Buscar

Contratos: interpretação dos contratos - aula

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
1 
 
Aula 3. CONTRATOS/ INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
1. CONCEITO E EXTENSÃO 
 
Toda manifestação de vontade necessita de interpretação para que se saiba o seu 
significado e alcance. O contrato origina-se de ato volitivo e por isso requer 
invariavelmente uma interpretação. 
Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Muitas vezes a redação 
mostra-se obscura e ambígua, malgrado o cuidado quanto à clareza e precisão 
demonstrado pela pessoa encarregada dessa tarefa, em virtude da complexidade do 
negócio e das dificuldades próprias do vernáculo. Por essa razão, não só a lei deve 
ser interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral. A execução de um 
contrato exige a correta compreensão da intenção das partes, a qual exterioriza-se 
por meio de sinais ou símbolos, dentre os quais as palavras. 
Interpretar o negócio jurídico é, portanto, precisar o sentido e alcance do 
conteúdo da declaração de vontade. Busca-se apurar a vontade concreta das 
partes, não a vontade interna, psicológica, mas a vontade objetiva, o conteúdo, as 
normas que nascem da sua declaração. 
Pode-se dizer que as regras de interpretação dos contratos 
previstas no Código Civil dirigem-se primeiramente às partes, 
que são as principais interessadas em seu cumprimento. Não 
havendo entendimento entre elas a respeito do exato alcance da 
avença e do sentido do texto por elas assinado, a interpretação 
deverá ser realizada pelo juiz, como representante do Poder 
Judiciário. 
 
 INTERPRETAÇÃO DECLARATÓRIA: diz-se que a interpretação contratual é 
declaratória quando tem como único escopo a descoberta da intenção 
comum dos contratantes no momento da celebração do contrato; e 
 INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA OU INTEGRATIVA: quando objetiva o 
aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos 
omissos deixados pelas partes. A integração contratual preenche, pois, as 
lacunas encontradas nos contratos, completando-os por meio de normas 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
2 
 
supletivas, especialmente as que dizem respeito à sua função social, ao 
princípio da boa fé, aos usos e costumes do local, bem como buscando 
encontrar a verdadeira intenção das partes, muitas vezes reveladas nas 
entrelinhas. Seria, portanto, um modo de aplicação jurídica feita pelo órgão 
judicante, mediante o recurso à lei, à analogia, aos costumes , aos princípios 
gerais de direito ou à equidade, criando norma supletiva, a qual completará, 
então, o contrato, que é uma norma jurídica individual. A propósito, exemplifica 
Sílvio Venosa: 
 
”Se os contratantes, por exemplo, estipularam 
determinado índice de correção monetária nos 
pagamentos e esse índice é extinto, infere-se que 
outro índice próximo de correção deve ser 
aplicado, ainda que assim não esteja expresso no 
contrato, porque a boa fé a equidade que regem 
os pactos ordenam que não haja injusto 
enriquecimento coma desvalorização da moeda”. 
 
 Interpretação da lei X Interpretação do contrato 
 
A interpretação da lei seria a interpretação da vontade do legislador, isto é, a vontade 
objetiva e constante que se exprime no texto, não a vontade subjetiva das pessoas 
físicas que o elaboram ou do órgão que a aprovou. Já a interpretação do contrato é 
conceituada, na hermenêutica tradicional, como processo de esclarecimento da 
vontade subjetiva dos contraentes e, na doutrina mais recente, como investigação da 
vontade objetividade no conteúdo do vínculo contratual. 
Na interpretação da lei, o intérprete deve determinar o sentido e alcance, enquanto na 
interpretação do contrato, deve-se descobrir a vontade concreta das partes. 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
3 
 
