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A relação entre os crimes hediondos e os crimes contra a vida

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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES APRENDIZ
FACULDADE DE DIREITO
Wellington Magalhães
A RELAÇÃO ENTRE OS CRIMES HEDIONDOS E OS CRIMES CONTRA A VIDA
Barbacena
2016
RESUMO
O homicídio simples é crime hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo que por um único executor. Contudo, parte da doutrina não acredita que o homicídio simples como hediondo, tal como foi tipificado, será viável. Imperativo ressaltar que, em regra, o homicídio doloso simples não é considerado como crime hediondo.
O art. 1º, I, da Lei 8.072/90 assevera que o homicídio qualificado, consumado ou tentado, reveste-se da hediondez. O § 2º do art. 121 contém 7 incisos e, por corolário, 7 qualificadoras.
O homicídio qualificado-privilegiado possibilita a compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva, regra geral atualmente dominante em sede doutrinária e jurisprudencial. O artigo 67 do Código Penal assevera a preponderância dos motivos determinantes do crime. Ao fazer a analogia com este artigo podemos classificar o homicídio privilegiado-qualificado como não hediondo, já que a privilegiadora é a característica subjetiva e predominaria sobre a qualificadora.
Palavras-chave: homicídio, hediondo, crime, qualificadora, lei.
RESUMEN
El simple asesinato es atroz crimen cuando se practica la actividad típica de escuadrones de la muerte, aunque sea por un solo ejecutante. Sin embargo, parte de la doctrina no creen que el mero asesinato como atroz como si se hubiera escrito, será factible. Imprescindible tener en cuenta que, por regla general, el simple asesinato no se considera un crimen atroz.
Art. 1, I, de la Ley 8.072 / 90 establece que el asesinato en primer grado, consumado o intentado, es de la fealdad. El § 2 del art. 121 contiene 7 artículos y por el corolario, 7 de clasificación.
El homicidio calificado, permite la compatibilidad entre el privilegio y la calificación, siempre que sean de naturaleza objetiva en general, actualmente dominante en la sede doctrinal y jurisprudencial. El artículo 67 del Código Penal afirma el predominio de los motivos decisivos para el crimen. Al hacer la analogía con el presente artículo clasificamos el asesinato privilegiada grados que no atroz, ya que privilegiadora es la característica subjetiva y prevalecen en la clasificación.
Palabras clave: asesinato, atroz, crimen, clasificación, de abogados.
1. INTRODUÇÃO
Hediondo é o crime considerado de extrema gravidade. Em razão disso, recebe um tratamento diferenciado e mais rigoroso do que as demais infrações penais, sendo considerado crime inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou indulto.
A Lei 8.072/90, em seu art. 1º, traz o homicídio no rol dos crimes hediondos, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, ou na sua forma qualificada (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e § 6º). Tal figura típica, por ser crime contra a vida, será objeto do presente estudo.
A LCH não criou novos tipos penais, assim caraterizados por sua natureza hedionda, bem como não conceituou o que é um crime hediondo. Portanto, não temos um conceito legal de crime hediondo, mas tão somente uma relação das infrações que passaram a receber essa denominação legal. Ao classificá-las como crimes hediondos, partiu o legislador do pressuposto de que, seja quem for seu autor, com sua personalidade e sua conduta social antecedente; sejam quais forem os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime; seja, ainda, qual tenha sido o comportamento da vitima, tais crimes serão sempre profundamente repugnantes e sórdidos.
2. HOMICÍDIO SIMPLES
Pela redação do art. 1º da Lei 8.072/90 extrai-se que o homicídio simples é crime hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo que por um único executor, e que o homicídio qualificado sempre será hediondo. Questão importante é saber o que vem a ser atividade típica de grupo de extermínio. Como nos ensina Cezar Roberto Bitencourt:
Extermínio é a matança generalizada, é a chacina que elimina a vítima pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou determinada classe social ou racial. Caracteriza-se a ação de extermínio mesmo que seja morta uma única pessoa, desde que se apresente a impessoalidade da ação, ou seja, pela razão exclusiva de pertencer ou ser membro de determinado grupo social, ético, econômico, étnico etc.
