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Parte 6 Condicao corporal

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Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 112
14 ESCORE DA CONDIÇÃO CORPORAL 
 A condição corporal é determinada pela musculatura e gordura de cobertura ou 
subcutânea perceptível pelo exterior do animal, especialmente em alguns pontos 
localizados, pela simples observação de uma pessoa experiente, de olhos treinados e 
pela palpação. Quando o animal está muito magro, as pontas dos ossos ficam evidentes 
superficialmente e a pele aderida, enquanto o contrário, quando o animal está muito 
gordo, as pontas desaparecem e alguns pontos do animal ficam estufados e com 
depósitos de gordura. O escore da condição corporal é uma medida subjetiva, é um 
avaliador do grau de cobertura em que o animal se encontra. 
 As reservas corporais de energia podem ser estimadas através da avaliação 
visual, uma vez que o escore da condição corporal é altamente correlacionado com a 
quantidade de gordura corporal depositada. Por isso é uma forma relativamente 
segura de se avaliar o estado nutricional do rebanho e pode ser adotado como prática 
de manejo em qualquer propriedade, já que não há necessidade da utilização de 
balança, apenas treinamento de pessoal. Os maneios são também indicadores de 
escore corporal se o animal estiver obeso, como também indicam a qualidade e o 
rendimento da carcaça em animais de corte. 
 A determinação do escore da condição corporal estima a eficiência reprodutiva 
do rebanho, auxiliando na correlação entre a produção hormonal e a nutrição, bem 
como na avaliação do impacto econômico relativo às práticas nutricionais utilizadas. 
Avaliadores diferentes repetem entre si a mesma nota de escore para um mesmo 
animal. 
 Há várias escalas para avaliação da condição corporal, algumas aceitando notas 
intermediárias, mas no Brasil se utilizam duas escalas, uma escala americana para 
gado de leite que fica entre 1 e 5 e outra para gado de corte que fica na faixa de 1 a 
9 (NICHOLSON e BUTTERWORTH, 1986). Os valores de 1 a 9 podem ser 
subdivididos em três categorias, L de lean (magro), M de medium (médio) e F de fat 
(gorda) e em três escores por categoria como segue: L+, L, L-; M+, M, M- e F+, F, F-. 
Pode-se ainda incluir valores intermediários, em caso de dificuldade de 
enquadramento em escore de valor inteiro, tanto na escala de 1 a 9 (gado de corte), 
quanto na escala de 1 a 5 (gado de leite), que é uma adaptação da escala inglesa. 
 A avaliação deve ser realizada no meio da gestação com atenção às novilhas e 
vacas primíparas, uma vez que nessas categorias as exigências nutricionais são 
maiores devido ao crescimento e gestação. Uma estação de monta de curta duração 
no gado de corte permitirá um período de maior exigência nutricional e de maior 
disponibilidade e qualidade de forragens. 
 Godoy et al. (2004) verificaram que a suplementação pré e pós-parto melhorou 
a condição corporal de vacas da raça Guzerá, embora não tenha sido viável 
economicamente naquelas condições experimentais. Independente dos resultados 
alcançados pelos autores, verificou-se a tendência de perda de peso logo após o parto 
e lenta recuperação na fase seguinte (Figura 1) semelhante ao que acontece com vacas 
leiteiras. 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 113
 
FIGURA 1- Peso corporal de vacas da raça Guzerá no período pós-parto submetidas à 
suplementação antes (PRÉ), após o parto (PÓS) e sem suplementação (SS). 
 
 
VANTAGENS 
A técnica da determinação da condição corporal traz benefícios no bem–estar 
animal uma vez que as dificuldades reprodutivas e as perdas de bezerros são 
reduzidas, na criação e manejo, considerando que as dietas podem ser formuladas de 
acordo com as necessidades da vaca e do bezerro e no desempenho, onde é necessário 
encontrar o equilíbrio entre a economia de alimentação, a produção e o bem-estar 
animal. A determinação do escore corporal permite: 
• a comparação rápida, segura e simples de rebanhos ou de animais sob 
diferentes condições de manejo, ambiente ou tratamento; 
• o estabelecimento de correlações entre taxas de concepção, disponibilidade de 
recursos, peso e rendimento de carcaça; 
• a seleção de matrizes em programas de reprodução e melhoramento; 
• a decisão quanto à suplementação alimentar em épocas de escassez de 
forragem; 
• o manejo de animais de engorda e 
• a compra e venda de animais em pé. 
 
