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RESSUCITAÇÃO CARDIOPULMONAR AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO INTRODUÇÃO - História de manobras de reanimação – época do império romano. - Parada cardiorrespiratória – conceito: · É a cessação súbita e inesperada da circulação, com inconsciência, respiração agônica ou apneia e ausência de pulso nas grandes artérias · Checar pulso até 10 segundos, o braquial em bebes e carotídeo ou femoral em crianças. Ritmos em PCR - PCR extra-hospitalar - ritmo chocável (TVSP e FV) · Fora do hospital a principal causa é FV (geralmente infarto) - PCR hospitalar – ritmo não-chocável (assistolia ventricular e AESP) · Hospitalar a principal causa é assistolia. · A assistolia na maioria das vezes é secundária, por uma evolução tardia de FV/TV, ou via final de hipóxia prolongada, acidose ou necrose miocárdica. Introdução - A RCP durante muito tempo foi caótica e desorganizada, o ACLS veio para padronizar o suporte durante a PCR. - A AHA e ACC criaram o SBV e SAVC – universal, simplificado com cadeia de sobrevivência de PCR. - Time de ressuscitação · Sinais de alerta iniciais · Resposta rápida · Emergências médicas - Cadeias de sobrevivência - Suporte básico de vida (SBV) pode ser feito por qualquer profissional de saúde ou até por leigos treinado · Ênfase em compressões torácicas; · Abordagem pré-hospitalar · Desfibrilação com desfibrilador externo automático (DEA) · C-A-B (Prioridade para a compressão) · Em ambiente externo (via pública) é garantir a segurança do ambiente - Suporte avançado de Vida Cardiovascular (SAVC) envolve procedimentos complexos (exige a participação do profissional de saúde/médico) · Abordagem hospitalar · Medicações, desfibrilação, via aérea definitiva e diagnóstico diferencial SUPORTE BÁSICO DE VIDA Sequência CABD C - São 5º C – o 1º é Checar o ambiente e segurança 2. Checar responsividade; 3. Chamar por ajuda; 4. Checar respiração e pulso carotídeo (>=5 a =<10 seg); 5. Compressões torácicas - Responsividade e respiração – gasping e apneia - Manda alguém ligar e solicitar um DEA/Desfibrilador. Se sozinho, faça você mesmo. - Pelo menos 5 segundos, mas não mais de 10 segundos - Compressões torácica (quando não intubado, são 30 vezes:2 ventilações), compressões 5 cm não mais de 6 cm, precisa retornar o tórax. · Braços esticados, usar a base das mãos, e ombro sobre as mãos, usar o tronco com o peso do corpo. · Frequência de 100-120/min · Retorno total do tórax · Trocar funções a cada 2 minutos · Minimizar interrupções · Profundidade 5-6 cm · Crianças >1 ano – 5cm · Crianças <1 ano – 4cm · Relação compressão/ventilação 30:2 (não intubado). · Superfície rígida – facilita a massagem, é colocada em baixo do paciente A – Abrir via aérea - Manobra de elevação do queixo - Manobra de tração da mandíbula B – Boa ventilação (2 ventilações de 1 seg) - BVM – Bolsa válvula – máscara - Duas ventilações de 1 segundo cada - Elevar o tórax - Evitar hiperventilação - “Você para a compressão e faz a ventilação” - Ventilação no SBV · Só deve ser feita se houver socorrista capacitado a fazê-lo · Não deve atrasar a compressão · Relação 30 compressões para 2 ventilações · Abertura adequada das vias aéreas · Em pacientes intubados, fazer uma ventilação a cada 6 segundos (em PCRIH) · Não deve postergar compressão ou desfibrilação D – Desfibrilação - Apenas 1 choque assim que disponível, indicada em casos de FV ou TV sem pulso. · Um choque dentro dos primeiros 3 a 5 minutos de PCR pode elevar para 40-75% o índice de reversão. - Reiniciar compressões torácicas imediatamente. Manter 30:2 - SBV Desfibrilação - Iniciada o mais precoce possível. Em locais sem