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Suporte Básico á Vida

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2009 
ATUALIZADO E ADAPTADO POR 
 
 
 
1º PARTE 
COMPETÊNCIAS DO AGENTE DE SOCORROS URGENTES 
 
! Realizar o exame primário, avaliando condições de vias aéreas, respiração, circulação 
e nível de consciência, convocar o Serviço de APH quando for o caso. 
! Obter informações do paciente e da cena do acidente e observar sinais diagnósticos: 
respiração, pulso, cor da pele, nível de consciência, 
! Manter vias aéreas permeáveis com manobras manuais. 
! Realizar manobras de reanimação pulmonar e cardiorrespiratória. 
! Controlar sangramento externo evidente; 
! Mobilizar e remover grandes traumatizados, com proteção da coluna cervical 
 
CAPÍTULO I 
ANATOMIA E FISIOLOGIA 
1. DEFINIÇÕES 
Anatomia é a parte da Biologia que estuda a forma e estrutura do corpo humano, 
Anatomia, palavra grega, significa corte em partes, ou seja, corte e separação, sem 
prejuízo dos seus componentes. 
Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento das diferentes partes do corpo. 
 
1.1. Sistemas que compõem anatomia humana são: 
 Sistema circulatório: estuda o coração e vasos para a circulação do sangue; 
 Sistema tegumentar: estuda a pele e os anexos (unhas, glândulas e pêlos); 
 Sistema endócrino: trata das glândulas que segregam hormônios, os quais são 
derramados na corrente sanguínea; 
 Sistema esquelético: estudo dos ossos, cartilagem e das conexões articulares; 
 Sistema muscular: estuda os músculos e sua contração e a movimentação dos ossos, 
através das articulações; 
 Sistema respiratório: estuda a fixação do oxigênio no sangue e respectiva eliminação 
do gás carbônico; 
 Sistema urinário: trata da formação e eliminação da urina; 
 Sistema Genital: estuda os órgãos sexuais, localizados na pelve; 
 
 Sistema digestivo: estuda a absorção e aproveitamento pelo organismo de substâncias 
alimentares, que asseguram e mantêm seus processos vitais; 
 Sistema nervoso: estuda uma rede de comunicação eletroquímicas corpo; 
 Sistema sensorial: tratam dos órgãos que se destinam à captação das sensações, como 
olhos, orelhas, nariz, boca e tato. 
 
2. A FORMA DO CORPO HUMANO PARA ESTUDO 
O corpo humano deve ser considerado na posição ereta, de frente para o observador, 
membros superiores ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para frente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. CONSTITUIÇÃO GERAL DO CORPO HUMANO 
A célula é a unidade básica na constituição dos seres vivos. Um agrupamento de células 
constitui um tecido. A reunião de vários tecidos constitui um órgão, que se agrupam para 
formar um aparelho ou sistema. 
Todas as células necessitam de oxigênio e nutrientes, sem os quais entra em sofrimento, 
podendo esse sofrimento resultar em morte. À morte das células segue-se morte dos tecidos, 
órgãos e do próprio ser vivo. 
Células → Tecidos → Órgão → Aparelho ou Sistema → Organismo. 
 
4. DIVISÃO DO CORPO HUMANO 
" Cabeça: Crânio e Face 
" Tronco: Pescoço, Tórax, Abdome. 
" Membros Superiores: ombro, braço, antebraço, mão (função de ataque e defesa); 
" Membros Inferiores: quadril, coxa, perna, pé (locomoção do corpo). 
 
 
 
5. CAVIDADES DO CORPO HUMANO 
" Cavidade craniana: é o espaço dentro do crânio e contém o encéfalo. 
" Cavidade espinhal similar a um longo cilindro contém a medula espinhal. 
" Cavidade torácica: contém a traquéia, os brônquios e os pulmões, o coração, a aorta, e 
outros vasos sangüíneos, o esôfago e nervos. 
" Cavidade abdominal: contém o estômago, o fígado, a vesícula biliar, o intestino delgado, 
parte do intestino grosso (cólon e cécum), o pâncreas e o baço. Os dois rins estão na parte 
posterior da cavidade abdominal. 
" Cavidade pélvica: contém os órgãos reprodutores, a bexiga e a parte inferior dos 
intestinos. 
 
6. PLANOS ANATÔMICOS 
Para efeitos de estudo utilizam-se vários planos de divisão do corpo, os chamados pla-
nos anatômicos: 
Ombro 
Braço 
Antebra-
ço 
Mão 
Superiores 
Inferiores 
Membros 
Qua-
dril 
Coxa 
Perna 
Pé 
Cabeça 
Face 
Crâ-
ni
o 
Tronco 
Abdome 
Tórax 
Pesco-
ço 
 
6.1. Plano Sagital Mediano 
É um plano imaginário que passa longitudinalmente através do corpo e o divide em metades 
direita e esquerda. 
6.2. Plano Frontal ou Coronal 
É todo plano que intercepta o plano sagital mediano em ângulo reto e divide o corpo em me-
tades anterior e posterior. 
6.3. Plano Transversal ou Horizontal 
Todo plano que divide o corpo em metades superior e inferior. 
 
 
 
CAPÍTULO II 
CINEMATICA DO TRAUMA 
A equipe que atende a um politraumatizado deve ter dois tipos de lesões em mente. 
 
Plano transversal 
Plano Sagital 
Plano Coronal 
 
" Aquelas facilmente identificáveis ao exame físico, permitindo tratamento precoce. 
" Ou as lesões ditas potenciais, ou seja, não são óbvias ao exame mas podem estar pre-
sentes pelo mecanismo de trauma sofrido pelo paciente. 
Quando bem interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de 
ter contato direto com o paciente. 
 
1. A HISTÓRIA NO TRAUMA DIVIDE-SE EM TRÊS FASES: 
1.1. Pré-impacto: são os eventos que precedem o acidente, tais como ingestão de álcool e ou 
drogas, condições de saúde do paciente (doenças preexistentes), idade, etc. Estes dados terão 
influência significativa no resultado final. 
1.2. Impacto: deve constar o tipo de evento traumático (colisão automobilística, atropelamen-
to, queda, ferimento penetrante, etc.). 
1.3. Pós-impacto: ela se inicia após o paciente ter absorvido a energia do impacto. 
 
As informações coletadas nas fases de pré-impacto e impacto são utilizadas para condu-
zir as ações pré-hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode ser rápida ou len-
ta, dependendo em parte das ações tomadas nesta fase pela equipe de resgate. 
Portanto, as informações colhidas pelas equipes a respeito dos danos externos e internos do 
veículo constituem-se em pistas para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Com isto, a 
identificação das lesões ocultas ou de diagnóstico mais difícil são facilitadas, permitindo tra-
tamento mais precoce reduzindo-se a morbi-mortalidade dos pacientes. Algumas observações 
são muito comuns, tais como: 
" Deformidades do volante de direção, sugerindo trauma torácico, 
" Quebra com abaulamento circular do parabrisas indicando o impacto da cabeça, o que 
sugere lesão cervical e craniana, 
" Deformidades baixas do painel de instrumentos sugerindo luxação do joelho, quadril 
ou fratura de fêmur. 
 
2. ENERGIA E LEIS FÍSICAS 
A fim de entender e interpretar as informações obtidas na história faz-se necessário 
considerar algumas leis físicas: 
Um corpo em movimento ou em repouso tende a ficar neste estado até que uma energia exter-
na atue sobre ele (1ª Lei de Newton). 
 
A energia nunca é criada ou destruída, mas sim, pode mudar de forma. As formas mais co-
muns são mecânicas, térmica, elétrica e química. 
 
3. CAVITAÇÃO 
Defini-se como o deslocamento violento dos tecidos do corpo humano para longe do lo-
cal do impacto, devido à transmissão de energia. Este rápido movimento de fuga dos tecidos a 
partir da região do impacto leva a uma lesão por compressão tecidual e também à distância, 
pela expansão da cavidade e estiramento dos tecidos. 
Este fenômeno gera dois tipos de cavidades (ou deformações). 
" As cavidades temporárias são formadas no momento do impacto, sendo que os teci-
dos retornam a sua posição prévia após o impacto. Este tipo de cavidade não é visto 
pela equipe de resgate e nem pelo médico ao exame físico. 
" As cavidades permanentes: Elas são causadas pelo impacto e compressão dos tecidos 
e podem ser vistas após o trauma.4. LESÕES POR MUDANÇA DE VELOCIDADE 
A mudança brusca de velocidade, cria uma grande aceleração ou desaceleração podendo 
causar lesões em diferentes partes do corpo. 
4.1. Cabeça: O impacto do crânio com algum anteparo, leva à desaceleração brusca do mes-
mo. Com isto, o crânio pára, mas o cérebro continua a se mover para frente. A parte do cére-
bro mais próxima do local de impacto sofre compressão, contusão ou laceração. Os sinais de 
suspeita dessas lesões são: 
" As contusões visíveis no couro cabeludo e face e, 
" Quebra do parabrisas do veículo, formando um abaulamento circular no vidro. 
4.2. Pescoço: O crânio é muito forte para absorver os impactos sofridos. Entretanto, sendo a 
coluna cervical muito mais flexível, não tolera grandes pressões de impacto sem sofrer angu-
lações ou compressões. Movimentos de hiperextensão ou hiperflexão do pescoço levam as 
angulações importantes, podendo resultar em fraturas ou deslocamentos das vértebras. As 
compressões com as vértebras alinhadas podem resultar em esmagamento de corpos verte-
brais. Todas estas lesões podem desestabilizar a coluna, permitindo a colisão dessas estruturas 
com a medula espinhal, causando lesões irreversíveis. 
4.3. Tórax: Impactos na região do tórax atingem inicialmente o esterno. Ele absorve grande 
parte da energia e para abruptamente. No entanto, a parede posterior do tórax e os órgãos na 
 
cavidade torácica continuam a se mover para a frente. O coração e a aorta ascendente são rela-
tivamente “soltos” na cavidade torácica, mas a aorta descendente é firmemente fixada à pare-
de posterior. Cerca de 80% dos pacientes morrem no local do acidente. Do restante, um terço 
morre 06 horas após, um terço morrem em 24 horas, e um terço vive por 03 dias ou mais. Por-
tanto, pelo mecanismo de trauma, deve-se suspeitar pelo tipo de lesão, permitindo investiga-
ção e tratamento em tempo hábil. 
4.4. Parede torácica resulta freqüentemente em pneumotórax. Isto porque há um fechamento 
involuntário da glote no momento do impacto, aumentando a pressão dos pulmões durante a 
compressão, levando à ruptura. Isso pode ser comparado ao que ocorre quando estouramos 
um saco de papel cheio de ar entre as mãos. 
4.5. Abdome: Quando há uma desaceleração brusca as vísceras abdominais continuam a se 
movimentar para a frente. Com isso gera-se uma força de cisalhamento nos locais de fixação 
dos órgãos, geralmente localizados nos seus pedículos (rins, baço, e intestinos delgado e gros-
so). O fígado também pode sofrer lacerações na região do ligamento redondo. Isto porque é 
fixado principalmente no diafragma. 
Fraturas pélvicas podem levar à lesões de bexiga e de vasos da cavidade pélvica. Alguns ór-
gãos podem ser comprimidos contra a coluna vertebral (pâncreas, baço, fígado e rim). 
 
