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Curso de Psicologia UCL Profa Ms. Cristina M. C. Dias LINGUAGEM E PENSAMENTO Bibliografia: • OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2006. • PENNA,A.G. Introdução à Psicologia da Linguagem e do Pensamento. RJ: Imago, 2003. • PRETTE, Z. A. P. Notas sobre Pensamento e Linguagem em Skinner e Vygotsky. Psicologia: Reflexão e crítica , Porto Alegre, 1995 v.8, n1,p 147-164. •TOMASELLO,M. Origens Culturais da Aquisição do Conhecimento Humano. SP: Martins Fontes, 2010 http://www.youtube.com/watch?v=ciVdRahNsn0 Conceitos Centrais na Psicologia do Pensamento Linguagem e Pensamento A Linguística e seu objeto de investigação LINGUÍSTICA, LÍNGUA E LINGUAGEM Cristina M. C. Dias LÍNGUA O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que nos une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. .. ESOPO é uma figura da Grécia antiga, um escravo liberto de grande sabedoria. Mais lendário do que histórico. A Esopo é atribuída a invenção da fábula como gênero literário. Linguística é o estudo científico da Linguagem Procura estudar questões sobre como as pessoas, usando suas linguagens, conseguem comunicar-se; quais propriedades todas as linguagens têm em comum; qual conhecimento uma pessoa deve possuir para ser capaz de usar uma linguagem e como a habilidade linguística é adquirida pelas crianças. Cristina M. C. Dias A língua dá a possibilidade da subjetividade e o discurso, sua realização, sua efetivação. Assim, a fala nos leva ao plano do discurso como representante da subjetividade A língua é mais que um instrumento do pensamento, é o lugar onde o sujeito habita, pois este sujeito se torna ativo ao estar presente no que diz. A LINGUAGEMA LINGUAGEM Faculdade cognitiva do homem que se manifesta em ações comunicativas Formas de Comunicação A Música Os Símbolos A Maneira de Vestir A linguagem corporal e as Expressões faciais Cristina M. C. Dias Língua Linguagem Fala De que linguagem estamos falando? Sistema abstrato de regras gramaticais domínio de regras fonológicas, morfossintáticas .... ... É um instrumento de representação da linguagem..... Atos motores que se formulam nas estruturas corticais e que dão forma aos aspectos segmentais e supra segmentais da língua ... São todas as formas de comunicação , sejam elas cognitivas (internas), socioculturais (externas) ou da natureza como um todo ... Cristina M. C. Dias Orais-auditivas - quando a forma de recepção não grafada (não-escrita) é a audição e a forma de reprodução (não-escrita) é a oralização – é o caso do português, e todas as línguas oralizáveis. Espaço-visuais - são naturalmente reproduzidas por sinais manuais e sua recepção é visual. Inclui todas as línguas de sinais, usadas, principalmente pelos surdos. As línguas podem ser:As línguas podem ser: Cristina M. C. Dias A FALA Área motora da falaÁrea motora da fala Cristina M. C. Dias Falar pressupõe a aquisição de um sistema lingüístico que envolve aspectos: • Fonéticos e fonológicos (os sons da língua) • Morfológicos (formação das palavras) • Sintáticos(formação das sentenças) • Semânticos(o sentido das palavras) • Sociais(o ambiente, a comunidade de fala) • Pragmáticos(o contexto, a situação comunicativa) Cristina M. C. Dias Cristina M. C. Dias Como o cérebro processa a Como o cérebro processa a linguagem?linguagem? Teorias de linguagem A linguagem do tônus muscular A linguagem das posturas A linguagem das atitudes A linguagem da língua As diversas formas de linguagemAs diversas formas de linguagem O termo Linguagem pode ser concebido comoO termo Linguagem pode ser concebido como: Função mental superior (Luria) Manifestação de conhecimento cognitivo (Piaget) Função social (Vygotsky) Cristina M. C. DiasCristina M. C. Dias Autor Signo Significante Significado Saussure Social vocábulo imutável Peirce Social / individual vocábulo interpretante Pottier Social / individual vocábulo Interpretante+co ntexto Vygotsky Social / individual vocábulo mutável de acordo com o desenvolviment o dos processos cognitivos Esquema de conceito de signo na visão de vários teóricos: Saussure - o signo é imutável. Peirce – interpretação própria de cada signo, referências particulares do signo em seus processos mentais. Ex: floresta – cada indivíduo idealizará uma imagem diferente da palavra floresta. Pottier – não admite o conceito de signo fora de um contexto. Ex: a luz da minha