A teoria da agenda: a mídia e a opinião pública: leitura e crítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
O campo dos media e as mutações da opinião pública...
→ O desenvolvimento da modernidade deu lugar a um tipo particular de sociabilidade, antes desconhecida. → Essas aglomerações formaram o que habitualmente apelidamos de MASSA. Por massa compreendemos:
Um estado mental e psicológico, assim como um tipo particular de comportamento e de disposição para a ação. → Vale retomar aqui que, a formação dessas massas coloca os indivíduos num estado de DESENRAIZAMENTO. → Ou seja, o resultado desses processos sociais é o declínio das redes de sociabilidade intermediária� (FAMÍLIA, ESCOLA E IGREJA, por exemplo).
Revisando → A constituição da massa é espontânea, inata e elementar, formada por indivíduos anônimos e que se encontram separados entre si, cuja homogeneidade apenas é conseguida na base do tal comportamento reativo – o comportamento de massa (ESTEVES, 2003, p. 214). → Gera um estado de espírito e formas mentais correspondentes (lembrar Gustave Le Bon e sua obra “A Psicologia das Multidões”).
→ Mediante a isso, a opinião pública não só se torna um alvo privilegiado dos diferentes interesses sociais que, no quadro do reforço da sua organização e intervenção social, passam a recorrer de forma sistemática a estratégias destinadas a mobilizar o apoio público.
→ A articulação dos media e da opinião pública ocorre quando O PROCESSO DE DISCUSSÃO PÚBLICA SE TORNA MAIS DEPENDENTE DOS MODERNOS DISPOSITIVOS DE COMUNICAÇÃO. → Potencializando, a opinião pública se torna prisioneira dos conflitos de interesses do campo dos media. 
→ Dessa forma, compreender a opinião pública (nas sociedades de massa) não pode ser dissociada da evolução da imprensa – inicialmente o único meio de comunicação moderno com expressão social significativa.
→ Por outro lado, a evolução dessa mesma imprensa não é estranha ao movimento de mercantilização que atingiu também a cultura (Indústria Cultural, por exemplo).
A partir do momento em que a publicidade comercial se tornou objeto de exploração sistemática por parte da imprensa, OS JORNAIS E A ATIVIDADE JORNALÍSTICA EM GERAL SOFRERAM UMA MUTAÇÃO RADICAL, CONDUCENTE À IMPOSIÇÃO DAS LÓGICAS MERCANTIL E EMPRESARIAL.
→ Ao se organizar (Jornal) segundo o MODELO EMPRESARIAL priorizam os fins lucrativos. → Atingindo o próprio conteúdo das publicações (exemplo: a cobertura jornalística da Globo News acerca das manifestações pró e contra o governo com desproporcional cobertura e veiculação).
→ Atenção: o fato de o campo dos media congregar no seu próprio interior uma grande diversidade de interesses, bem como todos os conflitos inerentes a esses mesmos interesses, pode ajudar-nos a compreender a situação paradoxal da opinião pública nos nossos dias. → Ou seja, a opinião que circula é contraria a do público; é a opinião que os media querem ofertar.→ Permitindo a manipulação da opinião e do(s) público(s). (lembrar as manchetes das reportagens).
Um breve paralelo reflexivo, antes de abordarmos a teorias que propiciam compreender o fenômeno dos media na sociedade (opinião pública):
O debate ético dessa comunicação proveniente dos mass media. 
→ Prosseguindo/começando, compreender o papel dos meios de comunicação de massa nessa sociedade de massa, perpassa ressaltar algumas abordagens investigativas que estiveram presentes ao longo do século XX, sendo elas: TEORIA HIPODÉRMICA, TEORIA CRÍTICA, ESPIRAL DO SILÊNCIO e AGENDA SETTING.
TEORIA HIPODÉRMICA = também conhecida como Teoria da Seringa ou da Bala Mágica.
Sua definição já se encarrega de mostrar uma eventual relação de poder, que evidencia por um lado a ONIPOTÊNCIA (dos mass media e da sociedade) de um lado. E a VULNERABILIDADE (do indivíduo, do público) de outro.
O próprio “hipodérmico” mostra como o público é comparado com aos tecidos do corpo humano, que atingido por uma substância (no caso a informação), todo o corpo social (público massificado) é atingido indistintamente. → Relembrando o outro termo “bala mágica”, também reforça a genialidade de um lado em atingir o alvo, no caso o público.
