Buscar

Diferença entre PRESCRIÇÃO e DECADÊNCIA no Processo do Trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Diferenças entre Prescrição e Decadência no Processo do Trabalho
Enviar por e-mail BlogThis! Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook 
	
	
Adquira em nosso site
CONSULTEM TAMBÉM OUTROS ARTIGOS SOBRE PROCESSO DO TRABALHO
O Direito não socorre a quem dorme" (Princípio Romano). Diferentemente da área civilista, em que são estudados no âmbito do Direito Material, prescrição e decadência, na seara trabalhista, são institutos estudados no Direito Processual, especialmente porque só vêm à tona, regra geral, a partir de pleitos formulados no Judiciário. Por outro lado, como possuem, no âmbito trabalhista, particularidades, se analisados sob a ótica do Direito Civil, não raro induzem a equívoco. Melhor maneira de se explicar a diferença entre ambos os institutos é, além dos respectivos conceitos, estudar exemplos, como faremos abaixo. 
1.   PRESCRIÇÃO
Prescrição é a perda do direito de ação, em razão da inércia do seu titular, no decorrer de certo período. No Direito do Trabalho está prevista no artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal, a saber: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:...
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
Como se vê, a prescrição, no âmbito trabalhista, enquanto extinção do direito do autor, ocorre a partir de dois lapsos temporais, mas, na prática, exterioriza-se de maneira una, interligados, mas, não "somados". De fato, não se trata de somatória dos dois prazos ("sete anos"), porque o marco inicial da contagem relativa a ambos é diferente.
1.1   Prescrição quinquenal
Lapso temporal limite para se pleitear direitos trabalhistas. Ainda que o empregado tenha laborado 20 anos para seu empregador, só poderá pleitear verbas relativas aos últimos cinco anos trabalhados. Exemplo: empregado admitido em 11/10/1985, demitido em 29/09/2005; ajuizou ação em 13/10/2005, pleiteando horas extras laboradas desde janeiro/1990. Pois bem, conquanto tenha realizado horas extras desde 1990, não poderá pleiteá-las na totalidade porque, diante da prescrição quinquenal, só poderá pedir direitos relativos aos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação: 13/10/2005 – 5 anos = 13/10/2000, de modo que os direitos anteriores a 13/10/2000 estão prescritos.
Há quem entenda que a maneira correta de se contar prazo prescricional é "de forma ascendente", isto é, a partir do fato gerador do direito mais os cinco anos, mas, na prática, sabendo-se “fazer a conta", o resultado é o mesmo. A diferença de método não é desprezível, porque hipóteses de prescrição em prestações sucessivas, decorrentes de alteração do pactuado, demandam certa complexidade de análise. Trata-se da contagem de prescrição total ou parcial, a teor da Súmula 294 do TST. Mas, é questão prática, pois o resultado aritmético é o mesmo para ambos os métodos.
1.2   Prescrição bienal
A partir da rescisão contratual, qualquer que seja a sua causa, prescreve em dois anos o direito de pleitear direitos relativos à relação de emprego. Utilizaremos o mesmo exemplo acima, mas, com algumas diferenças: empregado admitido em 11/10/1985, foi demitido em 29/09/2005; ajuizou ação trabalhista em 13/11/2007, pleiteando horas extras não-pagas, laboradas desde janeiro/1990. Sendo a rescisão em 29/09/2005, a prescrição bienal ocorreria em 29/09/2007; se o ajuizamento da ação se deu em 13/11/2007, ultrapassou período de dois anos; logo, incidiu, na espécie, prescrição total: mesmo tendo direito às horas extras, o empregado não terá sucesso no pleito formulado em juízo, porque fulminado pela prescrição. Parece "injusto", mas, foi o critério utilizado pelo Legislador para que o autor da ação não seja inerte, pois não é razoável se esperar dez, vinte anos para pleitear direitos, sob pena de criar sérios problemas; com o tempo, provas exaurem e danos se "suavizam". 
1.3   Consideração da prescrição bienal incidindo a quinquenal
Exemplo: empregado admitido em 11/08/2003, foi demitido em 04/02/2008; ajuizou ação trabalhista em 18/02/2009, pleiteando horas extras não-pagas, laboradas desde 10/11/2003. Nesse caso, não houve extinção do direito pela prescrição bienal, porque o empregado ajuizou ação no prazo de dois anos. Se a rescisão foi em 04/02/2008, ele teria até 04/02/2010, para mover ação; como a intentou em 18/02/2009, não prescreveu o direito de demandar. Contudo, qual a relevância da prescrição quinquenal para a hipótese? Faremos a conta “de maneira inversa" do que se costuma fazer: O fato gerador, no caso, nasceu em 10/11/2003, a partir do momento em que o empregado começou a fazer horas extras; logo, considere-se a data acima mais cinco anos: o direito "morre" em 10/11/2008. Se o empregado ajuizou ação em 18/02/2009, perdeu direito a horas extras anteriores a 18/02/2004 (note-se que se fizermos a "conta" de maneira inversa, a partir do ajuizamento da ação, subtraindo cinco anos, o resultado é o mesmo; isso porque 18/02/2009 menos cinco anos é igual a 18/02/2004); embora o empregado tenha feito horas extras desde 10/11/2003, só tem direito a receber direitos a partir de 18/02/2004; perdeu, praticamente, três meses de horas extras (de 10/11/2003 até 18/02/2004).
1.4   Prescrição bienal com contagem da quinquenal
