Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FESV GRADUAÇÃO EM DIREITO DIREITO CIVIL IV COISAS CCJ 0015 Edwar Felix Especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito de Vitória – FDV/ES Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo Professor da Faculdade Estácio de Sá Vitória. Advogado e parecerista. edwarfelix@gmail.com 2 DIREITO DAS COISAS � 1) Conceito � Direitos das Coisas – “O Direito das Coisas regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica”. (GOMES, Orlando. Direitos reais. 14ª ed., atualizada por Humberto Theodoro Júnior. p. 1. Rio de Janeiro: Forense, 1999) � Surge aí um primeiro aspecto dos Direitos Reais, que os distingue dos Direitos Pessoais: estes têm por objeto uma prestação humana, enquanto aqueles possuem por objeto um bem. � Duas doutrinas buscam a primazia na compreensão dos Direitos Reais. A realista, que considera o Direito Real como o poder imediato na pessoa sobre a coisa, e a personalista, que prega existir nos Direitos Reais uma relação jurídica entre pessoas, como nos Direitos Pessoais 3 TEORIA HÍBRIDA � Nelson Rosenvald e Cristiano Farias diferenciam direito subjetivo de pretensão, para concluir que a relação de direito real, enquanto situação estática, é absoluta, apresenta sujeitos indeterminados (porém determináveis) e representa a posição de domínio de alguém sobre uma coisa, pois o sujeito ativo titulariza direito subjetivo; por outro lado, uma vez violado o direito subjetivo e, consequentemente originada a pretensão, a relação jurídica de direito real passa a apresentar sujeito determinado, tendo o lesado a faculdade de reclamar o exercício do conteúdo do direito subjetivo em face do sujeito que o desrespeitou (Direitos reais. 6.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 16). 4 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DAS COISAS a) a oponibilidade erga omnes; O direito real é oponível contra todos, isto é, vale erga omnes, pois representa uma prerrogativa de seu titular, que deve ser respeitada. b) o direito de sequela; Consiste na prerrogativa concedida ao titular de direito real de seguir a coisa nas mãos de quem quer que a detenha, de apreendê- la para sobre ela exercer o seu direito real É justamente em função do direito de sequela que se exige ampla publicidade na constituição de direitos reais. Assim, os bens móveis demandam a tradição para serem onerados, enquanto os bens imóveis exigem o registro público dos ônus reais. c) a exclusividade; Diz-se não poder existir dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. 5 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DAS COISAS d) a preferência; Consiste no privilégio de obter o pagamento de uma dívida com o valor de bem aplicado exclusivamente à sua satisfação. Em caso de inadimplemento tem o credor o direito de se satisfazer sobre o valor do bem objeto de direito real, afastando outros credores que tenham apenas direito pessoal contra o devedor, ou mesmo direito real de inscrição posterior. PREFERÊNCIA E SEQUELA – DIREITOS REAIS DE GARANTIA EVOLUÇÃO PARA A PROPRIEDADE FICUCIÁRIA e) a taxatividade. São apenas os enumerados pela lei (característica da tipicidade ou numerus clausus). Não é lícito às partes, no exercício da liberdade contratual, corolário do princípio da autonomia privada, criar direitos reais não previstos em lei. 6 CÓDIGO CIVIL � Art. 1.225. São direitos reais: � I - a propriedade; � II - a superfície; � III - as servidões; � IV - o usufruto; � V - o uso; � VI - a habitação; � VII - o direito do promitente comprador do imóvel; � VIII - o penhor; � IX - a hipoteca; � X - a anticrese. � XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) � XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DAS COISAS a) Quanto à propriedade do bem - Direitos reais sobre coisa própria: apenas a propriedade. - Direitos reais sobre coisa alheia: incidem sobre bem de propriedade de outrem. Ex: hipoteca, penhor, servidão etc. Os direitos reais sobre coisa alheia podem ser: - direitos reais de gozo ou fruição - direitos reais de garantia - direito real de aquisição 7 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DAS COISAS b) Quanto aos poderes do titular do direito real - Direitos reais limitados: o titular reúne apenas algumas das faculdades inerentes à propriedade; - Direitos reais ilimitados: o titular reúne todas as faculdades inerentes à propriedade (uso, gozo, disposição e reivindicação). A propriedade é denominada jus in re propria, enquanto os demais direitos reais são também chamados jura in re aliena, ou limitados. A propriedade consiste no direito real mais