Nesse sentido, os meios de comunicação (de massa) fornecem assuntos, informações e se comunica de forma a massificar o público.
Após ser isolado do coletivo (de grupos coletivos para sociedade modernizada), o indivíduo/sujeito agora isolado na multidão/massa voltará a ser reinserido na sociedade por meio dos meios de comunicação, claro que aos seus modos.
Os meios de comunicação vêm para preencher o vazio deixado pelas instituições inoperantes que forjavam outrora os laços tradicionais (igreja, família, escola...) e, por conseguinte, PASSA A DITAR O COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS, já que esses vão reagir aos estímulos (informações), que SÃO FONTES DE SEU AGIR, PENSAR e SENTIR.
TEORIA CRÍTICA
O pensamento crítico desenvolvido pelos alemães da Escola de Frankfurt, corroboram ao afirmar a hegemonia dos mass media na sociedade.
Entre as muitas contribuições desses críticos, podemos destacar: a assimetria entre os meios de comunicação e o indivíduo. Um ponto relevante aqui é a ideia da PSEUDOINDIVIDUALIDADE, onde vive-se uma identidade proposta pela sociedade num contexto regido pela cultura industrializada, promovida pelo rádio, cinema, publicidade e televisão, por exemplo.
Nesse processo de massificação, a teoria crítica elimina toda a possibilidade de uma postura do indivíduo de consumir a cultura de maneira contestatória, irônica, muito menos.
O AGENDA SETTING E A ESPIRAL DO SILÊNCIO: A MASSIFICAÇÃO PELA FALA E PLO SILÊNCIO
O Agenda Setting e a Espiral do Silêncio são duas faces de uma mesma moeda. AMBAS TRABALHAM COM A PERSPECTIVA MASSIFICANTE sob a égide da IMPOSIÇÃO dos MASS MEDIA sobre os INDIVÍDUOS.
O AGENDA SETTING = detecta a massificação dos temas mediáticos para os temas ou agenda do público. Ou seja, os temas mediáticos se tornam conversa no dia a dia.
Constrói sua hipótese afirmando que a influência NÃO RESIDE na MANEIRA COMO OS mass media FAZEM o PÚBLICO PENSAR, mas NO QUE ELES FAZEM O PÚBLICO PENSAR. → Há um deslocamento, por parte dos mass media, de COMO PENSAR para O QUE PENSAR.
Enquanto a Teoria Crítica ressaltava a massificação pelo que os mass media não levam a pensar. O agendamento constrói a massificação como resultado daquilo que eles vão pensar.
A imposição do agendamento se forja por dois vieses = 1)- existe a tematização proposta pelos mass media conhecida como ORDEM DO DIA, que se tornarão os temas da AGENDA DO PÚBLICO. → O que será dito nos mass media será objeto de conversa entre as pessoas. 2)- imposição no nível da hierarquia efetuado pelos mass media. Ou seja, temas de relevo na agenda mediática estarão também em relevo na agenda pública, e os temas sem grande relevância nos mass media terão a mesma correspondência junto ao público.
Importante: O agenda setting não elimina as relações interpessoais, porém tais relações não são geradoras de temas. → Elas vivem e se nutrem daquilo que é difundido pelos mass media, elas não causam o agendamento, mas são causadas pelos ditames da agenda mediática.
ESPIRAL DO SILÊNCIO = propicia o enclausuramento dos indivíduos no silêncio, quando esses têmopiniões diferentes dessas veiculadas pelos mass media.
A espiral do silêncio ressalta, por sua vez, a imposição dos mass media, não pela força de agendar temas a serem conversados, mas pela força de provocar o silêncio.
Os indivíduos se encontram numa posição vulnerável acerca da ação dos mass media e da formação da OPINIÃO PÚBLICA. → Entre o indivíduo e os mass media se encontram os grupos sociais que podem punir segundo a discordância no que diz respeito às opiniões dominantes.
� Redes de sociabilidade intermediária são aquelas que se situam, por assim dizer, entre o indivíduo e os grandes centros de decisão (política, economia, militar etc.) (ESTEVES, 2003, p. 212).

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