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De como os Infans se tona um sujeito alienado no EU. O estádio do espelho.

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Faculdades Integradas Maria Thereza
Matéria: Ensino de Lacan 
Resenha: De como os Infans se tona um sujeito alienado no EU. O estádio do espelho. 
O organismo nasce a vida, sendo este, o acumulo de partes de partes onde não haveria nada que pudesse parecer-se com um Eu(Ego), isto é, nada que tivesse consciência de si ou, simplesmente, nada que pudesse pensar-se a si mesmo como sendo UM. Cabendo afirmar, que no começo não há uma diferenciação interior-exterior, condição essencial para a objetivação da realidade. 
O organismo Humano só consegue constituir-se “como UM no interior do discurso desses outros que o designam, lhe atribuem um sexo, o excluem do outro sexo, atendem as necessidades que seu estado de imaturidade e incompletude orgânica lhe impedem de satisfazer por sua própria conta e o incluem em um sistema de parentesco que implica em proibições e promessas. 
Em termos psicanalíticos, o que está em jogo nesse encontro é a constituição do EU-especular, onde o processo de identificação possibilita ao sujeito funcionar como Um num sistema de intercâmbios com a mãe, o pai, ou simplesmente, os outros.
Lacan, vai trabalhar a constituição imaginária do EU –Moi- a partir da identificação com a imagem especular. O seu trabalho clássico chama a atenção para um fenômeno particular: O bebê, que nem mesmo pode se manter em pé por seus próprios meios, em algum momento depois dos seis meses de idade, comemora o reconhecimento de sua própria imagem refletida no espelho. 
Num primeiro momento, a criança brinca com esse ser sorridente que tem ante seus olhos, brinca a olhá-lo e a ser olhado por esses olhos abertos na superfície espelhada, reinando uma confusão um-outro. Num segundo momento, a criança “descobre” que o outro do espelho não é um ser real mas só uma imagem. Agora distingue entre “imagem do outro” e “realidade do outro”. Já no terceiro momento, a criança compreende que não só se trata de uma imagem mas que esta imagem é sua, A alegria de tal descoberta, marca a “transformação produzida no sujeito quando assume uma imagem”. Trata-se de uma transformação de um corpo fragmentado numa totalidade unificada- Representação do próprio corpo. 
O estádio do espelho ressalta o papel estruturante da imagem, na medida que organiza um corpo a partir de uma promessa de unidade. “A função do estádio do espelho nos revela a função da Imago” que é de produzir “efeitos formativos sobre o organismo”. Para Lacan “filhote humano” a imagem é uma promessa de unidade na medida em eu ela nasce carente de todo elemento unificador e, por outro, essa promessa só se articula como tal se um adulto mediatizar a relação com o espelho. 
Assim, enquanto o bebê pode muito bem reconhecer imagens, não pode coordenar os movimentos de seus membros pela simples razão de que não pode se reconhecer unido a partir de suas sensações proprioceptivas. Desta forma, o espelho instala uma tensão entre a imagem unificada e a insuficiência sensório-motora. Tensão que se desenvolve por um lado, a unidade antecipada inscreve o sujeito num devir prospectivo e, por outro, a partir da unidade que se constituem as imagens de fragmentação corporal. 
O estádio do espelho, assim pode ser definido como “um drama cujo o impulso interno se precipita da insuficiência a antecipação “(Lacan,1949: 90). Esta precipitação, tem que se dá na mediação do adulto. Tendo como finalidade, ratificar ao bebê que a imagem lhe imposta é justamente a sua própria. É o adulto o adulto quem vai lhe dizer que essa Gestalt que está lá e que é semelhante à dos outros é a sua própria. Desta forma, é o adulto quem o unifica na medida em que o reconhece como Um. 
O bebê “vê” sua imagem porque o olhar da mãe dá sustentação ao acontecimento. A criança se enxerga através dos olhos da mãe. Isso significa, que o olhar acolhe o desejo da mãe que faz de “matriz simbólica” sobre o qual se debruça o infans. A criança se agarra a esta imagem, pois é assim que se faz objeto de desejo materno. A criança deseja ser desejada pela mãe e portanto se identificar com essa imagem, olhada pela mãe, tão apaixonadamente como Narciso o fizera com a dele refletida na superfície do lago. 
Sendo assim, podemos observar que trata-se de três fases: a imagem refletida, o sujeito em questão e o olhar de um terceiro. Isso significa dizer, que o sujeito não pode outorgar-se a si mesmo a identificação, mas sim que ele precisa de um semelhante que o reconheça como sendo Um. Sendo este terceiro, quem o prende á imagem. Neste sentido a imagem não faz outra coisa que redescobrir o lugar vazio do objeto. A imagem é uma forma, produto de um recorte que o outro realiza. A mãe é responsável por este recorte, onde vai modelando imaginariamente um sujeito. Passando assim, a funcionar como uma verdadeira síntese do molde imaginário do sujeito que resulta ser o Eu. 
A escolha de seu nome próprio dá o sujeito “seu” significante, que por excelência lhe dará a condição de Um aos olhos do outros e diante da síntese de seus atributos imaginários. Trazendo a ele uma unidade sob forma de um Você. O reconhecimento sempre emana do outro, sustentando a função do espelho. É o seu representante quem emana o poder necessário para efetuar o reconhecimento. 
O sujeito assume uma imagem refletida, a imago estruturante, onde a parte da experiência fica de fora, ou seja não pode ser representada na sua totalidade já que que a imagem especular somente representa uma parte. A superfície do espelho unifica mas também secciona uma parte que fica de fora. Desta forma, o que está no espelho, passa a representar o sujeito frente aos outros e, também, ante a si mesmo, mas sem chegar a ser a síntese de seu “ser”. Assim a experiência também leva o sujeito ao desconhecimento de si mesmo. 
Nestes termos, a experiência do estádio do espelho estrutura uma relação do sujeito com a estrutura da linguagem, esta que provê ao sujeito um nome. O sujeito prende-se a este elemento, alienando se a um nome que lhe representa. 
A tensão instalada entre o representante e o representado faz com que o significante junte se a outro e depois mais outro, dando luar a uma cadeia na tentativa de diminuir o defeito de representação. Desta forma, a ordem da linguagem ao mesmo tempo que é condição de possibilidade de constituição de um sujeito falante, é responsável pela incompletude de seu “ser”. 
Assim, a identificação implica em si mesma uma alienação no desejo dos outros, do Outro. Dando ao campo da linguagem a total responsabilidade pela constituição de um Eu. Desta forma, a constituição do eu implica a instauração de uma diferença entre o organismo e o corpo, a condenação do Eu ao desconhecimento do verdadeiro “ser” do sujeito, e a diferenciação Eu/não-Eu. 
Portanto, para a psicanalise na medida em que a diferenciação interno-externo, ou seja, o limite do Eu, não passa de um efeito imaginário do laborioso funcionar simbólico sobre o real, se resulta como imprecisa. Em outras palavras, sobre o real do organismo, o simbólico significa um corpo. Porém, o acionar simbólico também produz os objetos que o Eu passa a “enfrentar”. O Eu e os objetos são produções imaginárias da ordem simbólica. Sendo ambos as duas faces de uma mesma moeda.

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