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Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 65 AULA 04: Fatos e Atos Jurídicos (modalidades, validade e defeitos). Dos Atos Ilícitos. Da Prescrição e Decadência. (2ª parte) Olá alunos! Chegamos hoje a nossa última aula (venceremos hoje o conteúdo programático), talvez a mais “tranquila” entre as que foram apresentadas até aqui. Começaremos com Atos Ilícitos e Abuso de Direito – que mesmo não constando de forma literal em seu edital, faz parte dos atos ilícitos. Ambos são de boa aplicabilidade prática e de fácil assimilação. Logo em seguida, dando prosseguimento à aula, veremos então a prescrição e a decadência, assuntos que exigirão um pouco mais de raciocínio e talvez uma “decorebazinha” . Como a sua prova será somente em abril (e como ainda estamos em dezembro) não hesite e entre em contato conosco sempre que tiver alguma dúvida, mesmo que seja sobre questões que não tenham sido apresentadas em nossas aulas. Mas, agora, chega de enrolação e vamos começar logo a aula de hoje! Antes de vermos o Ato ilícito e o abuso de direito, vamos relembrar rapidamente o ato jurídico lícito. Atos jurídicos lícitos (atos jurídicos em sentido amplo) são os ¹negócios jurídicos e, também, os chamados ²atos jurídicos em sentido estrito ou atos não negociais, sendo que estes últimos desencadeiam consequências jurídicas, independentemente da vontade do agente, porque seus efeitos estão previamente descritos na lei. Os efeitos desses atos se produzem ex lege. É o que acontece, por exemplo, quando um pai reconhece um filho, deste ato de reconhecimento – que não é um ato negocial, mas é lícito, decorre uma série de consequências jurídicas. Deste modo, existe um ato de vontade da pessoa, mas a produção dos efeitos não se dá de acordo com o seu querer, mas sim de acordo com o que está determinado na lei em relação aquele ato praticado. Isto não pode ser modificado pela pessoa interessada. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 65 Todo negócio jurídico é um ato lícito, mas nem todo ato lícito será um negócio jurídico, é o que ocorre com os atos jurídicos em sentido restrito que são apenas lícitos ou meramente lícitos. O ato ilícito, embora seja um fato jurídico, não é considerado ato jurídico, pois atenta contra o direito (desta forma, sempre que você estiver diante da expressão ato jurídico – estará diante de um ato lícito). Figura 1. O Fato Jurídico compreende: O ato Jurídico em sentido amplo (1 e 2); e, também, os atos ilícitos (3). Todos estes atos devem ter repercussão no mundo jurídico. -Ato ilícito e o abuso de direito (art. 186 e 187). O ato ilícito, embora também decorra da vontade do agente, produz efeito jurídico involuntário, gera obrigação de reparar o dano. Conforme lição de Flávio Tartuce1: “De início, o ato ilícito é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direitos e causando prejuízos a outrem. Diante da sua ocorrência, a norma jurídica cria o dever de reparar o dano, o que justifica o fato de ser o ato ilícito fonte do direito obrigacional. O ato ilícito é considerado um fato jurídico em sentido amplo, uma vez que produz efeitos jurídicos que não são desejados pelo agente, mas somente aqueles impostos pela lei”. Assim, estaremos no campo dos atos ilícitos se o agente, por ¹ação ou ²omissão voluntária, pratica ato contra o direito, com ou sem a 1 Manual de Direito Civil, vol. Único, ed. Método, 2ª ed, pg. 418. Fato Jurídico 1.Ato jurídico em sentido estrito 2.Negócio Jurídico 3.Atos ilícitos Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 65 intenção manifesta de prejudicar, no entanto ocasiona o prejuízo, ocasiona dano a outrem. Observe que para o Direito Civil existirá interesse no ato ilícito se houver dano a ser reparado (dano a ser indenizado). Não existe no Direito Civil o interesse em “punir” o culpado pelo ato. Neste ramo do direito o interesse está na reparação do dano, com a recomposição patrimonial da pessoa que foi atingida pelo ato ilícito. Neste momento, surge então outro instituto de direito civil, qual seja: a responsabilidade civil. Cabe fazermos aqui uma pequena observação, diferenciando o ato ilícito na esfera civil, como já explicado, e na esfera penal. Na esfera do Direito Penal, há uma série de condutas denominadas típicas, que estão descritas na lei, são condutas que atentam contra a lei penal, violam a lei, indo de encontro à vida social. Estas condutas constituem os crimes ou delitos penais. “Então, a violação do direito pode ser vista sob mais de um aspecto?” Exatamente. Para o nosso estudo, no que se refere a esta aula, é importante que você entenda que a violação do direito pode configurar ofensa à sociedade, pela infração de preceito indispensável à sua existência (infração a norma de direito público), ou, então, configurar um simples dano individual, onde o interesse lesado é o privado. No primeiro caso, estaremos diante de um delito penal, consistente na violação da lei penal e que induz responsabilidade penal, tendente à punição. No segundo caso (que importa ao nosso estudo), estaremos diante de um “delito” civil, consistente na violação de um direito subjetivo privado e que induz reparação (indenização) do dano, a chamada responsabilização civil. Observe, no entanto, que existe a possibilidade de um ato ilícito violar as duas esferas. Neste caso, existirão, ao mesmo tempo, as duas responsabilidades, quais sejam: a penal e a civil. Outra ótica que pode ser analisada, mas que não cabe no direito civil o seu estudo aprofundado, é a que diz respeito às infrações administrativas. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 65 O ato ilícito, para o direito civil, é aquele contrário à ordem jurídica e lesivo ao direito subjetivo individual, criando o dever de reparar tal prejuízo, seja ele ¹moral ou ²patrimonial. Assim está normatizado no artigo 186 do CC: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, ¹violar direito e ²causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Verificamos que o art. 186 menciona tanto o dolo como a culpa (assim considerados no campo penal). Quando fala em “ação ou omissão voluntária” se refere ao dolo – que é a situação em que o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. A culpa, segundo o art. 186, está na expressão “negligência ou imprudência”. Na conduta culposa, há sempre ato voluntário determinante do resultado involuntário. A pessoa ou o agente, não prevê o resultado, mas existe a previsibilidade do evento, isto é, se olharmos objetivamente para o evento veremos que este era previsível. O agente é que não prevê o resultado, pois, se ele previsse o que iria acontecer e mesmo assim praticasse a conduta, estaria agindo comdolo e não com culpa. Figura 2. Representação do CC art. 186. Ato ilícito. 