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MICOSES PROFUNDAS INFECTOLOGIA Medicina 5º Semestre Micoses sistêmicas • Os fungos que causam micoses sistêmicas vivem em forma sapróbia no solo. Alguns animais de vida silvestre são reservatórios importantes. Os indivíduos podem desenvolver a doença principalmente por inalação de propágulos. • Todos os agentes de micoses profundas apresentam dimorfismo térmico. Na natureza e nos cultivos a 25C, formam colônias filamentosas com reprodução assexuada. Nos tecidos e cultivos a 37C eles apresentam sua forma leveduriforme. • Estes fungos são taxonomicamente heterogêneos: Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis. Micoses sistêmicas fungos verdadeiramente patogênicos oportunistas Principal diferença: Estado imunológico do hospedeiro R I P P O N, 1 9 8 8 Fungos patogênicos Oportunistas Doença Histoplasmose Aspergilose Blastomicose Candidíase Paracoccidioidomicose Zigomicose Coccidioidomicose Criptococose Hospedeiro Normal Debilitado Porta de Entrada Primariamente infecção Pulmonar Várias Prognóstico 99% dos casos resolvem espontaneamente Depende do comprometimento do sistema de defesa Imunidade Ocorre imunidade após a cura Não proporciona resistência a reinfecção Morfologia no tecido Apresentam formas específicas no tecido (dimórficos) Não há mudança na morfologia* Distribuição Geograficamente restrita Ubíquos Micoses sistêmicas Agentes fúngicos invadem os sistemas ou órgãos Cada agente apresenta uma virulência individual inerente a espécie São dimórficos Saprófitas do solo Homem ou animais inalam os conídios (propágulos) infectantes fase filamentosa No organismo forma leveduriforme temperatura, aeração, aporte nutricional do hospedeiro Levedura forma invasiva Fungos de zonas tropicais com clima quente e úmido Infecção autolimitada ou grave Fase de latência de até 20 anos ou mais FUNGOS PATOGÊNICOS DIMÓRFICOS Ausência de vacinas Impossibilidade de erradicação Aprender a conviver com o patógeno Tratamento difícil e de elevado custo econômico e social Doença Microscopia do Espécime Clínico Macroscopia Micromorfologia Paracoccidioido- micose Célula leveduriforme em "roda de leme" Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioides brasiliensis Histoplasmose Células leveduriformes dentro de macrófagos Histoplasma capsulatum Histoplasma capsulatum Coccidioidomicose Esférula com endósporos Coccidioides immitis Coccidioides immitis Blastomicose Estruturas esféricas com brotamentos únicos e de base larga Blastomyces dermatitidis Blastomyces dermatitidis Agentes Micóticos Sistêmicos e Síndromes clínicas Histoplasma capsulatum - histoplasmose. Blastomyces dermatides - Blastomicose Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioidomicose Coccidioides immitis - Coccidioidomicose Micoses sistêmicas Paracoccidioidomicose Histoplasmose Coccidioidomicose Blastomicose MICOSES SISTÊMICAS Localização da lesão:acomete órgãos internos Via de penetração: inalatória Vias de disseminação: sanguínea e linfática Resposta do hospedeiro: inflamatória granulomatosa Exemplos: Paracoccidioidomicose Histoplasmose Coccidioidomicose Paracoccidioidomicose Histoplasmose MICOSES OPORTUNÍSTICAS Definição: causadas por fungos que normalmente são sapróbios e que em decorrências de fatores adversos passam a produzir lesões. Indivíduos com ↓ resposta imune Antibioticoterapia prolongada Rompimento de barreira de defesa da pele e/ou de mucosas Exemplos: Criptococose, Candidíase, Aspergilose Cryptococcus sp Candida sp 94 66 100 100 100 100 Histoplasma capsulatum Blastomyces dermatitidis Penicillium marneffei Emericella nidulans Phaeococcus exophiale Exophiala jeanselmei Coccidioides immitis Paracoccidioides brasiliensis Lacazia loboi 90 92 100 99 E u ro ti a le s C h a e to th y ri a le s O n y g e n a le s Filogenia do P.brasiliensis (HERR, R. A., 2001) Paracoccidioides brasiliensis Floriano de Almeida, 1930: Detalhou as características do fungo Distinguiu-o definitivamente do