Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 134 15 CRUZAMENTOS Seleção é definida como a escolha dos melhores indivíduos avaliados dentro de uma raça ou grupo genético e que serão responsáveis pela próxima geração, enquanto o Cruzamento é o acasalamento entre indivíduos pertencentes a raças diferentes, podendo ainda ser de espécies ou subespécies diferentes ou mesmo variedades, linhagens, em suma, de grupos genéticos distintos. Na formação de animais cruzados é preciso que a seleção seja utilizada simultaneamente, uma vez que sem essa preocupação indivíduos inferiores ao esperado poderão ser produzidos devido à possibilidade de variação. Os principais objetivos a serem alcançados com os cruzamentos são os seguintes: produção da heterose ou vigor híbrido, que significa obter uma superioridade dos produtos em relação aos pais, especialmente, nas características de interesse zootécnico. O efeito maior do cruzamento se dá em características de baixa herdabilidade, isto é, características controladas por muitos pares de genes. Entre as características de baixa herdabilidade incluem-se as produtivas e reprodutivas. O conceito de herdabilidade (h2) é expresso como a parte da variação total devida aos efeitos médios promovido pelos genes. Quer dizer que é a expressão da variação do genótipo dentro do fenótipo, ou seja, é possível prever o quanto uma característica será do genótipo em relação ao seu valor total. Assim pode-se expor de forma simplificada a fórmula da herdabilidade h²= v(G)/[v(G)+v(M)], indicando que se o valor for de 58,0 % ou 0,58 da variação apresentada, este valor é atribuído a causas genéticas, o restante 42,0 % ou 0,42 ao ambiente. Logo, quanto maior a herdabilidade mais facilmente os objetivos do melhoramento podem ser alcançados. Cabe ressaltar ainda, dentro dos objetivos dos cruzamentos está a combinação dos méritos genéticos, também chamada de complementariedade. É o caso da raça Girolando, que se obtém em um mesmo animal a produtividade da raça Holandesa e a rusticidade do Zebu da raça Gir, uma vez que estas raças na forma pura não atendem um dos pré-requisitos em determinados ambientes. Outro exemplo é o da raça Canchim, em que obteve-se a rusticidade e a resistência da raça Nelore e a produtividade da raça Charolês. Outra vantagem do cruzamento é a incorporação de material genético desejável de forma rápida. Pode ser usado para características de alta herdabilidade ou controlada por um número mínimo de genes. É o caso do caráter chifre, que é dominado pelo caráter mocho. Quando se deseja incorporar esta característica em um grupo genético qualquer utiliza-se um reprodudor de uma raça mocha como a Angus, retornando depois a raça original com o caráter já fixado. A incorporação rápida pode ser usada também para características morfológicas como altura, comprimento e outras. Exterior e raças de bovinos e bubalinos 135 O GRAU DA HETEROSE O grau de sangue é definido como o percentual de sangue de uma raça em relação à outra, que considera todos os genes em jogo. O termo grau de sangue é um termo impróprio, mas bastante utilizado porque no passado pensava-se que o sangue era o responsável pelas características hereditárias. Assim, o termo deveria ser grau do genótipo, mas o termo grau de sangue pegou e é largamente utilizado. Assim no cruzamento abaixo, supõe-se que o primeiro seja um Zebu e o segundo um Taurino, o resultado vai ser um animal com 50 % de sangue zebu e 50 % de sangue taurino, conforme o exemplo. (Zebu) AABBCCDDEE..... x (Taurino) aabbccddee... = (50 % ou ½) AaBbCcDdEe..... O grau de heterose é avaliado como a superioridade da média do F1 em relação à média dos pais como no exemplo: Heterose em % = média do F1 – média dos pais x 100 média dos pais Retrocruzamento é o cruzamento de um descendente com qualquer um de seus genitores ou ainda o cruzamento dos indivíduos da primeira geração F1 com o progenitor do outro sexo, a fim de identificar alelos recessivos ou de fixar muitas características ao mesmo tempo. Por isso, o retrocruzamento foi utilizado, durante