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SALÁRIO “IN NATURA” (salário utilidade)

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Salário “in natura” (salário utilidade)
Como dissemos no artigo anterior desta série (Meios de pagamento do salário), o salário também pode ser pago mediante fornecimento de bens. Trata-se do salário “in natura”, também conhecido como salário utilidade, que é forma de pagamento por meio de utilidades essenciais ao trabalhador (alimentação, moradia, habitação, etc.). Conforme artigo 82 da CLT, o montante em dinheiro não deve ser inferior a 30% (trinta por cento) do salário total, o restante pode ser pago em utilidades. Para a jurisprudência majoritária (Súmula 258 do Tribunal Superior do Trabalho) essa inferência só se aplicaria aos trabalhadores que percebem salário mínimo. Ressalte-se, contudo, que na doutrina a matéria não é pacífica[1]; entende determinada corrente que, para salários superiores ao mínimo, seria proporcional o percentual. Requisitos do salário utilidade: 1) fornecimento em razão do contrato ou do costume; 2) deve ser fornecida habitualmente; 3) não deve acarretar ônus ao empregado.
Contrario sensu, parcelas que não são consideradas utilidades (salário in natura): 
1) recebidas com eventualidade; 
2) pelas quais paga o empregado (mas, se, por exemplo, o empregador fornecer habitação e descontar parcela simbólica do empregado, pode se caracterizar salário in natura); 
3) necessárias à execução do contrato (as que têm natureza instrumental, como, por exemplo, uniformes e ferramentas)[2].
Nesse sentido, aliás, há divergência em se considerar, ou não, moradia do zelador de condomínios residenciais como salário utilidade. Parte da doutrina não a considera salário utilidade, por força da natureza instrumental da espécie (seria essencial à execução do contrato de trabalho). Não obstante, algumas categorias sindicais, costumeiramente, estabelecem pagamento de salário habitação para esse tipo de utilidade. Mesma quaestio para a moradia do rural. Também para o Aeronauta, no que diz respeito ao repouso em local adequado, transporte até local de trabalho e vice-versa (Lei 7183/84).
3)   bebidas alcoólicas e drogas nocivas (inclusive o cigarro, Súmula 367 do TST);
4)   por imposição legal:
vale-transporte; 
vale-refeição; conforme PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador (Lei 6.321/76 – Orientação Jurisprudencial nº 133 da SDI-I, do TST). Por sinal, para fornecimento de tickets de restaurante, deve, também, o empregador estar devidamente inscrito no PAT, sob pena de se considerar o título como salário “in natura”;
Art. 458 da CLT:
a)   educação do empregado ou dos dependentes;
b)   transporte fornecido pelo empregador;
c)   assistência médica, hospitalar ou odontológica;
d)   seguros de vida e de acidentes pessoais
e)   previdência privada
Nulidade contratual no pagamento de salário utilidade: 
Se é desvirtuada a finalidade de qualquer prestação indicada no art. 458, da CLT, ficará caracterizado respectivo salário “in natura”. Por exemplo, no mercado de trabalho, o salário do empregado corresponde a R$ 2.000,00 mensais; a empresa contrata-o para pagar, mensalmente, R$ 1.000,00 de salário, mais R$ 1.000,00 de previdência privada. Em tese, o instituto foi desvirtuado, dada a discrepância em relação ao salário do mercado; é bom lembrar que o § 1º do mesmo artigo impõe que: “os valores atribuídos às prestações 'in natura' deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (art. 81 e 82 )”.
5)   Parcelas residuais:  ex.: atual Súmula 367 TST– é a preponderância que irá caracterizar salário, ou não.
367 - Utilidades "in natura". Habitação. Energia elétrica. Veículo. Cigarro. Não integração ao salário. (Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs  24, 131 e 246 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ 20.04.2005) 
I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (ex-OJs nº 131 - Inserida em 20.04.1998 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 e nº 246 - Inserida em 20.06.2001) 
II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. (ex-OJ nº 24 - Inserida em 29.03.1996)
No artigo seguinte, vamos continuar a estudar salário “in natura”. Consultem: Salário “in natura” (salário utilidade) Impacto na Remuneração
NOTAS
[1] E relevante: se a utilidade não respeitar o salário mínimo, corresponderá, então, ao valor de mercado? A habitação é exemplo emblemático.
[2] Essa inferência explica, por si só, a conhecida discussão sobre utilidades fornecidas pelo trabalho (salário "in natura", portanto) e utilidades fornecidas para o trabalho (nesse caso, não se trata de salário).
Imagem: Van Gogh – Par de Sapatos
Salário “in natura” (salário utilidade) Impacto na Remuneração 
Como estudamos no artigo anterior (salário “in natura”), nos termos do artigo 82, da Consolidação das Leis do Trabalho, 70% do  salário pode ser pago em utilidades. De todo modo, para a jurisprudência majoritária, conforme Súmula 258 do Tribunal Superior do Trabalho, o percentual acima referido só se aplicaria aos trabalhadores que recebem salário mínimo. Nas hipóteses em que o salário for superior ao mínimo (federal ou estadual), a utilidade corresponderá ao seu valor de mercado. Dessa forma, se a utilidade corresponder a R$ 200,00 mensais, será esse valor o incidente nos títulos de direito. 
É o que dispõe a Súmula 258 do TST: 
258 - Salário-utilidade. Percentuais. Os percentuais fixados em lei relativos ao salário "in natura" apenas se referem às hipóteses em que o empregado percebe salário mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade.
Há exceções, entretanto, com relação aos mencionados percentuais: 
1) Para determinada corrente, se o empregado recebe salário mínimo, devem ser aplicadas as tabelas do mínimo regional (conforme arts. 81 e 82, da CLT). Nesse caso, se a tabela prevê, por exemplo, que 1% do salário mínimo seja de transporte, esse será o valor da utilidade, mesmo que seja maior o valor de mercado. Mas, esse entendimento está superado, especialmente porque os arts. 81 e 82, CLT, no tocante, foram tacitamente revogados pelo art. 7º, IV, CF, que impõe salário mínimo constitucional (consultem: Salário Mínimo da Empregada Doméstica no Estado de São Paulo). Contudo, levando em conta o recente retorno do salário mínimo estadual, como ocorreu em alguns Estados da Federação, caso de São Paulo, por exemplo, é provável que essa discussão volte à tona. 
SALÁRIO UTILIDADE: ALIMENTAÇÃO E HABITAÇÃO
2) Hipóteses do parágrafo 3º do art. 458, da CLT, quanto ao salário utilidade: alimentação e habitação: 
A alimentação está limitada a 25%, por exemplo, se o empregado receber R$ 1.000,00 de salário mensal e R$ 150,00 de alimentação, pagará o empregador valor total da utilidade: R$ 1.150,00 (salário pago + salário utilidade). Nesse caso, o empregador pagou o total da utilidade, pois não atingiu 25% do salário, que corresponderia a R$ 250,00 (1.000 x 25%). 
Todavia, se o empregador fornece R$ 500,00 de alimentação, o total corresponderá a salário (R$ 1.000,00) + teto de 25% (R$ 250,00), ou seja, R$ 1.250,00, em vez de “R$ 1.500,00” (salário + total da utilidade). 
O mesmo ocorre quanto à habitação, mas com o teto de 20%.
Conclusão: se o empregado ganha mais que o salário mínimo, o valor total da prestação é o salário, contudo, no caso da habitação e alimentação deve-se respeitar o teto do parágrafo 3º, do art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho.

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