Coccidioides immitis Propôs denominação hoje consagrada, universalmente aceita (P.brasiliensis) Aguiar Pupo e Cunha Mota, 1936 Propuseram classificação clínica da (PCM) em formas Tegumentar (mucocutânea); linfática; visceral e mista Histórico • Adolpho Lutz – 1908 • Alfonso Splendore – 1912 • Floriano Paulo de Almeida - 1930 Paracoccidioides brasiliensis - causador da Paracoccidiodomicose (PCM) Adolfo Lutz, 1908: Quem primeiro descreveu doença, em seus aspectos clínicos, histopatológicos e microbiológicos. Reconheceu a natureza fúngica da doença “micose pseudococcidioidica” Alfonse Splendore, 1912: Descreveu pormenorizadamente o fungo Zymonema brasiliense Evidenciou a presença de lesões mucocutâneas (oral) Suspeita de infecção pela via oral (materiais vegetais) Paracocidioides brasiliensis Micose sistêmica mais importante na América latina Humano Tatus Área endêmica de Botucatu Levedura Micélio Paracoccidioides brasiliensis • A infecção geralmente se caracteriza por lesões pulmonares semelhantes às da tuberculose e de outras micoses. • Lesões nas mucosas nasais, oral, pele e outros órgãos podem ocorrer. • Fungo dimórfico, presente em toda América Latina com exceção do Chile. Paracoccidiodomicose Agente: Paracoccidioides brasiliensis Blastomicose sul americana É uma micose sistêmica crônica, com foco primário pulmonar, e que se dissemina para a mucosa oral, nasal e vísceras, formando granulomas ulcerativos. HABITAT: • Reino vegetal e solo • Plantas - hospedeiros intermediários para as infecções humanas. • Veiculados para o organismo humano através de pequenos ferimentos produzidos por agentes de natureza vegetal. • Geralmente a porta de entrada é a via aerógena. Paracocidioides brasiliensis Locais de isolamento do patógeno em tatus Dasypus novemcinctus Agente Etiológico Paracoccidioides brasiliensis Fungo Dimórfico Forma micelar ou filamentosa - <25oC Forma leveduriforme - 37oC Consenso em Paracoccidioidomicose - 2006 Paracoccidioides brasiliensis PARACOCCIDIOIDOMICOSE Micose sistêmica de maior prevalência na América Latina; 10 milhões de pessoas infectadas- 2% risco de desenvolver a doença (WHO,2006); Endêmica no Brasil, Venezuela, Colômbia e Argentina; Brasil tem o maior número de casos da doença. Coutinho et al., Cad Saude Publica, 2002; Bittencourt et al., Cad Saude Publica, 2005 Shikanai-Yasuda et al., Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 39 (3) 2006 A doença é importante no Brasil e na América Latina Como é adquirida a infecção?Fungo dimórfico Filamentoso Levedura Características do agente etiológico Paracoccidioides brasiliensis Borges-Walmsley et al., Trends Microbiology 2:80-87, 2002 1,3 glucana virulência MORFOLOGIA Epidemiologia • Micose Sistêmica mais freqüente na Américas do Sul e Central • Prevalência do México até a Argentina • Áreas de Reserváreas do fungo (Forjaz, 1989) • Não é doença de notificação compulsória • Cerca 50% dos habitantes de zonas endêmicas já foram expostos ao agente desta micose • Incidência em zonas endêmicas: 3 a 4 novos casos/milhão até 1 a 3 novos casos por 100 mil habitantes ao ano Distribuição da Paracoccidioidomicose 1 a 3 casos / 100 mil habitantes 150 mortes/ano Paracoccidioides brasiliensis Transição filamentoso levedura (em torno de 18 horas) Transformação inibida pela presença dos hormônios femininos 17-beta-estradiol e dietil-estilbestrol inibem Testosterona e 17-alfa-estradiol não inibem Os hormônios femininos bloqueiam a síntese de proteínas durante a transformação das fases Autóctone, restrita ao continente americano América do Sul, Latina, Central e México Brasil com maior número de casos da América do Sul RS área endêmica atividades relacionadas ao manejo do solo Atividades agrícolas Terraplenagem Preparo do solo alcoolismo (3,6 x maior) Brasil (HLA-B40, HLA-A2) Coutinho et al., Caderno de Saúde Pública (RJ) 18:1441-54, 2002 Fatores de risco Fatores de Risco • Atividades ou profissões relacionadas ao manejo do solo • Atividades agrícolas nas duas