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Conceito de Direito e Estrutura do CC/2002

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DISCIPLINA: Teoria Geral do Direito Civil
Professora: Ássima Farhat Jorge Casella
Conceito de direito. Estrutura e manuseio do CC/2002. (Lei 10.406/02)
Conceito de Direito
Há dificuldade de determinar um conceito imutável e completo para o que é o direito. O termo “direito” não é unívoco, mas relaciona-se à realidade que pretende retratar. O Direito enquanto compreendido como uma ciência dedica-se à elaboração de um conceito próprio, o que não é tarefa do Direito Civil.
No entanto, quando falamos em direito, pressupomos uma realidade determinada. Percebe-se que o direito só pode existir em função do homem, e este escolhe viver em sociedade para alcançar os seus objetivos. Diz-se que o homem é “essencialmente coexistência”, pois não existe apenas, mas coexiste, isto é, vive e constrói suas relações em companhia dos demais membros da sociedade.
Em razão disso, o homem começa a formar grupos sociais: família, escola, associações culturais, esportivas, religiosas, profissionais, etc. Se os indivíduos se relacionam entre si, se eles estabelecem relações em que coordenam esforços, compram e vendem produtos, celebram casamento/divórcio, etc, haverá a necessidade de coordenar estas relações por meio de um conjunto de normas de organização social.
Qual a função do Estado?
O Estado é uma organização territorial capaz de exercer seu poder sobre as associações e pessoas, regulando-as.
Qual a necessidade da existência de normas jurídicas, a necessidade do Direito?
 - A necessidade do Direito resulta da natureza social humana e na necessidade de organização no seio da sociedade.
Conceito de direito positivo: é o conjunto de normas, estabelecidas pelo poder político, que se impõem e regulam a vida social de um dado povo em determinada época. Portanto, é mediante normas que o direito pretende obter o equilíbrio social, impedindo a desordem e os delitos, procurando proteger a saúde e a moral pública, resguardando os direitos e a liberdade das pessoas.
Direito objetivo e direito subjetivo
Direito objetivo: complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação.
 
Direito subjetivo: é uma permissão dada por meio de norma jurídica, para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou não ter algo, ou, ainda, a autorização para exigir, por meio dos órgãos competentes do poder público ou por meio de processos legais, em caso de prejuízo. O adjetivo “subjetivo” refere-se ao fato de que as permissões, com base na norma jurídica e em face dos demais membros da sociedade, são próprias das pessoas que as possuem, podendo ser ou não usadas por elas.
*** A essa possibilidade de “acionar” o direito subjetivo, quando da vontade de seu titular, dá-se o nome de faculdade.
Direito público e direito privado:
Direito público: aquele ramo do direito que regula as relações em que o Estado é parte, ou seja, rege a organização e atividade do Estado considerado em si mesmo (direito constitucional), em relação com outro Estado (direito internacional), e em suas relações com os particulares, quando procede em razão de seu poder soberano e atua na tutela do bem coletivo (direito administrativo e tributário). 
Direito privado: disciplina as relações entre os particulares, nas quais predomina, de modo imediato, o interesse de ordem privada. 
O Direito privado, que será objeto de estudo de nossa disciplina, abrange o direito civil (regulamenta os direitos e deveres de todas as pessoas, enquanto tais, contendo normas sobre o estado, capacidade e as relações atinentes à família, às coisas, às obrigações e sucessões), direito comercial (empresarial), direito do trabalho (empregador e empregado) e direito do consumidor.
*** Características: baseia-se na igualdade jurídica das partes (sujeitos) e no poder de autodeterminação das partes.
*** Tendência atual: publicização do direito privado, em virtude da interferência do direito público nas relações jurídicas privadas (ex: normas de direito de família). Embora o direito objetivo constitua uma unidade, sua divisão em público e privado é aceita por ser útil e necessária, não só sob o prisma da ciência do direito, mas também sob o ponto de vista didático.
Norma jurídica 
Norma jurídica 
- É um dever ser: situa-se no âmbito da normatividade ética, indica que os comportamentos humanos devem ser assim. 
- Imperativa: porque imperar é impor um dever
- Prescritiva (elemento interno da norma)
- Atributiva: a qualidade inerente à norma jurídica de atribuir a quem seria lesado por sua eventual violação a faculdade de exigir do violador, por meio do poder competente, o cumprimento dela ou a reparação do mal sofrido.
- A questão da sanção: É consequência jurídica que o não cumprimento de um dever produz em relação ao obrigado.
Estrutura e manuseio do CC/2002 (lei 10.406/02)
Estrutura: livros, capítulos, etc.
Artigos (caput), parágrafos, incisos, alíneas.
Evolução do conceito de direito civil 
Romanos – direito da cidade que regia a vida dos cidadãos; idade média – assume uma configuração semelhante à do direito romano, com influência do direito canônico; idade moderna – passou a ser um ramo do direito privado, o mais importante, por regulamentar as relações entre os particulares. 