PONTOS NO ANIMAL PARA DETERMINAÇÃO DO ESCORE 
 A inclusão dos animais nas categorias é baseada na apreciação visual, mas 
pode-se usar a palpação manual, principalmente da garupa, lombo e região da cauda. 
Os principais locais de observações (Figuras 2 e 3) são: 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 114
• processo transverso da coluna vertebral (vértebras lombares, na altura do 
vazio); 
• ossatura da bacia, íleos, ísquios e costelas; 
• forma da musculatura correspondente às ancas (côncava, plana ou convexa); 
• forma da musculatura do coxão; 
• cobertura muscular na região dorso-lombar (espinhas dorsais); 
• cobertura da paleta; 
• cupim, pescoço e maçã do peito e 
• inserção da cauda. 
 Processo transverso 
 Tuberosidades do ísqueo e do íleo 
 
FIGURA 2 -Locais de avaliação do escore da condição corporal 
 
 
 A avaliação deve ser feita de preferência pela manhã, após jejum de água e 
alimento. O escore é mais preciso para animais adultos, nos quais é mais fácil a análise 
da cobertura muscular e da deposição de gordura. 
 Portanto, para o gado de corte a condição corporal ideal de vacas ao parto 
encontra-se ao redor de 5 para obtenção de melhor taxa de prenhez e menor 
intervalos de partos ou pelo menos na faixa de 5 a 7 para que a recuperação da 
condição corporal seja mais fácil no início da estação de monta. Escore acima de 7 
representa um custo elevado, isto é, o alimento concentrado está sendo fornecido em 
demasia e ainda pode reduzir as taxas de concepção. Segundo Santos et al. (2009) as 
vacas de corte devem ter um escore corporal de 5,5 no período pré-parto para se 
obter probabilidade de parições acima de 80 %. 
 Um exemplo de caracterização de escore corporal pela identificação dos locais 
pelo exterior do animal está exibido abaixo (Figura 3). 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 115
 Processo Vazio muito Costelas muito Cernelha 
 transverso nítido profundo visíveis muito magra 
 
 FIGURA 3 – Locais de definição do escore da condição corporal. 
 
 
14.1 ESCORE DA CONDIÇÃO CORPORAL EM GADO DE CORTE 
1 Debilitada (L-) 
Vaca extremamente magra, sem nenhuma gordura detectável sobre os 
processos vertebrais espinhosos e transversos, sobre os ossos da bacia e costelas. A 
inserção da cauda e as costelas estão bastante proeminentes. Processo de emaciação 
acentuado. 
 
Barbela 
muito fina 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 116
 
Escore 1 (L−) 
 
 
2 Pobre (L) 
 Vaca muito magra, inserção da cauda e costelas estão menos projetadas. Os 
processos espinhosos continuam, mas já se nota alguma cobertura de tecido sobre a 
coluna vertebral. Processo transverso proeminente e espinhas dorsais acentuadas. 
 
Escore 2 (L) 
 
Condição corporal 1 
Condição corporal 2 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 117
3 Magra (L+) 
 Costelas ainda individualmente perceptíveis, mas não tão agudas ao toque. 
Existe gordura palpável sobre a espinha e sobre a inserção da cauda e alguma 
cobertura sobre os ossos da bacia. Processo transverso ainda visível. 
 
Escore 3 (L+) 
 
 
4 Limite (M-) 
 Costelas não são tão óbvias. Os processos espinhosos podem ser identificados 
com um toque, mas percebe-se que estão mais arredondados. Pouca gordura sobre as 
costelas, processos transversos e ossos da bacia. Inserçãoda cauda com enchimentos 
levemente sentidos. Processos no lombo podem ser sentidos, aparência é arredondada. 
Sobre as costelas a gordura pode ser sentida. 
 
