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Salonilde Ferreira Oficina pedagógica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Reitor: Ólom Anselmo de Oliveira
Vtce-Reitora: Tecia Maria de Oliveira Maranhão
Pró-Reiíor de Pesquisa e Pós-Craduação: Nilson Sena de Almeida
Din-toiui tio Centro de Ciências Sociais Aplicadas: Maria Aríete Duarte de Araújo
Coordenação di> Programa de Póx-Graduação em Educação: Betania licite Ramalho
Chefia do Departamento de Educação: Arnon Alberto Mascarenhas de Andrade
Direior da EDUFRN: Pedro Vicente Costa Sobrinho
Conselho Editorial
José Willington Germano (Presidente)
Pedro Vicente Costa Sobrinho
Marízo Vítor Pereira
Oswaldo Hajime Yamamoto
Maria Célia Ribeiro Santos de Aguiar
Renata Passos Filgueira de Carvalho
Ciclãmio Leite Barreto
Maria Bernardete Cordeiro de Sousa
Alessandra Augusto de Azevedo
Rildeci Medeiros
Capa*: Jefferson Fernandes Alves e Ivana dos Santos
Revisão de linguagem: Maria Aliete Nascimento Paiva
Diagramaçãa: Gilmar Barbosa Guedes
Normalização: Renata Passos Filqueira de Carvalho
' Baseada na produção dos alunos do Ciclo de Alfabetização da Escola Kstadual Berilo Wanderley,
sob a docência das professoras Ivaneide Ferreira da Silva e Maria das Graças Mota
Catalogação da Publicação na Fonte, UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Divisão de Serviços Técnicos
1. Ensino fundamental. 2. Oficina pedagógica. 3. Formação de
onceitos. I. Ribeiro, Márcia Maria Gurgel. I I - Ferreira. Mana Salorulde
I l l . T í l u l o .
ISBN 85-7273-155-5
RN/UF/BCZM 17/2001 CDU 37 046 12
Todos os direitos desta edição reservados à
CDUFRN - Editora da UFRN
Carnpus Universitário, s/n - Lagoa Nova - 59.072-970 • Natal/RN - Brasil
Tcl: (OXX84) 215-3236 - Telefaz: (OXX84) 215-3206
l OFICINA PEDAGÓGICA: RECURSO MEDIADOR
DA ATIVIDADE DE APRENDER
MARIA SALONILDE FERREIRA
Na tentativa de configurar o que se costuma chamar de OFICINA
ri l > , \ KX J ICA , parece útil iniciar pelo termo OFICINA,
lísse termo sugere ideias, tais como:
l Aigar onde se fazem consertos.
Lugar onde se fabricam objetos.
Inventar.
Produzir.
Criar...
Fabricar conhecimentos a partir de situações vivenciadas pelos
I K n i icipantes individualmente. Produzir coletivamente conhecimentos que
possibilitem aprofundar a reflexão sobre a educação, a escola e a prática
I1 ue nela se efetiva.
É esse o sentido que se infere da situação pedagógica denominada
como OFICINA PEDAGÓGICA.
BASES HISTÓRICAS E PRESSUPOSTOS
A utilização dessas ideias no campo da pedagogia reporta-se ao
pedagogo francês Celestin Freinet que, preocupado com a escolaridade
das crianças oriundas das camadas populares as quais, de um modo geral,
não têm acesso à escola e/ou não seguem uma escolaridade regular,
procurou aproximar a escola à realidade das mesmas. A partir dessa ideia,
propôs situações de aprendizagem semelhantes àquelas vivenciadas pelos
seus familiares, ou pelas próprias crianças. Naquela época, como hoje,
um número considerável de crianças em idade escolar se engajam ao
mercado de trabalho, dividindo com este o tempo de escolaridade ou se
ausentando totalmente da escola.
10 OFICINA PEDAGÓGICA: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO - APRENDIZAGEM
Na tentativa de reverter essa situação, Freinet propôs transformar
a sala de aula numa Oficina Pedagógica.
Para isso, faz-se necessário que a sala de aula se torne um espaço
propiciador de reflexão, troca de experiências e de processo de criação.
Nesse sentido, todos os momentos devem ser marcados pelo exercício
do pensar e do criar, pelo incentivo à descoberta de novas facetas do
conhecido e a ousadia de reelaboração, entendida como construção/
desconstrução/reconstrução do saber.
Nessa perspectiva, é importante compreender que a criança existe
com seus desejos, suas preocupações, suas experiências e vivências. É
preciso, também, reverter as relações professor - aluno e se interrogar
constantemente: como uma criança aprende?
