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Contrato de Constituição de renda Civil

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ART. 803 A 813 CC
CONSTITUIÇÃO DE RENDA
HISTÓRICO:
O contrato de constituição de renda possui raízes advindas do Direito Romano, entretanto este só vem a se desenvolver em épocas mais recentes em locais de influência da Igreja Católica.
No Código Civil de 1916 este contrato possuía tanto a natureza de um contrato quanto direito real sobre coisa alheia, denominado também de rendas constituídas sobre imóvel. Devido a grande evolução jurídica sobre institutos de menor complexidade, o instituto em apreço teve sua natureza jurídica alterada com advento do Código Civil de 2002, sendo enquadrado apenas no rol dos contratos.
DEFINIÇÃO:
O contrato de constituição de renda é aquele no qual o devedor (rendeiro/censuário) se obriga a cumprir certa prestação periódica ao credor (instituidor/censuísta), por um prazo determinado, em troca de um capital que lhe é entregue e que pode consistir em bens móveis, imóveis ou dinheiro.
EXEMPLO:
“A” possui um imóvel do qual não faz nenhum uso e quer gerar renda, então cede para “B” em troca de uma remuneração podendo ser por prazo certo ou vitaliciamente.
Nomeclaturas:
Instituidor ou credor: quem cede algum capital em troca de uma renda.
Censuário ou rendeiro: quem assume a obrigação de pagamento da renda.
Beneficiário: terceiro que recebe as prestações.
Natureza jurídica:
Bilateral: porque gera obrigações recíprocas: o dono do capital convenciona transferi-lo ao rendeiro que, por sua vez, obriga-se a lhe fornecer uma renda fixa durante certo prazo. 
Oneroso (regra): Art. 804. O contrato pode ser também a título oneroso, entregando-se bens móveis ou imóveis à pessoa que se obriga a satisfazer as prestações a favor credor ou de terceiros.
Gratuito (EXCEÇÃO) :Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito
Real: porque se aperfeiçoa com a entrega dos bens ao rendeiro, a quem o domínio é transferido desde a tradição.
“Art. 809. Os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição, no domínio da pessoa que por aquela se obrigou.”
Comutativo: Comutativo, via de regra, haja visto que o censuário se obriga ao pagamento de prestações, podendo, no entanto, ser aleatório nos casos em que depender da duração da vida de alguma das partes.
Temporário: dependendo dede tempo certo (convencionado pelas partes) ou incerto (máximo de tempo é a vitaliciedade do instituidor/beneficiário).
Solene: “Art. 807. O contrato de constituição de renda requer escritura pública.”
CARACTERISTICAS:
O contrato de constituição de renda pode ser constituído por ato inter vivos ou causa mortis, esse ultimo dado por via testamental, mesmo assim não perde sua característica de contrato, pois o individuo pode instituir como sua última vontade em testamento legar determinado capital, instituindo um beneficiário. Pode ocorrer também por via de decisão judicial, visto que o magistrado poderá condenar o autor de um delito ao pagamento de alimentos, seja em favor do ofendido ou da família deste.
A constituição de renda será nula se houver falta de objeto, ou seja, se este for estipulado em benefício de pessoa falecida ou se o credor vier a falecer após 30 (trinta) dias após a celebração do contrato por moléstia que já sofria, conforme o art. 808, Código Civil de 2002. A moléstia superveniente, a senilidade e a gravidez não anulam o contrato, mesmo se apresentados nos 30 dias abordados pelo artigo já citado.
Art. 808. É nula a constituição de renda em favor de pessoa já falecida, ou que, nos trinta dias seguintes, vier a falecer de moléstia que já sofria, quando foi celebrado o contrato.
Segundo o art. 805, CC, se o contrato for estipulado com vinculo oneroso, pode o instituidor pedir alguma garantia real (vinculando determinado bem do rendeiro) ou por garantia fidejussória de natureza pessoal, a exemplo da fiança.
“Art. 805. Sendo o contrato a título oneroso, pode o credor, ao contratar, exigir que o rendeiro lhe preste garantia real, ou fidejussória.”
REGRAS APLICAVEIS:
A principal obrigação no contrato de constituição de renda é o pagamento das prestações, se o censuário (devedor) deixar de pagá-las, poderá o credor acioná-lo para receber as parcelas atrasadas bem como para que dê garantia das futuras, sob pena de rescisão do contrato (vide art. 810, CC).
“Art. 810. Se o rendeiro, ou censuário, deixar de cumprir a obrigação estipulada, poderá o credor da renda acioná-lo, tanto para que lhe pague as prestações atrasadas como para que lhe dê garantias das futuras, sob pena de rescisão do contrato.”
A cláusula penal adapta-se aos contratos em geral podendo ser inserida também na constituição de renda.
Ainda, poderá haver ajuste no que concerne ao pagamento adiantado das prestações cumpridas no começo de cada período, não sendo feito a estipulação, adquire o direito a prestações cotidianas (vide art. 811, CC). Se for constituída via testamental será dado início com a morte do testador, e se for de alimentos será pago no começo de cada período.
Art. 811. O credor adquire o direito à renda dia a dia, se a prestação não houver de ser paga adiantada, no começo de cada um dos períodos prefixos.
Quando avençada a renda a mais de um credor, senão estipulado o valor de cada um presume-se iguais a cada parte. Em caso de morte de algum, os sobrevivos não adquirem o direito a parte do de cujus, com exceção de estipulado o direito de acrescer em cláusula expressa. No caso de cônjuges, aplica-se analogicamente a regra do parágrafo único do art. 551 do Código Civil, subsistindo na totalidade a doação para o cônjuge ainda vivo.
A renda constituída por título isenta o instituidor de todas as execuções, sejam elas pendentes. Também ao instituidor cabe o direito de gravar uma cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, visando a sobrevivência do beneficiário, esta cláusula não é permitida na modalidade onerosa.
EXTINÇÃO DO CONTRATO:
O contrato de constituição de renda pode ser extinto por vencimento do prazo estipulado em contrato, pelo implemento de condição resolutiva expressa ou tácita, pela morte do rendeiro, credor ou terceiro beneficiário, por qualquer caso de anulação, redução ou revogação, pela caducidade em razão do art. 808, CC ou pelo resgate, este último configurado como uma hipótese específica ao contrato em estudo, visto que o devedor poderá antecipar o pagamento de todas as prestações futuras.
BREVES DISTINÇÕES ENTRE A 
CONSTITUIÇÃO DE RENDA E O USUFRUTO
O usufruto “é o direito que se confere a alguém, para que, por certo tempo, de forma inalienável e impenhorável, possa usufruir da coisa alheia como se fosse sua, contanto que não lhe altere a substância ou o destino, se obrigando a zelar pela sua integridade e conservação.”
De um lado têm-se o nu-proprietário, o qual detém o direito à substância da coisa e a expectativa de reobter o bem, por sua vez o usufrutuário possui o domínio útil da coisa, exercendo os direito de uso e gozo.
Basicamente, a principal distinção entre os dois institutos em comento, é de que na Constituição de Renda, o usuário toma propriedade do bem, e não apenas posse, enquanto no usufruto, ocorre justamente o inverso. 
Há de se falar também, que o usufruto não se configura como uma modalidade contratual, sendo apenas um Direito Real sobre coisa alheia.

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