vida Vygotsky – capacidade de compreensão relativa ao estágio de maturação de seu desenvolvimento cognitivo. Fernandes, E. Teorias de Aquisição da Linguagem. In: Goldfeld, M. Fundamentos em Fonoaudiologia – Linguagem. RJ: Guanabara Koogan, 1998. Ferdinand de Saussure Jacques Lacan Signos = unidades significativas Significante Significado Ste Sado Para Lacan, o significante tem um peso maior do que o significado. Lacan utiliza os elementos da linguística, em diversos planos e níveis, e desconstrói a concepção do signo saussureano. A linguagem, entendida a partir do signo, fica aprisionada nessa relação necessária, inicial, entre significado e significante, provocando, desse modo, aponta Lacan, “...a ilusão de que o significante responde à função de representar o significado” (Bleichimar & Bleichimar) O SUJEITO NA TEORIA DO SIGNIFICANTE Do dito até o momento, pode-se deduzir o sentido radical que possui o enunciado lacaniano:"O sujeito é falado pelo Outro". O Outro é a lei, as normas e, em última instância, a estrutura da linguagem. O sujeito, enquanto o é não existe mais do que no e pelo discurso do Outro. Somos alienados pela linguagem, pois somos efeito dela. O primeiro axioma – o significante não significa nada – corresponde ao algoritmo lacaniano que se constitui a partir do tratamento que Lacan faz incidir sobre o signo saussuriano. É nesse sentido a afirmativa de Lacan: “... o sujeito é instalado pelo Outro no seio da linguagem como convenção significante” (Bleichimar & Bleichimar) Para Saussure, o signo o significante está congelado com o significado. Lacan opõe-se a esta idéia, pois não reconhece que os signos se fecham sobre o significado, o significante é entendido sem significação (um significante por si só, sempre é sem sentido). Lacan toma o signo de Saussure, privilegiando o significante(S) e tornando relativo o significado (s). Apresentação das vertentes teóricas da psicolinguística. O comportamentalismo, o estruturalismo, o inatismo, o interacionismo e seus principais representantes: Saussure - estruturalismo Skinner – behaviorismo radical Staats - behaviorismo social Chomsky - inatismo Piaget - interacionismo Vygotsky - interacionismo Cristina M. C. Dias Constituintes do Signo Linguístico segundo Saussure Significante Significado Parte física do signo IMAGEM ACÚSTICA Conceito, idéia que resideem nossa mente /kaza/ /o ʎo/ Cristina M. C. Dias ? Sujeito sem dificuldades… Sujeito com dificuldades… Cristina M. C. Dias Aprendizado da linguagem como qualquer outro aprendizado, baseia-se na experiência .... “reduz a linguagem a um comportamento obsevável”... B. F. Skinner Teoria de Condicionamento aplicada a linguagem (Behaviorismo Radical) Skinner explorou de maneira muito sistemática o princípio do “reforço” ou “condicionamento operante” para a aprendizagem. – Uma mãe fala a seu bebê (estímulo) – o bebê vocaliza com sorrisos (resposta) – a mãe está contente, o acaricia, apresenta comportamentos que encorajam o bebê a continuar suas vocalizações. A resposta da criança recebe um “esforço positivo” que encoraja sua repetição ou seu prolongamento. – Uma criança de 2 anos e meio pergunta sem fim: “o que é isto? Como se chama?” (estímulo). A mãe: “deixa-me tranqüila, não tenho tempo, estou cheia de tuas perguntas”. (resposta). A resposta é inibidora, desencoraja a criança que pode parar de fazer perguntas. Staats apresenta análises teóricas e empíricas sobre a linguagem. Tal como Skinner não apresenta a linguagem como algo de natureza diferente dos outros fenômenos psicológicos, mas aprendida e mantida como qualquer outro comportamento, mas sem desprezar o papel das emoções. ... As palavras têm funções emocionais por meio do condicionamento clássico. Arthur Staats – Behaviorismo Social (1970) Gramática Gerativa Novos rumos para o estruturalismo COMPETÊNCIA X DESEMPENHO DAL Dispositivo de Aquisição de Língua A Linguística de Noam Chomsky Cristina M. C. Dias Gramática Gerativa “Gerativismo” • Estrutura profunda: forma criadora de formas unidades básicas e regras de combinação- número infinito de palavras, conceitos, frases e discursos. • Crítica à lingüística estruturalista por permanecer em um nível muito empírico e descritivo (tomou como objeto apenas a forma aparente) • Não dá conta da criatividade humana: é possível inventar e entender uma quantidade ilimitada de novas mensagens Cristina M. C. Dias A língua permite uma