suporte, iniciar o RCP enquanto o desfibrilador é providenciado - Feito com desfibrilador – por médico - Feito pelo DEA – basta ligar e seguir a orientação Ressuscitação cardiopulmonar - A chance de reversão cai de 7-10% por minuto de desfibrilação postergada · Em vigência de massagem cardíaca, diminui 3-4% por minuto. - Massagem cardíaca prolonga o tempo da FV – evita a degeneração para assistolia - Após o choque, reiniciar RCP – ciclo de compressões torácicas e ventilação (30:2) por 2 minutos. - Se não houver DEA, deve-se monitorar o paciente pelas pás do desfibrilador · AESP – pular para ABCD secundária · Assistolia – verificar se é assistolia mesmo (verificar cabos, ganho e mudar derivação), e se FV final, desfibrilar. Conclusão do SBV - Bom SBV leva a um bom SAVC - SBV inclui as intervenções que podem ser realizadas por profissionais de saúde ou leigos treinados para: · Reconhecimento das emergências comuns · Vias aéreas; · Respiração e oxigenação; · Circulação adequada; · Desfibrilação (DEA); · Acesso rápido ao SAVC. - O que o leigo reconhece como parada? · Paciente não responsivo, sem respiração ou com respiração anormal (apenas com gasping) - O que o profissional reconhece como parada? · Devem checar pulso carotídeo, do mesmo lado do socorrista, por não mais de 10 segundos. - Parou? Chame ajuda e solicite um DEA - Iniciar as compressões o mais rápido possível · Comprimir com frequência e profundidade adequadas: · 100-120 compressões/min · 2-2,4 polegadas (5-6 cm) de profundidade. Em crianças maiores de 1 ano (5cm) e menores de 1 ano (4cm). · Retorno completo do tórax entre as compressões Suporte Básico de vida para profissionais de saúde – algoritmo - SBV (Desfibrilar se indicado) · Ritmo chocável (Sim) -> RCP por 2 minutos · Monitoração · Acesso venoso periférico · Ritmo não-chocável (Não) -> RCP por 2 minutos · Monitoração · Acesso venoso periférico · Via aérea avançada SUPORTE AVANÇADO DE VIDA CARDIOVASCULAR - SAVC envolve procedimentos complexos: · Abordagem hospitalar · Medicações, desfibrilação, via aérea definitiva e diagnóstico diferencial - ABCD secundário – A (Via aérea avançada), B (Ventilação), C (Monitorização, acesso venoso e drogas), D (Desfibrilação e diagnóstico diferencial) · Acesso venoso periférico e monitorização cardíaca; · Via aérea definitiva só deve ser prioritária em caso de PCR por assistolia/AESP; · Intubação durante as compressões, se possível; · Demora maior que 30s para intubar -> 1 ciclo de RCP antes de nova tentativa. A – Via aérea avançada - Tubo orotraqueal - Máscara laríngea – protege via aérea - Comitubo (protege de broncoaspiração) - Capnógrafo – é o padrão-ouro para avaliar a posição correta do tubo orotraqueal (medida da fração do CO2 exalado) · Caso não disponível, na prática usa a ausculta, de estômago, bases e ápices pulmonares. · <10mmHg numa RCP de 20 minutos é sinal de mal prognóstico B – Ventilação - Dispositivo bolsa-valva-máscara. - Relação 30:2 se não houver via aérea definitiva. - Com a via aérea avançada, 1 ventilação a cada 6s. - PCR por ritmo chocável e duração maior que 6min, recomenda-se por uma VAD. - Baixo teor de ETCO2 em pacientes intubados após 20 minutos de RCP – baixa probabilidade de ressuscitação · Incapacidade obter um ETCO2 >10mmHg, se for abaixo de 10 mmHg é um sinal de mal prognóstico · Essa ETCO2 é encontrada no Capnógrafo · Sinal de boa RCP – Capnografia PETCO2 >10mmHg (ideal>20 mmHg); · O aumento abrupto do PETCO2 para 35-40 mmHg é razoável que houve RCE. C – Monitorização, acesso venoso e drogas - Ponto crucial na RCP - Com via aérea definitiva, perde a relação entre compressão e ventilação, devendo ser realizadas compressões