Exemplo: empregado admitido em 11/08/2007, foi demitido em 13/11/2008; ajuizou ação trabalhista em 18/02/2009, pleiteando horas extras não-pagas, laboradas desde 11/08/2007.  Ora, 18/02/2009  menos cinco = 18/02/2004; primeiro, a prescrição bienal foi respeitada; segundo, contando-se a quinquenal, cinco anos para trás, ou, como queiram, para frente, a partir do fato gerador do direito, o empregado faz jus ao pagamento de todas as horas extras, desde 11/08/07. Nesse caso, a prescrição quinquenal não gerou qualquer efeito. Em princípio, o empregado poderia pleitear direitos de 11/08/2012 para trás; mas, aí, o ponto fulcral da questão: isso não ocorreria porque respectivos direitos estariam, no mesmo exemplo, fulminados pela prescrição bienal, já que demitido em 13/11/2008. Essa, então, a relevância de as prescrições quinquenal e bienal serem consideradas em conjunto.
1.5   Outras hipóteses de prescrição no âmbito trabalhista
1.5.1   Prescrição do FGTS
A prescrição do FGTS é exceção, isto é, contra esse direito não corre prescrição quinquenal, mas, trintenal (trinta anos); a bienal incide na hipótese, evidentemente. 
1.5.2   Prescrição em ações declaratórias
Para ações declaratórias não incide prescrição quinquenal ou trintenal. Caso típico no processo do trabalho é o reconhecimento de vínculo de emprego e anotação do registro na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social). Mas, incide prescrição com relação às respectivas verbas condenatórias, geralmente pleiteadas na demanda em que se discute reconhecimento de vínculo de emprego; o mesmo se diz para a bienal, mais ligada ao direito de postular (no entanto, essa questão não é pacífica na jurisprudência). Exemplo: obreiro trabalhou por oito anos sem registro; provou na Justiça que laborou como empregado: tem direito, portanto, ao reconhecimento da relação jurídica de emprego e respectivo registro em carteira, pelos oito anos, já que se trata de ação declaratória de direito contra o qual não corre prescrição. Mas, digamos que nesses oito anos não tenha recebido 13º salário: tem direito ao registro dos oito anos, pela ação declaratória, mas, só receberá, na ação, cinco décimos terceiros salários, pois, em se tratando de verba condenatória incide prescrição quinquenal.
1.5.3   Prescrição contra menores
Contra os menores de 18 anos não corre prazo de prescrição, conforme dispõe o artigo 440 da CLT.
1.5.4   Outras hipóteses de prescrição
A prescrição para ações que envolvam ações acidentárias, danos morais e materiais, dada a ampla controvérsia doutrinária sobre o tema, demanda estudo à parte. As hipóteses acima estudadassão apenas alguns dos detalhes da prescrição, instituto extremamente complexo; há, ainda, prescrição intercorrente, regras de suspensão e interrupção da prescrição, além do Novo Regime da Lei 11.280/2006, que introduziu modificações no Código de Processo Civil, com alteração substancial no regime jurídico da prescrição. Todas essas questões serão tratadas separadamente.
2.   DECADÊNCIA
A decadência, tanto quanto a prescrição, também é fato extintivo de direitos. Contudo, a maioria dos doutrinadores entende que só há uma hipótese de decadência na seara trabalhista: prazo de 30 dias para instauração de inquérito judicial para demissão de empregado estável (Súmula 403 do STF), a contar da suspensão, por falta grave. Há quem entenda que o prazo para intentar ação judicial, a partir de demanda na Comissão de Conciliação Prévia, também seria de decadência.
3.   DIFERENÇAS ENTRE DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
Em direito material, a prescrição refere-se ao direito de exigir de alguém cumprimento de uma prestação; em processo, a prescrição restringe-se ao direito de exigir judicialmente o direito. A decadência, por sua vez, refere-se, regra geral, ao exercício de direitos potestativos, ou seja, aqueles que conferem ao titular poder de influir, com sua manifestação de vontade, sobre determinada condição jurídica. Vejamos o exemplo do inquérito judicial para apuração de falta grave de empregado estável (condição, sem a qual não, para demiti-lo): se o empregado estável comete falta grave, o empregador tem trinta dias para ajuizar inquérito para apuração de falta grave. Prazo que é decadencial.
Para o conceito clássico do direito comum, na decadência, conquanto tenha nascido, o direito não se efetivou pela falta do exercício. Diferentemente, na prescrição o direito nasce e se efetiva, mas que perece porque a prerrogativa de ação para pleiteá-lo pereceu. Assim, no exemplo acima, o empregador tem direito a ajuizar inquérito para apuração de falta grave, mas, deve fazê-lo no prazo de trinta dias; logo, se não o fizer, o direito nasceu, mas, pereceu pelo não exercício; veja que se trata de exercício de um direito e não de uma ação. Costuma se dizer que a decadência está mais ligada ao direito material e a prescrição ao direito processual, mas, esse tipo de comparação é insegura e pode induzir a erro, especialmente no âmbito trabalhista. O melhor a fazer, especialmente para quem está se preparando para concursos, é memorizar aspectos práticos de ambos os institutos.
Leia mais: http://www.juslaboral.net/2009/01/diferenas-entre-prescriao-e-decadencia.html#ixzz28qBVeIhp 
Não autorizamos cópia integral do artigo na Internet ou qualquer outro meio © Marcos Fernandes Gonçalves

Outros materiais