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Teoria em marx

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Universidade Federal de Alagoas
Professor Doutor Fernando Rodrigues
2015.1
Aluno: Ewerton Diego de Souza
Primeira Avaliação
1)	Através de uma análise inteiramente empírica, Marx, faz nos Manuscritos Econômicos-Filosóficos um estudo crítico da Economia Política.
Ao primeiro capítulo, Marx vai estabelecer suas premissas e pressupostos: "Partimos dos pressupostos da Economia Política. Aceitamos sua terminologia e suas leis. Aceitamos como premissas a propriedade privada, a separação do trabalho, capital e terra, assim como também de salários, lucro e arrendamento, a divisão do trabalho, a competição, o conceito de valor de troca, etc. Com a própria economia política, usando suas próprias palavras, demonstramos que o trabalhador afunda até um nível de mercadoria, e uma mercadoria das mais deploráveis; que a miséria do trabalhador aumenta com o poder e o volume de sua produção; que o resultado forçoso da competição é o acumulo de capital em poucas mãos, e assim uma restauração do monopólio da forma mais terrível; e, por fim, que a distinção entre capitalista e proprietário de terras, e entre trabalhador agrícola e operário, tem de desaparecer, dividindo-se o conjunto da sociedade em duas classes de possuidores de propriedades e trabalhadores sem propriedades."
Assim, ele já começa a esboçar seu raciocínio em relação a forma de propriedade social na sociedade burguesa "A economia Política parte do fato da propriedade privada; não o explica. Ela concebe o processo material da propriedade privada, como ocorre na realidade, por meio de fórmulas abstratas e gerais que, então, servem como leis. Ela não compreende essas leis; isto é, ela não mostra como surgem da natureza da propriedade privada. A Economia Política não dá nenhuma explicação da base para a distinção entre trabalho e capital, entre capital e terra. Quando, por exemplo, a relação entre salários e lucros é definida, isso é explicado em função dos interesses dos capitalistas; por outras palavras, o que devia ser explicado é admitido. Analogamente, a competição é referida a todos os pontos e explicada em função das condições externas. A Economia Política nada nos diz a respeito da medida em que essas condições externas, e aparentemente acidentais, são simplesmente a expressão de uma evolução necessária". 
Para superar o pensamento da Economia Política, Marx, já evidencia o caminho a se trilhar nos manuscritos "Justamente por deixar a Economia Política de entender as interconexões dentro desse movimento, foi possível opor a doutrina de competição à de monopólio, a doutrina de liberdade da profissão à das guildas, a doutrina de divisão da propriedade imobiliária a dos latifúndios; pois a competição, liberdade de ocupação e divisão da propriedade imobiliária foram concebidas tão-somente como consequências fortuitas produzidas pela vontade e pela força, em vez de consequências necessárias, inevitáveis e naturais do monopólio, do sistema de guildas e da propriedade feudal (...) Por isso, temos agora de apreender a ligação real entre todo esse sistema de alienação - propriedade privada, ganância, separação entre trabalho, capital e terra, troca e competição, valor e desvalorização do homem, monopólio e competição - e o sistema do dinheiro."
Surge então um conceito chave dos manuscritos de 1844 a "alienação"; conceito que é muitas vezes interpretado erroneamente, muitas vezes confundido com um outro conceito, estranhamento, que se relaciona com aquele primeiro. Para uma melhor compreensão deste estudo é necessário frisar aqui uma definição do conceito de alienação para Marx. 
