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Durkheim sociologia e filosofia

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Há no pensamento de Durkheim, além de um positivismo constante e persistente, a ideia de que a sociedade é o lar do ideal e também o objeto real da fé moral e religiosa. A sociedade concreta observável não pode ser confundida com a sociedade do abrigo do ideal, e menos ainda com a sociedade objeto das aspirações e crenças mais elevadas. 
Qualquer crítica de Durkheim precisa insistir nesta dualidade de sentido da própria noção de sociedade, termo que pode ser interpretado, de acordo com os textos, ora como o meio ou conjunto social observado do exterior, ora com a fonte do ideal, objeto de respeito e amor.
Na primeira acepção, a sociedade é definida como meio social e considerada como aquilo que determina os outros fenômenos. Durkheim insiste, com razão, no fato de que as várias instituições, família, crime, educação, política, moral, religião, são condicionadas pela organização da sociedade. Cada tipo social tem seu tipo de família, de educação, de Estado, de moral, mas tende a tomar o meio social como realidade total, quando este é uma categoria analítica, e não uma causa última.
Durkheim se inclina a ver o meio social como uma realidade de sui generis, objetiva e materialmente definida quando na verdade ele é apenas uma representação intelectual. 
Durkheim se exprime muitas vezes como se o meio social fosse suficientemente determinado para que se pudesse, conhecendo-o, precisar as instituições que lhe são necessárias.
A classificação das sociedades segundo seu grau de complexidade dava a Durkheim a possibilidade de uma distinção, que prezava muito, entre os fenômenos superficiais, que deixava à história, e os fenômenos profundos, que pertenceriam essencialmente à sociologia. Durkheim pensava ter encontrado o meio de separar os fenômenos fundamentais da estrutura ou da integração social, que pertencem ao campo da sociologia, dos outros fenômenos mais superficiais, como os regimes políticos que pertencem ao campo da ciência histórica, e não obedecem a leis escritas.
Esta classificação das sociedades, que leva à oposição do profundo e do superficial, do tipo social e dos fenômenos históricos é provocada por uma ilusão, positivista ou realista, segundo a qual uma classificação das sociedades, e uma só, é válida, em termos absolutos.
Segundo Durkheim, só a integração na sociedade faz do homem um animal diferente dos outros. A sociedade é certamente uma condição necessária ao desenvolvimento da humanidade, da espécie humana, mas esta condição necessária ao desenvolvimento da humanidade, da espécie humana, mas esta condição só é suficiente na medida em que o homem animal é dotado de capacidades que as outras espécies não possuem.
A moral, a linguagem e a religião comportam uma dimensão social. Todos os fatos humanos apresentam um aspecto social, isto não quer dizer, contudo, que estes fatos humanos sejam essencialmente sociais, ou que a significação verdadeira do fenômeno considerado resulte da sua dimensão social. Segundo Durkheim, só pode haver uma moral se a sociedade for em si mesma carregada de um valor superior aos indivíduos.
Sua ideia é a seguinte: um ato só é moral se tem por objeto uma pessoa que não a do seu autor. Durkheim afirma que, se um ato que tem por objeto minha própria pessoa não pode ser moral, um ato que tenha outra pessoa por objeto também não poderia sê-lo. É o desprendimento e o devotamento a outrem que tornam o ato moral, não o valor realizado no objeto do ato. Durkheim toma não tanto a religião, mas uma concepção vulgar de religião. Quer que os valores superiores existam antecipadamente em Deus, e que os valores realizados pelos homens dependam dos valores possuídos antecipadamente pelo ser transcendente.
Se não estabelecermos com precisão o que entendemos por sociedade, a concepção de Durkheim pode levar, ou parecer levar, ás pseudo-religiões da nossa época, à adoração de uma coletividade nacional pelos seus próprios membros. A própria possibilidade deste mal-entendido mostra o perigo de usar o conceito de sociedade sem uma especificação.
Certas instituições profundas de Durkheim, sobre as relações entre a ciência, a moral e a religião, por um lado e o contexto social, por outro. Segundo Durkheim, as diferentes atividades do homem se diferenciaram progressivamente no curso da história, quando Durkheim esboça uma teoria sociológica do conhecimento e da moral, essa teoria deveria resultar da análise objetiva das circunstancias sociais que influenciam o desenvolvimento das categorias cientificas e das noções morais. 
Durkheim pretende que o ideal moral seja um ideal social, que a sociedade confira seu valor à moral. Ou chegamos indiretamente à ideia de que a sociedade, considerada globalmente, implica uma certa moralidade e, neste caso, surge a objeção: uma moral determinada e única não resulta necessariamente de uma determinada estrutura social; ou então, entendemos que nossa vontade moral é comandada por uma vontade social, mas a afirmativa pode ser invertida: escolhemos um objetivo social ou político em função de um ideal moral.
O caráter filosófico da sociologia de Durkheim explica a violência das paixões que levantou, há pouco mais de meio século. Quando afirmava não encontrar diferença entre a divindade e a sociedade, esta afirmativa, que para ele era respeitosa com relação à religião, parecia a alguns atentatória aos valores religiosos. Assim se explica porque hoje ainda o pensamento de Durkheim é interpretado de tantas maneiras diferentes.
A norma social cuja autoridade convém reforçar não só autoriza o indivíduo a se realizar livremente, mas considera dever de cada um a utilização do próprio julgamento e a afirmação da sua autonomia. Conforme se dê maior ênfase ao reforço das normas pessoais ou ao desenvolvimento da autonomia individual, a interpretação será conservadora ou, ao contrário, racionalista e liberal.
Segundo as ideias de Durkheim, a sociologia justifica o individualismo racionalista e prega, ao mesmo tempo, o respeito pelas formas coletivas.

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