5. COLISÕES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES 
5.1. Colisão do ocupante 
Quando um veículo se choca contra um obstáculo fixo, ocorrem duas colisões. 
" A primeira entre a vítima e o veículo e a, 
" Segunda entre os órgãos da vítima e a estrutura de seu corpo. 
 
As colisões automobilísticas podem ser: 
" Impacto frontal e traseiro 
" Impacto lateral e angular 
" Capotamento 
" Ejeção 
5.1.1. Impacto frontal: corresponde à colisão contra um obstáculo que se encontra à frente 
do veículo. Se o ocupante não estiver utilizando o cinto de segurança, ele irá se chocar contra 
alguma parte do veículo ou ser ejetado para fora do veículo. 
 
5.1.2. Impacto lateral: se refere às colisões do lado do veículo capazes de imprimir ao ocu-
pante uma aceleração que o afasta do ponto de impacto. Dele podem resultar lesões semelhan-
tes às do impacto frontal, mas além destas, podem ocorrer lesões de compressão do tronco e 
de pelve do lado de colisão. 
5.1.3. Impacto traseiro: geralmente este impacto ocorre quando um veículo parado é atingi-
do por trás por outro veículo. Nestas condições o assento carrega o tronco dos ocupantes para 
a frente com grande aceleração, mas a cabeça não acompanha este movimento, ocorrendo 
uma hiperextensão do pescoço. Este tipo de lesão é evitado com o uso correto do suporte de 
cabeça. 
5.1.4. Capotamento: nestas situações, o ocupante se choca contra qualquer parte da cabine, 
causando deslocamentos violentos e múltiplos, o que leva à lesões mais graves. 
5.1.5. Ejeção: a vítima nestes casos sofre lesões decorrentes da ejeção do veículo propriamen-
te dito e do seu choque com o solo. A probabilidade de lesões aumenta em mais de 300% e há 
grandes chances de ocorrer lesões ocultas. 
 
5.2. Colisões de motocicletas 
Podem ocorrer lesões por compressão, aceleração/desaceleração e cisalhamento. Porém, 
menor será o risco de ocorrerem, quanto maior for o número de equipamentos de proteção 
utilizados no momento do impacto (ex. capacete, botas, luvas, roupas, etc.) 
Os mecanismos de lesão são: 
5.2.1. Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca contra um anteparo, a moto-
cicleta para subitamente. Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua seu movi-
mento para a frente, até bater contra um objeto ou com o solo. Durante esta projeção, sua ca-
beça, tórax ou abdome podem se chocar contra o guidom. Se for ejetado da motocicleta, seus 
membros inferiores, batem no guidom podendo levar a fraturas bilaterais de fêmur. Posteri-
ormente ao se chocar com o solo, múltiplas lesões podem ocorrer. 
5.2.2. Impacto Lateral/ejeção: podem ocorrer as mesmas lesões do impacto lateral em um 
automóvel. Porém são muito freqüentes as fraturas e esmagamentos dos membros inferiores. 
Se for ejetado da moto, pode sofrer múltiplas lesões. 
5.2.3. Derrapada Lateral: neste mecanismo, o motociclista pode sofrer graves abrasões e até 
mesmo avulsões dos tecidos. 
 
5.3. Colisões de Pedestres 
 
As lesões ocorrem em três fases: 
5.3.1. Impacto com o pára-choque dianteiro: depende diretamente da altura do pára-choque 
e da vítima. Geralmente em adultos as lesões costumam acometer regiões entre as pernas e a 
pelve. Em crianças as lesões torácicas e abdominais são mais comuns. 
5.3.2. Impacto com o capô e pára-brisas: ocorrem lesões do tronco e cabeça. 
5.3.3. Impacto com o solo: lesões de cabeça e coluna. 
 
6. LESÕES POR TRAUMA 
6.1. Trauma Fechado 
As forças físicas, cavitação e permuta de energia são similares nos traumas penetrantes 
e fechados. Mas quando a energia é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a 
tensão superficial do tecido e penetrá-lo. Em ambos os tipos de trauma, ocorre cavitação tem-
porária mas somente no penetrante existe a formação da cavitação permanente. No trauma 
fechado, duas forças estão envolvidas no impacto: 
" Mudança brusca de velocidade (aceleração ou desaceleração) e 
" Compressão. 
Elas podem ser resultantes de quedas, colisões automobilísticas, acidentes com pedestres, 
agressões, etc. 
 
6.1.1. Mecanismos de Contenção 
Quando o cinto de segurança é posicionado adequadamente, a pressão do impacto é ab-
sorvida pela pelve e tórax, resultando numa diminuição drástica do número e gravidade das 
lesões. Já quando posicionado de forma inadequada (acima da pelve), a pressão é absorvida 
por tecidos moles da cavidade abdominal e retroperitônio, podendo resultar em lesões por 
compressão (ex. baço, fígado, pâncreas, duodeno). É possível ainda ocorrer lesões por aumen-
to da pressão abdominal e por hiperflexão da coluna lombar (fraturas por compressão anteri-
or). Cabe ressaltar que a gravidade destas lesões são ainda bem menores, se o cinto não esti-
vesse sendo usado. O “air-bag” é outro dispositivo que reduz significativamente algumas 
lesões frontais. Ele absorve parte da energia do impacto, aumentando a distância de parada e 
consequentemente diminui a permuta de energia.A sua expansão pode causar lesões no tórax, 
braços e face, principalmente se a vítima usar óculos. Alguns veículos contam com barras 
laterais de reforço 
6.1.2. Quedas 
 
Vítimas de queda estão sujeitas a múltiplos impactos e lesões. Se avaliado: 
" Altura da queda: quanto maior a altura, maior a chance de lesões; 
" Compressibilidade da superfície do solo: quanto maior a compressibilidade, maior a 
capacidade de deformação, aumentando a distância de parada, diminuindo a desacele-
ração. 
" Parte do corpo que sofreu o primeiro impacto: Quando ocorre o primeiro impacto nos 
pés, ocorre uma fratura bilateral dos calcâneos. 
6.1.3. Explosões 
Esta ocorrência não é exclusiva dos tempos de guerra. Devido à violência civil, às ativi-
dades terroristas e ao transporte e armazenamento de materiais explosivos, as explosões ocor-
rem de modo rotineiro. 
As explosões podem causar três tipos de lesões: 
" Lesões primárias: resultam diretamente da onda de pressão, tem maior capacidade le-
siva para os órgãos que contém gás. As lesões mais comuns são as rupturas do tímpa-
no, contusão, edema e pneumotórax quando atinge os pulmões. 
" Lesões secundárias: resulta de objetos arremessados a distância, que atinge os indiví-
duos ao redor (ex. granadas) 
" Lesões terciárias: neste tipo, o próprio indivíduo se transforma em um “míssil” e é ar-
remessado contra um anteparo ou o solo. 
6.1.4. Lesões no esporte 
Muitos esportes são capazes de levar à lesões graves. Elas podem ser por desaceleração, 
compressão, hiperextensão, hiperflexão, etc. Isto é agravado pelo grande aumento de “espor-
tistas” ocasionais ou recreacionais, os quais não têm o treinamento e técnica necessários, além 
da falta de equipamento de proteção. 
Esportes que envolvem alta velocidade (esqui, skate, ciclismo) levam a lesões similares às 
causadas por motocicletas, já descritas anteriormente. 
 
6.2. Trauma Penetrante 
Quando um objeto em movimento se depara com um obstáculo, ocorre uma permuta de 
energia entre eles. Quando esta é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a ten-
são superficial do tecido e penetrá-lo. 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
SINAIS VITAIS 
Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial 
e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles: 
Pulso → Respiração → Pressão arterial → Temperatura. 
Sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser realizada simultanea-
mente à história e ao exame físico. São mais significativos quando obtidos em série, possibili-
tando o acompanhamento de suas variações, e seus valores devem ser analisados conforme a 
situação clínica. 
Na obtenção dos sinais vitais devemos considerar as seguintes condições: 
# Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que podem causar 
variações nos valores; 
# Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e alimentação, 
que também podem causar variações nos valores; 
# Condições do equipamento, que devem estar apropriados e calibrados. 
1. Pulso 
Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o 
ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram pró-
ximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Cada onda de pulso sentida é um re-
flexo do débito cardíaco, pois a freqüência de pulso equivale à freqüência cardíaca. Débito 
cardíaco é o volume de sangue bombeado por cada um dos lados do coração em um minuto. 
Podem ser considerados normais os seguintes índices de freqüência cardíaca - BPMIN: 
Adultos (60 a 100) → Crianças (80 a 120) → Bebês – (100 a 160) 
 
1.1. Taquicardia 
Taquicardia é o aumento da freqüência cardíaca (acima de 100 bpm nos adultos). Em 
vítimas de trauma pode ocorrer por hipóxia ou hipovolemia. 
1.2. Bradicardia 
Bradicardia é a diminuição da freqüência cardíaca (abaixo de 60 bpm nos adultos). Nas 
vítimas de trauma pode estar associada a choque neurogênico. Pode estar associada também a 
doenças primárias do coração ou doenças da tireóide. 
1.3. Locais para Obtenção do Pulso 
 
Os melhores locais para se palpar o pulso são onde artérias de grosso calibre se encontram 
próximas à superfície cutânea e possam ser comprimidas contra uma superfície firme (nor-
malmente um osso). 
 As artérias radiais, ao nível dos punhos, são mais comumente usadas na checagem 
do pulso em vítimas conscientes. 
 As artérias carótidas, ao nível do pescoço, são normalmente usadas para palpação do 
pulso em vítimas inconscientes. 
 Artérias femorais na raiz da coxa, 
 Braquial no braço, 
 Axilar na axila e, 
 Pedioso no dorso do pé. 
Também podermos medir o pulso pela ausculta cardíaca, no ápice ou ponta do coração, no 
lado esquerdo do tórax, levemente abaixo do mamilo (pulso apical). 
 