O trabalho como objetivação e autodesenvolvimento humano, como mediação necessária do homem com a natureza, constitui a esfera ontológica fundamental da existência humana e, portanto, a base de todos os tipos e formas de atividades. Através do trabalho acontece uma dupla transformação: a da natureza exterior e inorgânica e da própria natureza do homem. Os objetos e as forças da natureza são transformados em meio, em objeto de trabalho. Esses objetos, da mesma forma produtos de trabalho, são por isso objetos humanizados. Não é simples natureza, mas natureza humanizada. "O produto do trabalho", evidencia Marx, "é o trabalho que se fixou num objeto, que se transformou em coisa fixa, é objetivação do trabalho. A realização do trabalho constitui simultaneamente a sua objetivação." A objetivação é uma "conditio sine qua non" da universalidade do trabalho, que traz necessariamente o momento da alienação; esta ocorre no momento positivo em que o produtor, através de seu trabalho entra em conexão com o produto de seu trabalho e com outros homens. Portanto, o homem só pode afirmar-se como ser genérico, mediante a atuação conjunta dos homens e pela manifestação de todas as suas forças genéricas, o que a princípio só pode ser feito sob a forma de alienação. A alienação é essencial para que o homem com a sua atividade objetiva, "a sua atividade como atividade de um ser objetivo". O objeto do trabalho é, pois, resultante da objetivação do gênero humano, uma vez que o homem se desdobra não apenas na consciência, intelectualmente, mas também ativamente, na realidade concreta; por isso o homem contempla a si não apenas nas formas que ele criou. O poder que o homem tem de objetivar-se, através de seu trabalho, é especificamente humano e manifesta-se como alienação de sua vida genérica e encerra características inerentemente humanas.
Tomando a propriedade privada como a forma social de propriedade na sociedade burguesa, neste âmbito, é que se produz o fenômeno geral do estranhamento, pelo qual as forças e os produtos se subtraem ao controle e ao poder dos indivíduos, transforma-se em forças contrapostas aos homens. Marx expõe quatro etapas no modo de produção em que ocorre esse fenômeno: 1) a do trabalhador com o seu produto, 2) do trabalhador com sua atividade produtiva, 3) do trabalhador com sua vida genérica e por último do trabalhador com os outros homens.
Marx descobre que o produto, resultado da objetivação do trabalho humano, deixa de ser para o trabalhador seu próprio ser objetivado para ser apenas um objeto estranho que o enfrenta, o escraviza. O objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, se lhe opõe como ser estranho, volta-se contra o seu produtor e passa a domina-lo. Assim, quanto mais objetos o trabalhador produzir tanto menos ele pode apropriar e mais se subjuga ao domínio do seu produto: quanto "mais refinado o seu produto, tanto mais deformado o trabalhador; quanto mais civilizado o produto tanto mais bárbaro o trabalhador". Tudo que significa produção pelo trabalho humano, consiste na explicitação do estranhamento do trabalhador com o seu produto.
Na medida em que o produto é estranho ao trabalhador, a própria atividade produtiva se torna alheia ao trabalhador. Nessa atividade, produzir, que é repetitiva, fatigante e negadora da essência humana, o trabalhador "não se afirma no trabalho, mas nega-se a si mesmo, não se ente bem, mas infeliz, não desenvolve livremente as energias físicas e mentais, mas esgota-se fisicamente e arruína o espírito". Por isso, o trabalhador só pode sentir-se em si fora do trabalho, por que neste está fora de si, agora sua realização se confirma nas funções puramente animais - comer, beber, procriar, etc. Marx sublinha: "o elemento humano torna-se animal e o animal humano". Consequentemente, quando o trabalhador se confronta com o trabalho estranhado o seu ser genérico converte-se num ser alheio a ele próprio.
O que se constata com relação ao estranhamento do homem frente a seu produto, configura-se também na relação do homem com outros homens. Marx diz: "quando o homem se contrapõe a si mesmo, entra igualmente em oposição com os outros homens". Este momento se evidencia pelo fato de que um certo número de homens produz para outros e por isso não têm o controle sobre o produto do seu próprio trabalho e pelo fato de um número reduzido de homens que não trabalham se apropriarem do produto alheio. Deste modo, pode-se dizer quetanto os trabalhadores quanto os capitalistas são estranhos um frente ao outro, porém, as consequências são diferentes: o estranhamento para o trabalhador aparece como miséria, sofrimento e desumanização e, enquanto para o capitalista, como riqueza, deleite e satisfação.