amplo, derivando os demais da criação de direitos sobre uma ou mais das faculdades da propriedade (usar, gozar, fruir e dispor do bem). Assim, o usufruto, por exemplo, consiste no direito real de usar e fruir do bem. 8 OBJETO DO DIREITO DAS COISAS � Objeto de direito real tanto podem ser as coisas corpóreas, móveis ou imóveis, quanto as incorpóreas. Assim, podem existir direitos sobre direitos, que são bens incorpóreos. � O direito real pode também ter por objeto as produções do espírito humano nos domínios das letras, das artes, das ciências ou da indústria. Fala-se então em propriedade literária, artística, científica e industrial. � É importante frisar que os direitos de propriedade intelectual têm sido entendidos atualmente como direitos sui generis, pois envolvem conteúdo patrimonial (com fortes características de direito real) e conteúdo extrapatrimonial. 9 10 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E DIREITO DAS COISAS � Direito das Coisas – manifesta o exercício de um poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa � Direito Pessoal – manifesta o exercício de um direito em face de determinada pessoa � Principais distinções Direitos Pessoais Direitos Reais Relativos (eficácia entre as partes) Absolutos (eficácia erga omnes) Vincula a pessoa do credor à pessoa do devedor Vincula o titular à coisa Possuem sujeito passivo determinado: devedor Possuem sujeito passivo indeterminado Conteúdo positivo Conteúdo negativo A coisa é objeto mediato da relação A coisa é objeto imediato da relação O exercício se dá pelo intermédio de outro sujeito O exercício se dá sem intermediários Relação transitória Relação permanente Atipicidade Tipicidade 11 OBRIGAÇÕES LIMÍTROFES � 1) Obrigações propter rem Possuem natureza mista de direito pessoal e de direito real Carlos Roberto Gonçalves – “é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou detentor de determinada coisa.” Propter rem – por causa da coisa Peculiaridade – transmissibilidade automática (cotas de condomínio, IPTU, IPVA, direitos de vizinhança) � 2) Obrigações com eficácia real Têm origem natureza nitidamente de direito obrigacional, mas adquirem o atributo da sequela (vínculo com a coisa), pela adoção de uma formalidade (registro) Lei concede dimensão de direito real – Art. 576, CC (locação) – Compromisso de compra e venda de imóvel – Registro 12 CASO CONCRETO � 1) � Jarbas adquiriu de Jerônimo em julho de 2012 um apartamento localizado na praia de Balneário Camboriu. Após cinco meses morando no imóvel Jarbas foi notificado pelo condomínio para que pagasse as taxas condominiais atrasadas referentes ao período de janeiro de 2011 a junho de 2012. Jarbas contra- notificou o Condomínio afirmando que as taxas condominiais não lhe poderiam ser cobradas, uma vez que à época não era proprietário do imóvel. Pergunta-se: quem tem razão, o Condomínio ou Jarbas? Explique sua resposta e indique nela qual o prazo prescricional para a cobrança dessas taxas.13 QUESTÃO OBJETIVA 1 1) Sobre direitos reais e direitos obrigacionais é correto afirmar que: a. A expressão Direitos Reais é mais abrangente do que a expressão Direito das Coisas e, por isso, aquela é a expressão adotada pelo Código Civil. b. Tanto os direitos reais quanto os direitos obrigacionais são direitos subjetivos não patrimoniais e, por isso, o objeto de suas relações jurídicas são de natureza econômica. c. Os direitos obrigacionais são absolutos, ou seja, impõem-se erga omnes; enquanto os direitos reais são relativas e impõem-se inter partes. d. Os direitos reais são numerus clausus, sendo vedada a criação de tipos inominados. Os direitos obrigacionais são numerus apertus, podendo a autonomia privada criar tipos inominados. e. Os direitos obrigacionais se extinguem com o perecimento da coisa. Os direitos reais permanecem, ainda que o objeto da prestação tenha deixado de existir. � 14 QUESTÃO OBJETIVA 2 2) Sobre as obrigações propter rem é correto afirmar que: a. São obrigações que constituem verdadeiros direitos reais, uma vez que existem em função da existência desses. Portanto, o titular do direito real, será o titular da obrigação propter rem. b. São obrigações de natureza ambulatória, o que significa afirmar que a titularidade acompanha sempre o direito real, como é o caso da taxa condominial. c. Ocorrendo a transferência da coisa sobre a qual incide uma obrigação propter rem esta estará automaticamente extinta. d. Renúncia ao direito real libera sempre o renunciante da obrigação propter rem. e. Para a caracterização da obrigação propter rem importa identificar quem era o seu titular à época do fato gerador.
Compartilhar