 Tipos de interpretação 
Interpretação subjetiva X Interpretação objetiva 
A interpretação subjetiva tem por fim a verificação da vontade real dos 
contraentes, enquanto a interpretação objetiva visa a esclarecer o sentido das 
declarações que continuem dúbias ou ambíguas por não ter sido possível precisar a 
efetiva intenção das partes. É denominada pelo princípio da investigação da vontade 
real.Tal investigação precede a qualquer outra, devendo o intérprete indagar antes de 
mais nada, qual foi a intenção comum das partes, e não a vontade singular de cada 
declarante, atendendo ainda ao comportamento coetâneo e posterior à sua 
celebração. 
A intenção das partes passa a ser comum com a integração das vontades, mas não 
se sabe o que verdadeiramente se deve entender com o tal nem como conduzir a 
investigação para descobri-la. A indicação da causa do contrato como meio 
interpretativo próprio para definir a intenção comum dos contraentes peca por 
escassez. 
A vontade comum no contrato é, para a doutrina objetivista, um conceito vazio, se 
elaborado em termos subjetivos. Mas, a interpretação subjetiva é necessária, pois o 
objeto da interpretação do contrato é sempre a vontade e a meta a ser alcançada pelo 
intérprete, a exata determinação dos efeitos jurídicos que as partes quiseram 
provocar. 
A interpretação objetiva é subsidiária, pois suas regras só se invocam se falharem 
as que comandam a interpretação subjetiva. O intérprete deve examinar o contrato 
principalmente do ponto de vista da vontade das partes. O legislador o ajuda à 
medida que dita preceitos interpretativos. Juntamente ditam-se regras para a solução 
de dúvidas que perdurem após a pesquisa feita para a descoberta da vontade real do 
contrato em exame. 
 
 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
4 
 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
Dois princípios hão de ser sempre observados na interpretação do contrato: 
a) Princípio da boa fé; e 
b) princípio da conservação do contrato. 
 
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: dispõe art. 113 do novo Código que “os negócios jurídicos 
devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. 
Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a 
proposta como aceitação foram formuladas dentro do que podiam e deviam eles 
entender razoável, segundo a regra da boa-fé. O princípio da boa fé é uma regra que 
contribui para precisar o que se deve entender como o consenso, assim considerando 
o encontro e a consumação de duas vontades para a produção de efeitos jurídicos 
vinculativos. O que importa é o “significado objetivo” que o aceitante de proposta de 
contrato “podia e devia” entender razoavelmente segundo a regra da boa fé. 
 
 
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO OU APROVEITAMENTO DO CONTRATO: 
Se uma clausula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que 
possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham 
celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade. Na III jornada de direito civil 
promovida pelo conselho de justiça federal foi aprovado o enunciado 176: “em 
atenção ao principio da conservação dos negócios jurídicos, o artigo 478 do CC/02 
deverá conduzir, sempre que possível, a revisão judicial dos contratos e não à 
resolução contratual do contrato”. E na IV jornada foi aprovado o enunciado 376, 
relativo ao mesmo tema: “Em observância ao principio da conservação do contrato, 
nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, 
pode o juiz modifica-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada a 
sua vontade e observadoo contraditório”. 
Prescreve, ainda, o art. 114 do CC/02 que “os negócios jurídicos benéficos e a 
renuncia interpretam-se restritamente.” Benéficos ou gratuitos são os que envolvem 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
5 
 
uma liberalidade: somente um dos contratantes se obrigam, enquanto o outro apenas 
aufere um beneficio. A doação pura constitui o melhor exemplo dessa espécie. 
Devem ter interpretação estrita porque representam renuncia de direitos. 
O princípio da conservação do contrato, funda-se na razão principal de que não se 
deve supor que as partes tenham celebrado um contrato inutilmente e sem seriedade. 
O contrato deve ser interpretado, como qualquer de suas cláusulas, no sentido de que 
possa ter qualquer efeito, devendo prevalecer a interpretação que lhe dê o significado 
mais útil. 
 
 
REGRAS ESPARSAS 
 
 quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar interpretação mais favorável ao 
aderente(art 423); 
 a transação interpreta-se restritivamente (art 843); 
 a fiança não admite interpretação extensiva(art 919); 
 sendo a clausula testamentária suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade testador 
(art. 1899) . 
Podem ser mencionados, ainda, os artigos 110 e 111 do CC/02, que tratam, 
respectivamente, da reserva mental e dos silencio como manifestação da 
vontade. 
 
 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
6 
 
 
Proclama no artigo 47 do CDC (Lei 8078/90): 
 
“as clausulas contratuais serão interpretadas de maneira 
mais favorável ao consumidor”. 
 