muito tempo, por criadores e melhoristas, para fixar características raciais. Na Tabela 1 estão os ganhos percentuais obtidos com cruzamentos e retrocruzamentos (Barbosa, 1999). TABELA 1 – Desempenho do cruzamento industrial em relação ao zebu GRUPO GENÉTICO GANHO DE PESO (%) PESO DE CARCAÇA (%) % CARCAÇA ESPESSURA GORDURA (%) Zebu 100 100 100 100 F1 Zebu x Britânicos 117,4 106,0 99,7 101,2 Zebu x Continentais 122,9 111,5 100,6 72,3 Zebu x Zebu 105,0 103,4 97,7 103,7 RETROCRUZADOS Continentais 123,6 124,7 - 60,3 Zebuínos 111,2 108,8 101,9 71,1 Cruzados 3 raças 126,6 129,5 104,2 - Média geral 120,5 111,8 100,7 76,6 Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 136 O conhecimento das características das raças utilizadas nos cruzamentos é de suma importância para se planejar os acasalamentos, bem como o meio ambiente em que os animais cruzados serão inseridos. São quatro os grupos básicos das raças: os zebuínos, os taurinos britânicos, os taurinos continentais, os taurinos nativos e os sintéticos. Estes últimos são as raças fixadas obtidas por cruzamento, em geral com 5/8 de sangue taurino e 3/8 de sangue zebuíno. As raças britânicas são precoces e depositam maior gordura na carcaça, enquanto as raças continentais são menos precoces e depositam menos gordura na carcaça, ambas são provenientes de regiões de clima temperado e em geral de maior metabolismo e mais produtivas se comparadas aos zebuínos. As raças zebuínas são menos precoces, adaptadas ao clima tropical, muito rústicas e em geral, menos produtivas, apresentam menor rendimento de carcaça e a carne é magra. As raças taurinas nativas, a exemplo da raça Caracu, são de menor porte, pois sofreram a pressão de seleção durante alguns séculos no clima tropical. Essas raças unem características das raças européias com menor produtividade geral. TIPOS DE CRUZAMENTOS CONTÍNUO OU ABSORVENTE É o acasalamento entre duas raças distintas ou de uma raça pura com animais mestiços, cujos produtos do cruzamento são sucessivamente obtidos até que uma delas seja absorvida. No exemplo abaixo, em um cruzamento entre duas raças A x B, optou-se pela raça A como absorvida. Inicial: F1) A x B com opção pela raça A ⇒ 1/2 sangue A + 1/2 B ou 50 % A + 50 % B No acasalamento com o F1 o animal de raça pura é um inteiro ou 100 %, no caso u inteiro é o mesmo que 2/2 para que o denominador fique igual. No F2 somam-se os numeradores e denominadores de mesma letra. F2) 2/2 A x 1/2 A + 1/2 B ⇒ 3/4 A (75 %) + 1/4 B (25%) No F3 a raça pura tranforma-se em 4/4 A para que o denominador seja o mesmo do resultado no cruzamento do F2. Da mesma forma somam-se os numeradores e os denominadores de mesma letra, seguindo sempre o mesmo raciocínio para os demais cruzamentos. F3) 4/4 A x 3/4 A + 1/4 B ⇒ 7/8 A (87,5 %) + 1/8 B (12,5 %) F4) 8/8 A x 7/8 A + 1/8 B ⇒ 15/16 A (93,75 %) + 1/16 B (6,25 %) Exterior e raças de bovinos e bubalinos 137 F5) 16/16 A x 15/16 A + 1/16 B ⇒ 31/32 A (96,875 %) + 1/32 B (3,125 %) F6) e demais 63/64 A + 1/64 B ⇒ 127/128 A (99,22 %) + 1/128 B (0,78 %) E assim sucessivamente, de modo que algumas associações de criadores consideram 31/32 o puro por cruza, enquanto outras o 63/64 e outras já não aceitam o puro por cruza pelo fato de já haver animais Puro de origem suficientes, não havendo necessidade de obtenção do puro por cruza uma vez que o rebanho está consolidado. CRUZAMENTO ROTATIVO OU ALTERNADO ou CRISSCROSS (duas raças) Neste cruzamento a utilização de duas raças de modo alternado, isto é, o resultado do primeiro acasalamento(F1 = ½ AB) é acasalado com a raça A, depois o resultado é acasalado com a raça B, conforme o exemplo. F1) A x B com opção pela raça A ⇒ 1/2 A + 1/2 B ou 50 % A + 50 % B F2) 2/2 A x 1/2 A + 1/2 B ⇒ 3/4 A (75 %) + 1/4 B (25%) F3) 4/4 B x 3/4 A + 1/4 B ⇒ 5/8 B (62,5 %) + 3/8 A (37,5%) F4) 8/8 A x 5/8 B + 3/8 A ⇒ 11/16 A (68,75 %) + 5/16 B (31,25 %) F5) 16/16 B x 11/16 A + 5/16 B ⇒ 21/32 B (65,625 %) + 11/32 A (34,375 %) No cruzamento alternativo, em geral se pára no grau de sangue 5/8. É o grau de sangue em que se obteve o Girolando em dois diagramas para obtenção do bimestiço, conforme esquema seguinte. Para obtenção do bimestiço usam-se dois diagramas. Em um acasala-se o F1 (½ GH) com touro Gir (Diagrama I) a seguir. No diagrama II utiliza-se o cruzamento de touro Holandês com o F1 (½ GH). Após a obtenção do 5/8 Holandês + 3/8 Gir nos diagramas I e II, esses animais são acasalados entre si para obtenção do Bimestiço, conforme demonstrado ao final de cada diagrama. Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 138 Exterior e raças de bovinos e bubalinos 139 CRUZAMENTO ROTATIVO OU ALTERNADO ou TRICROSS (com três raças) No cruzamento rotativo ou alternado Tricross são utilizadas três raças, uma por vez, conforme o exemplo abaixo em que no F2 utiliza-se a raça C voltando com a raça A e depois a B. F1) A x B ⇒ 1/2 A + 1/2 B ou 50 % A + 50 % B F2) 2/2 C x 1/2 A + 1/2 B ⇒ 1/2 C (50 %) + 1/4 A (25%) + 1/4 B (25 %) F3) 4/4 A x 2/4 C + 1/4 A + 1/4 B ⇒ 5/8 A (62,5 %) + 2/8 C (25,0 %)+ 1/8 B (12,5 %) F4) 8/8 B x 5/8 A + 2/8 C + 1/8 B ⇒ 9/16 B + 5/16 A + 2/16 C F5) 16/16 C x 9/16 B + 5/16 A + 2/16 C ⇒ 18/32 C + 9/32 B + 5/32 A A partir daqui pode-se continuar os acasalamentos até se obter o melhor grau de sangue dentro das raças escolhidas. Por fim, pode-se fazer o cruzamento terminal, que nada mas é do que o F1 ou 1/2 grau de sangue a ser levado para o abate, ou seja, A x B = AB (abate). 16 DEFINIÇÕES ZOOTÉCNICAS FUNDAMENTAIS ACROBUSTITE – É a inflamação da bainha prepucial, vulgarmente denominada umbigueira com maior incidência em machos zebus. ACURÁCIA – É o grau de confiabilidade ou repetibilidade da característica correspondente, cujo valor é expresso em porcentagem. A acurácia é elevada quando acima de 60 %. AGARRADO ≠ DESCOSIDO – É a região bem unida ou justaposta, enquanto descosida é a região solta, largada ou despregada. ALBINO – É o animal sem pigmentação na pele, nas mucosas e nos pêlos que resulta da atividade de um gene pleitrópico. ANEJO – É o animal com idade de um ano ou próxima. ANGULOSO – Quando as articulações são bem aparentes, em geral muitas partes são cortantes, próprias da tipologia leiteira. Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 140 APARÊNCIA GERAL – É o conjunto de atributos relacionados ao peso, conformação, condição, qualidade, vigor e temperamento. Entrando ainda a individualidade, masculinidade ou feminilidade, características raciais, ligações harmoniosas, aprumos, andar equilibrado e temperamento apropriado. APARENTE – É a região bem nítida percebida pelo exame visual, sendo o contrário apagado ou abatido. AQUITÂNCICO – Refere-se ao Bos taurus aquitanicus, da classificação de Sanson, tronco étnico a que pertence o Caracu. ÁREA DO OLHO DO LOMBO (AOL) – É a medida tomada da superfície em corte transversal entre a 12ª e 13ª costelas do músculo longissimus dorsi (contrafilé) em carcaça resfriado no frigorífico. Tem como sinônimo Área do Músculo Longissimus, medida que estima a musculosidade do animal. ATAVISMO – Significa o aparecimento de certo caráter em um indivíduo, cujos pais não o apresentam e sim seus avós (atavus). ATRESIA – Diz-se da obstrução de uma abertura natural, como por exemplo a atresia do ânus. AUTÓCTONE – É a espécie ou raça formada na própria região em que vive. O Pardo Suíço é autóctone da Suíça, o Zebu é autóctone da Índia. BANNIAI ou CANCREJE – Palavra sinônima da raça Guzerá. BELEZA – É o atributo de uma região que preenche todos os requisitos para o bom desempenho de sua função. É absoluta quando independe da função ou tipologia do animal. Relativa quando é dependente da função como gado leiteiro ou gado de corte. BOCA CHEIA – É o animal que exibe todos os dentes definitivos, alcançando cinco anos de idade. BOI – Indica o macho bovino ou zebuínos castrado para corte (novilho) ou para tração (boi de carro), ou para montaria (boi-cavalo). Em algumas regiões do país denominam o touro de boi. CARCAÇA – É a parte do animal após o abate, onde são retirados o couro, as vísceras, o trato gastrintestinal, os membros, a cabeça e as gorduras separáveis, e que pode ser