Já a partir do século XIX, por influência da codificação das leis francesas por Napoleão, o direito civil toma um sentido mais estrito para designar as instituições disciplinadas no Código Civil.
A partir desta época o direito passa a ser concebido como sistema, um conjunto unitário e coerente de princípios e normas jurídicas. A ideia de sistema permite uma compreensão melhor do direito, de ordem didática e para fins práticos.
A codificação consiste no agrupamento de normas jurídicas de mesma natureza em um corpo unitário e homogêneo. Serve para unificar e uniformizar a legislação vigente em determinada época, facilitando o seu conhecimento, dando-lhe mais certeza e estabilidade. Permite a elaboração de princípios gerais do ordenamento, que ditam a aplicação do direito. Por outro lado, a codificação dificulta o desenvolvimento do direito.
- O Código Civil francês é o primeiro das codificações modernas (1804). Ele influenciou a elaboração de códigos civis de vários países, tanto na Europa quanto nas Américas. Marcado pelo laicismo e por seu individualismo.[1: Laicismo teve seu ápice no final do século XIX e o início do século XX e pode ser entendido como uma corrente filosófica que defende na teoria e na prática a separação entre o Estado e a Igreja e comunidades religiosas, bem como a neutralidade do Estado com relação aos assuntos religiosos.]
Introdução: a ideia de codificação do Direito
Na história do Direito Brasileiro, as iniciativas de codificação tiveram início com a proclamação da independência política em 1822. Inicialmente, em 1823, vigeram entre nós as Ordenações Filipinas, de Portugal, até que se elaborasse o nosso código. Eram necessárias leis civis, criminais, etc.
Os primeiros projetos de Código Civil foram de Teixeira de Freitas, seguidas de várias comissões compostas de renomados juristas, mas que não obtiveram êxito.
Com a proclamação da República (1889), um projeto de código de autoria de Clóvis Beviláqua teve início em 1899, e ao final de 16 anos, foi promulgado em 1916, para passar a viger em 1º de janeiro de 1917.
Para a época, o código de 1916 era uma obra monumental. No entanto, a realidade social mostra-se dinâmica, e muitas vezes escapa do alcance das leis. Modificações, acréscimos ou completas reformulações são necessárias de tempos em tempos, pois é tarefa do direito acompanhar os desafios do meio social.
Uma série de questões surgiram a partir de 1916, e que alteraram profundamente os fatos sociais.
a) o serviço de locação deu lugar ao contrato de trabalho.
b) a propriedade assume, para além do caráter individualista, uma importante função social. 
c) o direito de família se alterou: união homoafetiva, a emancipação da mulher, os institutosde separação e divórcio, a questão da guarda dos filhos, os status dos filhos.
d) o direito sucessório, que enfrentou uma série de transformações advindas dos novos institutos da união estável.
- Como forma de atualizar o Código Civil de 1916, vários diplomas legais foram sendo publicados, que passaram a complementar o Código Civil. Leis que regem contratos de aluguel, o reconhecimento de filiação, os direitos autorais, a condição da criança e do adolescente regularam situações que o CC/1916 não tutelava.
O governo brasileiro, reconhecendo a necessidade de revisão do Código Civil, em virtude das transformações sociais e econômicas, resolveu por em execução um plano de reforma. Em 1961, foi criada uma comissão para elaborar um anteprojeto de novo código civil. Novo anteprojeto foi elaborado a partir de 1972, para que fosse consolidado em 1984. Após 26 anos de tramitação no Senado e na Câmara dos Deputados, foi finalmente aprovado em 2001, e publicado em 2002. O Código Civil de 2002 revogou o código de 1916 e toda a legislação contrária.
O CC/2002 preserva, em geral, a estrutura do CC/1916, além de atualizar os institutos e incorporar uma série de leis esparsas ao corpo da codificação.
O Código Civil de 2002 é dividido em duas partes:
Parte Geral: com base nos elementos do direito subjetivo, apresenta normas concernentes às pessoas, aos bens, aos fatos jurídicos, atos e negócios jurídicos, a teoria das nu lidades e princípios reguladores da prescrição e decadência. 
Objeto e função da parte geral
O Direito civil é tradicionalmente dividido em duas partes: uma Parte Geral e uma Parte Especial.
Na Parte Geral estão contemplados os sujeitos de direito (pessoas), o objeto do direito (bens jurídicos) e os fatos jurídicos.
•	Pessoa: inclui a pessoa natural e a pessoa jurídica, e a questão correlata do domicílio.
•	Responsabilidade civil: tanto de pessoas civis quanto de pessoas jurídicas.
•	Bens: agrupados em categorias, como bens móveis/imóveis, fungíveis/infungíveis, divisíveis/indivisíveis, dentre outros.
•	Fatos jurídicos: negócio jurídico, atos jurídicos lícitos, atos ilícitos, prescrição e decadência, prova.