Para responder a essa questão, o processo de aprendizagem deverá
centrar-se no aluno e em seus verdadeiros interesses, organizando-se
segundo elementos característicos de sua heterogeneidade, como:
• suas diferenças socioculturais - valores, crenças, história familiar, código
de linguagem, formas de socialização, variedade e especificidades
culturais;
• suas diferenças psicológicas - vivências e personalidades reveladas
na motivação, vontade, atenção, criatividade, energia, prazer, equilíbrio,
diferenças cognitivas expressas nos graus de aquisição dos
conhecimentos exigidos pela escola e diversidade dos processos
mentais onde se combinam representações, estágio de desenvolvimento
das funções mentais e dos processos de aprendizagem.
A Oficina Pedagógica cria um contexto em que as situações de
aprendizagem são claras, precisas e diversificadas, de forma que os alunos
aprendam a partir de seus intinerários de apropriação dos saberes e
desenvolvimento de suas capacidades.
O caráter dinâmico dessa estratégia pedagógica possibilita sua
ut i l ização em situações diferenciadas, tais como capacitação de
professores, produção de recursos pedagógicos, ensino/aprendizagem,
entre outras.
As referências à prática da Oficina Pedagógica permitem identificar
alguns elementos que a caracterizam enquanto uma prática peculiar,
l ín t ré esses elementos destacaremos:
l' IIJA H l >A< •( x MCA: RECURSO MEDIADOR DA ATIVIDADE DE APRENDER l l
r xao o l roca de experiências. Isso implica um repensar, um confronto
• Ir ( l i l r i r n l c s realidades e teorização sobre o vivencial, ou seja, confrontar
. 1 1 ) i ai ira com a teoria e avançar na construção coletiva do saber;
• p iodurao coletiva. A Oficina pressupõe criar coletivamente. Nesse
• .ní t ido, exige soma de esforços, comprometimento e competência,
roíno lambem empenho na realização das tarefas particulares para
( | i i r se possam obter resultados consistentes;
• i Ir sroberta de alternativas de solução para os impasses fundamentadas
na necessidade de transformar a realidade educacional, atualmente tão
adversa; confrontar experiências e criar estratégias.
Referindo-se à Oficina Pedagógica, Martin (1990, p.71) afirma:
1'iocuramos através desse espaço, uma atmosferafacilitadora, para que
a elaboração, o discernimento e a construção pudessem ser uma
constante no fazer coletivo.
E acrescenta:
Pode-se bem perceber quão importante é este espaço, que
proporciona o estímulo ao desafio, à interação com o novo, à
revisão do conhecimento já absorvido, ao uso do potencial interno
de cada um, à construção do não académico ao fazer pedagógico
(MARTIN, 1990, p. 80).
Nesse sentido, pode-se afirmar que um componente indispensável
para a consecução de uma Oficina Pedagógica é a participação responsável
para a produção de um trabalho coletivo.
Numa tentativa de síntese, pode-se dizer que uma Oficina
Pedagógica pode ser entendida como um espaço de trabalho que se
caracteriza pela participação responsável de cada sujeito, na execução
de uma tarefa coletiva.
A síntese é a ideia central. Ideia que permite arriscar-se na aventura
de viver a Oficina.
PROCEDIMENTOS
Centrando-se no agir, na Oficina Pedagógica encontram-se
implicados:
• sujeito da atuação - quem realiza a ação; nesse caso, o aluno;
• objeto da atuação - para onde a ação se dirige;
12 < > | |< i NA 11 l W )ÓGICA: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO - APRENDIZAGEM
• motivo <li i ai nação - a necessidade que determina e direciona o
( i > i 11| > < > i l amento , move o sujeito para o agir;
• OS i >/>/< v/m.v representação prévia dos resultados a alcançar, orientando
. I N açocs cm direção às metas;
» os i'K>cc(liinentos - operações para realizar as ações que permitem
alcançar os objetivos e metas.
As ações nela executadas, como qualquer ação humana, são atos
isolados apenas na aparência. Na realidade, essas ações encontram-se
imbricadas numa atividade mais complexa - o aprendizado - e só se
podem entendê-lasnuma relação de unidade/multiciplidade. Essa relação
permite que, para efeito didático, se destaquem três momentos, cujas
particularidades passam a ser evidenciadas.
O momento motivador - compreende as situações de aprendizagem
que propiciem as condições que impulsionam o aluno a agir volitivamente,
isto é, agir conscientemente orientado para determinados fins. Para isso,
é necessária a compreensão clara e objetiva da finalidade, por um lado;
por outro, a compreensão das condições nas quais poderá se conduzir à
prática. Na relação finalidade-condições dá-se a unidade entre fins para
os quais se orientam os motivos ocasionadores da ação e da atividade
propriamente dita. Isso mobiliza tanto os aspectos sensório motrizes,
quanto os afeti vos e intelectivos, constituindo o liame entre querer e fazer,
o qual mantém, permanentemente, o desejo de aprender, tornando a
aprendizagem significativa para o aluno.