ininterruptas por 2 minutos. Troca a cada 2 minutos. - Frequência de 100-120/min - As medicações são indicadas para PCR refratárias, podendo ser feita via EV ou IO. · Pode-se usar a droga no tubo - Adrenalina é a 1ª droga a ser usada · 1mg (ampola com 1mg), usada em qualquer tipo de PCR · Intervalo entre as doses de 3-5 minutos. - A vasopressina foi reintroduzida no algoritmo apesar de não apresentar vantagem em relação à epinefrina (ACLS 2019). - Amiodarona indicada em FV/TV sem pulso, aquele paciente que é refratário à adrenalina. · 300mg, 150mg no intervalo de 3-5 minutos (intercalada no ciclo) · Outra opção – Lidocaína - Sulfato de magnésio se PCR por torsade des pointes ou por HipoMg · 1-2g MgSO4 diluído em 10ml de SG 5% (2-4mL de MgSO4 50%) - Gluconatode cálcio 10% se o paciente parou por uma hipercalemia - As medicações são seguidas de 20mL de solução salina. Além disso, deve-se elevar o membro após as medicações por 10-20 segundos. · As medicações e a solução salina devem ser preparadas em seringas separadas. · Sempre administrar em bolus. · É preciso preparar as medicações antes de necessitar delas, pois o tempo é crucial numa PCR. D – Desfibrilação/diagnóstico diferencial - Em FV/TV sem pulso – desfibrilação (ou seja, o ritmo é chocável. - Choque a 120-200J (bifásico) ou 360J (monofásico) · Desfibrilação pediátrica 2-4J/kg; · Subsequentes 4J/Kg. - Iniciar o mais precoce possível o diagnóstico diferencial - Muitas das patologias são graves e não tem tratamento específico · O RCP eficaz é o único tratamento a ser feito - Acesso venoso periférico e monitorização cardíaca - Via área definitiva só deve ser prioritária em caso de PCR por assistolia/AESP - Intubação durante as compressões se possível - Demora mais que 30s para intubar – 1 ciclo de RCP Ritmos – Exemplos Ritmo não chocável – Atividade elétrica sem pulso (AESP) e Assistolia - Como identificar uma assistolia? · Ausência de atividade elétrica - Como identificar uma AESP? · É uma atividade elétrica organizada (que não é uma taquicardia ventricular) é observada no monitor, mas o paciente não responde, não responde e não tem pulso. Ritmo chocável – TV e FVSP - Como identificar uma TV? · Três ou mais complexos ventriculares prematuros sucessivamente em uma frequência maior que 100bat/minuto. O complexo QRS fica alargado - Como identificar uma FV? · Sinal elétrico de alta frequência, irregular e desorientado, sem evidência de ondas R ou T PCR por ritmo chocável PCR por ritmo não chocável Diagnostico diferencial - Causas reversíveis · 5H’s – Hipoxia, Hipovolemia, Hipercalemia/Hipocalemia, Hidrogênio (acidose) e Hipotermia. · 5T’s – Tamponamento cardíaco, Tóxicos, Tensão no tórax, Trombose coronariana e Trombose pulmonar. - Tratamento para causas de reversíveis de PCR - Soco precordial – finalização de TV instável em paciente monitorizado. NOVAS MUDANÇAS - ECMO – Muito usado na época do COVID-19 para pacientes muito debilitados que precisavam de circulação extracorpórea · Indicado para casos de parada prolongada · P. ex. paciente com hipotermia Importante saber Parâmetros de boa compressão: 1. Capnografia PETCO2 >10mmHg (ideal>20 mmHg); 2. Pressão arterial diastólica (PAD) >20 mmHg (se <20 é razoável considerar melhorar qualidade da RCP). São fatores que significam bom prognóstico no pós-PCR: 1. Tempo curto de PCR; 2. Desfibrilação precoce em ritmos chocáveis; 3. RCP de alta qualidade; 4. Ausência de hipertermia; 5. Recuperação precoce no nível de consciência. CUIDADOS PÓS-PCR - Lembrar: · Quem tem pulso, tem pressão; · Quem tem pressão, tem pulmão; · Quem tem pulmão, tem saturação. - Hipotenso com pulmão limpo – hidratar - Hipotenso com estertores – inotrópico - Normotenso com pulmão limpo – suporte - Normotenso com estertores – diuréticos/inotrópico - Cuidados pós-PCR · Suporte em UTI · Evitar febre · Vigilância · Assistência ventilatória · Manter SatO2 >= 94% · Exames – laboratório, ECG, Radiografia de tórax e sondagem vesical · CATE de urgência em PCR provável de origem isquêmica · Controle direcionada de temperatura · 32-36º por 24horas · A Modulação Terapêutica da Temperatura é uma medida eficaz para oferecer melhora na recuperação neurológica (evita Encefalopatia Hipóxica) e deve ser considerada para comatosos. · Metas hemodinâmicas · Evitar PAS <90mmHg e PAM <65 mmHg Manutenção - Amiodarona – manutenção de 150mg/10min; · 1mg/min em 6h e 0,5mg/min em 18h · O Ataque de 150mg/10min só se não foi usada a amiodarona durante a RCP. · Após a parada – fazer em bomba contínua 900mg em 24horas, onde 360mg em 6h e 540mg nas 18horas restantes. · Não fazer se a causa de parada foi Torsades de Pointes - Dopamina - Dobutamina - Epinefrina - Norepinefrina - Os betabloqueadores (VO ou IV) podem ser considerados em casos de pacientes hospitalizados pós-PCR por FV/TVSP. · Reduz mortalidade 72 horas após e em 6 meses, porém pode levar a piora hemodinâmica e exacerbar sinais de IC e causar arritmias · Fraca evidência de uso pós-PCR de rotina Cuidados pós-PCR na Pediatria - Fornecer oxigenação e ventilação adequadas - Fornecer suporte a perfusão tecidual e à função cardiovascular - Corrigir desequilíbrios de ácido-base e eletrólitos - Manter a concentração de glicose adequada - Considerar o uso de hipotermia terapêutica após RCE PCR DURANTE A GRAVIDEZ - Prioridades – RCP de alta qualidade e o alívio da compressão aorta-cava. · O deslocamento manual do útero para a esquerda pode ser benéfico durante às compressões torácicas. - A massagem não muda - Não é mais recomendado o uso da inclinação lateral. - Cesariana de emergência – deve ser considerada após 4 minutos do início da PCR materna ou dos esforços de ressuscitação (para PCR não presenciada) se não houve RCE materna - Complexidade relacionada ao nível de treinamento da equipe, etiologia da PCR, idade gestacional e dos recursos do sistema de saúde local. PROGNÓSTICO PÓS-PCR - Prognóstico após PCR · O período mínimo para reavaliar é de 72h, ou mais, se efeito residual da sedação - A doação de órgãos é individualizada - Quem tem prognóstico ruim? · PETCO2 <10mmHg; · Reflexos oculares ausentes; · Descerebração ou ausência de resposta motora à dor (glasglow motor<2); · Ausência de reflexo vestíbulo-coclear por mais de 24h (em pacientes não hipotérmicos); · Redução ou ausência de potenciais evocadas do tronco cerebral após 24hrs; · Padrão de sofrimento cortical difuso por mais de 24-72h do evento. QUESTÕES ÉTICAS NA RCP - Quando não iniciar ou interromper uma PCR? · Tema polêmico e controverso; · Medico decide a partir do tempo de parada, comorbidades ou prognóstico; · Condição inapropriada para manobras pode ser causa de não início da RCP; · Ordem expressão de não ressuscitar contraindica a RCP. - Todos os critérios forma atendidos: · PCR não presenciada pelo profissional do SME ou primeiro socorrista; · Ausência de RCE após 3 ciclos completos de RCP e análises do DEA; · Nenhum choque aplicado com o DEA (Assistolia ou AESP). - Encerramento dos esforços de ressuscitação antes do transporte por ambulância, se todos os seguintes critérios forem atendidos: · PCR não presenciada (por qualquer pessoa); · RCP não administrada por nenhuma pessoa presente; · Ausência de retorno da circulação espontânea após cuidados completos de SAV em campo; · Nenhum choque aplicado.
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