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LITISCONSÓRCIO no processo do trabalho

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Litisconsórcio no processo do trabalho – I
Conceito. Litisconsórcio, nos termos do artigo 46, do Código de Processo Civil, é a reunião de duas ou mais pessoas no mesmo pólo do processo, ativa ou passivamente. Os requisitos para formação do litisconsórcio estão descritos no mesmo dispositivo legal: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Apesar de a lei definir o litisconsórcio de maneira cristalina, a exteriorização do instituto, ao menos do ponto de vista teórico, guarda certa complexidade, até porque a própria lei, no que diz respeito à classificação, como verificaremos mais adiante, confunde litisconsórcio simples com unitário (artigo 47 do CPC). Trataremos do tema, para fins didáticos, da forma mais sucinta possível. 
Classificação. Há na doutrina diversas classificações sobre o litisconsórcio processual. A que reputamos mais objetiva é a seguinte: 
1) Posição das partes. O litisconsórcio pode ser ativo, passivo ou misto. No ativo, duas ou mais pessoas se reúnem para litigar em face de único demandado. No passivo, uma só pessoa demanda em face de vários réus. No misto, haverá pluralidade de réus e autores no mesmo processo.
2) Fundamento que justifique a formação do litisconsórcio. Nesse quesito, o litisconsórcio pode ser necessário ou facultativo. 
Litisconsórcio necessário se a coexistência dos litigantes, no mesmo processo, for imprescindível à prestação jurisdicional. Conforme dispõe o artigo 47, caput, primeira parte, do Código de Processo Civil, é necessário o litisconsórcio quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes. Exemplo clássico é o art. 10, § 1º, do Código de Processo Civil, que dispõe sobre a citação de ambos os cônjuges para as hipóteses que elenca. Por exemplo, para ações que versem sobre direitos imobiliários é conditio sine qua non a citação de ambos os cônjuges.
Litisconsórcio facultativo: a coexistência de partes, no mesmo processo, ocorre por opção dos litigantes. Não há, portanto, nesse caso, obrigação legal na formação do litisconsórcio. Trata-se, inclusive, da regra geral. Suas hipóteses são as previstas nos incisos I a IV, do artigo 46, do CPC, conforme descrito acima. Nos termos do artigo 46, parágrafo único, do CPC, poderá o juiz limitar o litisconsórcio facultativo, quanto ao número de litigantes, se este comprometer a rápida solução da lide ou dificultar a defesa. No necessário, não há de se falar nessa limitação.
3) Efeitos da sentença em relação aos litisconsortes.
Quanto aos efeitos da sentença, o litisconsórcio será simples ou unitário. O artigo 47, caput, do CPC, confunde litisconsórcio necessário com unitário; in verbis:
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.
Se o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes, está caracterizado litisconsórcio unitário – o efeito da sentença é uno em relação à partes –, mas, não, litisconsórcio necessário, que, na verdade, está relacionado à razão que justifique sua formação e não diretamente aos efeitos da decisio litis. Deveras, o fato de a decisão ser uniforme não impõe, em princípio, presença de todas as partes na mesma lide. É claro que, em se tratando de litisconsórcio necessário, todos os litigantes envolvidos terão, obrigatoriamente, de participar da lide, mas, a esse respeito, reconheça-se, foi redundante o legislador.
Renato Saraiva explica a assertiva[1]: ...em outras palavras, nem todo litisconsórcio necessário será unitário e vice-versa. A título de exemplo, podemos mencionar o art. 942 do CPC, que estabelece uma espécie de litisconsórcio necessário na "ação de usucapião", que se forma entre aquele em cujo nome está registrado o prédio usucapiendo e todos os confrontantes do imóvel, onde a sentença não será uniforme para todos os litisconsortes.
Litisconsórcio simples. Ao contrário do que ocorre no litisconsórcio unitário, a decisão não será necessariamente uniforme para todos os litisconsortes. Hipótese mais comum, aliás.
O procedimento do litisconsórcio é o previsto nos artigos 48 e 49, do Código de Processo Civil; in verbis:
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.
Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos.
Regra geral, litisconsortes, em relação à parte adversa, são independentes entre si, tal que o insucesso de um não prejudica o outro. Mas, o próprio Código de Processo Civil elenca hipóteses que, em tese, seriam exceções: art. 320, I, do CPC (os efeitos da revelia serão afastados, havendo pluralidade de réus, caso um deles conteste a ação); art. 350, do CPC (a confissão de um litisconsorte não prejudica os demais); art. 191, do CPC (se tiverem os litisconsortes procuradores diferentes, ser-lhe-ão contados em dobro os prazos para falar nos autos)[2]; art. 509 do CPC (recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos seus interesses)[3].
Há importantíssima questão a ser considerada na análise da regra insculpida no artigo 48 do CPC: os atos e omissões de cada litisconsorte exteriorizam-se em atos processuais que, nas palavras de Manoel Antonio Teixeira Filho[4], “interessem à defesa de seus direitos, sem que a realização desses atos, ou a falta deles, possa acarretar prejuízos ou benefícios aos demais”. No entanto, essa regra só se aplica ao litisconsórcio simples, de sorte que a demanda “só pode ser resolvida de maneira absolutamente heterogênea para os compartes”[5]. Diferentemente, no litisconsórcio unitário, a se considerar que os efeitos da sentença devem, necessariamente, ser homogêneos a todos os litisconsortes, a regra do artigo 48, do CPC, não se lhe aplica, no qual, a rigor, devem os atos de uns beneficiar os outros. Porém, o inverso não é verdadeiro: a não realização de ato processual, no litisconsórcio necessário, por um dos litisconsortes, não pode prejudicar os demais [6].Consulte a continuação deste artigo: Litisconsórcio no processo do trabalho - II. 
NOTAS 
[1] Curso de direito processual do trabalho, São Paulo : Método, 2005, p. 226. 
[2] Princípio que não se aplica ao processo do trabalho porque incompatível com o princípio da celeridade processual trabalhista, como expressamente descrito na Orientação Jurisprudencial nº 310 da SDI-I, do Tribunal Superior do Trabalho). 
[3] Renato Saraiva entende que essa hipótese somente se aplica ao litisconsórcio unitário. 
[4] Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho, 3ª Ed. – São Paulo : LTr, 1995, p. 122. 
[5] Idem, ibidem, mesma p. 
[6] Idem, ibidem. 
Litisconsórcio no processo do trabalho – II
Dando continuidade ao artigo anterior (Litisconsórcio no processo do trabalho – Parte 1), trataremos de  modo mais específico do litisconsórcio no processo do trabalho. A Consolidação das Leis do Trabalho menciona-o somente no artigo 842: “Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento.” Portanto, litisconsórcio ativo, facultativo e simples[1]. Ativo: a cumulação subjetiva citada no dispositivo legal é em relação aos autores; facultativo, porque sua formação dependerá da vontade das partes (a expressão “poderão...” não deixa margem de dúvida quanto a isso);simples, que é a regra geral, pois a sentença não resolverá a lide, para todos os litisconsortes[2], de maneira uniforme.
A “identidade de matéria”, nesse caso, significa identidade de causa de pedir ou pedido, mas, dada a pluralidade de situações que pode ocorrer na prática, o art. 46, I a IV, do CPC, deve ser usado supletivamente[3]. À míngua de previsão na CLT, é claro que o litisconsórcio passivo é permitido, no processo do trabalho, por aplicação analógica do artigo 46, do Código de Processo Civil.