2)		Marx e Engels na obra A Ideologia Alemã, fazem uma contundente crítica ao sistema filosófico hegeliano: "Mesmo em seus mais recentes esforços, a crítica alemã não deixou o terreno da filosofia. Longe de examinar suas bases filosóficas gerais, todas as questões, sem exceção, que ela formulou para si brotaram do solo de um sistema filosófico determinado, o sistema hegeliano (...) para os jovens hegelianos, as representações, ideias, conceitos, enfim, os produtos da consciência aos quais eles próprios deram autonomia, eram considerados como verdadeiros grilhões da humanidade, assim como os velhos hegelianos proclamavam ser eles os vínculos verdadeiros da sociedade humana.".
Para esboçar uma nova teoria, um novo método, polemizam com a insistência dos jovens hegelianos em suas críticas das representações religiosas, conforme Marx e Engels, "... postulou-se o domínio da religião. E pouco a pouco, toda relação dominante foi declarada como relação religiosa transformada em culto: culto do direito, culto do Estado etc.". Finalmente concluem: "Os únicos resultados a que pôde chegar essa crítica filosófica foram alguns esclarecimentos históricos-religiosos (...) sobre o cristianismo; todas as suas outras afirmações não passam de novas maneiras de revestir de ornamentos suas pretensões de terem revelado descobertas de um grande alcance histórico - a partir de esclarecimentos insignificantes."
Depois de duras críticas à escola hegeliana, começam a esboçar o arquétipo do que será, n'O capital, o Materialismo Histórico: "A primeira condição de toda história humana é, naturalmente a existência de seres vivos. A primeira situação a constatar é, portanto, a constituição corporal desses indivíduos e as relações que ela gera entre eles e o restante da natureza. (...) pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião e por tudo que se queira. Mas eles próprios começam a se distinguir dos animais logo que começam a produzir seus meios de existência, e esse passo à frente é a própria consequência de sua organização corporal. Ao produzirem seus meios de existência, os homens produzem sua própria vida material."
Estudando as relações das produções do meio de existência, ou da vida material, Marx e Engels, chegam ao conceito de divisão do trabalho e a uma afirmativa " ... cada novo estágio da divisão do trabalho determina, igualmente, as relações dos indivíduos entre si no tocante à matéria, aos instrumentos e aos produtos do trabalho." 
Partindo a afirmativa acima referida, os autores elencam algumas formas de propriedade, cujo cada qual tem seu modo de produção determinado. A primeira forma da propriedade é a propriedade tribal, a segunda forma é a propriedade comunal e propriedade do Estado e ao lado da propriedade comunal, já se desenvolve a propriedade privada.
A propriedade tribal "corresponde àquele estágio rudimentar da produção em que um povo se alimenta da caça e da pesca, pastoreio ou, eventualmente, da agricultura. (...) A estrutura social, por isso mesmo, se limita a uma extensão da família...". A propriedade comunal e propriedade do Estado é "proveniente sobretudo da reunião de várias tribos em uma única cidade, por contrato ou por conquista, e na qual subsiste a escravidão". A propriedade privada se desenvolve primeiramente "mobiliaria e, mais tarde imobiliária, mas de modo limitado e subordinada à propriedade comunal. (...) essa forma é a propriedade privada do conjunto dos cidadãos ativos, obrigados, diante dos escravos, a conservar essa forma natural de associação. É por isso que toda a estrutura social nessa forma de associação se desagrega à medida que se desenvolve a propriedade privada, particularmente a imobiliária, e com ela se desagrega também o poder do povo. A divisão do trabalho já aparece, aqui, mais avançada."