dividida em corte traseiro especial ou serrote, corte dianteiro e corte costilhar ou ponta de agulha. CASTEADA – É a rês comum com sinais evidentes de sangue indiano. Exterior e raças de bovinos e bubalinos 141 CAVADO - Região reentrante, deprimida ou côncava. São exemplos dorso cavado ou côncavo, fronte cavada, flanco reentrante, etc. CHAMURRO – É o boi que resultou de touro castrado, isto é, já velho. CONDIÇÃO – É o estado atual em relação ao fim que se destina. Animal gordo, vaca seca e sobreano são exemplos de condição. CONFORMAÇÃO – É o conjunto de atributos morfológicos que caracterizam um determinado grupo racial, com atenção especial à estética e à produção. CONSTITUIÇÃO – É a expressão da organização anatômica e fisiológica do indivíduo, que determina seu comportamento em face das condições do meio. A constituição deve ser associada à adaptação e à longevidade. Pode ser boa (robusta e seca) e má (grosseira e débil) CONSTRUÇÃO (talhe ou arcabouço) – É a proporção entre altura e comprimento do corpo, que varia segundo o tipo, a raça e a idade, que inclui o desenvolvimento do esqueleto e da musculatura. Animais compactos (brevilíneos) são curtos e baixos, enquanto os longilíneos são altos e compridos. CORTANTE – É a região alongada e saliente, exibindo uma angulosidade. São exemplos dorso cortante, garupa cortante, pescoço cortante, etc. DEFEITO – É a região que não preenche os requisitos para o seu bom funcionamento. É o contrário de beleza e pode ser relativo ou absoluto. Para efeito de julgamentos pode ser ainda desclassificatório ou permissível. DELICADO ≠ GROSSEIRO – É delicada a região leve, mas forte como nos exemplos cabeça delicada, membros delicados enquanto o grosseiro, a região é fraca e pesada. ENXUTO – É a região em boas carnes, nem magra, nem gorda com musculatura evidente sem exageros. DIFERENÇA ESPERADA NA PROGÊNIE (DEP) – É o valor estimadodas diferenças esperadas através do desempenho da progênie, quando comparada com o desempenho médio da progênie contemporânea de todos os touros avaliados em uma mesma raça. Esta projeção baseia-se no desempenho real da progênie, bem como das informações de desempenho dos ascendentes do touro. ESTILO – É a expressão das atitudes, dos movimentos e estética do corpo. As aparências de força, energia e porte combinados com a masculinidade ou feminilidade indicam o estilo do animal. Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 142 FORTE ≠ FRACO – Atributo de uma região bem constituída com bom suporte anatômico, especialmente ósseo e muscular como joelhos e jarretes fortes, pescoço forte, etc. Fraco é o inverso de forte, daí quartelas fracas, joelhos fracos, etc. FIMOSE – É o estreitamento do orifício prepucial, inato ou adquirido como consequência comum da umbigueira. FONTES DO LEITE – Orifícios de penetração das veias mamárias anteriores, na cavidade abdominal, depois de percorrerem superficialmente o ventre e a barriga. GALATÓFORO – São os canais que conduzem o leite, dos alvéolos onde ele ésecretado, até a cisterna do leite. GARROTE – Nome dado a cria, logo após a desmama, que corresponde a idade entre bezerro e novilho. É também sinônimo de cernelha. GAVIÃO – É chamada mossa ou volta para dentro, na extremidade da orelha, da rês da raça Gir. GÔNADA – É o órgão sexual dos animais (ovário e testículo) onde se formam os gametas. HERDABILIDADE ou HEREDITABILIDADE – Expressão empregada no estudo estatístico de uma população para designar a diferença genética, de certo característico, em relação àquela provocada pelo ambiente. Os atributos econômicos são em geral de baixa ou menor herdabilidade, o que indica a influência do meio na sua realização IDADE CRONOLÓGICA – É a idade real que o animal se encontra em anos, meses ou dias. IDADE FISIOLÓGICA – É a idade do corpo, isto é, na fase em que se encontra como aleitamento, desmama, puberdade, adulta, sexual ou de acabamento. ÍNDOLE – É a disposição boa ou má do animal segundo seus atos e reações. Há animais mansos e outros bravios, coiceiros, estes na maioria das vezes são eliminados em