relação de amor com as palavras A linguagem fere ou seduz... Cristina M. C. Dias Jean Piaget Nascimento C O G N I Ç Ã o Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934) Seus trabalhos pertencem ao campo da psicologia genética – estudo da gênese, formação e evolução dos processos psíquicos superiores do ser humano. foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Cristina M. C. Dias Cristina M. C. Dias Cristna M. C. Dias LINGUAGEM E COGNIÇÃO DE MÃOS DADASLINGUAGEM E COGNIÇÃO DE MÃOS DADAS Fase Sensório- motora (de 0 a 2 anos) LinguagemLinguagem ReceptivaReceptiva INDEPENDENTESINDEPENDENTES L. S. L. S. VygotskyVygotsky, 1998, 1998 Organização de estruturas linguisticas e cognitivas INTERDEPENDENTESINTERDEPENDENTES Para Vygotsky... A linguagem ocupa um papel central, possibilitando: • o intercâmbio entre os indivíduos; • a abstração e a generalização do pensamento; • a simplificação e generalização da experiência “O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir.” Para Vygotsky..... Há um processo gradual de internalização da linguagem Fala socializada Fala egocêntrica Fala interior Para Vygotsky o processo de pensamento passa por vários estágios: # ações externas sucessivas (tentativas e erros) - inteligência prática # fala interna expandida # processo interno específico - a existência de códigos internos bem assimilados (lingüísticos, lógicos e numéricos que formam a base operante do “ato mental”, fornecendo um alicerce sólido para o estágio operante do pensamento. Antes de o pensamento e a linguagem se associarem, a criança apresenta uma fase pré-verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase “pré- intelectual” no desenvolvimento da linguagem. •pensamento prático ou construtivo: -organiza-se à partir dos primeiros reflexos inatos. (vai funcionar muito mais na experenciação). •pensamento verbal-lógico (discursivo): a solução de problemas -existência de uma palavra que vai permitir a percepção. Desenvolvimento da fala Desenvolvimento dos conceitos • Fala do adulto •Conceito propriamente dito •Crescimento interior •Fala egocêntrica social •Psicologia ingênua •Pensamento por complexos •pseudoconceito •difuso •cadeia •coleções •associativo •Amontoado •Primeiros enunciados completos •Primeiras palavras •Balbucio •Distinção dos sons da fala Esquema do desenvolvimento Linguístico e Cognitivo da criança segundo Vygotsky Fernandes, E.2000. Segundo Vygotsky o desenvolvimento dos conceitos se dividem em três fases: 1. Pensamento sincrético ou amontoado: muitas informações 2. Pensamento por complexos: • Complexo associativo – agrupamento por semelhanças • Complexo por coleções – objetos com diferenças, mas que se complementam • Complexo por cadeia – junção de elos isolados • Complexo difuso – conexões indeterminadas • Pseudoconceito – ponte entre o pensamento por complexos e o pensamento por conceitos 3. Pensamento por conceitos - abstração Desenvolvimento do pensamento conceitual Pensamento sincrético (amontoado) a criança forma um amontoado de objetos sem nenhuma relação factual ou concreta real. Pensamento por complexos (A, C, C, D, P) as ligações entre seus componentes são concretas e factuais Produzidas pela experiência da criança com o mundo. Pensamento por conceitos para que se fale em conceitos é necessário que, além da generalização, se fale em abstração. Em outras palavras: a generalização é resultado de um emprego funcional da palavra. Porém, é importante que se perceba que a palavra é também um signo que pode ser aplicado de diferentes maneiras e que podem servir como meio para diferentes operações intelectuais. Sincretismo A criança não forma classes entre os diferentes atributos dos objetos. Ela apenas os agrupa de forma desorganizada formando amontoados. Complexos O agrupamento não é formado por um pensamento lógico abstrato e sim por ligações concretas entre seus componentes que podem ser os mais diferentes possíveis. Ex: agrupar qualquer relação percebida Entre os objetos. Conceitual a criança agrupa objetos com base em um único atributo, sendo capaz de abstrair características isoladas da totalidade da experiência concreta. Nesta fase temos o aparecimento de duas características que diferenciarão o pensamento por conceitos do pensamento por complexos: as capacidades de síntese e análise que não estão presentes no pensamento por complexos. Estudo Dirigido As crianças são biologicamente