 
Condição corporal 3 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 118
 
Escore 4 (M−) 
 
 
5 Moderada (M) 
 Boa aparência geral. À palpação a gordura sobre as costelas parece esponjosa 
e as áreas nos dois lados da inserção da cauda apresentam gordura palpável. Costelas 
ainda visíveis, espinhas dorsais vistas com dificuldades. 
 
 
Condição corporal 4 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 119
 
Escores 5 (M) 
 
 
6 Moderada Boa (M+) 
 É preciso aplicar pressão firme sobre a espinha para sentir os processos 
espinhosos. Há bastante gordura palpável sobre as costelas e ao redor da inserção da 
cauda. 
 
 
Escore 6 (M+) 
 
 
 
Condição corporal 5 
Condição corporal 6 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 120
7 Boa (F-) 
 Vaca com aparência gorda e carrega uma grande quantidade de gordura. Sobre 
as costelas sente-se uma cobertura esponjosa evidente e também ao redor da 
inserção da cauda. De fato começam a aparecer "cintos" e bolos de gordura. Já se 
nota alguma gordura ao redor da vulva e na virilha. 
 
 
Escore 7 (F−) 
 
 
8 Gorda (F) 
 Vaca muito gorda. É quase impossível palpar os processos espinhosos. A vaca 
possui grandes depósitos de gordura sobre as costelas na inserção de cauda e abaixo 
da vulva. Os "cintos" e "bolos" de gordura são evidentes. O processo transverso não 
pode ser visto ou sentido. 
 
 
Condição corporal 7 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 121
 
Escore 8 (F) 
 
 
9 Extremamente gorda (F+) 
 Vaca obesa com a aparência de um bloco. Os "cintos" e "bolos" de gordura 
estão projetados. A estrutura óssea não está muito aparente e é difícil de senti-la. A 
mobilidade do animal está comprometida pelo excesso de gordura. Inserção da cauda, 
maçã do peito, espinhas dorsais, costelas, íleos e ísquios estão cobertos de gordura. 
 
 
Escore 9 (F+) 
 