julgamentos. INTEGRIDADE - Ausência de taras ou defeitos como testículos, tetas e unhas íntegras. INTEIRO – É o macho que não foi castrado. Exterior e raças de bovinos e bubalinos 143 LEVE ≠ PESADO – Leve significa região de ossatura fina ou musculatura pouco desenvolvida, mas proporcional em relação ao corpo, sendo um atributo positivo. Pesado significa o inverso, isto é, região grosseira, de ossatura e musculatura espessas. Assim têm-se cabeça pesada, pescoço pesado ou cabeça leve, pescoço leve. LIMPO – É a região livre de gordura ou de tecido subcutâneo em excesso. São exemplos jarretes ou joelhos limpos, garupa limpa, etc. LIVRO ABERTO (LA) – É o animal de ambos os sexos pertencente a rebanho reconhecidamente fechado de raça exclusiva, desde que seja portador de caracterização racial definida e de acordo com as demais exigências estabelecidas pelo regulamento da associação de criadores, em geral a partir do 31/32 de sangue da raça em questão. MESTIÇO – É o animal, produto do cruzamento entre raças diferentes ou do cruzamento entre mestiços ou de mestiço com puro. NIVELADO ≠ CAÍDA - Diz-se da região cuja posição se aproxima da horizontal, o oposto de caída definida como a região inclinada. São exemplos garupa nivelada e garupa inlcinada. ONGOLE – Sinônimo de Nelore. PRECOCE – É a característica adquirida prematuramente, podendo ser sexual ou de acabamento. PREPOTÊNCIA HEREDITÁRIA – É a capacidade em certos reprodutores de imprimir maioria de seus caracteres nos descendentes. PROFUNDO – É a extensão medida no sentido vertical, que indica precocidade sexual e de acabamento. São exemplos, ventre profundo, tórax profundo, etc. PURO POR CRUZA (PC) – É o animal registrado de ambos os sexos, oriundo de cruzamento absorvente, em geral partindo-se do 31/32 graus de sangue, conforme exigência regulamentar da associação. Há associações que exigem maior grau de sangue e outras que não aceitam o puro por cruza. PURO DE ORIGEM (PO) – É o animal registrado na associação de criadores da raça, produto originado de animais Puros de Origem, nascidos ou não no Brasil, portadores de documentos que assegurem a sua origem. Pode ser também denominado PURO SANGUE. PURO POR CRUZAMENTO DE ORIGEM DESCONHECIDA (PCOD) – É somente fêmea desde que seja portadora de caracterização racial definida, comprovada através de avaliação fenotípica por inspetor do SRG e de acordo com as exigências estabelecidas Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 144 no regulamento da associação de criadores. É Puro por Cruzamento de Origem conhecida quando o rebanho é fechado de uma só raça. QUALIDADE – É a ausência de atributos grosseiros na estrutura óssea e muscular, pela perfeição de suas diferentes partes, demonstrando a beleza do animal. RAÇADOR – É o reprodutor que melhorou certo rebanho, de sua raça, pela alta qualidade de sua descendência. RETO ≠ DESVIADO - Região que se apresenta direita em sua linha principal, enquanto desviado é o inverso de reto ou direito. SECO ≠ CHEIO OU FORNIDO – Seca é a região descarnada sem excesso de músculo, enquanto cheio ou fornida é a região convexa com músculo e gordura. São exemplos a garupa seca, paleta seca ou garupa fornida, coxas cheias, etc. SIMETRIA – É o equilíbrio harmonioso entre as proporções e as partes do corpo. SUBSTÂNCIA - Se aplica ao desenvolvimento ósseo, com raios de bom desenvolvimento, articulações secas e nítidas. TARA - Qualquer sinal externo de lesão que possa depreciar o animal. TENDÊNCIA LEITEIRA – Conjunto de atributos indicativos de uma possível aptidão leiteira, caracterizada pela conformação em cunha, angulosidade, descarnamento, temperamento ativo, pele macia, flexível e untuosa com pêlos finos e assentados. TEMPERAMENTO – É a expressão da organização nervosa do animal, que pode ser classificado em: Vivo ou ativo (alerta) em que os movimentos são fáceis e rápidos, especialmente orelhas e olhos; Nervoso é aquele que demonstra constante excitação, inquietação e temor, enquanto Linfático (calmo) é aquele que demonstra atitudes tranquilas e retardadas e sem temor. O