Então, após, expor brevemente as relações, eis que surge a pedra angular do método materialista: "A produção das ideias, das representações e da consciência está, a princípio, direta e intimamente ligada à atividade material e ao comercio material dos homens; é a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comercio intelectual dos homens aparecem aqui ainda como emanação direta de seu comportamento material. O mesmo acontece com a produção intelectual tal como se apresenta na linguagem da política, nas das leis, da moral, da religião, da metafisica etc. de todo um povo. São os homens que produzem suas representações, suas ideias etc., mas os homens reais, atuantes, tais como são condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças produtivas e das relações que a elas correspondem, inclusive as mais amplas formas que estas podem tomar. (...) não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência."
"É aí que termina a especulação, é na vida real que começa, portanto, a ciência real, positiva, a análise da atividade pratica, do processo, do desenvolvimento prático dos homens. (...) com o conhecimento da realidade, a filosofia não tem mais um meio para existir autônoma. Em seu lugar poder-se-á no máximo colocar uma síntese dos resultados mais gerais que é possível abstrair do estudo do desenvolvimento histórico dos homens."
Depois de estabelecido o método foi preciso sistematizar o desenvolvimento materialista histórico do homem. Partindo de um princípio que já fora citado anteriormente, "a produção da própria vida material", encarada como um fato histórico que terá como consequência uma "produção de novas necessidades" o que constitui "o primeiro ato histórico." A terceira relação que compõe a base do método materialista é a família. "Esta família, que é inicialmente a única relação social, torna-se em seguida uma relação subalterna, quando as necessidades acrescidas geram novas relações sociais e o aumento da população gera novas necessidades; por conseguinte, deve-se tratar e desenvolver o tema família segundo os fatos empíricos existentes, e não segundo o "conceito de família", como se costuma fazer na Alemanha". Segundo os autores, esses "três momentos que coexistiram desde o começo da história e desde os primeiros homens e que ainda hoje se manifestam na história." Considerando a produção da vida pelo trabalho ou pela reprodução como uma relação social, decorre que um modo de produção determinado está ligado a um estágio social determinado o que é determinado pelos autores de "força produtiva", então determina-se "...a massa das forças produtivas acessíveis aos homens determina o estado social, e que se deve, por conseguinte estudar e elaborar incessantemente a "história dos homens" em conexão com a história da indústria e das trocas." O quinto elemento que aparece na aplicação do método é a consciência e a linguagem, sendo que para Marx e Engels "a linguagem é a consciência real, prática, que existe também para os outros homens, que existe, portanto, também primeiro para mim mesmo e, exatamente como a consciência, a linguagem só aparece com a carência, com a necessidade dos intercâmbios com os outros homens." O que nos leva outra vez à divisão do trabalho "A divisão do trabalho só se torna efetivamente divisão do trabalho a partir do momento em que se opera uma divisão entre o trabalho material e trabalho intelectual." 
Evidentemente o conceito de "divisão do trabalho" é um ator central no desenvolvimento e na aplicação do método materialista, afinal a propriedade privada, ou divisão do trabalho, implica a contradição entre o interesse do indivíduo isolado e o interesse coletivo. Essa definição traz a luz o conceito de Estado: "É justamente essa contradição entre o interesse particular e o interesse coletivo que leva o interesse coletivo a tomar, na qualidade de Estado, uma forma independente, separada dos interesses reaisdo indivíduo e do conjunto (...) segue-se que todas as lutas no âmbito do Estado, a luta entre a democracia, a aristocracia e a monarquia, a luta pelo direito de voto etc. etc., nada mais são que formas ilusórias sob as quais são travadas as lutas efetivas entre diferentes classes (...) segue-se também que toda classe que aspira à dominação, mesmo que essa dominação determina a abolição de toda a antiga forma social e da dominação em geral, como acontece com o proletariado, segue-se portanto que essa classe deve conquistar primeiro o poder político para apresentar por sua vez seu interesse próprio como sendo o interesse geral, sendo obrigada a isso no primeiro momento."