Parte da doutrina não acredita que, na prática, o homicídio simples como hediondo, tal como foi tipificado, será viável. Analisemos cuidadosamente a crítica do emérito professor Guilherme de Souza Nucci:
A atividade típica de grupo de extermínio sempre foi considerada pela nossa jurisprudência amplamente majoritária um crime cometido por motivo torpe. O sujeito que se intitula justiceiro e atua por conta própria eliminando vidas humanas certamente age com desmedida indignidade. Eventualmente, é possível que o agente mate outra pessoa em atividade típica de grupo de extermínio para preservar um bairro de ignóbil traficante de drogas. Ora, se assim for, sua motivação faz nascer o relevante valor social, que privilegia o homicídio, aplicando-se a regra do § 1º do art. 121, e não a figura básica do caput. Não se concebe haver, ao mesmo tempo, um homicídio privilegiado pela relevância social do motivo e qualificado pela torpeza, pois são ambas circunstâncias subjetivas. Dessa maneira, não vemos como aplicar ao homicídio simples a qualificação de hediondo, pois, caso atue o agente como exterminador, a tipificação será de homicídio qualificado, pois o delito certamente é repugnante.
Imperativo ressaltar que, em regra, o homicídio doloso simples não é considerado como crime hediondo. Sucede que, com vistas a atender aos clamores sociais ocasionados por diversas chacinas acontecidas no passado, o legislador entendeu por bem tratar o crime de homicídio simples como hediondo, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
3. HOMICÍDIO QUALIFICADO
Com base no tipo fundamental descrito no caput do art. 121, o legislador a ele agrega circunstâncias que elevam em abstrato a pena do homicídio, formando-se no § 2º as hipóteses de homicídio qualificado. A pena do homicídio simples (6 a 20 anos de reclusão) é sensivelmente majorada, passando a ser de 12 a 30 anos de reclusão.
O art. 1º, I, da Lei 8.072/90 assevera que o homicídio qualificado e o homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente, consumados ou tentados, revestem-se da hediondez. O § 2º do art. 121 contém 7 incisos e, por corolário, 7 qualificadoras.
As qualificadoras previstas nos incisos I, II e V são de índole subjetiva, pois pertencem à esfera interna do agente e não ao fato. Em caso de concurso de pessoas, não se comunicam aos demais coautores ou partícipes, em face da regra delineada pelo art. 30. Por outro lado, as qualificadoras descritas pelos incisos III e IV são de natureza objetiva, por serem atinentes ao fato praticado e não ao aspecto pessoal do agente, comunicando-se no concurso de pessoas.
Importante ressaltar que as qualificadoras de natureza objetiva devem integrar o dolo do responsável pelo homicídio, sob pena de configuração da responsabilidade penal objetiva. Com efeito, o dolo deve abranger todos os elementos objetivos da conduta criminosa, aí se incluindo as qualificadoras de natureza objetiva. Exemplificativamente, não basta valer-se de meio cruel para a prática do delito, tornando-se necessário que o agente saiba que está agindo de forma cruel.
3.1. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe
O legislador deixa nítido que a paga e a promessa de recompensa encaixam-se no conceito de motivo torpe, mas que outras circunstâncias de igual natureza são de provável ocorrência prática.
3.2. Motivo fútil
É o motivo insignificante, de pouca importância, completamente desproporcionalà natureza do crime praticado. Exemplo: age com motivo fútil o marido que mata a esposa por não passar adequadamente uma peça do seu vestuário.
Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do responsável pela infração penal.
3.3. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
O legislador mais uma vez utilizou-se da interpretação analógica. Depois da fórmula casuística (“com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura”) encerra uma fórmula genérica (“ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”). Portanto, esse “outro meio” deve ter natureza semelhante àqueles previstos na parte exemplificativa.
Há, portanto, três gêneros de qualificadoras: meio insidioso, meio cruel e meio de que possa resultar perigo comum. E tais gêneros dividem-se em cinco espécies: veneno, fogo, explosivo, asfixia e tortura.
3.4. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
Nessa hipótese, o homicídio é qualificado pelo modo de execução. E mais uma vez o legislador valeu-se da interpretação analógica. Depois de descrever uma fórmula casuística (“traição, emboscada ou dissimulação”), encerra uma fórmula genérica (“ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”). Dessa forma, não apenas a traição, a emboscada e a dissimulação qualificam o crime, mas qualquer outro modo que dificulte ou impossibilite a defesa do ofendido também pode acarretar na elevação da pena em abstrato.
3.5. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime
Cuida-se de qualificadora de natureza subjetiva, relacionada à motivação do agente. A doutrina convencionou chamá-la de conexão, em face da ligação entre dois ou mais crimes, admitindo duas espécies: teleológica e consequencial.