Manoel Antonio Teixeira Filho[4] entende que não há lugar para o litisconsórcio necessário no processo do Trabalho. Concordamos com essa posição. E diz o insigne doutrinador:
“...no processo do trabalho não há lugar para o litisconsórcio necessário. Ainda que devemos considerar a existência de grupo econômico, no plano de direito material (CLT, art. 2º, § 2º), em nada haverá de modificar o nosso parecer, pois a lei não obriga ao empregado de uma das “empresas” integrantes desse grupo a litigar com as demais. Isso só será indispensável se ele pretender que estas respondam, solidariamente, pelo adimplemento das obrigações que estavam afetas, em princípio, à que era sua empregadora. Nesta hipótese, o litisconsórcio será facultativo e não necessário. Os mesmos argumentos podem ser endereçados à situação de que cuida o art. 455, da CLT.”[5]
Para Sérgio Pinto Martins[6], também, o grupo econômico não é hipótese de litisconsórcio necessário: 
“ (...) Não há litisconsórcio necessário no processo do trabalho, pois mesmo no caso de empresas do mesmo grupo econômico, que são solidárias entre si quando às dívidas de natureza trabalhista (§ 2º do art. 2º da CLT), não é preciso o chamamento de todas ao processo, pois este só admitiria em relação às empresas secundárias quanto à principal. No entanto, qualquer empresa pode pagar o débito trabalhista da empresa do grupo, em razão dessa solidariedade, e de o empregador ser considerado o próprio grupo econômico.”
Realmente, o empregado não é obrigado a litigar, na mesma lide, em face de mais de uma empresa integrante de grupo econômico, a não ser que pretenda condenação solidária[7] - e a jurisprudência majoritária do TST é nesse sentido (Súmula 205[8]).  Na prática, o autor raramente intentaria demanda em face de apenas um dos coobrigados, especialmente por conta da corrente doutrinária que considera o grupo econômico empregador único. (sobre grupo econômico, consultem Isonomia Salarial no Grupo Econômico).
Conclui-se, pois, que não há de se falar em litisconsórcio necessário no processo do trabalho, a não ser por exceção[9]. A esmagadora maioria das hipóteses será de litisconsórcio facultativo e simples, mas, não está descartado o unitário.
Realmente, em que pese a impossibilidade de ocorrer, no processo do trabalho, litisconsórcio necessário, este que, em regra, conduziria ao regime unitário[10], haverá, conquanto de forma restrita, condições para formação de litisconsórcio em que o efeito da sentença seja uno para os liticonsortes[11].
Importantíssimo estudar as combinações entre modalidades de litisconsórcio no processo do trabalho.
LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO E SIMPLES
É a previsão do artigo 842 da Consolidação das Leis do Trabalho. Facultativo porque os autores – ativo, portanto – poderiam litigar em face do mesmo empregador, em demandas separadas, mas, por existir conexão entre as respectivas causas de pedir, ou entre os pedidos, há, como diz Manoel Antonio Teixeira Filho[12], conveniência, de ordem prática, jurídica, estratégica, etc., para que litiguem, em conjunto, na mesma lide. Interesse, aliás, que vai ao encontro do princípio da economia processual, além de evitar eventuais decisões contraditórias sobre fatos conexos.
Desponta como elemento de caracterização desse tipo de litisconsórcio a possibilidade de os autores, a par da conexão entre causa de pedir ou pedido, intentarem ações independentes em face do mesmo empregador.
Insista-se que o litisconsórcio facultativo e simples, seguramente, representa a maioria absoluta das hipóteses que podem ocorrer no processo do trabalho. A propósito, ainda é muito utilizada no foro trabalhista, inclusive, em doutrina, a expressão ação plúrima para denominar o litisconsórcio ativo. Embora, para uma técnica mais rigorosa, a expressão não seja das mais felizes, reconheça-se que se coaduna com a simplicidade e objetividade do processo do trabalho (dois elementos que, nos últimos anos têm sido copiados, às escâncaras, pelo legislador, na reforma do Código de Processo Civil – o que é muito bom, por sinal). Ademais, seu sentido léxico dá, justamente, a ideia de pluralidade.
LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO E UNITÁRIO
Facultativo porque ficará ao critério das partes litigar em conjunto na mesma lide. Unitário porque o respectivo direito material não é cindível, tal que o efeito da sentença será uno em relação aos litisconsortes. O exemplo de Manoel Antonio Teixeira Filho[13] é lapidar: 
“O empregador institui um Regulamento Interno, que os trabalhadores julgam ser lesivo aos seus direitos ou interesses, estes podem (logo, há facultatividade) consorciar-se para ingressar em juízo, hipótese em que o pronunciamento jurisdicional deverá ser uniforme para todos eles: ou só diz que o Regulamento causou as lesões indicadas (e, em razão disso, é nulo nos termos dos arts. 9º e 468, da CLT), ou só diz que inexistiram essas lesões e, consequentemente, a precitada norma interna corporis é válida. Não seria aceitável que a sentença declarasse a nulidade do regulamento relativamente a alguns trabalhadores, e a sua validade quanto a outros, quando os direitos ou interesses indicados como violentados tenham sido os mesmos.”
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO E SIMPLES
Necessário porque a coexistência dos litigantes, no mesmo processo, é imprescindível à prestação jurisdicional, nos termos do artigo 47, caput, primeira parte, do Código de Processo Civil. Simples, porque os efeitos da sentença poderão ser diversos para os litisconsortes. O exemplo clássico do processo civil é ação em que a sentença declare usucapião, conquanto exclua parte da área, em virtude de contestação apresentada por um dos confinantes”[14]. Sua possibilidade no processo do trabalho, especialmente levando em conta o fundamento “necessário”, é praticamente nula.
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO E UNITÁRIO
Conforme já indicado, coadunamos com o pensamento de Manoel Antonio Teixeira Filho[15], no sentido de que não há lugar no processo do trabalho para o litisconsórcio necessário, pelo que a combinação com o unitário não ocorreria no âmbito trabalhista. Aliás, existem outras combinações, mas, que, para fins específicos do processo do trabalho, carecem de importância.
QUESTÕES DE ORDEM PRÁTICA
Exemplo clássico de litisconsórcio facultativo simples: vários empregados, despedidos injustamente, propõem ação trabalhista em face do empregador, pleiteando verbas rescisórias que não foram pagas  (aviso prévio, FGTS+40%, décimo terceiro salário, férias, etc.). Facultativo, porque os mesmos empregados poderiam propor ações independentes, pleiteando, cada um, respectivas verbas rescisórias – por razões práticas e estratégicas, optaram pela ação plúrima. Simples, porque os efeitos da sentença, não necessariamente, serão os mesmos para os liticonsortes; por exemplo, pode ser que, em um dos casos, o autor já tenha recebido verbas rescisórias, de modo que para este a sentença será improcedente, para os outros, procedente, uma não vinculando a outra, seja pelos pressupostos intrínsecos da decisio, seja pelos extrínsecos. No mesmo exemplo, um dos empregados por atingir determinada idade, teria direito a aviso prévio maior do que o previsto em lei, conforme determina a convenção coletiva da categoria; portanto, receberá aviso prévio diferente dos demais, em nada alterando os pedidos dos outros litisconsortes.
O efeito da sentença, do ponto de vista do direito material, não pode ser outro senão a própria condenação em si, ou, conforme o caso, declaração de um direito. Mas, nos mesmosexemplos, e refletindo sobre outro ângulo, a exteriorização formal da sentença não será idêntica para todos os autores, de modo que a condenação do empregador, em relação a qualquer um dos litisconsortes, não o vincula, em obrigação idêntica, em relação aos demais. Note-se que a causa de pedir é a mesma: empregados despedidos injustamente pelo mesmo empregador; e o pedido também: verbas rescisórias. No entanto, a identidade de pedido e causa de pedir, nos exemplos considerados, não redundou na mesma identidade de condenação, material ou processualmente. Mesmo raciocínio, fosse a hipótese de declaração de direito ou decretação de nulidade contratual para um dos litisconsortes, também não implicando em vinculação do empregador, em relação aos demais. 
Tanto assim é que, intentando os empregados ações independentes, em relação ao mesmo empregador, poderiam respectivas decisões ser diversas, pelos pressupostos extrínsecos ou intrínsecos, não havendo qualquer vínculo, insista-se, entre elas. Em termos práticos: a condenação de A, no processo C, não implicará, no processo D, em condenação de E (os efeitos de uma, positivos ou negativos, pela ótica dos autores, não vincula o réu, em relação às outras demandas). Por isso que, como diz o inabalável – e talvez o mais certeiro de todos – jargão forense, “cada caso é um caso". 