primeiras décadas de vida • Tabagismo • Etilismo História Natural da Infecção Resposta Inata Assintomático Cura Óbito Seqüelas Sintomático Doença Infecção Paracoccidioides brasiliensis Karhawi, ASK. 2001 Imunopatogenia • Controle da infecção depende da resposta imune celular efetiva • Síntese de citocinas • Ativação de macrófagos e linfócitos T • Granulomas compactos • Resposta tipo 2: ativação de linfócitos B, hipergamaglobulinemia, altos títulos de anticorpos específicos Respostas Tipo 1 e Tipo 2 • Tipo 1 (Th1): IFN-γ – Depressão da resposta durante atividade da doença – Recuperação após a terapêutica • Tipo 2 (Th2): IL-10 – Há desbalanceamento da resposta tipo 1 e tipo 2 na atividade da doença – Predomínio nas formas mais graves – Regularização das respostas tipo 1 e 2 após a terapêutica Áreas endêmicas criança Paciente não apresenta sinais clínicos e laboratoriais de doença Paracoccidioidina positivos Pode perdurar meses a anos Manifestações Reativação do foco infeccioso ou reinfecção Estomatite moriforme Aguiar Pupo Paciente apresenta evidências clínicas e laboratoriais Rara em crianças e pré-puberdade ambos os sexos Manifestações Clínicas Fatores do fungo Resposta imune do hospedeiro Inalação – conídeos 12 hs alveolite - leveduras neutrófilos, macrófagos, linfócitos T (disseminação linfática) 6ª semana granulomas epitelióides disseminação hematogênica, Manifestação tardia: mucosas, linfonodos, fígado, baço, supra-renais, ossos ..... Borges-Walmsley et al., Trends Microbiology 2:80-7, 2002 Como o fungo se dissemina Reativação do foco endógeno latente 10-30 anos EPIDEMIOLOGIA E ECOLOGIA • Endêmica na América Latina. • Distribuição irregular. • Brasil: maior número de casos. • O fungo já foi isolado na terra, detritos vegetais e água. • Clima temperado ou quente e úmido, com verões chuvosos ou invernos secos. • Café e tatu. EPIDEMIOLOGIA E ECOLOGIA cont... • A doença: em todas as faixas etárias a partir dos 3 anos. • Predomínio entre 30 e 50 anos. • Até a puberdade: incidência igual em ambos os sexos. • No adulto: 80% são homens. • Mulheres adultas: estrogênio-proteção. FISIOPATOLOGIA • Via inalatória. • Lesões cutâneo-mucosas: disseminação hematogênica a partir dos pulmões. • Após a inalação... 1. Atingem os alvéolos em 12 horas transformando-se em leveduras. 2. Alveolite com neutrófilos, mononucleares e macrófagos. 3. Granuloma epitelióide: 6ª semana. 4. Disseminação para SRE: 20ª semana. FISIOPATOLOGIA cont... • Vias de disseminação: hematogênica, linfática e canalicular. • Doença: virulência X imunidade. • Mecanismos de defesa: imunidade mediada por células e a fagocitose por neutrófilos ou pelo SRE. • Imunidade humoral: aumento de IgG, IgA e IgE. • Estrogênio inibe a formação da levedura. Paracoccidioidomicose Quadro Clínico: • Dividido em alterações relacionadas à infecção e às associadas à doença • Infecção: caracterizada pelo contágio com o fungo sem manifestações clínicas. Confirmada pelo teste cutâneo que pode atingir 25% da população em áreas endêmicas. • Fases da doença: divididas em forma regressiva, forma progressiva, forma crônica e sequela Classificação Clínica Paracoccidioidomicose infecção Paracoccidioidomicose doença • Forma aguda/subaguda • Forma crônica –Unifocal –Multifocal Forma residual ou seqüelar Forma aguda/subaguda (tipo juvenil) • Representa 3 a 5% dos casos da doença • Predomínio em crianças e adolescentes, eventualmente indivíduos até os 35 anos de idade • Distribuição semelhante entre os gêneros masculino e feminino • Evolução clínica mais rápida (procura ao serviço médico entre 4 a 12 semanas de instalação da doença) • Manifestações: linfadenomegalia, digestivas, hepatoesplenomegalia, envolvimento ósteo-articular e lesões cutâneas Assintomática: Forma mais frequente. Forma Pulmonar: aguda e crônica Aguda: É autolimitada e com diagnóstico clínico díficil. Crônica: Ocorre por reativação de lesões pulmonares após primoinfecção, em 20-30% dos pacientes. Disseminada: Comprometimento de outros órgãos, geralmente secundário a forma pulmonar crônica. Quadro Clínico Quadro Clínico Forma Pulmonar Crônica • Mais de 90% dos pacientes. • Adultos entre os 30 e 60 anos, predominantemente, do sexo masculino. -Progressão lenta. • Manifestações pulmonares - tosse seca, posteriormente produtiva, e dispnéia aos esforços. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA Aguda: Crianças, adolescentes e adultos jovens. Evolução: 1 a 2 meses. Clínica: envolvimento do SRE. Lesões mucosas: 15 a 20%. Pulmonar: 5% Veronesi, Ricardo; Focaccia, Roberto; Tratado de Infectologia – 2º Edição, 2002, pag. 1125 Forma crônica (tipo adulto) • Responde por mais de 90% dos pacientes • Adultos entre 30 e 60 anos • Sexo masculino • Manifestações pulmonares presentes em 90% dos pacientes • Em até 25% dos casos o pulmão é o único órgão afetado • Evolução lenta (silenciosa) • Geralmente, a doença envolve mais de um órgão simultaneamente (apresentação multifocal) • Pulmões, mucosas e pele os sítios mais acometidos Infecta pulmões, pele e mucosa Paracoccidioidomicose CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA cont... Crônica: Adultos acima dos 30 anos; Evolução:em torno dos 6 meses. Pulmonar: quase 100%. Mucoso: frequente. Adenopatia: não é um achado dominante. Seqüelas: Hiperinsuflação pulmonar com bolhas, bronquiectasias e fibrose. Addison, microstomia, estenose traqueal, síndrome de má-absorção e sequelas neurológicas. Paracoccidioidomicose Forma Regressiva: • Manifestações clínicas discretas, restritas ao parelho respiratório • Ao Rx do Tórax leve infiltrado em zonas médias dos pulmões • Usualmente auto-limitado e regride espontaneamente Formas Progressivas: Aguda ou Subaguda (Tipo Juvenil) • Habitualmente vista em crianças e adolescentes de ambos os sexos • excepcionalmente em adultos imunocomprometidos • Por disseminação hematogênica da infecção pulmonar primária • Apresenta curta evolução com manifestações leves a severas: febre, anorexia, astenia e perda de peso comuns • Importante comprometimento do sistema fagocítico- mononuclear com linfadenopatias que podem ulcerar e formar fístulas, hepato-esplenomegalia • 15 a 20% com envolvimento de mucosas • Comprometimento pulmonar presente em 5%, ocasionalmente alterações digestivas e ósseas Forma Crônica Unifocal: • Órgão mais comumente envolvido é o pulmão • Tosse produtiva, escarro purulento (hemoptóico) • Febre, dispnéia, dor torácica • RX com infiltrados bilaterais com padrão intersticial ou alveolar, bolhas enfisematosas, nódulos, cavidades, adenopatia hilar e fibrose • Alterações mais frequentes no terço médio poupando a periferia das bases • Possibilidade de comprometimento da pele com lesões próximas a orifícios naturais e a supra-renal Forma Crônica Multifocal: • Ocorre em 70-80% dos pacientes, com maior ou menor gravidade • Mais leve sem comprometimento do estado geral e nutricional significativo com alterações pulmonares discretas, linfadenopatia restrita às regiões cervicais, níveis de Ac séricos baixos e teste cutâneo fortemente positivo. • No de maior gravidade apresentam significativo comprometimento do estado geral, com pulmões muito afetados, frequentemente com doença difusa e fibrose, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia disseminada, lesões cutâneas frequentes, envolvimento de mucosa oral, gengivas, palato duro com ulceração • Adrenais envolvidas - Addison • Alterações SNC - massa em fossa posterior ou meningoencefalite subaguda ou crônica • Pode ocorrer envolvimento dos testículos, epidídimo e próstata • Níveis séricos de Ac elevados e teste cutâneo negativo • Forma quase sempre fatal ocorre mais frequentemente em imunocomprometidos Forma de Sequela: • Alterações associadas ao processo de cicatrização • Manifestações relacionadas a fibrose frequentes nos pulmões com hipertensão pulmonar, bronquiectasias e fibrose extensa • Estenose da laringe e traquéia, cicatrizes com estreitamento de orifícios naturais • Compressão de estruturas por linfonodos fibróticos adjacentes QUADRO CLÍNICO • Geral: indisposição, mal-estar, anorexia, emagrecimento; febre muitas vezes ausente. 