*** A razão da existência de uma Parte Geral repousa na sua utilidade por conter normas aplicáveis a qualquer relação jurídica. O direito civil é muito amplo, e contempla muitos ramos, sendo imprescindível fixar-se os conceitos, categorias e princípios que são a base para todos os institutos do direito privado. A fixação destes elementos é condição essencial para a aplicação da parte especial.
Parte Especial: normas referentes aos seguintes temas:
a) Direito das obrigações: poder de constituir relações obrigacionais para a consecução de fins econômicos ou civis. 
b) Direito de empresa: rege o empresário, a sociedade, o estabelecimento e os institutos complementares.
c) Direito das coisas: referente à posse, à propriedade, aos direitos sobre as coisas alheias, de gozo, de garantia e de aquisição.
d) Direito de família: normas relativas ao casamento, à união estável, às relações entre cônjuges e conviventes, às de parentesco e à proteção de menores e incapazes.
e) Direito das sucessões: normas sobre a transferência de bens por força da herança e sobre o inventário e partilha.
Conceito de direito civil: é o ramo do direito privado destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se forma entre indivíduos encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade.
O direito civil é o depositário dos valores e das tradições nacionais, mantendo-se ao longo dos tempos como o produto da história cultural e social de um povo, o que não impede que se constitua, quando necessário, em instrumento de reforma e de institucionalização de processos de mudança social.
As estruturas jurídicas não são neutras, e os sistemas de direito não se constituem em instrumentos técnicos para fins de qualquer natureza, mas para a realização dos valores essenciais da sociedade de que emergem.
Para a organização do Direito Civil, existem alguns princípios essenciais:
a) personalidade: é a aceitação de que todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de serem humanos.
b) autonomia da vontade: é o reconhecimento da capacidade da pessoa humana, à qual é conferida o poder de praticar certos atos, ou deixar de realizar certos atos, conforme sua vontade.
c) liberdade de estipulação negocial: é a liberdade de outorgar direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem a negócios jurídicos.
d) propriedade individual: o ser humano amplia seus direitos sobre os bens móveis ou imóveis que passam a constituir seu patrimônio. Hoje em dia, o individualismo é temperado com preocupações de ordem ética.
e) intangibilidade familiar: a família é a expressão imediata de seu ser pessoal. 
f) legitimidade da herança e do direito de testar: é a aceitação de que, entre os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, se inclui o poder de transmiti-los, total ou parcialmente, a seus herdeiros.
g) solidariedade social: diante do direito de propriedade e dos contratos, há de se conciliar as exigências da coletividade com os interesses particulares.
Conteúdo do direito civil. Os institutos fundamentais.
Podemos agrupar em 3 segmentos as regras sobre a pessoa, a família e o patrimônio.
a) Pessoa (personalidade): 
A personalidade é, sob o ponto de vista jurídico, o conjunto de princípios e de regras que protegem a pessoa em todos os seus aspectos e manifestações. Compreende as normas sobre o princípio e o fim da existência, qualificação e exercício dos direitos das pessoas físicas e jurídicas.
O direito atribui a indivíduos ou a entidades criadas por ele a personalidade, que é o reconhecimento da pessoa como sujeito de deveres e direitos, a propriedade como direito de domínio limitado por uma função social e da autonomia privada como poder jurídico que os particulares têm, nos limites estabelecidos pelo Estado, de autorregularem, por sua própria vontade, relações jurídicas em que são parte, e que tem no contrato e no testamento suas principais e mais frequentes realizações.
b) Família:
É um instituto de importância singular para diversos ramos do conhecimento, inclusive para o Direito. É um conceito de que sofre permanentes mudanças, que entre os romanos significava a autoridade absoluta do homem e da hierarquia, e que em nossos tempos contempla a família reduzida, com igualdade entre pais e filhos.
Para o direito, a família é uma instituição, sendo um grupo social ordenado e organizado segundo disciplina própria que é o direito de família. É o conjunto de princípios e normas que disciplinam e organizam as relações entre os membros da mesma família, isto é, entre os cônjuges e entre os parentes. Normas sobre casamento, parentesco, proteção aos incapazes, tutela, dissolução da sociedade conjugal. É matéria de tamanha importância que é frequente a intervenção do poder público, reduzindo de modo substancial a margem de autonomia de vontade dos indivíduos.
c) Propriedade:
É instituto de importância basilar para o Direito Civil, sendo também regulado e protegido pela Constituição Federal. Consiste no poder jurídico de alguém usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los de quem injustamente os possua. Mas o proprietário também possui deveres. A propriedade é um dos institutos jurídicos que mais diretamente refletem as mudanças nas condições econômicas e sociais e, portanto, objeto de particular atenção dos historiadores, filósofos e economistas.
A ideia do social passa a prevalecer sobre a individual, de modo que há uma intervenção crescente dos poderes públicos nas relações dos indivíduos.

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