programadas para adquirir linguagem? Por que? Diferencie língua, linguagem e fala. Como os teóricos da linguística compreendem o signo? De acordo com as teorias de linguagem, quais as principais divergências entre os teóricos, sobre a aquisição da linguagem? Como se dá o pensamento, segundo Vygotsky, e o desenvolvimento dos conceitos? Linguagem e Pensamento Resolução de Problemas e Criatividade Pensar é formar conceitosque organizam nosso mundo, resolvem problemas, tomam decisões eficientes e efetuam julgamentos. Pensamento ou cognição é a atividade mental associada com o processamento, a compreensão e a comunicação de informação. A capacidade de um indivíduo de resolver problemas a ele apresentados, é um importante campo de pesquisa da psicologia geral, sobretudo da psicologia cognitiva. O processo de resolução de problemas possui três características básicas:tomada de decisão, valores e desenvolvimento Resolução de Problemas Áreas cerebrais responsáveis pela resolução de problemas e criatividade O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento abstrato. A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias. A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia: decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção seletiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique presa obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver uma sequência de ações correta. Tomada de decisão É o processo pelo qual são escolhidas algumas ou apenas uma entre muitas alternativas para as ações a serem realizadas. O conceito do vocábulo decisão é constituído por de (que vem do latim e significa parar, extrair, interromper) que se antepõe à palavra caedere (que significa cindir, cortar). Sendo assim, literalmente significa “parar de cortar” ou “deixar fluir”. VALORES: De forma genérica, são informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam. Por exemplo, medo uma informação de que há risco, ameaça ou perigo direto para o próprio ser ou para interesses correlatos. DESENVOLVIMENTO: De uma forma geral é um processo dinámico de melhoria, que implica uma mudança, uma evolução, crescimento e avanço. Tomada de decisão Controle de impulso A capacidade de controlar impulsos está intimamente relacionada à tomada de decisão, e no modelo tríplice de Patton et al. a impulsividade por ausência de planejamento reflete justamente a tendência a tomar decisões imediatistas, sem avaliar consequências de médio e longo prazo. Assim, pode-se considerar que a tomada de decisão é indispensável para a adaptação social do indivíduo e particularmente difícil quando há maior necessidade de ponderação de recompensas e/ou perdas imediatas e futuras. Rev. psiquiatr. clín. vol.38 no.3 São Paulo 2011 Crianças com transtornos externalizantes do comportamento, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno de conduta, são suscetíveis a apresentar tomada de decisão desvantajosa como resultado de impulsividade, aversão ao atraso da gratificação, sensibilidade intensificada à recompensa imediata e propensão para comportamentos de risco. Essas condições contribuem para maior incidência de transtornos relacionados ao uso de substâncias nesses adolescentes que na população em geral, o que exemplifica a relação entre dificuldades na tomada de decisão e comportamentos desadaptativos em crianças e adolescentes com psicopatologia. Rev. psiquiatr. clín. vol.38 no.3 São Paulo 2011 Os estudos com os pacientes com lesão ventromedial no córtex pré-frontal têm ressaltado a importância da circuitaria ventromedial/orbitofrontal para o sucesso nas habilidades relacionadas à tomada de decisão. Além dos pacientes com lesão ventromedial, estudos demonstram que outros grupos clínicos caracterizados por alterações fisiopatológicas em circuitos pré-frontais, como os pacientes com esquizofrenia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno afetivo bipolar e transtorno obsessivo compulsivo. Em populações não clínicas, comportamentos caracterizados por alterações da impulsividade (por exemplo, envolvendo múltiplas suspensões na escola) também têm sido relacionados às escolhas desvantajosas na tomada de decisão . DIMENSÕES DA LINGUAGEM Verbal e não verbal função social de comunicação Escrita necessário habilidades cognitivas, linguísticas e discursivas. Discurso “... não é o sistema abstrato de formas linguísticas, nem uma enunciação