 
 
 
 
 
 
1.4. Procedimentos para Palpação do Pulso 
1) Relaxe a vítima. Para palpar o pulso radial, mantenha o braço da vítima descansando con-
fortavelmente, preferencialmente cruzando a parte inferior do tórax. Para o pulso carotídeo, 
palpe a cartilagem tireóide no pescoço (pomo de Adão) e deslize os dedos lateralmente até 
sentir o pulso. 
2) Use dois ou três dedos para encontrar e sentir o pulso. Use somente a ponta dos dedos e 
nunca o polegar (usando o polegar o examinador poderá sentir seu próprio pulso digital). 
3) Evite muita pressão. Pressionando forte poderá interromper o pulso da vítima. 
4) Sinta e conte o pulso durante 30 ou 60 segundos (se contar por 30 segundos, multiplique 
por dois). Use relógio que marque os segundos. 
 
 
2. Respiração 
 
Respiração é o processo através do qual ocorre troca gasosa entre a atmosfera e as célu-
las do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação ocorre a entrada 
de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar rico em dióxido de 
carbono para o meio ambiente (expiração). 
A freqüência respiratória pode variar com a idade - MRPMIN: 
Adultos (12 a 20) → Crianças (20 a 30) → Bebês – (30 a 60) 
Outros fatores podem alterar a respiração como exercícios físicos, hábito de fumar, uso 
de medicamentos e fatores emocionais. Em um adulto em repouso a profundidade da respira-
ção ou o volume de ar inalado é aproximadamente 500 ml por inspiração. 
Podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios: 
● Apnéia – Cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada respiratória) das 
respirações; 
● Bradipnéia – Respiração lenta e regular; 
● Taquipnéia – Respiração rápida e regular; 
● Dispnéia – Respiração difícil que exige esforço aumentado. 
2.1. Procedimentos para Analise da Respiração 
 Empregar técnica de “ver, ouvir e sentir”, (7 a 10 segundos de verificação): 
" Se presente, ministrar imediatamente oxigênio à vítima; 
" Se ausente, iniciar a ventilação artificial. 
2.2. Procedimentos gerais no local do atendimento técnica 
Empregar a técnica de “Ver, Ouvir e Sentir”, através da seguinte forma: 
a) Liberar as VAS da vítima através da manobra indicada; 
b) Colocar o ouvido da boca e nariz da vítima voltando à face para seu tórax; 
c) Observar os movimentos do tórax; 
d) Ouvir os ruídos próprios da respiração; 
e) Sentir a saída de ar das VAS da vítima. 
 
 
 
 
 
 
3. Pressão Arterial 
 
 É a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias. É 
constituída por duas mensurações: PA máxima (sistólica) e PA mínima (diastólica). 
3.1. Sistólica: é a pressão máxima exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias 
durante a contração do coração (sístole) 
3.2. Diastólica:é a pressão mínima exercida pelo sangue contra as paredes internas das arté-
rias durante o relaxamento do coração (diástole) 
3.3. Técnica empregada para aferir a pressão arterial 
" Expor o braço da vítima acima do cotovelo, certificando se não há compressão; 
" Fixar o manguito do esfigmomanômetro 04 cm acima do cotovelo da vítima; 
" Posicionar o estetoscópio sobre a artéria braquial do mesmo braço da vítima; 
" Fechar a válvula e insuflar ar pela pêra até o manômetro marcar 200 mmhg; 
" Abrir a válvula lentamente, cerca de 05 mmhg no intervalo de 03 segundos; 
" O som do primeiro batimento indicará a pressão arterial sistólica; 
" Continuar permitindo a saída do ar; 
" O cessar do som dos batimentos indicará a pressão arterial diastólica; 
" Remover todo o ar, soltando o manguito, 
 
ATENÇÃO: 
 Na impossibilidade de auscultar os batimentos, a pressão arterial sistólica poderá 
ser medida palpando-se o pulso radial ou no membro inferior (pulso pedioso). 
" Evitar verificar a PA várias vezes consecutivas no mesmo braço; 
" Se a vítima for hipertensa e o socorrista começar a ouvir o som dos batimentos cardía-
cos logo que desinflar o manguito, torne a inflá-lo acima dos 200 mmhg. 
 
3.4. Valores normais de pressão arterial 
Idoso – acima de 50 anos 140-160/90-100 mmHg 
Idade acima de 16 anos 120/80 mmHg 
Idade – 16 anos 118/75 mmHg 
Idade – 12 anos 108/67 mmHg 
Idade – 10 anos 100/65 mmHg 
Idade – 06 anos 95/62 mmHg 
 
Idade – 04 anos 85/60 mmHg 
Recém Nascido (3Kg) 52/30 mmHg 
 
O resultado poderá apresentar-se: 
Normal (normotenso) → Alterado (hipertensão ou hipotensão) 
4. Temperatura 
Existem vários fatores que influenciam no controle da temperatura corporal, sendo in-
fluenciada por meios físicos e químicos e o controle feito através de estimulação do sistema 
nervoso. A temperatura reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor perdido pelo 
corpo. O índice normal de temperatura é de 37ºC, admitindo-se variações de até 0,6ºC para 
mais ou para menos. As crianças têm temperaturas mais altas que os adultos, porque seu me-
tabolismo é mais rápido. Tem-se observado que a temperatura do corpo é mais baixa nas pri-
meiras horas da manhã, e mais alta no final da tarde ou no início da noite. A temperatura cor-
poral pode se elevar em situações de infecção, trauma, medo, ansiedade, etc. Exposição ao 
frio e choque são causas freqüentes de temperatura abaixo do normal. 
 
CAPÍTULO IV 
AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 
Antes de administrar cuidados de emergência, é preciso: 
" Garantir condições de segurança para a vítima e para os demais presentes na cena; 
" Ao mesmo tempo deve-se fazer um rápido e completo exame da vítima para determinar 
a extensão das lesões que causam riscos de vida; 
" E executar as ações de suporte necessárias. 
1. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DA VÍTIMA 
Aproximar-se da vítima, identificar-se dizendo quem é você, e que pretende ajudá-la, 
tentar tranqüilizar a vítima e simultaneamente palpar por pulso e perguntar à vítima o que 
aconteceu. Nesse momento está-se iniciando a Avaliação Primária da vítima que: 
" Visa identificar e manejar situações de ameaça à vida; 
" Passos a seguir : A = Via aérea com Controle Cervical 
B = Respiração 
C = Circulação e Controle de grandes hemorragias 
D = Estado Neurológico 
" Só se avança para o passo seguinte após completar o anterior. 
 
A = Vias Aéreas com Controle Cervical 
A primeira prioridade na abordagem do paciente traumatizado é a verificação da 
permeabilidade das vias aéreas. Deve-se pesquisar a existência de corpos estranhos ou trauma 
de face e pescoço, que podem levar à obstrução das vias aéreas. 
Durante o exame e manipulação das vias área, deve-se tomar muito cuidado para evitar a 
movimentação excessiva da coluna cervical. 
Com base na história do trauma, devemos suspeitar da existência de lesão da coluna 
cervical; todos os pacientes politraumatizados, principalmente aqueles que apresentam 
alteração do nível de consciência ou traumatismos fechados acima do nível das clavículas, são 
potencialmente portadores de lesão em coluna cervical. 
A cabeça e o pescoço da vítima não podem ser hiperestendidos, hiperfletidos ou rodados 
para o estabelecimento da permeabilidade das vias aéreas. Com esse objetivo, recomendam-se 
às manobras de elevação do queixo e tração da mandíbula. Deve-se estabelecer a imobilização 
adequada da cabeça e do pescoço, com equipamentos adequados ou controle manual sobre a 
cabeça e o pescoço da vítima, mantendo-os alinhados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B = Respiração 
A boa ventilação envolve o funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e 
do diafragma. Cada um desses componentes deve ser avaliado rapidamente. 
Uma vítima só consegue falar se tiver ar nos pulmões e este passar pelas cordas vocais. 
Portanto se você perguntar à vítima: “O que aconteceu?” e a vítima responder normalmente é 
porque as vias aéreas estão permeáveis (A) e a pessoa respira. 
Se observar sinais que antecedem parada respiratória (respiração superficial, lenta, irregular), 
mantenha-se de prontidão. Se a vítima não responde normalmente, examina-se a via aérea: 
! Se obstruída - desobstruir; 
 
! Examinar a respiração: se ausente - iniciara respiração artificial. Garanta os passos A 
e B para que possa avançar para o próximo passo. 
C = Circulação e Controle de Grandes Hemorragias 
A hemorragia é a principal causa de morte pós-traumática, porém pode ser plenamente 
avaliada e tratada. Deve-se avaliar a presença de pulso em todas as vítimas; o pulso de escolha 
para a avaliação é o pulso carotídeo, mas também se pode avaliar o pulso femoral ou o pulso 
radial, nos adultos, ou ainda o pulso braquial, nas crianças. 
! Se o pulso estiver presente, avançar para o passo seguinte (D); 
! Se o pulso estiver ausente – iniciar manobras de reanimação cardiorrespiratória. 
Nessa fase do exame é preciso também controlar os pontos de sangramento externo 
evidentes ao examinador. Isso pode ser realizado através da compressão direta dos ferimentos 
ou aplicação de curativos compressivos. 
D = Estado Neurológico ( nível de consciência) 
Tomadas as medidas possíveis para garantir o ABC, importa conhecer o estado 
neurológico da vítima, de maneira sucinta, resumida. Realiza-se da seguinte maneira: 
" Verificar o nível de consciência da vítima: estabelecer se ela está: 
Alerta → Reagindo à voz → reagindo à dor → Não reagindo 
" Verificar as pupilas da vítima: observar se elas estão: 
! Isocóricas (iguais no tamanho), ou 
! Anisocóricas (diferentes) no tamanho. 
 