1. Pulmonar: Dispnéia progressiva, tosse com expectoração mucóide ou com hemoptóicos, sem dor torácica. Pode ser assintomático. Semiologia pulmonar pobre. Rx de tórax. QUADRO CLÍNICO cont... Linfonodos: Adenopatia subclínica. Pode ser a principal queixa na forma juvenil. Segmentos cefálico, supraclaviculares e axilares. Classificação: a) Inflamatório não-supurativo (< 2 cm); b) Tumoral (um > que 2 cm); c) Supurativo. Veronesi, Ricardo; Focaccia, Roberto; Tratado de Infectologia – 2º Edição, 2002, pag. 1111 QUADRO CLÍNICO cont... Mucosas aerodigestivas superiores: Fossas nasais, cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe. Rouquidão, odinofagia, disfagia, ardor, dispnéia, dor na lesão e amolecimento dos dentes. Estomatite ulcerosa moriforme: evolução lenta, exulcerada e fundo granuloso fino. Outras: hiperemia, ulcerações, vegetações e infiltrações. Estomatite moriforme em lavrador com Paracoccidioidomicose Veronesi, Ricardo; Focaccia, Roberto; Tratado de Infectologia – 2º Edição, 2002, pag. 1111 QUADRO CLÍNICO cont... Supra-renais: Insuficiência supra-renal crônica – Addison. Indisposição, cansaço fácil, anorexia, emagrecimento, hipotensão, hiperpigmentação, náuseas e vômitos, impotência sexual; K, Ca e uréia elevados; Na e Cl baixos. QUADRO CLÍNICO cont... Aparelho digestivo: Mais de 50% revelam queixas digestivas; Sialorréia, halitose, disfagia, dor abdominal, alterações de ritmo intestinal... Íleo, estômago, duodeno, jejuno, cólon. Biópsia hepática: desde lesões leves e inespecíficas até granulomas portais. Não há sinais de hipertensão porta. Icterícia – forma juvenil. QUADRO CLÍNICO cont... SNC: Doentes que apresentam ou já apresentaram lesões em órgãos mais comuns. Lesões tumorais ou meníngeas, únicas ou múltiplas e de localização variada. Predomina: síndrome de hipertensão craniana de evolução lenta e progressiva, com sinais de localização sensitivos ou motores. QUADRO CLÍNICO cont... Síndrome convulsiva e edema papilar são frequentes. LCR: não é característico. É excepcional a demonstração do fungo no LCR. TC: lesões arredondadas com localização variada, com pequena quantidade de edema perifocal e efeito de massa discreto. Pós- contraste: acúmulo na periferia da lesão caracterizando o acúmulo em anel. Diagnóstico diferencial Tuberculose Histoplasmose Carcinoma Cromomicose Linfoma Esporotricose Sarcoidose Leishmaniose DIAGNÓSTICO 1. Micológico e Sorológico: Demonstração microscópica (exame a fresco ou biópsia); Isolamento e identificação do fungo (cultura); Sorologia. 2. Radiologia: Diagnóstico secreção, pús, exsudatos, líquidos orgânicos, escarro, biópsia e outros Criptoesporulação aspecto “roda de leme” ou “Mickey mouse” diferencial Mucor circinelloides Imunológico Testes intradérmicos com a paracoccidioidina Valor epidemiológico em áreas endêmicas Contra imunoeletroforese Imunodifusão Fixação do complemento Servem para evolução e controle de cura Imunofluorescência direta ELISA Controle da remissão clínica Títulos imunológicos podem apenas diminuir ao longo de toda a vida “cicatriz sorológica” Paciente deve ser acompanhado clínica e laboratorialmente anualmente por toda a vida Diagnóstico • Padrão ouro: isolamento do agente etiológico (exame a fresco de escarro, raspado de lesão aspirado de linfonodo, fragmento de biópsia) • Sorologia: diagnóstico e avaliação da resposta do hospedeiro – vários métodos, sensibilidade variando de 85 a 100% Aspectos Histopatológicos Aspectos Histopatológicos Grocott Exames laboratoriais e de imagem para avaliação da doença • Raio X simples de tórax (PA e Perfil) • Hemograma completo • Velocidade de hemossedimentação (VHS) • Provas bioquímicas hepáticas: ALT, AST, gGT, fosfatase alcalina • Avaliação renal e metabólica: creatinina, Na e K Seguimento dos pacientes sob terapêutica TRATAMENTO 3 a 9 meses - 1 