1.Ação Imprudência 2.Omissão Voluntária Negligência Violar direito e causar dano a alguém Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 65 Veja, então, que no art. 186 existem duas características marcantes: ¹A violação de direito e o ²dano a outrem. No artigo 187 aparece a figura do abuso de direito: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Assim, o abuso de direito consiste em um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício não observa os limites que são impostos. Desta forma, o agente exercita um direito seu, mas exorbita seus limites e acaba por desviar-se dos fins sociais para os quais estava voltado este direito. O ato em si é lícito, só perderá esta licitude tornando-se ilícito na medida de sua execução. Atente que este artigo não fala em culpa, pois para que se caracterize o abuso de direito basta que a pessoa seja titular de um direito e que, na utilização de suas prerrogativas, exceda seus limites. Deste modo, uma vez presentes os requisitos do art. 187, a responsabilidade será objetiva – ou seja, independente de culpa. Neste sentido temos o enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça: “Art. 187. A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”. O Código Civil de 2002 (como vimos acima no art. 187) considera o abuso de direito um ato ilícito, isto porque, extrapolar os limites de um direito em prejuízo de outra pessoa merece uma resposta, em virtude de consistir em violação a princípios de finalidade da lei. Aquele que transborda os limites aceitáveis de um direito, ocasionando prejuízo, deve indenizar. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 65 A diferença básica entre os institutos vistos acima (ato ilícito e abuso de direito) é que no primeiro o ato já nasce ilícito e assim também serão suas consequências; já no segundo o ato nascerá lícito, mas será ilícito o exercício abusivo de suas prerrogativas. Ainda sobre o art. 187 temos o enunciado 413 da V Jornada de Direito Civil que reforça a orientação do atual código quanto ao princípio da sociabilidade, presente no mencionado artigo: “Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade social de determinada época; e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva”. Normalmente, junto com o ato ilícito e o abuso de direito é estudado a responsabilidade civil que trata dos casos em que a pessoa que sofreu o dano deverá ser indenizada. Como no seu edital não consta tal matéria – responsabilidade civil, mas consta o ato ilícito e por consequência o abuso de direito, achamos por bem dar umas explicações rápidas a cerca do instituto da responsabilidade. Primeiramente existem dois tipos de responsabilidade. A ¹responsabilidade contratual - que é aquela que advém do não cumprimento de um contrato, de uma obrigação. E também a ²responsabilidade extracontratual ou aquiliana - a fonte dessa responsabilidade é a inobservância da lei, é a lesão a um direito, sem que entre as partes exista qualquer relação jurídica. O ato ilícito e o abuso de direito estão enquadrados neste último tipo de responsabilidade – a que não advém de um contrato, mas de um não cumprimento de um dever de conduta imposto por lei (CC arts. 186, 187 e 927) – responsabilidade extracontratual. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 65 Portanto, sempre que uma pessoa praticar um ato ilícito ou abusar de um direito seu – de acordo com o art. 186 e 187 do CC, haverá a obrigação de reparação do dano causado. -Excludentes de ilicitude (art.188) O artigo 188 do CC enumera casos de exclusão de ilicitude, são os atos lesivos que não são considerados ilícitos: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em ¹legítima defesa ou no ²exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover ³perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Há, então, três casos excepcionais que não constituem atos ilícitos apesar de causarem lesões aos direitos de outrem, isto ocorre porque a própria norma jurídica lhes retira a qualificação de ilícito. São eles: A legítima defesa; Exercício regular (ou normal) de um direito reconhecido; Estado de necessidade. Vamos ver cada um deles: 1. A legítima defesa é considerada como excludente de responsabilidade civil, se com o uso moderado de meios necessários alguém repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Observe que existe um ato que é praticado contra um agressor, mas os meios utilizados para esta defesa devem ser apenas aqueles estritamente necessários. A legítima defesa pode ser real ou, então, pode ser putativa. A legítima defesa putativa ocorre quando uma pessoa imagina estar sofrendo uma agressão, mas na realidade isso não está acontecendo. Nesta situação se a pessoa tomar alguma atitude com a Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 65 intenção de se defender deste perigo imaginável, ainda caberá indenização para o prejudicado. Como também caberá indenização se houver excessos na defesa. Assim, para que ocorra a legítima defesa é preciso: • que a ameaça ou a agressão ao direito seja atual ou iminente; • que seja injusta; • que os meios utilizados na repulsa sejam moderados, isto é, não vão além do necessário para a defesa; • que a defesa seja de direito. 2. O exercício regular ou normal de um direito reconhecido exclui qualquer responsabilidade pelo prejuízo, por não ser um procedimento que fere ao direito. Parte-se do princípio que quem usa de um direito seu não causa dano a ninguém. Como exemplos podemos citar a pessoa que executa uma construção nos parâmetros permitidos por lei em determinado terreno, mas que acaba por prejudicar o imóvel vizinho, ocultando a sua visão ou recepção solar. Mas cuidado! Conforme já explicado anteriormente, se houver abuso do direito será configurado ato ilícito. 