 
 
 
 
As vítimas que apresentarem nível de consciência alterado (aquelas vítimas que não 
estiverem alerta) merecem observação cuidadosa dos itens (ABC), pois podem estar 
apresentando lesões que podem resultar em risco de vida. As vítimas com anisocóricas 
também merecem atenção cuidadosa para o ABC, pois geralmente a anisocoria resulta de 
alguma lesão cerebral que pode agravar a situação da vítima. 
 
2. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA VÍTIMA 
 
Procura de lesões que não são tão evidentes no momento da Abordagem Primária. Só se 
inicia a Abordagem Secundária após completar e resolver todas as etapas do A-B-C-D. 
Examinam-se os segmentos do corpo, procurando realizar: 
" Inspeção: verificando a cor da pele, a simetria das estruturas, o alinhamento, a 
presença de deformidades ou sangramento; 
" Palpação: em busca de deformidade, rigidez, flacidez. 
Proceder ao exame da cabeça aos pés, observando: 
2.1. Cabeça: 
" Ferimentos ou deformidades; 
" Crepitação óssea; 
" Secreção pela boca, nariz e/ou ouvidos; 
" Hálito; 
" Dentes quebrados, próteses dentárias; 
2.2. Pescoço: 
"Ferimentos ou deformidades; 
" Estase jugular, comuns no pneumotórax hipertensivo e tamponamento pericárdico; 
" Desvio de traquéia, comum em lesão no pescoço ou pneumotórax hipertensivo; 
" Resistência ou dor ao movimento; 
" Crepitação óssea; 
" Enfisema subcutâneo, em conseqüência de lesão nas vias aéreas. 
 2.3. Tórax e costas: 
" Ferimentos e deformidades; 
" Respiração difícil; 
" Alteração da expansibilidade; 
" Crepitação óssea; 
" Enfisema subcutâneo, em conseqüência de lesão nas vias aéreas. 
 
 
 
 2.4. Abdome: 
" Ferimentos (contusões, escoriações, etc.); 
" Dor à palpação; 
" Rigidez da parede abdominal (abdome em tábua). 
 
 2.5. Pelve e nádegas: 
" Ferimentos ou deformidades; 
" Dor à palpação; 
" Crepitação óssea; 
" Instabilidade da estrutura óssea. 
 2.6. Extremidades inferiores e superiores: 
" Ferimentos ou deformidades; 
" Resposta neurológica (insensibilidade, formigamentos) pra avaliar lesão de nervos; 
" Avaliar a motricidade e a força muscular para verificar lesão de nervos e músculos; 
" Perfusão capilar, para avaliar lesão arterial ou sinais de choque; 
" Verificar temperatura e coloração da pele, para avaliar lesão vascular. 
Durante todo o exame o examinador deve manter-se atento ao A-B-C-D. 
 
CAPÍTULO V 
DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 
Para que o processo de respiração se realize adequadamente, as vias aéreas devem estar 
livres, permitindo a expiração e a inspiração. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial ou 
total. 
" Na obstrução parcial, ainda é possível a passagem de certa quantidade de ar pelas vias 
aéreas. Nesses casos a respiração pode estar lenta, ou ruidosa, ou ainda a pessoa pode 
estar com bastante dificuldade para respirar, ou tossindo. 
" Na obstrução total nenhum ar pode ser ouvido saindo ou entrando pelo nariz ou pela 
boca, e a vítima pode apresentar coloração cinza-azulada na pele, em volta dos lábios, 
orelhas, unhas e às vezes no corpo inteiro. A obstrução total das vias aéreas pode levar 
a vítima à inconsciência e parada cardiorrespiratória. 
 
1. Obstrução das vias aéreas pela língua 
Numa vítima que se torne inconsciente por qualquer motivo, a língua pode cair contra o 
fundo da garganta e obstruir a via respiratória. Para restabelecer a passagem do ar pelas vias 
aéreas, deve-se posicionar a vítima em decúbito dorsal (de costas) sobre uma superfície rígida 
(chão), e fazer as manobras de desobstrução. 
1.1. Manobra de levantamento do queixo. 
 
! Colocar uma das mãos na região frontal da vítima e aplicar pressão firme, pendendo a 
cabeça contra o chão; 
! Com o polegar e o indicador da outra mão, puxar a mandíbula da vítima para frente. 
1.2. Manobra de Projeção da Mandíbula 
! Segurar com ambas as mãos a mandíbula da vítima, com uma de cada lado da cabeça. 
! Os polegares devem ficar apoiados nas maças do rosto e os indicadores apoiam os 
ângulos da mandíbula, que deve ser projetada para frente. 
 
 
 
 
 
 
2. Obstrução das vias aéreas por corpo estranho sólido 
A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos sólidos é uma situação de urgência que 
pode, em poucos minutos, levar a vítima a óbito. Esse tipo de obstrução pode ocorrer durante 
uma refeição, brincadeira ou acidentes; os principais corpos estranhos são pedaços de 
alimento mal mastigados, balas, chicletes, pequenos objetos ou brinquedos ou mesmo 
próteses dentárias. 
As obstruções podem ser parciais ou totais. 
" Nas parciais, a pessoa ainda consegue respirar, mesmo com dificuldade, e pode estar 
apresentando tosse; nesses casos, deve-se estimular a vítima a continuar tossindo, pois 
a tosse pode expelir o corpo estranho e desobstruir a via aérea. 
" Na total, verifica-se que o ar não passa e a pessoa se encontra em grande angústia para 
respirar. 
A vítima pode ainda estar consciente, tentando de alguma maneira a desobstrução, ou, 
pela falta de respiração, pode já ter perdido a consciência. Em ambos o caso, aplica-se uma 
manobra especial para desobstruir as vias aéreas, denominada Manobra de Heimlich, que 
consiste em compressões abdominais, até que o corpo estranho se exteriorize na boca da 
vítima, para, então, ser retirado com os dedos. 
 
2.1. Vítima em pé 
! O agente deve ficar atrás da vítima e seu braço em volta da cintura da mesma; 
 
! Fechar uma mão e colocar o lado do polegar contra o abdome da vítima, levemente 
acima do umbigo e bem abaixo do apêndice xifóide; 
! Com a outra mão envolver a mão fechada e pressionar o abdome da vítima; 
! Fazer quatro compressões rápidas e para cima; 
! Repetir a manobra até a desobstrução ou a vítima tornar-se inconsciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. Vítima deitada (inconsciente) 
! A vítima deve ser colocada em decúbito dorsal (de costas); 
! Abrir a boca da vítima procurando o corpo estranho; 
! Pesquisar a respiração através da audição (som da ventilação), tato (contato com o ar 
na face) e visão (movimentos torácicos). 
! Ao ser constatada a falta de respiração, iniciar a ventilação boca a boca (inspirar 
profundamente); colocar seus lábios sobre os da vítima; ocluir as narinas da vítima 
com os dedos polegares e indicadores da mão que estiver sobre a região frontal para 
evitar que escape de ar; ventilar a vítima duas vezes, expirando volume de ar 
necessário para expandir o tórax da vítima e, também proceder as manobras de 
desobstrução. 
! Agachar-se em cima das coxas do paciente, ou lateralmente a ele, colocar o calcanhar 
de uma mão contra o abdome levemente acima do umbigo; 
! Colocar a segunda mão diretamente sobre a primeira e pressionar o abdome para cima, 
quatro vezes; 
! Continuar até obter sucesso na desobstrução ou entregar a vítima a um serviço de 
emergência. 
Ao verificar a boca, se o corpo estranho já estiver visível, colocar o dedo indicador dentro da 
boca até a base da língua. Usar ação de enganchar, para remover o corpo estranho. 
 