3.6. Feminicídio
Feminicídio é o assassinato intencional e violento de mulheres em decorrência de seu sexo. É resultado das diferenças de poder entre homens e mulheres nos variados contextos socioeconômicos em que se apresentam e, ao mesmo tempo, condição para a manutenção dessas diferenças.
Com a lei do feminicídio, sancionada em março de 2015 e tornando o assassinato de mulheres crime hediondo, surgiram algumas críticas em decorrência do privilégio dado ao sexo feminino. Agora, o homem que matar mulher por razões de gênero terá tratamento, em tese, mais drástico do que o conferido à mulher que matar homem pelas mesmas razões. A aprovação da lei foi chamada de ação “populista e eleitoreira” por operadores do Direito, tendo em vista o fato de o governo passar, à época, por um momento de crise.
3.7. Homicídio contra agentes de segurança pública
A Lei 13.142/15 estabelece que os crimes de homicídio praticados contra policiais civis, militares, rodoviários e federais, além de integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do Sistema Prisional são considerados hediondos, seja no exercício da função ou em razão dela. Muitas vezes, tais agentes de segurança pública são vítimas de crimes gratuitos, praticados principalmente por integrantes de organizações criminosas, chegando ao ponto de serem oferecidas recompensas para tanto.
Saliente-se que a sua abrangência também alcança o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos referidos agentes de segurança pública, caso venham a ser vitimas de homicídio por motivo dessa condição.
4. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO
Também conhecido como homicídio híbrido, possibilita a compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva, regra geral atualmente dominante em sede doutrinária e jurisprudencial.
A jurisprudência do STF é assente no sentido da conciliação entre homicídio objetivamente qualificado e, ao mesmo tempo, subjetivamente privilegiado. Dessa forma, tratando-se de circunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza subjetiva.
Todavia, há situações em que uma qualificadora objetiva é incompatível com a figura do privilégio, sendo decisivo o caso concreto, sempre guiado pelo bom senso. Imagine-se, por exemplo, um homicídio praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mediante emboscada. Trata-se de hipótese inadmissível, porque a emboscada não se coaduna com o domínio de violenta emoção.
O artigo 67 do Código Penal assevera a preponderância dos motivos determinantes do crime. Ao fazer a analogia com este artigo podemos classificar o homicídio privilegiado-qualificado como não hediondo, já que a privilegiadora é a característica subjetiva e predominaria sobre a qualificadora. Segundo a lição de Damásio de Jesus:
Se, no caso concreto, são reconhecidas ao mesmo tempo uma circunstância do privilégio e uma qualificadora do homicídio, de forma objetiva, aquela se sobrepõe sobre esta, uma vez que o motivo determinante do crime tem preferência. De qualquer forma que, para efeito de qualificação legal do crime, o reconhecimento do privilégio descaracteriza o homicídio qualificado.
5. CONCLUSÃO
Do exposto, podemos concluir que a aplicabilidade prática do homicídio simples como sendo crime hediondo é realmente discutível, ante a proximidade da conduta com as formas qualificadas. Em termos de prática jurídica esta figura é completamente inútil, a não ser que, espancando o mais elementar princípio de lógica jurídica, tenhamos a figura do homicídio cometido por um evidente motivo torpe considerado como homicídio simples em decorrência de ter sido cometido em atividade típica de grupo de extermínio. Destarte, quem matar alguém em atividade típica de grupo de extermínio muito dificilmente sentará no banco dos réus para responder por homicídio hediondo simples.
No tocante à inclusão do homicídio praticado contra agentes de segurança pública no rol dos crimes hediondos, agiu bem o legislador, pois, mesmo que não se consiga diminuir a prática desses crimes, ter-se-á a certeza de que o criminoso irá se submeter a um processo penal mais rigoroso.
Já em relação ao homicídio qualificado-privilegiado, seria um absurdo termos um crime de relevante valor social tratado como hediondo. É necessário não acionar a lei mais severa quando possível, pois o direito tem o objetivo de proteger, de zelar, e não de punir.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, Nilo – Introdução crítica ao direito penal brasileiro – 11ª ed. – Rio de Janeiro: Revan, 2007.
BITENCOURT, Cezar Roberto – Tratado de direito penal, vol. 2 – 11ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.
FRANCO, Alberto Silva – Crimes hediondos – 7ª ed. – Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2015.
MASSON, Cleber – Direito penal esquematizado, vol. 2 – 6ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.

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