Condição corporal 8 
Condição corporal 9 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 122
14.2 ESCORE DA CONDIÇÃO CORPORAL EM GADO DE LEITE 
 A avaliação da condição corporal é uma técnica utilizada para determinar o 
escore corporal de bovinos em intervalos regulares de tempo. Uma vaca com escore e 
dieta adequados em cada estágio do ciclo é um instrumento de correções de 
deficiências do rebanho. Vacas amamentando podem depositar gordura quando o 
alimento é abundante, mobilizando-o se estiver com deficiência nutricional. Em geral, 
alimentos fornecidos em excesso no final da gestação aumentarão o peso ao nascer do 
bezerro, mas podem conduzir a dificuldades no parto sem melhorias na condição 
corporal das vacas. Um nível baixo de alimentação no período de serviço pode 
ocasionar uma baixa eficiência reprodutiva. A detecção do problema deverá ser 
corrigida imediatamente em cada ciclo para que não ocorram problemas metabólicos. 
Os ciclos ocorrem, em geral, antes da parição, na parição, no período de serviço, 
durante a lactação e na secagem. A obtenção do escore se faz em momentos 
específicos, cujos procedimentos são mais facilmente obtidos quando o gado é 
manejado rotineiramente. 
 O escore é utilizado na avaliação preliminar da função ovariana de vacas e 
novilhas. Embora subjetivo, auxilia na identificação de vacas que não estão 
apresentando cio e que necessitam de manejo alimentar especial. 
 Vacas de alta produção em lactação são susceptíveis às doenças metabólicas 
pela ocorrência de balanço nutricional negativo no início da lactação ou devido à 
superalimentação no período seco, bem como por práticas equivocadas de manejo em 
qualquer fase do ciclo da vaca leiteira. Essas complicações dificilmente ocorrem em 
vacas de baixa ou média produção, cujo período de lactação não alcança os 300 dias. 
Considerando a raça Holandesa, o ciclo se inicia com a concepção e período de 
gestação de 280 dias (taurinos). Com o nascimento do bezerro inicia-se o período de 
lactação e o pico da produção ocorre entre a quarta e oitava semana, dependendo da 
produtividade e da persistência de produção de cada vaca. Se tudo correr bem, a vaca 
concebe novamente em 60 dias após o início da lactação, isto é, no pico de lactação ou 
bem próximo deste, estando a vaca, a partir desse momento, produzindo leite e 
gerando um bezerro. Após o final da lactação, a vaca terá 60 dias para o descanso 
orgânico a fim de se preparar para o próximo parto e nova lactação. Portanto, toda 
vaca em produção deve dar um bezerro ao ano, isto é, 300 dias de lactação mais 60 
dias de período seco. Muitas vacas não conseguem esse feito por conceber tarde 
demais, isto é, longos intervalos entre partos e longos períodos de serviço 
comprometem a meta de uma lactação por ano. 
 Na Figura 4, verifica-se o ciclo da vaca leiteira com quatro fases, iniciando 
com o nascimento do bezerro. Na primeira fase, o balanço energético é negativo, 
quando a vaca perde peso, ou seja, o consumo não atende as necessidades de energia 
para produção de leite. Na segunda fase, a vaca consegue equilibrar o consumo com a 
produção, enquanto na terceira fase, o balanço é positivo e a vaca consegue recuperar 
seu peso. Na última fase, denominado período seco, quando a vaca já não está 
produzindo leite, há ganho de peso e prepara o animal para a parição. Portanto, há 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 123
muitas oportunidades para desbalanços, que podem ser diagnosticados pelo escore da 
condição corporal. 
 Incluídas nas doenças relacionadas ao metabolismo energético estão a 
síndrome da vaca gorda, a cetose, a retenção de placenta e a infertilidade. Entre as 
doenças associadas à acidose estão o timpanismo, a laminite, a indigestão, os abcessos 
hepáticos, o deslocamento do abomaso e o baixo nível de gordura no leite. Dentre as 
doenças metabólicas relacionadas aos minerais estão a febre do leite (hipocalcemia) e 
o imbalanço no controle da cálcio e fósforo, havendo ainda as desordens relacionadas 
ao manejo alimentar. Verifica-se ainda que a maioria das doenças metabólicas estão 
interrelacionadas. 
 
 
 
FIGURA 4 - Ciclo da vaca leiteira relacionando a produção de leite, a ingestão de 
matéria seca e as mudanças no peso corporal. 
 
 
SÍNDROME DA VACA GORDA 
 O excesso de energia na dieta oferecido durante o período seco causa 
obesidade em vacas, especialmente às sensíveis aos problemas metabólicos. Uma 
alimentação adequada é recomendada para restaurar a condição corporal perdida 
durante o final da lactação, devendo-se alcançar o escore corporal de 3,5 no fim da 
lactação e manter esta condição durante o período anterior a parição para minimizar a 
incidência da síndrome da vaca gorda. 
 