temperamento ativo é o próprio do animal esperto, que responde rapidamente aos estímulos externos, inclusive ao manejo. TURINO – Raça bovina formada em Portugal, por adaptação da raça Holandesa, e que foi introduzida no Brasil para abastecimento de leite às capitais nos fins do século XVIII e início do século seguinte. VÍCIO – É o defeito de ordem moral, podendo ser congênito ou adquirido. É o caso da vaca rompedora de cerca, é o novilho que mama nas tetas da vaca, etc. VIGOR –Indica o bom estado de saúde e nutrição, que podem ser observados pelas aberturas naturais, pele, pelame, atitudes e movimentos do animal. Exterior e raças de bovinos e bubalinos 145 17 RESENHO DOS ANIMAIS O resenho dos animais é a enumeração metódica, clara e precisa das principais características exteriores que possam servir para distinguir um animal do outro. O resenho é complementado com desenho do animal com suas particularidades e mesmo fotografias, trabalho muito facilitado pelas máquinas digitais. O resenho dos animais, segundo o seu fim, pode ser mais ou menos simples ou mais ou menos detalhado ou completo. Mas geralmente na confecção de um resenho, os caracteres que devem ser notados são relativos á espécie, raça, sexo, estado de órgãos genitais, aptidão, aprumos, idade, altura, pelagem, taras e marca. O essencial, porém, no resenho é a ordem de designação dos caracteres, que devem ser enumerados segundo a sua importância, de maneira a serem descriminados em primeiro lugar os de menor importância, de conformidade com a ordem em que acima se acha enumerada. A concisão, que resulta do emprego apropriado para exprimir certas particularidades, de maneira a serem frases e descrições longas, é também indispensável, ao resenho. O estado dos órgãos genitais, por exemplo, em se tratando de machos, deve ser designado por um termo preciso, que indica claramente o que se tem a vista. Ao se tratar de animais que apresentam os dois testículos, bastara dizer inteiro: Ao se tratar de animais castrados, dir-se-á, simplesmente castrado; se o animal apresenta no saco escrotal um só testículo, essa anomalia será indicada, usando o termo monorquídeo. Faltando os dois testículos no saco escrotal, essa característica será especificada pela designação cripitorquídeo. A pelagem deve também ser designada pelas expressões próprias, de maneira a se ter idéia exata da coloração dos animais, independente de sua descrição detalhada. Para a pelagem de bovinos, sendo o animal com pelagem de cor vermelha escura com manchas negras ao redor dos orifícios naturais e extremidadesbastará dizer fusco. Se o bovino tiver a presença de pequenas manchas numerosas, de pêlos vermelhos em fundo branco ou rosilho, basta se registrar Chita, Chitada ou Sarapintada, que é própria da raça Gir. Para eqüinos, sendo a pelagem alazã clara, crinas e caudas pretas, será suficiente o emprego do termo amarilho; para pelagem composta de pêlos pretos, intercalados de brancos, com uma lista branco no chanfro e manchas brancas ocupando as extremidades dos membros, bastara dizer picaço. Para as outra particularidades que devem ser tomadas em consideração, se faz-se a mesma coisa, procurando-se sempre designá-las por meio de expressões apropriadas, curtas bastante claras. Como exemplo do resenho de uma vaca – Estrela, nacional, 6 para 7 anos, jaguané de preto, altura 1,30, chifres em lira e escuro, foicinho preto, linha do dorso selado, cauda de inserção alta, úbere em garrafa, teta do quarto anterior direito perdida, casco escuros. Exemplo de resenho de um cavalo – Jpiter, inglês, castrado, tiro pesado, 5 para 6 anos, altura 1,55 m, baio encerado, cauda a tôda crina, acampado de trás, sobrecanas ou suros simples no membro anterior direito, sinal de coleira na ponta das Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 146 epáduas, marca X na perna direita. O resenho dos ovinos e suínos faz-se da mesma forma diferindo unicamente quanto os caracteres a serem enumerados, que variam segundo as espécies e segundo o gênero da produção a que se destinam os animais.
Compartilhar