Ainda que houvesse condenação idêntica, em todas as ações independentes, devendo, pois, o empregador pagar as verbas rescisórias pleiteadas, inexistiria “vínculo” entre uma decisão e outra, justamente porque são ações independentes, o que nada mudaria, por força da natureza desse tipo de litisconsórcio, se intentadas mediante ação plúrima.
No raciocínio exposto, não estamos cogitando, evidentemente, da ação civil pública e das ações coletivas em geral, que cuidam de direitos metaindividuais (difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogêneos), pois, nesses casos, o raciocínio é completamente diferente, sobretudo porque os efeitos das respectivas decisões, em regra, são erga omnes – quando menos, atingindo determinada categoria. A seara dos direitos coletivos, sentido amplo, é diversa da que expusemos para a ação plúrima, porque esta, claro, diz respeito somente ao âmbito dos dissídios individuais.
Enfim, conquanto idealmente perfeita, nem sempre a propositura de ação plúrima, estrategicamente, pode se configurar em melhor caminho, como a prática já nos demonstrou. É verdade, seria interessante às partes e ao Poder Judiciário, fosse uma constante, porque é evidente, nesse caso, a economia de atos processuais, além de evitar decisões, eventualmente, contraditórias. Mas, a prática guarda nuances que nem sempre possibilitam concretização da teoria. Tema para outro artigo, mas, deixo para o leitor refletir: traria resultado processual prático (positivo, do ângulo dos trabalhadores) o litisconsórcio ativo – facultativo simples – sobre matéria que contemplasse ampla dilação probatória? Horas extras, por exemplo?
NOTAS 
[1] Cf. Manoel Antonio Teixeira Filho, que inclui outra classificação: litisconsórcio originário, isto é, quanto ao momento de sua constituição, de modo que sua formação ocorra já na apresentação da petição inicial, ou da contestação. O litisconsórcio superveniente será formado no curso do processo, ou melhor, quando a eficácia da sentença dependa da citação de todos os litisconsortes (Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho, 3ª Ed. – São Paulo : LTr, 1995, p. 97). 
[2] Idem, ibidem, p. 100. 
[3] Idem, ibidem, mesma p. 
[4] Ibidem, mesma p. 
[5] O autor também afasta a possibilidade de se considerar a ação (“inquérito) ajuizada pelo empregador, tendente a comprovar prática de faltas graves por alguns empregados e decorrentes do mesmo fato. O litisconsórcio, nesse caso, seria facultativo, por haver várias ações aglutinadas na mesma demanda (idem, ibidem, mesma p.) 
[6] Direito processual do trabalho, 29ª ed., São Paulo : Atlas, 2009, p. 211. 
[7] Se bem que, em sendo a obrigação solidária, pela teoria geral do direito das obrigações, poderia o credor ajuizar demanda em face de apenas um dos devedores solidários, como ocorre, por exemplo, nos contratos de locação. 
[8] “205 - Grupo econômico. Execução. O responsável solidário, integrante do grupo econômico, que não participou da relação processual como reclamado e que, portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo na execução.” 
[9] A doutrina não é pacífica. Renato Saraiva cita, também, o exemplo da ação anulatória de cláusula convencional, em que ambos os sindicatos convenentes, necessariamente, integrarão o pólo passivo da demanda (Curso de direito processual do trabalho, 2º ed. - São Paulo : Método, 2005 p. 223). 
[10] Cf. Manoel Antonio Teixeira Filho, ibidem, p. 116. 
[11] Renato Saraiva, todavia, entende que a hipótese de grupo econômico seria de litisconsórcio unitário, porque a sentença teria de ser uniforme a todos os coobrigados (idem, ibidem, p. 226). 
[12] Ibidem, p. 120. 
[13] Idem, ibidem, mesma p. 
[14] Cf. Manoel Antonio Teixeira Filho, ibidem, p. 121. 
[15] Ibidem, mesma p.

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