"Sendo o Estado, portanto, a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época, conclui-se que todas as instituições comuns passam pela mediação do Estado e recebem uma forma política. Daí a ilusão de que a lei repousa na vontade, e, mais ainda, em uma vontade livre, destacada da sua base concreta."
Através da leitura da obra 18 de Brumário de Luís Bonaparte, é possível fazer um levantamento teórico metodológico que devemos perceber no texto de Marx e procurar apreender para analise político e social aplicando o conceito materialista de Estado, esboçado na Ideologia Alemã, e considerando os interesses coletivos, que tendem a ser os interesses da classe dominante.
Cada etapa é periodizada conforme a presença das classes e de seus representantes na arena da disputa política que é pensada não só em termos de presença de atores em órgãos e estancias do Estado, mas, também levando-se em conta sua ação militar, isto é, levantes e mobilizações e sua ação ideológica, especialmente a intervenção por meio de jornais - disputa ideológica. "Enquanto o proletariado de Paris deleitava-se ainda ante a visão das amplas perspectivas que se abriam diante de si e se entregava a discussões sérias sobre os problemas sociais, as velhas forças da sociedade se haviam agrupado, reunido, concertado e encontrado o apoio inesperado da massa da nação: os camponeses e a pequena burguesia, que precipitaram de golpe sobre a cena política depois que as barreiras da monarquia caíram por terra."
Metodologicamente Marx articula questões econômicas, sociais e política sem determinismos mecânicos, e preservando a autonomia de cada esfera quando afirma que a burguesia abriu mão de seu poder político direto em favor de seu domínio econômico quando se joga nos braços de Napoleão. Essa questão também aparece quando Marx coloca as divergências entre a burguesia e seus representantes políticos e parlamentares ou quando destaca a identidade de interesses Orleanistas e legitimistas, apesar das divergências políticas. 'O período compreendido de 20 de dezembro de 1848 à dissolução da Assembleia Constituinte em maio de 1849, abrange a história do ocaso dos republicanos burgueses. Após terem fundado uma república para a burguesia, expulsado do campo de luta o proletariado revolucionário e reduzido momentaneamente ao silêncio a pequena burguesia democrática, são eles mesmos postos de lado pela massa da burguesia, que com justa razão reclama essa república como sua propriedade. Essa massa era, porém, monárquica. Parte dela, latifundiários, dominara durante a Restauração e era, portanto, legitimista. A outra parte, os aristocratas da finança e os grandes industriais, havia dominado durante a monarquia de julho e era, consequentemente, Orleanistas. Os altos dignitários do exército, da universidade, da igreja, da justiça, da academia e da imprensa podiam ser encontrados dos dois lados, embora em proporções várias. Aqui, na república burguesa, que não ostentava nem o nome de Bourbon nem o nome de Orléans, e sim o nome de Capital, haviam encontrado a forma de governo na qual podiam governar conjuntamente."