O momento de sistematização inclui situações de aprendizagem
desencadeadoras do processo de internalização do aprendizado. Constitui-
se de situações diversificadas, obedecendo a uma gradação e continuidade
que possibilitem atingir os fins previstos, ou seja, a partir da interação social
entre professores, alunos e recursos didáticos, os alunos reelaborem
internamente os atos e ações nelas implícitos. Assim, ampliam-se os
significados atribuídos a esses fins e propicia-se, ao aluno, condições para
que desenvolvam suas funções e processos mentais, formem hábitos e
atitudes, passando a agir de forma consciente e deliberada. Nesse processo,
a interação interpessoal (professor - aluno(s), aluno (s) - aluno (s) )
transforma-se numa interação intrapessoal (cada aluno consigo mesmo). O
aprendido torna-se algo que lhe é próprio, peculiar, mesmo que o processo,
originariamente, seja social.
• 'l !' II IA l'l l >/V .( " .K A: k'l ( :URSO MEDIADOR DA ATIVIDADE DE APRENDER 13
l ' . u a mediar esse processo, é fundamental o momento avaliativo.
l I. envolve s i tuações de aprendizagem que indiquem o estágio em que
- i . l . i . i l i i n o se- encontra no seu processo de organização, unificação e
m i . n ,u, ao dos diversos aspectos do seu agir. Não se trata de um
i i i l i ' . i m e i i i o sobre o sucesso ou fracasso do aluno; ao contrário, trata-se
.1 . mu aux í l i o , tanto para o professor quanto para o aluno. O profçssor
. i l K i i j i i ia se cie informações que possibilitem organizar - desorganizar-
i ' - « n j ' , a i i i / a r a ação educativa, tornando-se capaz de acompanhar o aluno
n . , '.eu ai o de aprender. Considera, ao mesmo tempo, o que ele já é capaz
< l < I a /c r sozinho (tem domínio), o que só faz com auxílio, seja do
l n i t lcssor ou de outro aluno (está em processo de elaboração) e, também,
• • i ( u i - não é capaz de executar (o processo não se desencadeou ainda). O
. i l i n 10 poderá torna-se consciente do seu próprio aprendizado, seus avanços
G recuos (VYGOTSKY, 1987).
Nessa dupla perspectiva, as situações avaliativas indicam o que o
.1 I n no está aprendendo e em que condições.
Assim, a Oficina Pedagógica constitui-se numa estratégia para o
M KVSSO escolar, na medida que permite organizar situações de motivação,
de sistematização e de avaliação da aprendizagem, adaptadas às
necessidades e dificuldades específicas dos alunos, segundo processos
diversificados que lhes possibilitem tornar-se conscientes de suas
possibilidades e emergir o desejo de aprender e transformar as capacidades
cm competências.
Mais precisamente, a metodologia vivenciada nas Oficinas
Pedagógicas propicia o sucesso escolar pelas condições que lhes são
peculiares:
• utilizar o saber anteriormente adquirido, perceber, pelas novas ações,
os efeitos de sua atuação anterior e de suas dificuldades, podendo
verificar se esta forma de ação permite resolver problemas e elaborar
novos procedimentos de compreensão e de ação;
• interação social. A dinâmica da interação social que se processa
favorece tanto a ação quanto a troca, evidenciando-se, então, o
significado das tarefas e o interesse na sua execução. As interações
que efetivam permitem a apropriação durável do saber e dos
procedimentos, tornando o aluno, na mediação com o outro (professor
e colegas), agente de sua própria aprendizagem;
M OFICINA PEDAGÓGICA: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO - APRENDIZAGEM
• trabalho cooperativo. A realização da Oficina Pedagógica pressupõe
o trabalho cooperativo na medida que o seu contexto ultrapassa as
possibilidades de um indivíduo isolado, no sentido que propõe um
leque de situações de aprendizagem nas quais, colaborando para um
trabalho comum, cada um dispõe de um espaço/tempo onde tenha o
direito de escolher, de decidir, de inovar e assumir responsabilidades
em função do coletivo.
Enfim, a Oficina Pedagógica propõe uma abordagem que se opõe
ao mito da uniformidade falsamente democrática, segundo o qual todos
devem trabalhar no mesmo ritmo, na mesma duração e seguindo os
mesmos caminhos.
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, M. S. et ai. O Orientador Educacional e o Processo de
Reprodução das Classes Sociais na Escola. In: GARCIA, R. L.
Orientação Educacional: o trabalho na escola. São Paulo: Martins
Fontes, 1990. p. 83-103.
FREINET, C. As Técnicas Freinet na Escola Moderna. Lisboa:
Editorial Estampa, 1975.
MARTIN, L. Orientação Educacional, Teoria e Prática: repensando o
estágio. In: GARCIA, R. L. (Org.). Orientação Educacional: o trabalho
na escola. São Paulo: Edições Loyola, 1990. p. 71-81.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.
. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.