CETOSE 
 A cetose ocorre em vacas leiteiras durante a fase inicial da lactação (de 10 
dias até seis semanas). Uma condição semelhante ocorre durante a prenhês antes do 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 124
início da lactação denominada toxemia da prenhês, que ocorre em ovinos com fetos 
múltiplos devido ao estresse metabólico comparados aos animais com um só feto na 
barriga. A desordem metabólica caracterizada pela elevação de corpos cetônicos 
(ácido acetoacético, ácido betahidróxibutírico e acetona) é devida ao aumento da 
produção desses compostos e não da redução do metabolismo. Um número de 
metabólicos do sangue são alterados durante a cetose. Entretanto, a concentração de 
corpos cetônicos nos fluidos corporais é considerado o mais seguro indicador dessa 
condição. Sintomas dessa condição incluem a diminuição do apetite, letargia, redução 
da produção de leite, aumento do percentual de gordura no leite, odor acetônico do 
leite e da respiração da vaca e redução do peso corporal. 
 As mudanças metabólicas do sangue ocorrem em animais com cetose e incluemo desenvolvimento de hipoglicemia, aumento da concentração de cetonas e ácidos 
graxos livres no sangue, e diminuição de triglicerídeos no plasma, colesterol livre, 
éster de colesterol e fosfolipídeos. 
 A sequência de eventos que conduz ao desenvolvimento da cetose é iniciada 
com balanço negativo de energia em vacas de alta produção. Por razões não 
compreendidas totalmente, animais com cetose falham para manter as concentrações 
de glicose sanguínea, resultando em aumento do catabolismo de gordura e transporte 
de ácidos graxos no fígado em quantidades maiores do que podem ser metabolizados. 
O resultado é o desenvolvimento de depósitos de gordura e superprodução de corpos 
cetônicos pelo fígado. A maioria dos tecidos não hepáticos podem metabolizar corpos 
cetônicos em quantidades limitadas. Durante a cetose em bovinos, a produção 
hepática excede a capacidade dos tecidos não hepáticos para metabolizar corpos 
cetônicos, que aparecem na urina (cetonúria) e há um odor acetônico no leite e 
respiração. O tratamento é baseado no aumento da concentração de glicose no sangue 
via infusão de glicose e ou injeção de glucocorticoides (ou ACTH). injeções de 
glucocordicóides estimulam a gliconeogênese e há um maior efeito prolongado sobre o 
aumento da glicose no sangue do que a administração de glicose. 
 A prevenção da cetose deve ser baseada em práticas de alimentação durante o 
período seco e no período pós-parto inicial. A superalimentação de bovinos durante o 
período seco conduz ao ganho de peso excessivo e reduz a capacidade dos animais de 
mobilizar suficientes nutrientes no início da lactação, recomendando-se alimentação 
moderada neste período. Entretanto, durante os últimos 2 ou 3 semanas antes do 
parto, níveis de concentrado podem ser aumentados para preparar animais para a 
lactação seguinte de acordo com a condição corporal. 
 
HIPOCALCEMIA 
 Febre do leite é uma doença metabólica que ocorre em bovinos durante o 
período após o parto imediato, podendo ser fatal se o tratamento não for 
imediatamente realizado. Os sintomas incluem baixa temperatura, dificuldade para 
andar ou ficar de pé e perda de apetite. A incidência da febre do leite é normalmente 
associada à alta produção de leite. Mudanças nos constituintes do sangue durante a 
febre do leite incluem diminuição do cálcio do plasma, fósforo e hormônios, bem como 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 125
aumento da calcitonina do plasma. Bovinos têm balanço negativo de cálcio durante a 
lactação, devido à alta concentração de cálcio no leite. Capacidade de bovinos 
mobilizar cálcio dos ossos e absorver cálcio do trato digestivo é essencial para 
manter o cálcio sanguíneo durante esse período. 
 O tratamento padrão da doença é a administração intravenosa de gluconato de 
cálcio. A diminuição do inchaço do úbere com maior taxa de síntese do leite, é um 
velho tratamento que pode ser usado se a solução de cálcio não está disponível como 
um último recurso. Práticas preventivas incluem a alimentação com dieta baixa em 
cálcio durante o período seco para estimular a mobilização de cálcio, ordenha 
incompleta durante os três primeiros dias após a parição e injeção de vitamina D três 
dias antes da data esperada para a parição. Uma vez que o comprimento da gestação é 
variável em bovinos é difícil prever a hora certa do parto. Numerosos experimentos 
mostram que a superalimentação de cálcio durante o período seco aumenta muito a 
incidência de febre do leite. Assim, o manejo da vaca seca é um dos mais importantes 
fatores na redução da incidência da doença. 
 