Marx supera o formalismo politicista quando explicita as contradições dos poderes legislativo e executivo a partir dos distintos interesses de classe e não em teorias abstratas de divisão dos poderes; a mesma compreensão aparece na avaliação dos interesses sociais em torno dos distintos tipos de regime que ele qualifica como "formas do domínio político". "Esta Constituição, tornada inviolável de maneira tão engenhosa, era, contudo, como Aquiles, vulnerável em uni ponto; não no calcanhar, mas na cabeça, ou por outra, nas duas cabeças em que se constituiu: de um lado, a Assembleia Legislativa, de outro, o Presidente. Um exame da Constituição revelará que só os parágrafos onde é definida a relação do Presidente com a Assembleia Legislativa são absolutos, positivos, não contraditórios, e sem tergiversação possível. Pois os republicanos burgueses tratavam, aqui, de garantir sua posição. Os parágrafos 45 a 70 da Constituição acham-se redigidos de tal maneira que a Assembleia Nacional tem poderes constitucionais para afastar o Presidente, ao passo que este só inconstitucionalmente pode dissolver a Assembleia Nacional, suprimindo a própria Constituição. Ela mesma provoca, portanto, a sua violenta destruição. Não só consagra a divisão dos poderes, tal como a Carta de 1830, como a amplia a ponto de transformá-la em uma contradição insustentável. O jogo dos poderes constitucionais, como Guizot denominava as contendas parlamentares entre o Poder Legislativo e o Executivo, é, na Constituição de 1848, constantemente jogado va-banquenot4. De um lado estão 750 representantes do povo, eleitos por sufrágio universal e reelegíveis; constituem uma Assembleia Nacional incontrolável, indissolúvel, indivisível, uma Assembleia Nacional que desfruta de onipotência legislativa, decide em última instância sobre as questões de guerra, de paz e tratados comerciais, possui, só ela, o direito de anistia e, por seu caráter permanente, ocupa perpetuamente o proscênio. Do outro lado está o Presidente, com todos os atributos do poder real, com autoridade para nomear e exonerar seus ministros independentemente da Assembleia Nacional, com todos os recursos do Poder Executivo em suas mãos, distribuindo todos os postos e dispondo, assim, na França, da existência de pelo menos um milhão e meio de pessoas, pois tantos são os que dependem das 500 mil autoridades e funcionários de todas as categorias. Tem atrás de si todo o poder das forças armadas. Goza do privilégio de conceder indulto individual aos criminosos, suspender a Guarda Nacional, destruir, com o beneplácito do Conselho de Estado, os conselhos gerais, cantonais e municipais eleitos pelos próprios cidadãos. A iniciativa e a direção de todos os tratados com países estrangeiros são faculdades reservadas a ele. Enquanto a Assembleia permanece constantemente em cena exposta às críticas da opinião pública, o Presidente leva uma vida oculta nos Campos Elíseos, com o Artigo 45 da Constituição diante dos olhos e gravado no coração, a gritar-lhe diariamente: Frére, il faut mourir! Teu poder cessa no segundo domingo do lindo mês de maio, no quarto ano após a tua eleição! Tua glória terminará então, a peça não é representada duas vezes, e se tens dívidas, cuida a tempo de saldá-las com os 600 mil francos que a Constituição te concede, a menos que prefiras ser recolhido a Clichy na segunda-feira seguinte ao segundo domingo do lindo mês de maio! - Assim, enquanto a Constituição outorga poderes efetivos ao Presidente, procura garantir para a Assembleia Nacional o poder moral. À parte o fato de que é impossível criar um poder moral mediante os parágrafos de uma lei, a Constituição mais uma vez se anula ao dispor que o Presidente seja eleito por todos os franceses, através do sufrágio direto. Enquanto os votos da França são divididos entre os 750 membros da Assembleia Nacional, são aqui, pelo contrário, concentrados em um único indivíduo. Enquanto cada representante do povo representa apenas este ou aquele partido, esta ou aquela cidade esta ou aquela cabeça de ponte, ou até mesmo a mera necessidade de eleger algum dos 750 candidatos, sem levar na devida consideração nem a causa nemo homem, ele é o eleito da nação e o ato de sua eleição é o trunfo que o povo soberano lança uma vez em cada quatro anos. A Assembleia Nacional eleita está em relação metafísica com a Nação ao passo que o Presidente eleito está em relação pessoal com ela. A Assembleia Nacional exibe realmente, em seus representantes individuais, os múltiplos aspectos do espírito nacional, enquanto no Presidente esse espírito nacional encontra a sua encarnação. Em comparação com a Assembleia ele possui uma espécie de direito divino; é Presidente pela graça do povo."