monológica e isolada, mas o acontecimento social de interação discursiva...” O termo discurso admite muitos significados: Um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do ouvinte ou leitor. Há ainda aproximações do termo discurso com conceitos como o de texto e o de gênero textual, E ainda um outro significado corrente, muito usado entre os linguistas, cientistas sociais e estudiosos da Comunicação , como Michel Foucault e Émile Benveniste , porém menos difundido. O discurso, na concepção destes estudiosos é algo que sustenta e ao mesmo tempo é sustentado pela ideologia de um grupo ou instituição social. Ou seja, ele é baseado em um conjunto de pensamentos e visões de mundo derivados da posição social desse grupo ou instituição que permitem que esse grupo . Linguagem subjetiva ... a concepção de subjetividade implica entender a linguagem não como comunicação e nem como transmissão de mensagens, mas como efeito de sentido. A língua é mais que um instrumento do pensamento, é o lugar onde o sujeito habita, pois este sujeito se torna ativo ao estar presente no que diz Os estudos relativos à compreensão do conceito de subjetividade têm se ampliado e levado a mudanças teóricas e metodológicas no âmbito dos estudos filosóficos e linguísticos. Para este linguista francês, é na e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito. No âmbito da Linguística... Emile Benveniste traz a questão da subjetividade para o primeiro plano da abordagem da língua : o discurso No âmbito da Filosofia... Para Kant a questão da subjetividade é algo que não está fora do homem, mas em sua consciência.. A subjetividade designa a consciência interior de si Assim, a língua dá a possibilidade da subjetividade e o discurso, sua realização, sua efetivação. Assim, a fala nos leva ao plano do discurso como representante da subjetividade No âmbito da Psicanálise... Para Lacan, é na intersubjetividade do “nós” que o [sujeito] assume, que se mede em uma linguagem seu valor de palavra. Lacan (1953, 1954) compreende a intersubjetividade como sendo um meio pelo qual a palavra pode ser reconhecida. Para que seja uma palavra plena, é preciso ser reconhecida por alguém. Na análise, esse alguém é o analista. “Uma palavra não é palavra a não ser na medida exata em que alguém acredita nela” (Seminário I, 1972, p.272). Linguagem Terapêutica A compreensão da subjetividade abre espaço para a prática de uma intersubjetividade, que cada vez mais se mostra presente e necessária na clínica As influências, que interferem e modelam os sujeitos, contribuem para uma subjetividade que habita em suas relações afetivas, lingüísticase sociais. A Subjetividade no pensamento, na linguagem e no discurso Subjetividade:Uma propriedade da consciência – “ a subjetividade designa a consciência interior de si” ...”Tudo o que diz respeito a mim, chega à minha consciência por meio da palavra dos outros, com sua entonação valorativa e emocional”. M. Bakhtin Ao retornar para si o olhar e as palavras impregnadas de sentidos que o outro lhe transmite, a criança acaba por construir sua subjetividade a partir dos conteúdos sociais e afetivos que esse olhar e essas palavras lhe revelam A linguagem na construção do sujeito O mito do patinho feio metaforizado na Dislexia A metáfora do “patinho feio”, mostrada neste caso clínico, coloca em questão não apenas o simbolismo lingüístico mas, o processo simbólico desta subjetividade que constitui a expressão do inconsciente. “O escutar para além da palavra e do silêncio” As frases e os desenhos apresentados a seguir, sugerem o uso da metáfora conceitual, representada pelo mito do patinho feio, como forma de organização mental. A metáfora, neste caso, manifesta-se sob a forma de uma subjetividade estruturada cognitivamente e baseada em uma realidade de experiências e vivências frustradas, diante do fracasso para a aprendizagem da leitura e escrita. Ao observar atentamente a frase, Construída pela criança, pode-se perceber que as palavras, impregnadas de sentido, contribuem para construir esta subjetividade, levando a compreender o que elas revelam sobre o sujeito. Dislexia “Ana é uma menina que brinca na rua” O pato é feio ninguém gosta dele e ele não sabe o que ele é”. 02/08/1999 “ Uma palavra nova é como uma semente viçosa lançada à terra no campo da discussão “ “Wittgenstein” diascmc@ig.com.br
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