TETANIA HIPOMAGNESIANA 
 Essa doença é algumas vezes referidas como tetania de forrageiras, uma vez 
que sua ocorrência é muito comum em bovinos com dieta rica em forrageiras ou feno. 
Pode ocorrer em animais que consomem concentrado e passam a ser alimentados com 
forrageiras ou quando há uma troca de pastagens. Os sintomas incluem baixo nível de 
magnésio no sangue, espasmos musculares, salivação excessiva, incoordenação, 
convulsões e morte. Acredita-se que redução do teor de magnésio da dieta seja a 
principal causa da tetania. Tratamentos empregados são a administração intravenosa 
de gluconato de cálcio contendo magnésio. Medidas preventivas incluem 
suplementação de magnésio na dieta. Além disso, o magnésio pode ser aumentado na 
alimentação pela adição de fertilizantes magnesianos usados em adubação do solo. 
 
INFERTILIDADE 
 A infertilidade causada por problemas nutricionais como em vacas muito 
gordas ou muito magras podem ser são corrigidos com base no escore corporal. As 
fêmeas muito gordas tem problemas no pós-parto como retenção de placenta, 
metrites e cistos ovarianos enquanto as muito magras demoram a ciclar. 
 
RETENÇÃO DE PLACEN TA 
 Ocorre quando as membranas que envolvem o feto não se desprendem e 
retenção de placenta acontece. É principalmente um problema de manejo, que provoca 
infertilidade devido à involução retardada do útero, à metrite crônica, ao atraso na 
concepção e à menor produção de leite. Dieta balanceada no período seco, exercícios 
diários, asseio e utilização de áreas de maternidade seca e confortáveis minimizam as 
chances de retenção de placenta. Vacas deficientes em vitaminas A e D e selênio têm 
maior incidência de retenção. 
 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 126
DESLOCAMENTO DO ABOMASO 
 Ocorre quando o abomaso se torna distendido por gás, fluidos ou ambos, 
levando-o a uma posição anormal. Um nível alto de concentrados na ração de vacas 
secas durante o final da gestação e após o parto parece aumentar substancialmente a 
incidência de deslocamento. Os sinais são anorexia, ingestão alimentar intermitente, 
movimentos intestinais escassos, redução da produção de leite, desconforto geral e 
apatia. O tratamento se dá por cirurgia abdominal, corrigindo o deslocamento no qual 
o abomaso é levado de volta à sua posição normal através de suturas para que o 
deslocamento não volte a ocorrer. 
 
BAIXO NÍVEL DE GORDURA NO LEITE 
 A baixa relação forragem/concentrado é associada com acidose, bem como os 
problemas alimentares e as lesões dolorosas no casco. A correção da alimentação e 
fornecimento de tampões como o bicarbonato de sódio tem auxiliado bastante. 
 O sistema britânico usa escala de 0 a 5 com aumento de 0,5 ponto, resultando 
em uma escala de 11 pontos, enquanto o sistema americano (Tabela 1) é uma adaptação 
do britânico , portanto no Brasil se usa o sistema americano com opção para aumento 
de 0,5 (Teixeira, 1997). 
 
TABELA 1 – Tabela de conversão para diferentes sistemas de avaliação da condição 
corporal. 
 
Sistemas Escore da Condição Corporal 
Americano 1 2 3 4 5 
Britânico 0 1 2 3 4 5 
Australiano 1 2 3 4 5 6 7 8 
 
 
A condição corporal de fêmeas bovinas pode ser relacionada com seu estádio 
reprodutivo: magras (escores 1 e 2) quase sempre apresentam ausência de cio com 
regular ou boa condição corporal (escores 3 e 4), quase sempre estão prenhes ou 
ciclando (apresentam cio); gordas (escore > 4) quase sempre estão prenhes ou 
ciclando, mas às vezes necessitam maior número de coberturas para que haja 
concepção 
 A avaliação do escore da condição corporal pode ser resumida na Figura 5, com 
detalhes nas páginas seguintes. As avaliações quantitativas do escore da condição 
corporal são limitadas, mas há um consenso de que a mudança de uma unidade no 
escore corporal está relacionada a uma mudança no peso corporal em torno de 30 a 60 
kg. 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 127
 
FIGURA 5 – Escore da condição corporal em vacas leiteiras de forma resumida. 
 