Apesar de compreender a luta política a partir do antagonismo entre burguesia e proletariado, Marx leva em consideração a presença e iniciativa de inúmeras classes e frações de classe como a burguesia financeira e a burguesia industrial. Entre essa e grande propriedade convertida em fração burguesa pelo próprio desenvolvimento capitalista da agricultura, entre essas e a pequena burguesia, identificada pelo partido democrático, entre todos e os pequenos camponeses. Essas classes são capazes de alterar o ritmo da luta de classes fundamentais e até de lidera-las em determinado momento, beneficiando-se do seu antagonismo. "A burguesia francesa rebelou-se contra o domínio do proletariado trabalhador; levou ao poder o lúmen proletariado tendo à frente o chefe da Sociedade de 10 de Dezembro. A burguesia conservava a França resfolegando de pavor ante os futuros terrores da anarquia vermelha; Bonaparte descontou para ela esse futuro quando, a 4 de dezembro, fez com que o exército da ordem, inspirado pela aguardente, fuzilasse em suas janelas os eminentes burgueses do Bulevar Montmartre e do Bulevar des Italiens. A burguesia fez a apoteose da espada; a espada a domina. Destruiu a imprensa revolucionária; sua própria imprensa foi destruída. Colocou as reuniões populares sob a vigilância da polícia; seus salões estão sob a Guarda Nacional democrática; sua própria Guarda Nacional foi dissolvida. Impôs o estado de sítio; o estado de sítio foi-lhe imposto. Substituiu os júris por comissões militares; seus júris são substituídos por comissões militares. Submeteu a educação pública ao domínio dos padres; os padres submetem-na à educação deles. Desterrou pessoas sem julgamento; está sendo desterrada sem julgamento. Reprimiu todos os movimentos da sociedade através do poder do Estado; todos os movimentos de sua sociedade são reprimidos pelo poder do Estado. Levada pelo amor à própria bolsa, rebelou-se contra seus políticos e homens de letras; seus políticos e homens de letras foram postos de lado, mas sua bolsa está sendo assaltada agora que sua boca foi amordaçada e sua pena quebrada. A burguesia não se cansava de gritar à revolução o que Santo Arsênio gritou aos cristãos: Fuge, tace, quíesce! (Foge, cala, sossega!) Agora é Bonaparte que grita à burguesia: Fuge, tace, quiesce!"
De modo algum a análise do bonapartismo parte do pressuposto de que existe um equilíbrio entre burguesia e proletariado na disputa do estado, ao contrário desde as jornadas de junho de 1848 o proletariado é derrotado emergindo posteriormente na cena política como aliado subalterno da pequena burguesia e apenas como ameaça potencial em caso de desagregação da ordem. As forças da burguesia preservaram seu domino geral todo o tempo, apesar de demonstrar profunda incapacidade de preservar seu predomínio político direto. Essa incapacidade se deveu não só a ausência da unidade das frações burguesas em torno de uma perspectiva comum, republica, monarquia ou ditadura de Bonaparte, mas a própria inviabilidade de seu domínio direto por meio da república parlamentar, pois essa última implicaria na possibilidade de participação política do proletariado por meio de eleições. "No umbral da Revolução de Fevereiro, a república social apareceu como uma frase, como uma profecia. Nas jornadas de junho de 1848 foi afogada no sangue do proletariado de Paris, mas ronda os subsequentes atos da peça como um fantasma. A república democrática anuncia o seu advento. A 13 de junho de 1849 é dispersada juntamente com sua pequena burguesia, que se pôs em fuga, mas que na corrida se vangloria com redobrada arrogância. A república parlamentar, juntamente com a burguesia, apossa-se de todo o cenário; goza a vida em toda a sua plenitude, mas o 2 de dezembro de 1851 a enterra sob o acompanhamento do grito de agonia dos monarquistas coligados: “Viva a República!""
3)	"Minha investigação desembocou no seguinte resultado: relações jurídicas, tais como formas de Estado, não podem ser compreendidas, nem a partir de si mesmas, nem a partir do assim chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas, pelo contrário, elas se enraízam nas relações materiais da vida (...) a anatomia da sociedade burguesa deve ser procurada na Economia Política".