 
 
 
 
 
 
3. Desobstrução da via aérea em criança 
! Deitar a criança de bruços sobre o braço, apoiando na palma da mão, de cabeça para 
baixo e com os dedos abrir a boca da mesma; 
! Bater nas costas com a palma da mão. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO VI 
REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA 
1. Histórico 
No século passado a reanimação foi uma prática comum na Europa, pela técnica de ro-
lar vítimas inconscientes sobre barris, na tentativa de mover o ar para dentro e para fora dos 
pulmões. Foles também foram usados com o mesmo intuito. No início do século XX, a técni-
ca mais usada era o método de pressão prona de Schafer, segundo a qual se pressionava clini-
camente a região lombar para movimentar o ar entre os pulmões e o ambiente. Essa técnica 
permitia a manutenção das vias aéreas abertas pela ação da gravidade na base da língua. No 
entanto, essas e outras técnicas não eram eficientes pela baixa ventilação alveolar que ofereci-
am. 
2. Morte Clínica e Biológica 
Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é o conjunto de manobras realizadas para restabe-
lecer a ventilação pulmonar e a circulação sangüínea, tais como: 
" Respiração artificial e 
" Massagem cardíaca externa, 
 
 
 
Manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar (morte clínica). Para alguns 
pacientes com parada cardiopulmonar e com funções neurológica e cardiorrespiratória previ-
amente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos 
definitivos, pode ser salvadora. O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte 
biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP. 
3. Parada Respiratória 
A parada respiratória evolui em alguns minutos para umaparada cardiopulmonar e ape-
sar de ser a menor causa de paradas, possui resultados positivos quando aplicado RCP no iní-
cio da parada, principalmente em obstrução de vias aéreas ou afogamento. 
São causas de parada respiratória por ordem de incidência: Doenças do pulmão; Trauma; Obs-
trução de Vias Aéreas por inconsciência (queda da língua ); Obstrução de Vias Aéreas por 
Corpo Estranho (OVACE); Acidente Cardiovascular (AVC); Overdose por drogas; Afoga-
mento; Inalação de fumaça; Epiglotite e laringite e Choque elétrico; 
4. Parada Cardíaca 
Doenças cardíacas são a principal causa de morte em todo o mundo e em cerca de 60% 
destas mortes ocorre uma Parada Cardíaca Súbita (PCS). A parada cardíaca súbita corres-
ponde a 80% das paradas cardiopulmonares. Estas paradas cardíacas súbitas tem como princi-
pal causa o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e durante o infarto a grande maioria das víti-
mas apresenta algum tipo de fibrilação ventricular (FV) durante a parada. 
Outras causas de Parada Cardíaca são:Trauma direto no coração ou Uso de Drogas. 
5. Sinais de Parada Cardiopulmonar 
● Inconsciência sem resposta a estímulo; 
● Ausência de movimentos respiratórios; 
● Ausência de Pulso. 
6. Procedimentos para Ressuscitação Cardiopulmonar 
Ressuscitação cardiopulmonar é o conjunto de manobras realizadas para restabelecer a 
ventilação pulmonar e a circulação sangüínea, tais como, respiração artificial e massagem 
cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar. A ressus-
citação cardiopulmonar requer uma seqüência de procedimentos parecido com o ABCD da 
avaliação inicial com a diferença que o D do RCP se refere a desfibrilação: 
A – Vias Aéreas: manter as vias aéreas permeáveis para a passagem do ar; 
B – Respiração: ventilar os pulmões da vítima para garantir um mínimo de troca de ar; 
 
C – Circulação: comprimir o tórax de forma a realizar uma pressão intratorácica que faça o 
coração bombear sangue para os órgãos vitais; 
D – Desfibrilação: aplicação de um choque no coração para normalizar os batimentos cardía-
cos que entram em movimentos descompassados como a fibrilação ventricular e a taquicardia 
ventricular. 
7. RCP em Adultos 
A grande maioria das mortes em adulto é causada pela PCS e por mais bem feita que se-
ja, a RCP não consegue reverter este quadro. Caso o socorrista esteja sozinho no local da 
ocorrência o acionamento ao Serviço Medico de Emergência (SME), para a aplicação do des-
fibrilador, é prioritário para então na seqüência iniciar o RCP. A exceção fica para os casos de 
parada respiratória (OVACE, afogamento, etc) em que o emprego imediato de ventilações 
tem prioridade sobre o acionamento do SME. O socorrista se estiver sozinho deve então exe-
cutar o RCP por pelos menos dois minutos antes de acionar o SME. A seguir verificamos a 
seqüência do RCP conforme descrito de forma sucinta acima. 
7.1. Abertura de Vias Aéreas 
Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar 
você deve iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a víti-
ma esteja em decúbito dorsal (costas no chão). Estando a vítima em decúbito dorsal efetue a 
abertura das vias aéreas, o que muitas vezes pode garantir o retorno da respiração se a vítima 
estava somente em parada respiratória. Se ao verificar as VVAA você encontrar qualquer ob-
jeto (chicletes, próteses) ou líqüido (vomito, sangue), retire com uma pinça, ou os dedos, ou 
aspirador, ou ainda através do rolamento 90º. Não retire dentaduras bem fixas da vitima, pois 
ela ajuda a manter os contornos da boca, auxiliando em uma boa vedação para a ventilação. 
7.1.1. Tração de Mandíbula 
Está é a técnica recomendada para abertura de VVAA em vítimas com suspeita de lesão 
na coluna cervical ou TCE. Para a tração da mandíbula siga os seguintes passos: 
● Deslize suas mãos para cada lado da cabeça e apóie as pontas dos dedos nos ângulos da 
mandíbula. 
● Coloque os polegares sobre a parte anterior da mandíbula e tracione deslocando o mento 
para frente sem movimentar a cabeça. 
● Em caso dos lábios se fecharem afaste-os com os dedos. 
7.1.2. Inclinação da Cabeça e Elevação do Mento 
 
A inclinação da cabeça e elevação do mento é a técnica mais recomendada para abertura 
de VVAA sem instrumentos e pode ser usada em situações de trauma após 3 (três) tentativas 
sem sucesso com a tração da mandíbula: 
● Com uma das mãos apóie na testa da vítima e exerça uma pequena tração para trás, fazendo 
uma pequena extensão do pescoço; 
● Ao mesmo tempo que você apóia a mão 
na testa com a outra mão faça uma pinça com os dedos elevando o queixo e abrindo-o; 
● Caso o ar não passe tente estender um pouco mais o pescoço e procure por OVACE a cada 
procedimento. 
 
7.2. Ventilação 
Após a abertura das VVAA, analise a respiração da vítima usando o método do Ver-
Ouvir-Sentir. Este exame não deve demorar mais do que dez segundos, se constatar que não 
há respiração, ou a respiração é inadequada (respirações agônicas), ou ainda, você não tem 
certeza se a respiração é adequada; inicie as ventilações artificiais. 
7.2.1. Ventilação Boca-a-boca 
● Pince o nariz da vítima usando o polegar e dedo indicador da mão que está na testa da víti-
ma; 
● Respire normalmente e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a completamente, 
impedindo vazamento de ar; 
● Ventile 2 (duas) vezes (cerca de 1 segundo para cada ventilação) a cada 30 (trinta) com-
pressões torácicas; 
● A ventilação deve provocar elevação visível do tórax; 
● Observar o tórax subindo e descendo, ouvir e sentir o fluxo de ar; 
● Manter as vias aéreas abertas para a expiração; 
● Não demore mais do que 10 (dez) segundos na aplicação das ventilações; 
● Se a ventilação não elevar o tórax após as tentativas, inicie a compressão torácica; 
● Havendo pulso, efetue de 10 a 12 ventilações por minuto sem compressões torácicas; 
● Evite a hiperventilação, pois isto pode causar uma distensão gástrica reduzindo o débito 
cardíaco. 
7.2.2. Ventilação Boca-nariz 
Recomendada quando não é possível ventilar boca a boca, como: trauma de face, boca 
disforme, ou boca-boca/nariz em lactentes: 
 
● Com a mão que está no queixo da vítima, feche a boca da vítima; 
● Respire normalmente, coloque os lábios ao redor do nariz da vítima e ventile; 
● Deixe a vítima expirar passivamente, pode ser necessário abrir a boca; 
● Manter a mesma recomendação de ritmo anterior (boca-a-boca). 
7.3. Compressão Torácica 
A compressão torácica consegue criar um pequeno fluxo de sangue para os órgãos vi-
tais, como cérebro e miocárdio. A cada interrupção este fluxo para e durante as primeiras 
compressões ele não se estabelece de forma efetiva, por isto as compressões têm maior impor-
tância. 
7.3.1. Verificação do Pulso 
A verificação do pulso em vítimas inconscientes sempre é realizada pela palpação da 
carótida. Caso você não tenha certeza de que a vítima tem pulso, mas sabe que esta não respi-
ra, inicie as manobras de RCP com compressão torácica. Para verificar o pulso carotídeo loca-
lize a traquéia com dois dedos e deslize-os suavemente entre a traquéia e os músculos laterais 
do pescoço, exercendo uma leve compressão sem obstruir a artéria. Esta operação não deve 
demorar mais do que 10 (dez) segundos. O socorrista pode também procurar por pulso na 
artéria femural da vítima inconsciente. 
7.3.2. Posição do Corpo e das Mãos 
Verificado que a vítima não possui pulso, o socorrista deve iniciar as compressões torá-
cicas: 
● Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida; 
● Ajoelhe-se ao lado do peito da vítima; 
● Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãosno centro do peito na altura da linha 
mamilar; 
● Coloque a outra mão sobre a primeira e entrelace os dedos com esta, não aplique nenhuma 
pressão sobre as costelas, o término do esterno, ou o abdômen; 
●Posicione-se verticalmente sobre a vítima com os braços retos e seus ombros sobre o peito 
da vítima e comprima o tórax de forma que o peso de seu corpo auxilie na compressão. 
7.3.3. Técnica da Compressão em adulto 
Para efetuar as compressões é importante lembras destes detalhes: 
● Comprima 30 (trinta) vezes o peito para cada 02 (duas) ventilações na vítima adulta, inde-
pendente de estar em 1 ou 2 socorristas; 
● A taxa de compressão deve ser de 100 (cem) compressões por minuto; 
 