 
1 Pobre ou Muito Magra 
 Animais debilitados, raquíticos, enfraquecidos e excessivamente magros, 
caracterizados por pronunciada atrofia muscular, olhos fundos, ossos da anca e das 
vértebras lombares muito profusos e proeminentes, pele penetrando entre os ossos 
das vértebrastransversas lombares, costelas bem visíveis e individualizadas, ausência 
total de gordura palpável ou visível sobre os ossos da anca, costelas e espinha dorsal 
cortantes. 
 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 128
 
 
 
 
2 Magra ou Moderada 
 Animais com aspecto de subnutridos, caracterizados por atrofia muscular 
pouco pronunciada, ossos da anca e das vértebras lombares ainda profusos e 
proeminentes, costelas continuam visíveis e individualizadas, com a pele firmemente 
aderida ao tecido inferior, é um pouco mais arredondada, pouca ou nenhuma gordura 
palpável sobre os ossos da anca, costelas e espinha dorsal. A inserção da cauda é mais 
superficial e com pontas dos ossos ainda proeminentes; A pele é pouco flexível, mas 
alguma gordura subcutânea pode ser observada. O lombo no processo horizontal pode 
ser identificado individualmente com final arredondado. 
 
Condição corporal 1 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 129
 
 
 
 
3 Regular ou Bom 
 Animais moderadamente nutridos (condição corporal de transição), 
caracterizados por ausência de atrofia muscular; ossos da anca com pouca ou nenhuma 
proeminência; costelas quase não são individualizadas, e a pele sobre elas pode ser 
facilmente elevada; presença de um mínimo de gordura palpável sobre os ossos da 
anca, costelas e inserção de cauda. Esta última tem cobertura sobre toda área, é 
uniforme, contínua, mas a pélvis pode ser sentida com pressão firme. No lombo, o final 
do processo horizontal, pode ser sentido apenas com pressão, com uma leve pressão 
local. 
Condição corporal 2 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 130
 
 
 
 
4 Boa ou gorda 
 Animais com boa aparência geral, caracterizados por estruturas ósseas ainda 
visíveis, mas não proeminentes; considerável cobertura de gordura sobre as costelas, 
ossos da anca e espinha dorsal. A inserção da cauda está completamente cheia e com 
dobras e enchimentos de gordura evidentes e levemente sentidos. Os processos 
podem ser sentidos e a aparência é visivelmente redonda no lombo. Sobre as costelas 
há dobras de gordura desenvolvidas 
 
Condição corporal 3 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 131
 
 
 
 
e) Escore 5 (Muito gorda) 
Animais com estruturas ósseas não-visíveis; grande depósito de gordura sobre 
as costelas, espinha dorsal, ossos da anca e ao redor da inserção de cauda. A 
estrutura óssea do animal não é perceptível. No lombo, a pelvis não é sentida, 
palpável, mesmo com pressão forte. Costelas com grossa espessura de gordura de 
cobertura. 
 
 
 
 
 
 
Condição corporal 5 
Condição corporal 4 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 132
 A seguir estão as Figuras de cinco condições corporais com vacas vistas por 
trás. 
 
 
 Escore 1 Escore 2 Escore 3 
 
 
 
 
 Escore 4 Escore 5 
 
 O escore da condição corporal desejado está relacionado na Tabela 2, devendo 
se observar a mudança entre uma fase e outra do ciclo da vaca leiteira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 133
TABELA 2 – Condição corporal recomendada para fêmeas de leite conforme sua 
categoria. 
 
Animal Fase Escore Variação do escore 
Vacas Parto 3,5 3,0 a 4,0 
 Pico de lactação 2,5 2,0 a 2,5 
 Meio da lactação 3,0 3,0 a 3,5 
 Fim da lactação 3,5 3,0 a 3,5 
Novilhas 6 meses de idade 3,0 2,5 a 3,0 
 Época de cruzamento 3,0 2,0 a 3,0 
 Parto 3,5 3,0 a 4,0

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