Fazendo a crítica da Economia Política, Marx, distingue claramente dois momentos no processo do conhecimento: o primeiro, que parte do todo concreto e chega ao conhecimento abstrato de suas partes e o segundo, que parte das abstrações feitas pelo pensamento e retorna ao todo concreto, agora reconstruído pelo pensamento. No primeiro momento, "a representação plena volatiza-se em determinações abstratas; no segundo, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto por meio do pensamento."
O segundo momento, que vai do abstrato à reconstrução do todo, é o que Marx chama de "método cientificamente exato". Evidentemente trata-se do materialismo histórico, que considera o mundo uma totalidade complexa, "Os pressupostos de que partimos não são pressupostos arbitrários, dogmas, mas pressupostos reais, de que só se pode abstrair na imaginação. São os indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de vida, tanto aquelas por eles já encontradas como as produzidas por sua própria ação. Esses pressupostos são, portanto, constatáveis por via puramente empírica."
Uma vez identificado o, materialismo histórico, método, cujo qual exige que se examinem os fenômenos, não só do ponto de vista de suas relações mútuas e de seu mútuo condicionamento, mas também do ponto de vista de seu movimento, de suas transformações e de seu desenvolvimento. Chegaremos à sociedade burguesa moderna, "a sociedade, até hoje, desenvolveu-se sempre no quadro de um antagonismo [Gesensatz] que, na Antiguidade, se dava entre homens livres e escravos, na Idade Média entre a nobreza e os servos e que, nos tempos modernos, opõe a burguesia e o proletariado."
Com a redução do método a um antagonismo, na nossa sociedade, entre burguesia e proletariado é possível encontrar explicitamente a presença do método materialista no Manifesto do Partido Comunista. "O que demonstra a história das ideias senão que a produção intelectual se modifica à proporção que se modifica a produção material? As ideias dominantes de uma época são sempre as ideias da classe dominante. Quando se fala de ideias que revolucionam a sociedade, isso quer dizer que dentro da velha sociedade surgem elementos de uma nova sociedade, e que as dissoluções das antigas ideias acompanham a dissolução das antigas condições de vida. Quando o mundo antigo declinava, as religiões foram substituídas pelo cristianismo; quando, no século XVIII, as ideias cristãs cederam lugar ao racionalismo, a sociedade feudal travava sua batalha fatal com a burguesia, então revolucionária. As ideias de liberdade religiosa e de liberdade de consciência foram apenas a expressão do império da livre concorrência no domínio do conhecimento (...), mas, fosse qual fosse a forma que esses antagonismos tomaram, um fato é comum a todas as épocas, isto é, a exploração de uma parte da sociedade por outra. Portanto, não é espantoso que a consciência social de todos os séculos, a despeito de sua multiplicidade e variedade, se tenha movido sempre dentro de certas formas comuns, ou ideias gerais, que só podem desaparecer com o desaparecimento dos antagonismos de classes."
A interpretação do caráter que tem da dinâmica histórica só pode ser revolucionária, afinal, sempre que é possível evidenciaro método materialista nas obras de Marx nota-se: o homem como ator central do desenvolvimento humano, o trabalho como essência do homem e da propriedade privada, essência subjetiva no segundo caso, antagonismo de classes, etc. etc.
É claro e objetivo que o desenvolvimento do método do materialismo histórico, assim como toda a história por sua dinâmica revolucionária, aperfeiçoará a cada analise. Não é diferente com o pensamento de Marx, por isso é preciso ter como ponto de partida o estabelecimento da natureza de seu pensamento, a sua arquitetura fundamental e só depois compreender a problemática através desse fio condutor. Até por que o sentido de qualquer questão só aparece quando ela (questão) for remetida à arquitetura do conjunto da obra de Marx.

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