ano, seguida de terapia de manutenção • Sulfonamidas: – sulfadiazina, co-trimoxazol (Sulfametoxazol- trimetoprim ) • formas leves e moderadas • Derivados triazólicos de 3ª geração – Itraconazol – fluconazol • Derivados triazólicos de 2ª geração – Voriconazol – posaconazol – ravuconazol Shikanai-Yasuda, et al., . Medical Mycology 40:411-417, 2002. Tratamento • Sulfametoxazol-trimetoprim: 12 meses nas formas leves e 18 a 24 meses nas formas moderadas • Itraconazol: 6 a 9 meses nas formas leves e 12 a 18 meses nas moderadas • Anfotericina B: formas graves TRATAMENTO formas graves ou disseminadas anfotericina B convencional (1mg/kg) Interage com o colesterol da membrana celular - toxicidade Critérios de cura • Clínicos – Desaparecimento dos sinais e sintomas da doença • Radiológicos – Estabilização do padrão radiológico do pulmão (2 radiografias com intervalo de três meses) • Imunológicos – Negativação dos títulos de anticorpos anti-PB (amostras de soro coletadas com intervalo de 6 meses) 8. Critérios de Cura: 8.1. Clínico: involução dos sinais e sintomas da doença nos diferentes órgãos acometidos 8.2. Micológico: negativação da pesquisa direta e/ou cultura em material anteriormente positivo 8.3. Radiológico: involução ou manutenção do padrão radiológico, sem sinais de progressão em Rx de tórax realizados de 3/3 meses por 1 ano 8.4. Imunológico: negativação ou estabilização em valores cicatriciais, de Ac séricos específicos. Teste cutâneo positivo em paciente anteriormente negativo Micoses sistêmicas • Blastomyces dermatitidis: • O microrganismo ao ser inalado, produz infecção respiratória crônica e branda, que piora gradualmente, ao longo de semanas ou meses. • Escarro torna-se purulento, sanguinolento. • A fase respiratória da doença tem semelhanças com tuberculose, coccidioidomicose, paracoccidioidomicose e histoplasmose. Pode provocar lesões subcutâneas, ósseas, etc. • Coccidioides immitis: • A doença é adquirida por inalação dos conídios, após 14 dias de incubação 60% dos pacientes apresentam infecção respiratória assintomática. O restante 40% apresenta sintomas da doença respiratória gripal leve ou raramente grave. • Complicações pulmonares, na forma de cavidades ou de pneumonia ocorrem em 5%. Pode ocorrer disseminação por via hematogênica dos pulmões para os ossos, as articulações, a pele, os tecidos subcutâneos, etc. Blastomyces dermatitidis O cão é considerado animal sentinela desta micose freqüência da Blastomicose em cães é significativamente maior do que em humanos Não ocorre no Brasil Blastomicose Doença de Gilchrist Blastomicose norte americana Agente: Blastomyces dermatitidis Vegetais em decomposição próximos de lagos, rios ambientes úmidos em bosques Freqüência homens 30-60 anos e negros Pulmões disseminação hematogênica atinge a pele, ossos ou outros órgãos Evolução aguda ou crônica Diagnóstico Escarro, tecido, exsudatos ou outros Formas arredondadas em gemulação parede fina gêmulo quase sempre único base de implantação larga na célula mãe Sorologia ELISA boa sensibilidade baixa especificidade Diagnóstico diferencial Pulmonar tuberculose, histoplasmose, neoplasia Cutânea cromomicose, esporotricose, tuberculose Óssea mieloma, coccidioidomicose Reações cruzadas com Blastomyces dermatitidis Paracoccidioides brasiliens Aspergillus sp Coccidioides immitis Coccidioidomicose Agente: Coccidioides immitis Zonas desérticas e semiáridas Predominante pulmonar Pele, laringe, ossos, articulações, meninges Raramente disseminação hematogênica (<1%) Endêmico: sudeste EU, norte México, América Central América do Sul (Venezuela, Bolívia, Argentina e nordeste Brasil) Brasil, 1979, Vianna et col, primeiro caso em nativo. Posteriormente casos Bahia, Ceará, Piauí Coccidioides immitis Considerado o fungo patogênico de maior virulência Surtos epidêmicos no Nordeste do Brasil (humanos e cães) Isolado de tatus Aspectos biogeográficos (migração humana) UFA! FIM!!!!!!!!!!!!!!
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