3. O estado de necessidade É a situação encontrada no inciso II: ... II – a deterioração ou destruiçãoda coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover ³perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do dispensável para a remoção do perigo. O estado de necessidade consiste na ofensa do direito alheio (deterioração ou destruição de coisa pertencente a outrem ou lesão a uma pessoa) para remover perigo iminente, quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessária e quando não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 65 Assim, por exemplo, age em estado de necessidade quem destrói a propriedade alheia para salvar vida de alguém. Para que se configure o estado de necessidade, exige-se: • perigo atual que ameace um bem jurídico, não provocado voluntariamente pelo agente; • prejuízo indispensável para evitar o dano iminente; • limitação do prejuízo ao necessário para a sua remoção; • proporção maior do dano evitado em relação ao dano infligido. Embora a lei declare que a o estado de necessidade (inciso II do art. 188) e a legítima defesa (art. 188, inciso I) não tipificam um ato ilícito, em determinados casos, sujeitam o autor do dano à reparação. É o que encontraremos nos arts. 929 e 930. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). Portanto, se a pessoa lesada, ou dono da coisa destruída ou deteriorada não forem culpados do perigo, o autor do dano será responsável pela reparação, ficando, contudo, com ação regressiva contra seu causador. “Ficou complicado. Vocês podem esclarecer melhor isto?” Sim. Observe que nas hipóteses dos arts. 929 e 930 existem terceiros envolvidos. Ocorre mais ou menos o seguinte: ¹Paulo lesa ²José, mas em virtude de causa provocada por ³Mario (causador do perigo). Nesta situação, ²José, não é o culpado pelo perigo e fará jus a indenização paga por ¹Paulo que lhe causou dano. ¹Paulo, por sua vez, terá direito de ação (regressiva) contra ³Mario, este sim o verdadeiro culpado pelo perigo. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 65 Agora vamos passar a segunda parte da aula onde veremos os institutos da Prescrição e Decadência. - Prescrição e Decadência Antes de começarmos a falar sobre o assunto, permita-nos fazer uma pergunta a você: Será que o exercício de um direito pode ficar pendente indefinidamente no tempo? Obviamente que não. Isto não pode acontecer. O direito deve ser exercido dentro de um determinado prazo. Caso isto não ocorra, pode o titular deste direito perdê-lo, ou seja, pode o titular perder a prerrogativa de fazer valer seu direito. O tempo exerce influência abrangente no direito, em todos os campos, no direito público e no direito privado. O direito, por exemplo, exige que o devedor cumpra sua obrigação e, também, permite ao credor valer-se dos meios necessários para receber seu crédito. Se o credor, porém, mantém-se inerte por determinado tempo, deixando estabelecer situação jurídica contrária a seu direito, este será extinto. Num primeiro momento, pode parecer injusto que uma pessoa perca seu direito pelo decorrer do tempo, mas se não fosse o tempo determinado para o exercício dos direitos, toda pessoa teria que, por exemplo, guardar indefinidamente todos os documentos relativos a negócios realizados e até mesmo os documentos relativos às gerações passadas. Existe, pois, interesse de ordem pública na extinção dos direitos o que justifica os institutos da prescrição e da decadência. Deste modo em uma análise mais detalhada a prescrição e a decadência se mostram indispensáveis à estabilidade e à consolidação de todos direitos. Comecemos nosso estudo pela prescrição (arts. 189 a 206). Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 65 Prescrição Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. A partir do momento que um direito é violado, o titular deste direito pode agir juridicamente para garanti-lo, isto é o que chamamos pretensão (a pretensão à ação). E da leitura do art. 189 se desprende que a prescrição é justamente o que extingue esta pretensão, é o decurso do tempo hábil, que dispunha a pessoa, para utilizar-se da pretensão à ação. Prescrição é instituto de ordem pública. Sobre o assunto prescrição: Jornada I STJ 14: “1. O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2. O art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou nas obrigações de não fazer”. STF 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”. Os casos de prescrição estão taxativamente elencados nos arts. 205 e 206 (veremos eles logo à frente), mas primeiramente vamos falar um pouco sobre este instituto. A prescrição pode ser extintiva ou aquisitiva: prescrição extintiva – esta será o foco principal do nosso estudo – conduz à perda do direito de pretensão a ação por seu titular negligente, ao fim de certo lapso de tempo. prescrição aquisitiva (usucapião) - consiste na aquisição do direito real pelo decurso de tempo, um modo de se adquirir a propriedade pela posse prolongada. Tal direito é conferido em favor daquele que possuir, com ânimo de dono, o exercício de fato das faculdades inerentes ao domínio ou a outro direito real, no tocante a coisas móveis e imóveis, pelo período de tempo que é fixado pelo legislador. Portanto a prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e, também, de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não uso, decorrido determinado período de tempo. Os elementos comuns a prescrição extintiva e aquisitiva são ¹o tempo e ²a inércia do titular. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 65 Como requisitos da prescrição ou seus elementos integrantes, temos: A existência de ação exercitável é o objeto da prescrição. Tendo em vista a violação de um direito, a ação tem por fim eliminar os efeitos dessa violação. A ação prescreverá se o interessado não promovê-la. Logo que surge o direito de ação, já começa a correr o prazo da prescrição. A inércia do titular da ação pelo seu não exercício, ou seja, o titular do direito nada faz para proteger seu direito. A inércia é, pois, o não exercício da ação, logoapós a violação do direito. E esta cessa com a propositura da ação, ou com qualquer ato que e lei admita e que demostre que a pessoa irá defender direito seu. A continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo é o fator principal da prescrição. A inércia exigida para configurar a prescrição é aquela continuada, não a momentânea. A ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do curso da prescrição. Existem casos que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, os quais, veremos ainda nesta aula. A regra geral é de que toda pretensão é prescritível, sendo a imprescritibilidade a exceção. Esta é a ideia contida no artigo 205 do CC: Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. A regra de toda pretensão sofrer prescrição, entretanto, não é absoluta, uma vez que existem direitos que por sua natureza, são incompatíveis com o instituto da prescrição. Desse modo, não se acham sujeitos a limites de tempo e não se extinguem pela prescrição, podemos citar os seguintes2: os direitos de personalidade; o estado da pessoa; as ações referentes ao estado de família; os bens públicos (CC 2 Washington de Barros Monteiro, Direito Civil 1, Parte geral, 43 ed., pág. 363. Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pág. 447. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 65 art. 102); os direitos facultativos ou potestativos3; a exceção de nulidade4. Continuando no assunto prescrição, vejamos os artigos 190 a 196, muitas vezes objeto de questões literais: Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Os prazos aplicados às pretensões são os mesmos aplicados as defesas e exceções correspondentes. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Renúncia à prescrição é, então, a desistência, por parte do titular, de invocá-la. Não pode ser antecipada, ou seja, não se pode renunciá-la antes de consumada. É ato pessoal do agente, afeta apenas o renunciante ou seus herdeiros. Não pode haver, também, prejuízo a terceiro. Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. ... Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. O artigo 196 cuida da sucessão do prazo prescricional. O herdeiro do falecido disporá apenas do prazo faltante para exercer a ação, quando este prazo se iniciou com o autor da herança: 3 Direitos potestativos são aqueles para os quais não se contrapõe um dever de quem quer que seja, são direitos sem pretensão, porque não podem ser violados, trata-se apenas de uma sujeição de alguém. Como exemplo, temos o direito do condômino de exigir a divisão da coisa comum. 4 Por exemplo, o testamento feito por menor, com idade inferior a 16 anos é nulo, não importando o tempo decorrido entre a realização do ato e sua apresentação em juízo. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 65 Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Veremos a seguir o ¹impedimento, a ²suspensão e a ³interrupção da prescrição. Normalmente as questões relacionadas a estes assuntos são muito próximas ao texto da lei, tenha apenas o cuidado para não confundir uma situação com a outra. Como dica de memorização recomendamos que você faça um caminho imaginário, visualize primeiramente o impedimento, depois a suspensão e por último a interrupção (recomendamos também que você memorize as causas que interrompem a prescrição, pois são as mais cobradas em provas). Das causas que impedem ou suspendem a prescrição Observe que o código não diferenciou as causas de impedimento das de suspensão. Isto não foi feito por um simples motivo, as causas serão as mesmas. O que diferenciará o impedimento e a suspensão será o fato de ter ou não iniciado o prazo prescricional. Caso este não tenha iniciado teremos o impedimento (não deixa o prazo iniciar), se já estiver correndo teremos a suspensão. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. A seguinte afirmativa já foi feita em provas “As causas impeditivas da prescrição são as circunstâncias que impedem que seu curso inicie, por estarem fundadas no status da pessoa individual ou familiar, atendendo razões de confiança, parentesco, amizade e motivos de ordem moral”. 1º. Se o prazo não se iniciou teremos o IMPEDIMENTO 2º. Se já iniciado o prazo prescricional será caso de SUSPENSÃO Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 65 Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (absolutamente incapazes) II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Se afirmássemos que não corre a prescrição contra os menores. Isto estaria correto? Não. Isto estaria errado, porque o inciso I faz referência somente aqueles que forem absolutamente incapazes (lembre-se deles). Quanto aos incisos II e III, você deve ter atenção aos termos que grifamos. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção5. Os dois primeiros incisos tratam de causas de impedimento, pois enquanto não há o direito não há de se falar em prescrição. Já o inciso III é causa de suspensão. Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O art. 201 já foi objeto de cobrança em prova, se estivermos diante de uma obrigação com mais de um credor e este forem solidários, quando houver suspensão da prescrição contra um dos credores, somente haverá a suspensão também para os credores solidários se a 5 Evicção é a perda da coisa (propriedade, posse ou uso) em decorrência de decisão judicial ou administrativa, que a atribui a terceiro. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichiwww.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 65 obrigação for indivisível6. O macete para você não esquecer este artigo está no fato que se a obrigação puder ser fracionada, não há motivos para a prescrição atingir todas as partes da obrigação, os efeitos da prescrição não atingem o que pode ser destacado. O impedimento e a suspensão da prescrição fazem cessar, temporariamente, seu curso. Uma vez superada a causa de suspensão, a prescrição retoma seu curso normal, computando o tempo anteriormente decorrido. Nos casos de impedimento, mantém-se o prazo prescricional íntegro, pelo tempo de duração do impedimento, para que seu curso somente tenha início com o término da causa impeditiva. Nos casos de suspensão, nos quais a causa é superveniente, uma vez desaparecida esta, o prazo prescricional retoma seu curso normal, computando-se o tempo verificado antes da suspensão. Na interrupção da prescrição (que veremos a seguir) a situação é diversa, verificada alguma das causas interruptivas, perde-se por completo o tempo decorrido. O lapso prescricional iniciar-se-á novamente (passa a contar o prazo desde o início, recomeça). O tempo precedente decorrido fica totalmente inutilizado. Verificamos, portanto, a interrupção da prescrição quando ocorre fato hábil para destruir o efeito do tempo já transcorrido, anulando-se, assim, a prescrição já iniciada. Os casos de interrupção estão no artigo 202 do CC: Das Causas que Interrompem a Prescrição Observe que a interrupção da prescrição sempre será provocada: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I- por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II- por protesto, nas condições do inciso antecedente; III- por protesto cambial; 6 CC Art. 258. “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”. Ou seja, obrigação indivisível é aquela que não pode ser fracionada. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 65 IV- pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V- por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI- por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. O titular do direito é o maior interessado em interromper a prescrição, geralmente é ele quem a promove. O representante legal também pode promover a interrupção, assim como o assistente dos menores relativamente capazes (contra os absolutamente incapazes não corre a prescrição). Geralmente, os efeitos da prescrição são pessoais, de maneira que a interrupção da prescrição feita por um credor não aproveita aos outros, assim como aquela promovida contra um devedor não prejudica aos demais. Isto está no artigo 204 de CC: Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. § 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. § 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. § 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Observe que os três parágrafos apresentam situações especiais, diferentes da apresentada no caput, mas estão relacionadas a solidariedade. Se a prescrição for interrompida em favor de um dos credores solidários a todos aproveita. O mesmo ocorre na solidariedade passiva7. (art. 204, §1). 7 Solidariedade passiva é a dos devedores, aqueles que devem pagar alguma coisa. Credores são os que estão cobrando a dívida de alguém, os que querem receber determinada coisa ou valor. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 65 Ainda, de acordo com o artigo 204, §2º, se um dos herdeiros do devedor solidário sofre a interrupção, os outros herdeiros, ou devedores, não são prejudicados; o prazo para estes últimos, continuará a correr, a não ser que se trate de obrigações e direitos indivisíveis. Neste último caso, todos os herdeiros, ou devedores solidários sofrem os efeitos da interrupção da prescrição, passando a correr contra eles o novo prazo prescricional. Por fim, no caso do parágrafo 3º, em se tratando de fiança, que é obrigação acessória, se a interrupção for promovida apenas contra o afiançado, que é o devedor principal, o prazo, no entanto, restabelece-se também contra o fiador, conforme o princípio de que o acessório segue sempre o destino do principal. Entretanto, a interrupção operada contra o fiador não prejudica o devedor principal, já que a recíproca não é verdadeira, isto é, o principal não é afetado pelo destino do acessório. Decadência (arts. 207 a 211). A decadência é a extinção do direito, tendo em vista a inércia do seu titular. Veja que o objeto da decadência é o próprio direito. Enquanto a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado, a decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito material e por via oblíqua acaba por atingir a ação. Segundo Maria Helena Diniz8: “A decadência dá-se quando um direito potestativo não é exercido extrajudicialmente ou judicialmente dentro do prazo” Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Conforme art. 208 aplica-se também à decadência o que se aplicava a prescrição (art. 195 e 198, I), trata-se da primeira exceção legal ao art. 207: Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Art. 198. Também não corre a prescrição: 8 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pág. 450. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 65 I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (absolutamente incapazes) Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Os art. 210 e 211 trazem as duas figuras da decadência, quais sejam: a ¹estabelecida porlei e a ²convencional (oriunda, por exemplo, de um negócio jurídico). A seguir, vamos fazer uma pequena distinção entre os institutos da prescrição e da decadência para melhor compreensão do tema. A decadência extingue diretamente o direito, e com ele a ação que o protege, enquanto que a prescrição atinge a pretensão à ação e com isso atinge o direito que ela protege. A decadência começa a correr, como prazo extintivo, desde que o direito nasce, enquanto que a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a partir de sua violação, porque é neste momento que nasce o direito a ação contra a qual se volta a prescrição. Ambos os institutos são prazos extintivos. A diferença é o momento em que começa a correr este prazo. O prazo decadencial começará a ser contado a partir do momento de nascimento do direito, tendo em vista que a decadência acarreta a perda de um direito subjetivo. Já o prazo prescricional começará a correr a partir do momento em que ocorrer a violação deste direito subjetivo, que estava sendo plenamente exercido. Com esta violação, nasce o direito de pretensão à ação para sua defesa. Outra diferença reside na natureza de cada instituto, pois a decadência supõe um direito que embora nascido, não se tornou efetivo pela falta de exercício; enquanto a prescrição supõe um direito nascido e efetivo, mas que pereceu pela falta de proteção por meio da ação, contra a violação sofrida. Podemos, ainda, diferenciar prescrição e decadência da seguinte forma: Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 65 I- A decadência tem por efeito extinguir o direito, enquanto a prescrição extingue a pretensão à ação. II- Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. A prescrição pode ser impedida, suspensa ou interrompida conforme expresso no código civil. III- O prazo de decadência pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade unilateral ou bilateral (convencional). O prazo da prescrição é fixado por lei para o exercício da ação que o protege. IV- A decadência pressupõe ação cuja origem é idêntica à do direito, sendo, por este motivo, simultâneo o nascimento de ambos. A prescrição pressupõe ação cuja origem é distinta da do direito, tendo nascimento posterior ao direito, quando da sua violação. V- tanto a decadência (se estabelecida por lei) quanto a prescrição9 serão reconhecidas de ofício pelo juiz, independente da arguição do interessado. VI- a decadência em nenhuma hipótese pode ser renunciada, a prescrição admite renúncia por parte dos interessados, depois de consumada. VII- a decadência opera contra todos (não há impedimentos), já a prescrição conforme visto não opera para determinadas pessoas elencadas pela lei, de acordo com o artigo 197 e198: Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 9 Mudança dada pela lei nº 11.280, de 16 de fevereiro de 2006, que revogou o artigo 194 do CC, em busca de maior celeridade processual. Assim, o Juiz pronunciará de ofício, também, a prescrição. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 65 II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. -Quanto aos prazos: Os prazos da prescrição são os discriminados nos artigos 205 e 206 do CC, vamos a eles: Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. A regra geral será o prazo de 10 anos, mas há prazos especiais que vão de um ano a cinco anos e isto está estabelecido do §1º ao § 5º, do art. 206. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 65 § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivoscontratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.” Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 65 Como dica, para a hora da prova, temos a seguinte situação: se estivermos diante de algum desses casos elencados nos arts. 205 e 206 teremos prazo prescricional, caso contrário será caso de decadência. A decadência pode ocorrer em períodos diferentes que o de ano, pode correr, por exemplo, em dias ou meses. São inúmeros os prazos decadências presentes no código civil, citamos abaixo alguns exemplos de prazos decadenciais mais cobrados em provas: Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 65 Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. ....................................................................................................... Por hoje era isto. Caso você tenha achado que algum ponto não tenha ficado muito claro no decorrer deste nosso curso, por favor, entre em contato conosco. A sua participação e opinião é fundamental para o sucesso das aulas. Abuse do fórum de dúvidas, ou seja, use sem moderação. Um grande abraço e bons estudos. Aline Santiago & Jacson Panichi “A educação da mente custa esforço; um esforço voluntário e consciente. Recorde isto com frequência; recorde também que este esforço é vida, porque cria energias que suprem amplamente os desgastes que todo esforço ocasiona. Além disso, não esqueça que põe à prova, com vantagem para você, sua capacidade de produzir, de fazer, de realizar”. (Carlos Bernardo Gonzáles Pecotche10) 10 Bases para sua Conduta, Editora Logosófica, 13 ed., 1996. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 65 Questões e seu respectivo comentário: 1. CONSULPLAN 2012/TSE/Analista Judiciário. A respeito da prescrição, analise. I. Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. II. Não corre a prescrição pendendo condição resolutiva. III. Não corre a prescrição não estando vencido o prazo. IV. Não corre a prescrição em favor dos incapazes. Está correto o que se afirma em a) II, III b) I c) III, IV d) I, III Comentário: Olha a questão “decorebazinha” básica. Afirmativa I correta de acordo com o art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; Afirmativa II errada de acordo com o art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; Afirmativa III correta de acordo com o art. 199. Não corre igualmente a prescrição: II - não estando vencido o prazo; Afirmativa IV errada de acordo com o art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; Gabarito letra D. 2. FCC 2009/TJ-PA/Auxiliar Judiciário. O Código Civil estabelece que não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido, sendo correto dizer que a) Se por engano ou erro de pontaria terceira pessoa vier a ser atingida, o agente ainda que atingido em legítima defesa deve reparar o dano. b) O agente que tiver agido com erro de pontaria atingir terceiro, não terá direito à ação regressiva contra o injusto agressor. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 65 c) A legítima defesa putativa praticada contra o agressor deixa de ser ato ilícito apesar do dano causado, e impede a ação de ressarcimento de danos. d) Só a legítima defesa putativa, e praticada contra o agressor deixa de ser ato ilícito. e) Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa, não há falar em ação de ressarcimento em favor de terceiro eventualmente atingido pelo agente. Comentário: Lembre-se da seguinte “máxima” que lhe ajudará a responder muitas questões: havendo dano, normalmente também haverá a obrigação de repará-lo. No entanto, sempre deve ser avaliado: se houve realmente o dano; quem cometeu o ilícito ou o abuso de direito (se houve participação de terceiros); se houve excludente de ilicitude; quem deverá indenizar; e se haverá direito a ação regressiva. A legítima defesa pode ser real ou pode ser putativa. A legítima defesa putativa até pode excluir a culpabilidade, no entanto, não dispensa aquele que praticou o dano de indenizar. Vamos lá: 1. A questão fala em legítima defesa ou exercício regular de um direito (estes casos são excludentes de ilicitude); 2. A alternativa “a” envolve uma terceira pessoa (que também sofre dano) e deve ser indenizada; 3. O fato de haver a excludente de ilicitude não exclui necessariamente o dever de indenizar; 4. A terceira pessoa atingida deverá ser indenizada pelo seu agente (aquele que efetuou o disparo), mas, no caso da questão, o agente terá direito de ação regressiva contra o injusto agressor (e contra quem o agente se defendia). Gabarito letra A. 3. FCC 2006/Estado-PB/Auditor Fiscal da Receita Estadual. A deterioração ou destruição da coisa alheia,ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente a) sempre constituem atos ilícitos, porque a lei proíbe o exercício arbitrário das próprias razões. b) não constituem atos ilícitos e sempre eximem o seu autor da obrigação de indenizar. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 65 c) não constituem atos ilícitos somente quando as circunstâncias os tornarem absolutamente necessário e nem sempre eximem o seu autor da obrigação de indenizar. d) constituem atos ilícitos, porém o seu autor sempre ficará isento da obrigação de indenizar. e) consubstanciam atos de legítima defesa e isentam seu autor da obrigação de indenizar, salvo se foi o causador do perigo. Comentário: Os casos elencados na questão são os do inciso II do art. 188, que também possui um parágrafo único que diz: No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Portanto, a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente, deverá ser executada na medida exata para afastar o perigo, caso contrário poderá dar ensejo a uma indenização. Gabarito letra C. 4. FCC 2005/TCE-SP/Agente da Fiscalização Financeira. Analise as seguintes disposições do Código Civil e indique a interpretação correta. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. a) O estado de necessidade não exclui a ilicitude do ato. b) O artigo 186 se refere à responsabilidade civil objetiva. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 65 c) O artigo 188 estabelece a identificação entre a responsabilidade civil e penal. d) O artigo 187 se identifica com o abuso e direito. e) Embora praticado o ato em legítima defesa ou no exercício regular de direito o agente sempre ficará obrigado a reparar o dano. Comentário: Tendo em vista os artigos dispostos na questão, e analisando as alternativas, chegamos à conclusão de que a alternativa “d” é a correta, pois o art. 187 se identifica com o abuso de direito, conforme visto em aula. Gabarito letra D. 5. FCC 2010/PGM-TERESINA-PI/Procurador. Para o legislador civil, o abuso do direito é um ato a) lícito, embora possa gerar a nulidade de cláusulas contratuais em relações consumeristas. b) lícito, embora ilegal na aparência. c) ilícito objetivo, caracterizado pelo desvio de sua finalidade social ou econômica ou contrário à boa-fé e aos bons costumes. d) ilícito, necessitado da prova de má-fé do agente para sua caracterização. e) ilícito abstratamente, mas que não implica dever indenizatório moral. Comentário: Questão literal do art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Gabarito letra C. 6. FCC 2005/PGE-SE/Procurador. Constitui ato ilícito aquele praticado a) em estado de necessidade. b) em legítima defesa de outrem. c) com abuso de direito. d) no exercício regular de um direito reconhecido, salvo com autorização judicial. e) com reserva mental. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 65 Comentário: Para a resolução desta questão vamos utilizar os artigos 187 e 188. No art. 187 temos o conceito de abuso de direito. No art. 188 temos as excludentes de ilicitude, os atos que não são considerados atos ilícitos, são eles: a legítima defesa (incido I), o exercício regular de um direito (inciso I) e o estado de necessidade (inciso II). Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Gabarito letra C. 7. MPE-SP - 2006 - MPE-SP - Promotor de Justiça. O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam no dever de indenizar. São elas: a) legítima defesa, erro substancial e estado de necessidade. b) legítima defesa, estado de necessidade e dolo bilateral. c) exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e dolo bilateral. d) exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e erro substancial. e) legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade. Comentário: Esta questão é literal do art. 188 do CC. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 65 Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Gabarito letra E. 8. FGV 2011/SEFAZ-RJ/Auditor Fiscal da Receita Estadual. A respeito do ato ilícito, é correto afirmar que: a) o Código Civil dispõe que constitui ato ilícito lesão causada à pessoa, ainda que para a remoção de perigo iminente. b) comete ato ilícito aquele que, mesmo por omissão voluntária, cause dano a outrem, ainda que o dano seja exclusivamente moral. c) não comete ato ilícito aquele que exceda manifestamente os limites impostos pelos bons costumes, desde que seja titular de um direito e o esteja exercendo. d) quando a destruição de coisa de outrem se der a fim de remover perigo iminente, ainda que exceda os limites do indispensável, não configurará ato ilícito. e) atos praticados em legítima defesa, para o Direito Civil, constituem ato ilícito, sendo exigível a reparaçãode eventuais danos patrimoniais decorrentes. Comentário: Para esta questão usaremos os seguintes artigos: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Destes artigos temos os conceitos de ato ilícito, de abuso de direito e os casos em que não consideram atos ilícitos. Gabarito letra B. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 65 9. FCC 2005/PGE-SE/Procurador do Estado. Constitui ato ilícito aquele praticado a) em estado de necessidade. b) em legítima defesa de outrem. c) com abuso de direito. d) no exercício regular de um direito reconhecido, salvo com autorização judicial. e) com reserva mental. Comentário: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Abuso de direito. Gabarito letra C. 10. FCC 2005/TCE-PI/Auditor. NÃO constitui ato ilícito, mas nem sempre o agente ficará isento de reparar o dano, aquele praticado a) por pessoa incapaz. b) em legítima defesa. c) no exercício regular de direito. d) em estado de necessidade. e) na condição de preposto, ainda que tenha obrado com dolo ou culpa. Comentário: Comentamos que quando houver dano, normalmente será necessário indenizar, mesmo que sem culpa. É a situação apresentada pelo §único do art. 188 que nos remete ao estado de necessidade. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 65 Entenda que o Código Civil é bastante claro, as circunstâncias devem tornar o ato absolutamente necessário e, também, não pode este ato exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo. Estamos diante do estado de necessidade. Gabarito letra D. 11. FCC 2004/TRT 17ª/Técnico Judiciário. Não comete ato ilícito aquele que a) causar dano a outrem, ao praticar o ato no exercício regular de um direito reconhecido. b) violar direito e causar dano exclusivamente moral a outrem, por omissão voluntária. c) exceder manifestamente os limites impostos pelo fim econômico ou social do direito que, como titular, vier a exercer. d) exceder manifestamente os limites impostos pela boa-fé ao exercer o direito de que é titular. e) destruir coisa alheia, a fim de remover perigo iminente, mesmo excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Comentário: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Gabarito letra A. 12. FCC 2012/TRF 2ª/AJAJ – Execução de Mandatos. A prescrição a) da pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários, ocorre em três anos. b) ocorrerá em cinco anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. c) interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 65 d) da pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular ocorre em um ano. e) iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor, seja ascendente, descendente, cônjuge ou colateral. Comentário: a) errado. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: ... III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; b) errado. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. c) correto. Art. 202, parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. d) errado. Art. 206. Prescreve: ... § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; e) errado. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor Gabarito letra C. 13. FCC 2012/TRF 2ª/AJAJ. Gabriela, perita, é proprietária de um conjunto comercial na região da Av. Copacabana, no Rio de Janeiro - Capital. Seu inquilino Sandoval está injustamente sem pagar os aluguéis devidos desde Fevereiro de 2008. De acordo com o Código Civil brasileiro, Gabriela a) terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de sete anos. b) terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é o comum de dez anos. c) não terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de dois anos. d) terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de cinco anos. e) não terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de três anos. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 65 Comentário: Art. 206. Prescreve: ... § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; Gabarito letra E. 14. FCC 2011/TRE-AP/Analista Judiciário - Área Judiciária. Marina, advogada, foi contratada por Gabriela para ajuizar execução de contrato particular não cumprido mediante o pagamento de honoráriosadvocatícios no valor de R$ 7.000,00, a serem pagos até o trânsito em julgado da demanda. O mencionado processo transitou em julgado, mas Gabriela não efetuou o pagamento dos honorários de Marina. Neste caso, segundo o Código Civil brasileiro, a pretensão relativa aos honorários advocatícios de Marina prescreverá no prazo, contado do trânsito em julgado da demanda, de a) dois anos. b) um ano. c) cinco anos. d) três anos. e) dez anos. Comentário: Art. 206. Prescreve § 5o Em cinco anos: II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; Gabarito letra C. 15. FCC 2011/TRT - 14ª Região (RO e AC)/Analista Judiciário - Execução de Mandados. Prescreve em três anos a pretensão a) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. b) de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 65 c) do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. d) dos profissionais liberais em geral pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços ou cessação dos respectivos contratos. e) do beneficiário contra o segurador e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Comentário: Art. 206. Prescreve § 3o Em três anos: IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Gabarito letra E. 16. FCC 2011/DPE-RS/Defensor Público. Incidência dos Institutos da prescrição e da decadência na teoria das invalidades do negócio jurídico. a) Segundo o Código Civil, as nulidades, por ofenderem interesse público, podem ser arguidas pelas partes, sendo vedado ao juiz conhecê-las de ofício em processo que verse sobre a validade de determinado negócio jurídico. b) O negócio jurídico nulo não convalesce pelo decurso do tempo, razão pela qual apenas as anulabilidades estão sujeitas a prazos prescricionais. c) A invalidade do instrumento contratual induz necessariamente a invalidade do negócio jurídico. d) A decretação judicial é necessária para o reconhecimento de nulidades e anulabilidades, pois estas espécies de vícios não têm efeito antes de julgados por sentença. e) Respeitada a intenção das partes, é cabível a manutenção do negócio jurídico no caso de reconhecimento de invalidade parcial, a qual não o prejudicará na parte válida se desta for separável. Comentário: A alternativa que está correta é a letra “e”, de acordo com o art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. Agora, de acordo com os artigos do CC, vamos ver porque as demais alternativas estão erradas. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 65 A alternativa “a” está errada de acordo com o art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. A alternativa “b” está errada de acordo com o art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. A alternativa “c” está errada de acordo com o art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. E a alternativa “d” está errada de acordo com o art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Gabarito letra E. 17. FCC 2010/TRT - 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário - Execução de Mandados. A prescrição a) é a extinção do direito pela falta de exercício dentro do prazo prefixado, atingindo indiretamente a ação. b) poderá ser renunciada pelo interessado, depois que se consumar, desde que não haja prejuízo de terceiro. c) poderá ter seus prazos alterados por acordo das partes, em razão da liberdade de contratar. d) só pode ser alegada pela parte a quem aproveita até a sentença de primeira instância. e) suspensa em favor de um dos credores solidários aproveitará os outros se a obrigação for divisível. Comentário: Vamos ver as alternativas: A alternativa “a” está errada, pois como estudamos em aula a prescrição atinge a ação e de forma indireta atinge o direito. Na alternativa está ao contrário. Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 65 A alternativa “b” está correta de acordo com o art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. A alternativa “c” está errada de acordo com o art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A alternativa “d” está errada de acordo com o art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. E a alternativa “e” está errada de acordo com o art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. Gabarito letra B. 18. FCC 2010/SEFIN-RO/Auditor Fiscal de Tributos Estaduais. De acordo com o Código Civil brasileiro, é INCORRETO afirmar: a) A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. b) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. c) A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. d) A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. e) Prescreve em cinco anos a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa e a pretensão de reparação civil. Comentário: Art. 206. Prescreve § 3o Em três anos: IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; Gabarito letra E Direito Civil para TRE-MG (AJAJ) Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 05 Profs. Aline Santiago e
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