● Comprima rápido, comprima forte e permita o retorno completo do tórax; 
● Execute a compressão com uma profundidade de 4 (quatro) a 5 (cinco) centímetros; sobre a 
vítima 
● Tempo de compressão e descompressão devem ser iguais; 
● Limite as interrupções, a compressão torácica é o procedimento mais importante para ga-
rantir uma sobre vida a vítima; 
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore mais do 
que dez segundos nesta avaliação. 
● A cada 2 (dois) minutos troque, se possível, o socorrista que comprime o tórax; estudos 
comprovaram que mesmo sem referir cansaço o socorrista perde eficiência em apenas dois 
minutos de compressão. 
8. RCP em Crianças 
O RCP em crianças é quase o mesmo para adultos com algumas diferenças devido as di-
ferenças anatômicas e fisiológicas. 
8.1. Abertura de Vias Aéreas em Crianças 
O procedimento é o mesmo realizado para adultos. 
8.2. Ventilação em Crianças 
Após a abertura das VVAA aplique 2 (duas) ventilações efetivas na criança. Devido ao 
tamanho da caixa torácica da criança ser menor do que do adulto menos ar é necessário na 
respiração, ao ventilar forneça apenas ar suficiente para elevar o tórax da criança. Se houver 
pulso aplique de 12 (doze) a 20 (vinte) ventilações por minuto, pois a criança normalmente 
possui uma freqüência respiratória mais elevada que o adulto. Com VVAA avançadas efetue 
de 8 (oito) a 10 (dez) ventilações por minuto sem interrupção nas compressões. 
8.3. Compressão Torácica em Crianças 
Para a compressão torácica em crianças siga os seguintes passos : 
● Apalpe o pulso carotídeo em no máximo 10 (dez) segundos, se não estiver presente prepare-
se para iniciar as compressões. 
● Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida; 
● Ajoelhe-se ao lado do peito da vítima; 
● Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãos com o braço reto sobre o centro do pei-
to na altura da linha mamilar, se achar necessário é possível colocar as duas mãos; 
● Se estiver sozinho, comprima 30 (trinta) vezes o peito para cada 02 (duas) ventilações; 
● Em 2 socorristas, comprima 15 (quinze) vezes para cada 02 (duas) ventilações; 
 
● A taxa de compressão deve ser de 100 (cem) compressões por minuto; 
● Comprima rápido, comprima forte e permita o retorno completo do tórax; 
● Execute a compressão com uma profundidade de ½ a ⅓ do tamanho do tórax; 
● Tempo de compressão e descompressão devem ser iguais; 
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore mais do 
que dez segundos nesta avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
9. RCP em Bebês 
Em bebês, menos de 1 (um) ano de idade, as causas mais comuns de parada cardiorres-
piratória são: síndrome da morte súbita em lactentes, doenças respiratórias, OVACE, afoga-
mento e doenças neurológicas. A ressuscitação nestes casos é extremamente difícil e resultam 
muitas vezes em complicações neurológicas. A corrente de sobrevivência para bebês é a 
mesma aplicada as crianças com a diferença de que a prevenção deve atuar mais nas doenças 
acima. Em bebês o uso do desfibrilador externo automático, DEA, não é recomendado. 
9.1. Abertura de Vias Aéreas em Bebês 
O procedimento é praticamente idêntico ao do adulto com a diferença de que em bebês 
é indicada a colocação de uma pequena toalha sobre os ombros da criança (coxim) para man-
ter as VVAA abertas devido a relação da cabeça da criança com o tórax. 
9.2. Ventilação em Bebês 
A ventilação recomendada para bebes sem o uso de equipamentos é a boca-boca e nariz 
, devido as diferenças anatômicas entre adulto e o bebê. Assim como para crianças a ventila-
ção fornecida para bebês é menor do que a para adultos, ao ventilar forneça apenas ar sufici-
ente para elevar o tórax do bebê. 
9.3. Compressão Torácica em Bebês 
Principais diferenças na aplicação de compressões torácicas em relação à criança: 
● Apalpe o pulso braquial em bebês, se estiver ausente inicie o RCP; 
 
● Se estiver sozinho o socorrista pode executar o RCP sentado com o bebê em seu braço, 
apoiado em uma das pernas, porém a superfície rígida é mais apropriada; 
●A aplicação da compressão é realizada logo abaixo da linha mamilar; 
●Comprima o tórax com 2 (dois) dedos sobre o esterno, ou se possível, com os dois polega-
res, abraçando o peito da vítima com as mãos. 
 
10. RCP em Neonatos 
Como o RCP em Neonatos somente é aplicável na primeiras horas após o parto, dificil-
mente uma equipe de socorristas irá usá-lo, mas como pode haver a ocorrência de um parto de 
emergência na ambulância, o socorrista deve saber aplicá-lo. 
10.1. Abertura de Vias Aéreas em Neonatos 
Procedimento igual ao da criança com a diferença de que logo após o parto se faz neces-
sário aspirar as VVAA por completo para retirar qualquer possibilidade de obstrução pelo 
líqüido amniótico. 
10.2. Ventilação em Neonatos 
Mesma ventilação recomendada para crianças deve ser aplicada aos neonatos 
com a diferença de que neste caso somente deve ser aplicada 1 (uma) ventilação antes de ini-
ciar as compressões. 
10.3. Compressão Torácica em Neonatos 
Principais diferenças na aplicação de compressões torácicas em relação à criança: 
" Apalpe o pulso braquial em neonatos, se estiver ausente inicie o RCP; 
" A aplicação da compressão é realizada logo abaixo da linha mamilar; 
" Comprima o tórax com os 2 (dois) polegares, abraçando o peito da vítima com as 
mãos; 
" Comprima 3 (três) vezes o tórax para cada 1 (uma) ventilação; 
" Comprima a uma taxa de 90 (noventa) compressões por minuto. 
 
 
11. Complicações na RCP em Neonatos 
Algumas complicações são encontradas na aplicação da RCP para vítimas em parada. 
Começa muitas vezes pela demora no início da RCP, cerca de 10% dos socorristas profissio-
nais ao verificar o pulso pensam que este está presente quando não está, atrasando a RCP. 
Algumas complicações podem surgir com a execução das compressões: fratura de costelas, 
 
pneumotórax, lesões na região abdominal. Apesar destas complicações a compressão torácica 
não deve ser interrompida até que a vítima retorne. 
12. Tratamento Pós-ressuscitação 
Em caso de sucesso nas manobras de ressuscitação deve seguir um tratamento para res-
tabelecer os sinais vitais da vítima as condições normais. Investigue as causas que levaram a 
parada para melhor tratá-la. O primeiro passo é garantir as VVAA e a ventilação adequada da 
vítima, de preferencia com oxigênio e ventilação positiva, pois a maioria das vítimas que re-
tornam após RCP precisam de auxílio na respiração. 
Em caso de trauma os procedimentos para controle de hemorragias e imobilização da vítima 
vem na seqüência. Se o caso for clínico a vítima deve ser colocada na posição de recuperação 
conforme a seqüência. Evite a hipertermia (aquecimento) da vítima no ambiente pré-
hospitalar tratando a febre de maneira intensiva após a ressuscitação. 
13. Quando Interromper RCP? 
A grande maioria dos procedimentos para ressuscitação não são bem-sucedidase fa-
lham neste processo, principalmente quando o trauma é a causa. Muitos fatores influenciam a 
decisão de interromper a RCP. Acredita-se que se o coração persiste em Fibrilação Ventricu-
lar (FV), a RCP não deve ser interrompida e se o coração já está em mais de 20 minutos em 
assistolia, a RCP pode ser interrompida. No SIATE, porém, a interrupção do RCP por irrever-
sibilidade do quadro é de competência médica. 
14. Quando Não Iniciar o RCP? 
● Rigidez cadavérica; 
● Decapitação; 
● Decomposição 
● Esmagamento do tórax; 
● A execução do RCP pode colocar o socorrista sob risco. 
 
 
 
CAPÍTULO VII 
FERIMENTOS, CURATIVOS E BANDAGENS 
Ferimento é qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer tecido por um agente 
externo, físico ou químico. Os agentes capazes de produzir um ferimento podem ser físicos 
(mecânico, elétrico,irradiante e térmico) e químicos (ácidos ou álcalis). 
 
 
1. Classificação Geral dos Ferimentos 
1.1. Ferimentos Fechados 
São os ferimentos onde não existe solução de continuidade da pele, a pele se mantém íntegra. 
Podendo ser classificada em: 
1.1.1. Contusão: lesão por objeto contundente que danifica o tecido subcutâneo subjacente, 
sem romper a pele. 
1.1.2. Hematoma: extravasamento de sangue no subcutâneo com formação de coleção (au-
mento de volume), pela ruptura de veias e arteríolas, conseqüência de uma contusão. 
Quando localizado no couro cabeludo, é o hematoma subgaleal. 
1.1.3. Equimose: extravasamento de sangue no subcutâneo sem formação de coleção, con-
seqüência da ruptura de capilares. 
1.2. Ferimentos Abertos 
São os ferimentos que rompem a integridade da pele, expondo tecidos internos, geralmen-
te com sangramento. Também são denominados feridas. As feridas são traumas de alta ou 
baixa energia, decorrentes da superfície de contato do agente vulnerante. Segundo este con-
ceito, as feridas podem ser classificadas em: 
1.2.1. Incisivas/cortantes: produzidas por agentes vulnerantes cortantes, afiados, capazes de 
penetrar apele (bisturi, faca, estilete etc), produzindo ferida linear com bordas regulares e 
pouco traumatizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.2. Contusas: causadas por objetos com superfície romba (instrumento cortante não muito 
afiado - pau, pedra, soco etc.), capazes de romper a integridade da pele, produzindo feridas 
com bordas traumatizadas, além de contusão nos tecidos arredores. São as feridas cortocontu-
sas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.3. Perfurantes: o objeto que as produz a ferida é geralmente fino e pontiagudo, capaz de 
perfurar a pele e os tecidos subjacentes, resultando em lesão cutânea puntiforme ou linear, de 
bordas regulares ou não. As feridas perfurantes podem ser: 
1.2.3.1. Perfurocontusas: ocorre quando o objeto causador da ferida é de superfície romba 
(ferimento por arma de fogo); 
1.2.3.2. Perfurocortantes: quando o agente vulnerante possui superfície de contato laminar 
ou pontiagudo (ferimento causado por arma branca - faca, estilete, adaga). 
1.2.3.3. Penetrante: quando o agente vulnerante atinge uma cavidade natural do organismo, 
geralmente tórax ou abdômen. Apresenta formato externo variável, geralmente linear ou pun-
tiforme. 
 
