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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Parte Geral Professor: Gustavo Junqueira Aula: 02 | Data: 27/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO TEORIA DO CRIME 1. Conceitos de Crime 2. Sistemas Penais (Teorias do Crime) TEORIA DO CRIME 1. Conceitos de Crime 1º) Conceito Formal.: Crime é o ilícito sancionado com pena. 2º) Conceito Material.: Crime é a ação humana que lesa ou expõe a risco de grave lesão bem jurídico vital para a vida em sociedade, intencional ou descuidadamente. 3º) Conceito Analítico.: Crime é fato típico e antijurídico (ilícito) – Teoria Bipartite Crime é fato típico, antijurídico e culpável – Teoria Tripartite Crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível – Teoria Quadripartite Obs.: No Brasil prevalece a Teoria Tripartite, mas todas têm o seu mérito e autores que as defendem. 2. Sistemas Penais (Teorias do Crime) 1º) Causalismo Naturalista Os principais autores são Liszt e Beling – Final do século 19 começo do século XX, o momento político é o da derrocada dos impérios. Premissa Filosófica: É a primazia das ciências empíricas, experimentais. O método é descritivo. Primeiro se trabalha tudo aquilo que é objetivo, tudo que pode ser captado pelos sentidos e só depois se conclui o que o agente queria (só depois se analisa o subjetivo). O fato típico é apenas objetivo, é puramente descritivo. A antijuridicidade também é objetiva. A culpabilidade é subjetiva (dolo e culpa). O causalismo busca descrever a realidade e é assim que organiza a Teoria do Crime. O foco está na relação de causa e efeito que pode ser percebida pelos sentidos, pode ser descrita. É um fato que eu consigo descrever. – Teoria da Conduta A conduta em Liszt é a modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos sentidos, produzida por uma manifestação da vontade, ou seja, por uma ação ou omissão. Página 2 de 3 A tipicidade é apenas descritiva. Não pode conter dados subjetivos nem juízo de valor. A percepção descritiva do tipo impõe a classificação de “anormal” para aqueles que contêm elementares normativas ou subjetivas (Ex.: Estelionato: “obter vantagem indevida”). Antijuridicidade é objetiva e traduz um juízo de valor feito pelo legislador (limita o juiz – Boca da Lei). A imputabilidade é uma premissa da culpabilidade, mas a princípio não a integra, pois é um juízo de valor. A culpabilidade tem como elementos o dolo e a culpa e é a causa psíquica do crime. Dentre às dificuldade do causalismo estão: a) Dificuldade para explicar a omissão b) Engessamento do julgador sem o juízo de valor c) O tipo anormal d) Dificuldade para explicar a culpa inconsciente, pois sem previsão do resultado não há ligação psíquica entre a conduta e o resultado. 2º) Neokantismo (Causalismo Normativista) O grande nome é Edmund Mezger – A época é 1930, início da Alemanha nazista. Premissa filosófica: É a dicotomia das ciências do ser e do dever ser. As ciências do ser tem um método de descrição, observação, enquanto que as ciências do dever ser tem a valoração e a compreensão. Em uma ciência do dever ser, todo o conhecimento é impregnado por juízos de valor, e o juízo de valor constrói ou altera seu objeto de conhecimento. Fato típico Antijurídico Culpabilidade Imputabilidade Continua com o dolo e a culpa Exigibilidade de conduta diversa A tipicidade para Mezger não perde, a princípio, a função descritiva, mas é compreendida essencialmente como um juízo de valor. Não há problema no reconhecimento de elementos subjetivos do tipo, especiais, excepcionais, pois o dolo continua na culpabilidade. A antijuridicidade é objetiva e em essência um grande juízo de valor, de proibição. Dada a identidade do juízo de desvalor na tipicidade e na antijuridicidade Mezger propõe a aglutinação das estruturas: É o tipo total do injusto, crime é o injusto (típico e antijurídico) e culpável. A culpabilidade reúne dados subjetivos (dolo e culpa) e normativos (imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa – são normativos porque são juízos de valor sobre o sujeito). Por isso a culpabilidade neokantista é classificada como psicológico-normativo, enquanto que a culpabilidade causalista era apenas psicológica (só dolo e culpa). Página 3 de 3 – Conduta Mezger não despreza o conceito de conduta e adota, a princípio, o conceito causalista. Seus seguidores, no entanto, aos poucos passam a desprezar o conceito de conduta que será absorvido pelo juízo de valor. Criticas ao neokantismo Sob o prisma político a excessiva liberdade para atribuir sentido aos conceitos permitiu o desenvolvimento de um direito penal totalitário, um direito penal do autor (o legislador decide o que é conduta, o que é pessoa, o que é vida). Sob o prisma técnico, com o exemplo do homem de branco, Welzel aponta que o reconhecimento do injusto (tipicidade) depende da analise do conteúdo da vontade, que obrigaria um salto para a culpabilidade, seguido de um retorno ao exame do injusto, o que desorganiza a Teoria do Crime. 3º) Finalismo O grande nome do finalismo é Welzel. Nasce em meados da década de 40, e existe até hoje. O contexto político é a derrocada do nazismo. Premissa filosófica: Ontologia (é o estudo da essência do ser), para o finalismo é o respeito à essência do ser. Ensina Welzel que as categorias a priori, as estruturas pré-jurídicas, tem sentido próprio. Só podem ser reconhecidas e não construídas ou alteradas pelo direito. São estruturas lógico objetivas a partir das quais o jurista irá organizar os juízos de valor. Como conclusão estruturas básicas como vida, causalidade, conduta e etc. terão seu sentido apenas reconhecido pelo direito, construindo um importante limite ao poder de punir do Estado. Próxima aula Estrutura do finalismo Funcionalismo
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