A excepcionalidade decorre de previsão especifica do rol dos direitos 
fundamentais como disposto nos srt. 5º, XXXII, combinado com o art 170, V, da 
CF/88. 
O dispositivo em destaque aplica-se a todos os contratos que tenham por 
objeto relações de consumo e harmoniza-se com o espirito do referido diploma, 
que visa a proteção do hipossuficiente, isto é, do Consumidor, visto que as 
regras que ditam tais relações são, em geral, elaboradas pelo fornecedor. 
O referido diploma ainda avança ao dispor no seu art 46 que os contratos que 
regulam as relações de consumo deixam de ser obrigatórios se ao consumidor 
não for dada a oportunidade de conhecer previamente o seu conteúdo ou se 
estes forem redigidos de forma a dificultar a compreensão de seu sentido e 
alcance. Trata-se de norma que constitui, ao mesmo tempo, regra de 
interpretação e de garantia do prévio conhecimento e entendimento do 
conteúdo do contrato por parte do consumidor. 
O CDC dedicou um capitulo ao contrato de adesão conceituando-se da 
seguinte forma: no art 54: 
“contrato de adesão é aquele cujas clausulas tenham 
sido aprovadas pela autoridade competente ou 
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de 
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa 
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.” 
 
CRITERIOS PRATICOS PARA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
 A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o 
modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo. 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
7 
 
 Deve-se interpretar o contrato, na duvida, da maneira menos onerosa 
para o devedor. 
 As clausulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, 
mas em conjunto com as demais; 
 Qualquer obscuridade é imputada à quem redigiu a estipulação, pois 
podendo ser claro não o foi; 
 Na clausula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção 
ao que pode ser exequível “ principio da conservação ou do 
aproveitamento do contrato”; 
 
 
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS DE ADESÃO 
 
O CC/02 estabeleceu duas regras de interpretação dos contratos de adesão que se 
caracterizam pelo fato de o seu conteúdo ser determinado unilateralmente por um dos 
contratantes, cabendo a outro contratante apenas aderir ou não aos seus termos. 
 Consta no art. 423 que assim dispõe ”quando houver no contrato de adesão 
clausulas ambíguas ou contraditórias dever-se-á adotar a interpretação mais favorável 
ao aderante” . será “ambígua a clausula que da sua interpretação gramatical a 
extração de mais de um sentido” . De outro lado, há contradição se o conteúdo das 
clausulas foi inconciliável tal como dispor que o mutuo é celebrado sem vantagens 
para o mutuante e estabelecer cobranças de juros. Exatamente polo fato de, nessa 
espécie de contrato não se dar ao aderante oportunidade de discutir suas clausulas e 
influir no seu conteúdo é que o aludido artigo 423 do CC/02 determinou que eventuais 
clausulas ambíguas ou contraditórias sejam interpretadas de maneira mais favorável 
a ele. 
 Vem expressa no art 424 do CC/02 que proclama: “nos contratos de adesão, 
são nulas as clausulas que estipulam a renuncia antecipada do aderente a direito 
resultante da natureza do negócio”. O legislador deve ter em mira proteger 
principalmente os direitos correlatos que na prática comercial são comumente 
excluídos por clausulas padrão, como a de não reparação pelos danos decorrentes de 
FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
CURSO DE DIREITO 
Direito Civil III - CONTRATOS 
Profª Ivane Rodrigues 
 
8 
 
defeitos da coisa ou pela má prestação de serviços, não indenizabilidade de vícios 
redibitórios e evicção. 
 
PACTOS SUCESSÓRIOS 
 
Dispõe o art 426 do CC/02: 
“não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva” 
Trata-se de regra tradicional e de ordem pública destinada a afastar os pacta corvina 
ou votum captandae mortis. A sua inobservância torna nulo o contrato em razão da 
impossibilidade jurídica do objeto. 
 O nosso ordenamento só admite duas formas de sucessão: causa mortis: a legitima e 
a testamentária. O dispositivo em questão afasta a sucessão contratual. Apontam os 
autores, no entanto, duas exceções: 
a) É permites aos nubentes fazer doações antenupciais dispondo a respeito da 
reciproca e futura sucessão, desde que não excedam a metade dos bens 
(CC/02, art 1.668, IV, e 546); 
b) Podem os pais, por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os 
descendentes (CC/02, art 2018) 
 
Parece-nos que em face do CC/02 somente a partilha intervivos pode ser considerada 
exceção Pà norma do at 426 por conrresponder a uma sucessão antecipada, visto 
que os citados art. 546 e 1668, que tratam de doações entre cônjuges não 
contemplam a hipóteses de reciproca e futura sucessão causa mortis. A clausula que 
assim dispõe é considerada não escrita, por fradar Lei imperativa contrariando 
disposição absoluta de Lei (CC/02, art 166, VI, e 1655). Na realidade, nas doações 
propter nuptias a exceção é apenas aparente, porquanto a doação, como foi dito, não 
vem subordinada ao evento morte, mas sim ao casamento, sendo a morte mera 
consequência.

Outros materiais