 
 
 
 
1.2.3.4. Transfixante: este tipo de lesão constitui uma variedade de ferida que pode ser perfu-
rante ou penetrante; o objeto vulnerante é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou deter-
minado órgão em toda a sua espessura saindo na outra superfície. Pode-se utilizar como 
exemplo as feridas causadas por projétil de arma de fogo, que são feridas perfurocontusas, 
podendo ser penetrantes e/ou transfixantes. 
As ferida transfixantes possuem: Orifício de Entrada: ferida circular ou oval, geralmente pe-
quena, combordas trituradas e com orla de detritos deixada pelo projétil (pólvora, fragmentos 
de roupas). Orifício de Saída: ferida geralmente maior, com bordas irregulares, voltadas para 
fora. 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.4. Escoriações ou abrasões: produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra 
a pele,sendo que somente esta é atingida. Freqüentemente contém partículas de corpo estra-
nho (cinza, graxa,terra). 
 
 
 
1.2.5. Avulsão ou amputação: ocorre quando uma parte do corpo é cortada ou arrancada 
(membros ou parte de membros, orelhas, nariz etc.). 
 
 
 
 
 
1.2.6. Lacerações: quando o mecanismo de ação é uma pressão ou tração exercida sobre o 
tecido, causando lesões irregulares. Os exemplos são inúmeros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Cuidados para com as Vítimas de Ferimentos 
O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa a três objetivos principais: 
● Proteger a ferida contra o trauma secundário; 
● Conter sangramentos; 
● Proteger contra infecção. 
Na fase pré-hospitalar deve-se evitar perder tempo em cuidados excessivos com os fe-
rimentos que não sangram ativamente e não atingem os planos profundos. Estes cuidados re-
 
tardam o transporte ao hospital, o que pode agravar o estado geral dos pacientes com lesões 
internas associadas. 
No atendimento à vítima com ferimentos deve-se seguir os seguintes passos e cuidados: 
Controle do ABC é a prioridade como em qualquer outra vítima de trauma. Ferimentos com 
sangramento importante exigem controle já no passo C. 
Avaliação do ferimento, informando-se sobre a natureza e a força do agente causador, de 
como ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o atendimento. 
Inspeção da área lesada, que deve ser cuidadosa. Pode haver contaminação por presença de 
corpo estranho e lesões associadas. O ferimento deve ser exposto e, pode ser necessário cortar 
as roupas da vítima; evite movimentos desnecessários com a area. 
Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de corpos estranhos livres e detritos; 
utilizar uma gaze estéril para remoção mecânica delicada e, algumas vezes, instilação de soro 
fisiológico, sempre com cautela, sem provocar atrito. Objetos impalados não devem ser remo-
vidos, mas sim imobilizados para que permaneçam fixos no transporte. 
Proteção da lesão com gaze estéril que deve ser fixada no local com bandagem triangular 
ou, se não estiver disponível, utilizar atadura de crepe. 
3. Cuidados nos Diversos Tipos de Ferimentos 
● Nas escoriações, é comum a presença de corpo estranho (areia, graxa, resíduos de asfalto 
etc.), fazer a tentativa de remoção conforme descrito anteriormente; em seguida, cubra a área 
escoriada com gaze estéril fixando-a no local com atadura ou bandagem triangular. 
● Nas feridas incisivas, aproximar e fixar suas bordas com um curativo compressivo, utili-
zando atadura ou bandagem triangular. 
● Nas feridas lacerantes, controlar o sangramento utilizando os métodos de pressão direta 
e/ou elevação do membro, proteger com uma gaze estéril firmemente pressionada. Lesões 
graves podem exigir a imobilização da parte afetada. 
● Nas avulções e amputações, os cuidados de emergência requerem, além do controle de 
sangramento, todo o esforço da equipe de socorro para presenvar a parte amputada. No caso 
de retalhos de pele, recoloca-lo na posição normal delicadamente, após a limpeza da superfí-
cie; em seguida, fazer o curativo. Partes do corpo amputadas devem ser colocadas em bolsa 
plástica seca, estéril, selada e se possível resfriada (jamais congelar), que deve acompanhar o 
paciente até o hospital. 
● Nas feridas perfurantes, por arma de fogo, devem ter os orifícios de entrada e saída do 
projétil igualmente protegidos. Arma branca que permanece no corpo não deve ser removida e 
 
sim fixada para que permaneça imobilizada durante o transporte, pois a retirada pode agravar 
o sangramento. 
● Ferimentos em cabeça, tórax e abdomeexigem atenção redobrada pela equipe de socorro 
pelo risco de comprometer as funções vitais (nível de consciência, respiração e circulação). 
Quando na cabeça, não pressionar a área atingida sob risco de lesão de cérebro por extremi-
dades ósseas fraturadas. Ferimentos penetrantes em tórax podem comprometer o mecanismo 
da respiração pela entrada de ar na cavidade pleural; o curativo deve ser oclusivo sendo que 
um dos lados do mesmo não é fixado (três pontas). 
● Nas eviscerações (saída de vísceras abdominais pelo ferimento) não tentar recolocar os 
órgãos para dentro da cavidade abdominal; cobrir com plástico esterelizado próprio para este 
fim ou compressas úmidas (embebicidas em soro fisiológico). Conforme a análise do meca-
nismo que produziu a lesão, caracterítica do ferimento (profundo, complicado), a região do 
corpo atingido (cabeça, pescoço, tórax e abdome) e o grau de sangramento o médico deve ser 
acionado caso não esteja presente no local do acidente. 
4. Curativos e Bandagens 
Curativos são procedimentos que consistem na limpeza e aplicação de uma cobertura 
estéril em uma ferida, com a finalidade de promover a hemostasia, cicatrização, bem como, 
prevenir contaminação e infecção. Geralmente nos serviços pré-hospitalares os curativos são 
realizados com aplicação de gaze ou compressas cirúrgicas e fixadas com esparadrapo. As 
bandagens são constituidas por peças de tecido em algodão crú, cortando em triângulo medin-
do: 1,20m X 1,20m x 1,70m, sendo utilizadas para: 
● Fixar curativos, cobrindo as compressas; 
● Imobilizar e apoiar seguimentos traumatizados; 
● Promover hemostasia (conter sangramentos). 
Qualquer que seja o tipo, conforto da vítima e a segurança do curativo dependem da sua 
correta aplicação. Uma bandagem desalinhada e insegura, além de útil, pode ser nociva. A 
bandagem triangular pode ser dobrada para produzir uma espécie de gravata: Traga a ponta da 
bandagem para o meio da base do triângulo e faça dobras sucessivas até obter a largura dese-
jada de acordo com a extensão da lesão a recobrir. É importante salientar que a bandagem 
triangular não é estéril, portanto não deve ser utilizada para ocluir ferimentos abertos. Antes 
de fixá-la deve ser aplicada gaze ou compressa cirúrgica. 
 
Um detalhe importante e que trás conforto à vítima refere-se à fixação da bandagem. O Socor-
rista deve sempre lembrar que a fixação (amarração) da bandagem não deve ser feita sobre o 
ferimento. 
5. Considerações na Utilização de Ataduras 
● As bandagens não devem ser muito apertadas para não impedir o afluxo e refluxo do san-
gue, pois isto pode provocar edema e/ou causar dores intensas. Entretanto, devem ficar firmes 
e indeslocáveis, adaptando-se às formas corporais. 
● Na aplicação da bandagem, coloque o membro em posição funcional e evite contato entre 
duas superfícies cutâneas, para que não haja aderências e fricções. 
 
 
2º PARTE 
 
CAPÍTULO VIII 
HEMORRAGIA E CHOQUE 
1. Introdução 
Para um melhor entendimento dos mecanismos (da hemorragia e do choque) faz se necessário 
uma pequena revisão de alguns aspectos conceituais de anatomia e fisiologia do sistema car-
diovascular. Vejamos: 
1.1. Coração 
É um órgão muscular oco que se contrai ritmicamente, impulsionando o sangue através 
de toda a rede vascular. Está situado no centro do tórax, num espaço denominado mediastino, 
que fica entre os dois pulmões (limites laterais), por cima do diafragma (limite inferior), por 
diante da porção torácica da coluna vertebral (limite posterior) e por trás do osso esterno (li-
mite anterior). É como uma bomba que impulsiona o sangue. Para que trabalhe de forma 
apropriada, necessita fundamentalmente de dois fatores: primeiro de volume de sangue sufici-
ente circulando dentro dos vasos, dependendo também da pressão sistólica para impulsioná-
lo. 
1.2. Vasos Sanguineos 
1.2.1. Artérias 
São os vasos que se afastam do coração levando o sangue arterial para distribuí-lo a to-
dos os órgãos do corpo. Desde a sua origem, no coração, as artérias ramificam-se de modo 
sucessivo ficando progressivamente mais finas, isto é, diminuem de tamanho à medida que se 
afastam do coração. 
 
1.2.2. Veias 
O sangue que sai do coração, por intermédio das artérias, retorna ao mesmo pelas veias. 
Portanto, veias são os vasos sangüíneos que trazem o sangue venoso dos diversos órgãos de 
volta ao coração. Como as veias convergem, são mais finas quanto mais distantes e mais cali-
brosas conforme se aproximam do coração. As paredes das veias, finas e delgadas, não pul-
sam. 
1.2.3. Capilares 
São vasos muito finos que representam a transição entre artérias e veias. É nos capilares 
que se dá a troca de oxigênio e nutrientes por gás carbônico e detritos, para serem eliminados 
pelo sistema venoso. 
Ao fluxo constante de sangue pelos capilares chamamos de perfusão, sendo ele essenci-
al à manutenção de vida nos tecidos. A diminuição do volume sangüíneo afeta a perfusão. 
Uma falha na perfusão leva os tecidos à morte. 
1.3. Sangue 
O sangue é constituído por uma parte líquida (plasma) e por elementos figurados (gló-
bulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue corresponde de 7 a 8% do peso 
corporal de uma pessoa. Seu volume varia de uma pessoa para outra, conforme a massa cor-
poral. 
2. Hemorragia 
É o extravasamento de sangue dos vasos sangüíneos através de ruptura nas suas paredes. 
2.1. Classificação 
2.1.1. Hemorragia externa – visível porque extravasa para o meio ambiente. Exemplos: fe-
rimentos em geral, hemorragia das fraturas expostas, epistaxe (hemorragia nasal). 
2.1.2. Hemorragia interna – o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos 
tecidos ou cavidades naturais. Exemplos: trauma contuso, ruptura ou laceração de órgãos de 
tórax e abdômen, hemorragia de músculo ao redor de partes moles. 
2.2. Tipos de hemorragia 
2.2.1. Arterial 
Ocorre quando há perda de sangue de uma artéria. O sangue tem coloração viva, verme-
lho claro, derramado em jato, conforme o batimento cardíaco, geralmente rápido e de difícil 
controle. 
2.2.2. Venosa 
 
Ocorre quando há perda de sangue por uma veia. Sangramento de coloração vermelho 
escuro, em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Pode ser considerada grave se a veia compro-
metida for de grosso calibre. 
2.2.3. Capilar 
Ocorre quando há sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos vasos da ferida. 
Possui coloração avermelhada, menos viva que a arterial, e facilmente controlada. 
2.3. Fatores determinantes da gravidade da hemorragia 
2.3.1. Volume de sangue perdido 
A perda de pequeno volume em geral não produz efeitos evidentes; já a perda de 1,5 li-
tros em adulto ou 200 ml em criança pode ser extremamente grave, inclusive colocando a vida 
em risco. 
2.3.2. Calibre do vaso rompido 
O rompimento de vasos principais de pescoço, tórax, abdômen e coxa provoca hemor-
ragias severas, e a morte pode sobrevir em 1 a 3 minutos. 
2.3.3. Tipo do vaso lesado 
O sangramento arterial é considerado de maior gravidade. As veias geralmente estão 
mais próximas da superfície do corpo do que as artérias, sendo de mais fácil acesso. O san-
gramento capilar é lento e coagula espontaneamente em 6 a 8 minutos. 
2.3.4. Velocidade da perda de sangue 
A perda rápida de 1 litro de sangue pode colocar o indivíduo em risco de vida. Quando a 
perda de sangue é lenta, o organismo desenvolve mecanismos de compensação, suportando 
melhor a situação. 
2.4. Sinais e sintomas da hemorragia 
● Pulso fraco e rápido; 
● Pele fria e úmida (pegajosa); 
● Pupilas dilatadas com reação lenta à luz; 
● Queda da pressão arterial; 
● Paciente ansioso, inquieto e com sede; 
● Náusea e vômito; 
● Respiraçãorápida e profunda; 
● Perda de consciência e parada respiratória; e 
● Choque 
2.5. Métodos de controle da hemorragia externa 
 
2.5.1. Pressão Direta 
Quase todos os casos de hemorragia externa são controlados pela aplicação depressão 
direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de co-
águlo. Preferencialmente, utilizar uma compressa estéril, pressionando-a firmemente por 10 a 
30 minutos; a seguir, promover a fixação da compressa com bandagem. Em sangramento pro-
fuso, não perder tempo em localizar a compressa (pressionar diretamente com a própria mão 
enluvada). Após controlar um sangramento de extremidade, certifique-se de que existe pulso 
distal; em caso negativo, reajuste a pressão da bandagem para restabelecer a circulação, é o 
método mais rápido e eficiente para o controle da hemorragia externa. 
 
 
 
 
 
 
2.5.2. Elevação da área traumatizada 
Quando uma extremidade é elevada, de forma que a área lesionada fique acima do nível 
do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. Aplicar este método simultanea-
mente ao da pressão direta. Não o utilizar, porém, em casos de fraturas, luxações ou de obje-
tos empalados na extremidade. 
 
 
 
 
 
2.5.3. Pressão digital sobre o ponto de pulso 
Utilizar a pressão sobre pulso de artéria quando os dois métodos anteriores falharem ou 
não tiver acesso ao local do sangramento (esmagamento, extremidades presas em ferragens). 
É a pressão aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma super-
fície óssea. É necessária habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos exatos de pres-
são das artérias. Principais pontos: 
" Artéria braquial - para sangramento de membros superiores 
" Artéria femoral - para sangramento de membros inferiores 
 
" Artéria temporal para sangramento de couro cabeludo 
" Artéria radial - sangramento da mão 
 
 
 
 
 
 
2.5.4. Aplicação de gelo 
O uso de compressas de gelo diminui o sangramento interno ou mesmo interrompe san-
gramento venosos e capilares. Nas contusões, a aplicação de gelo previne a equimose (man-
cha arroxeada). Deve-se observar o tempo de uso, evitando-se uso demasiadamente prolonga-
dos, pois diminui a circulação, podendo causar lesões de tecidos. 
2.6. Métodos de controle da hemorragia interna 
Para suspeitar que a vítima esteja com hemorragia interna, é fundamental conhecer o 
mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de hemorragias internas 
(acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões). Alguns sinais de alerta para suspeitar de 
hemorragia interna: 
" Fratura da pelve ou ossos longos (braços ou coxa), 
" Rigidez abdominal, 
" Área de equimose em tórax e abdômen, 
" Ferida penetrante em crânio, tórax ou abdômen. 
O tratamento de hemorragia interna é cirúrgico. O atendimento pré-hospitalar consiste em 
instalar duas vias venosas após garantir a respiração da vítima e transportá-la a um centro mé-
dico. Administrar oxigênio em altas concentrações durante o transporte. Para detectar hemor-
ragia interna, conhecer o mecanismo de lesão, observar lesões que possam provocar sangra-
mento interno e estar permanentemente atento aos sinais e sintomas que a vítima apresentar. 
3. Choque 
Choque é a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter suficiente san-
gue circulando para todos os órgãos do corpo. Trata-se de uma condição de extrema gravida-
de, cuja identificação e atendimento fazem parte da abordagem primária da vítima. Uma vez 
que o estado de choque atinja certo nível de severidade, o paciente não será salvo. Todo es-
 
forço deverá ser feito pela equipe de socorro para identificar o choque, tomando-se as medi-
das necessárias e transportando a vítima rapidamente ao tratamento definitivo no hospital. 
3.1. Mecanismo do choque 
Como já visto, o aparelho cardiovascular é responsável por transportar oxigênio e nutri-
entes para todos os tecidos do corpo e eliminar gás carbônico e resíduos resultantes do proces-
so de nutrição celular. Para realizar adequadamente esse trabalho, o sistema circulatório retira 
oxigênio dos pulmões, nutrientes do intestino e fígado e leva-os para todas as células do orga-
nismo. Depois disso, retira o gás carbônico e detritos celulares da intimidade dos tecidos, le-
vando-os para os órgãos responsáveis pela excreção (pulmões, rins, fígado etc.). A esse pro-
cesso, que ocorre em nível de capilares, dá-se o nome de perfusão tecidual. Para que esse sis-
tema funcione de forma eficiente e adequada, é necessário que o coração se mantenha bombe-
ando o sangue, que o volume de sangue circulante seja suficiente para encher os vasos e que o 
calibre dos vasos se ajuste às condições normais. Uma falha em qualquer desses fatores irá 
provocar falha na perfusão tecidual, levando a vítima a desenvolver o estado de choque. 
O CHOQUE PODE ESTAR RELACIONADO A: 
1. CORAÇÃO - falha de bomba 
2. SANGUE - perda de sangue ou plasma 
3. DILATAÇÃO DOS VASOS SANGUINEOS - capacidade do sistema circulatório muito 
maior que o volume de sangue disponível para enchê-lo. 
3.1. Tipos de Choque 
3.1.1. Choque hipovolêmico 
Pode ser causado pelos seguintes fatores: 
● Perda direta de sangue: hemorragia interna e externa; 
● Perda de plasma: em caso de queimaduras, contusões e lesões traumáticas; 
● Perda de líquido pelo trato gastrointestinal: provoca desidratação (vômito ou diarréia). 
 No caso de fratura de fêmur, estima-se a perda de aproximadamente 1 litro de sangue 
circulante, parte devido ao sangramento e parte à transudação (perda de plasma outros fluidos 
nos tecidos moles danificados pela fratura). Nas queimaduras, quantidade considerável de 
plasma deixa a circulação em direção aos tecidos adjacentes à área queimada. A redução no 
volume de sangue circulante causa diminuição no débito cardíaco e reduz toda a circulação 
(perfusão tecidual comprometida). O reconhecimento precoce e o cuidado efetivo no atendi-
mento do choque hipovolêmico podem salvar a vida do paciente. 
3.1.1.1. Sinais e sintomas 
 
● Ansiedade e inquietação; 
● Náusea e vômito; 
● Sede, secura na boca, língua e lábios; 
● Fraqueza, tontura e frio; 
● Queda acentuada de pressão arterial (PA menor que 90mm/Hg); 
● Respiração rápida; 
● Pulso rápido e fraco em casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil de 
sentir ou até ausente; 
● Enchimento capilar acima de 2 segundos; 
● Inconsciência parcial ou total; 
● Pele fria e úmida (pegajosa); 
● Palidez ou cianose (pele e mucosas acinzentadas); e 
● Olhos vitrificados, sem brilho, e pupilas dilatadas (sugerindo apreensão e medo). casos gra-
ves; quando há grande perda de sangue, pulso difícil de sentir ou até ausente; 
3.1.1.2. Cuidados de emergência 
O tratamento definitivo do choque hipovolêmico é a reposição de líquidos. 
O socorrista deve providenciar a chegada do profissional médico à cena do atendimento 
ou o transporte rápido para o hospital. Aplicar as seguintes medidas às vítimas em choque: 
● Tratar a causa: interromper sangramento quando acessível (usar o método da pressão direta, 
elevação do membro); 
● Assegurar via aérea permeável e manutenção da respiração; 
● Administrar oxigênio em alta concentração (12 litros por minuto sob máscara facial perfei-
tamente ajustada); 
● Imobilizar e alinhar fraturas - diminui a dor e o sangramento; 
● Confortar o paciente - quanto mais calmo, melhores chances de sobrevida; 
● Colocar a vítima em posição de choque: a melhor é em decúbito dorsal, com as pernas ele-
vadas mais ou menos 25 cm. O objetivo é concentrar o volume sangüíneo na cabeça, no tórax 
e na parte alta do abdômen. Caso

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