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Paper sobre Aborto

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ABORTO
Abortamento é a interrupção precoce da gravidez, espontânea ou provocada, com a remoção ou expulsão de um embrião ou feto do útero materno. A prática do aborto no Brasil é considerada crime, sendo realizada legalmente apenas em casos extremos como estupro, quando existe grave risco de vida para mãe ou quando o feto tenha graves e irreversíveis anomalias físicas. Entretanto, o debate deve ser ampliado, uma vez que a proibição não impede que o mesmo ocorra e causa ainda diversos prejuízos às mulheres que recorrem a este recurso de forma clandestina, sem aparo da família, do Estado e da religião.
A questão do aborto envolve aspectos morais, éticos, legais e religiosos, e, diante disso, duas consideráveis correntes se enfrentam, defendendo ou reprovando a prática abortiva.
As causas da prática do aborto criminoso são diversas, evidenciando-se as de natureza econômica, moral ou até mesmo individual, devido ao medo, inexperiência, falta de expectativas. Desta forma, percebe-se a necessidade assegurar todas as condições para que as mulheres que optarem por ter um filho possam exercer a maternidade, garantindo mais do que o direito à vida simplesmente, mas o direito à vida com dignidade.
Argumenta Faria (2011, p. 20):
A decisão da mulher sobre interromper ou não sua gravidez faz parte do seu direito à intimidade. A restrição que o Estado impõe sobre a gestante ao negar-lhe esta escolha pode gerar diversos danos, tais como o psicológico, uma vez que a saúde física e mental pode ser penalizadas pelo cuidado com o filho. Há também a angústia, para todos os envolvidos, bem como o fato de a criança indesejada nascer numa família inapta, psicologicamente ou por qualquer outra razão, para criá-la.
Outro argumento favorável à legalização do aborto, segundo Faria (2011, p. 14), “é o numero de riscos a que se expõem as mulheres, à mercê de profissionais mal preparados e clínicas clandestinas, que operam à margem dos controles das autoridades sanitárias.” É importante salientar que esta situação é mais grave frente à população de baixa renda, uma vez que aquelas com maior poder aquisitivo têm acesso a clínicas com estrutura para a realização de tais procedimentos, muitas vezes no exterior. Assim, a proibição do aborto verifica-se mais uma forma de punir as mulheres das classes menos abastadas, colocando sua vida em risco.
Ainda em defesa da legalização do aborto, verifica-se o argumento do ginecologista Nelson Soucasaux (1993):
Considero o direito à interrupção de gestações indesejadas, isto é, o direito ao aborto, como um direito fundamental da mulher, e que inclusive se relaciona com a própria preservação do corpo feminino contra os pesados sacrifícios que a gestação e o parto impõem a este. Aqui, os tão debatidos direitos do embrião não podem prevalecer sobre os direitos da mulher que o abriga em seu corpo [...].
Sob outra análise, originadas sob a inspiração cristã, as legislações contrárias ao aborto sempre contaram com o apoio de diferentes igrejas. Essa corrente defende o direito à vida, previsto constitucionalmente, como sendo o bem maior do ser humano e que, ao realizar um aborto, mesmo logo após a concepção, a mulher estaria cometendo um homicídio, como configurado no Código Penal Brasileiro.
Em declaração oficial, CNBB (1997) expressa:
A Igreja no Brasil [...] dá, mais uma vez, através desta declaração, seu testemunho em favor da vida humana, desde sua concepção até seu desfecho natural, baseada nas graves palavras da Bíblia: "Não matarás". [...] Pois, o aborto direto e provocado [...] é sempre um atentado grave e inaceitável contra o direito fundamental à vida. É a morte deliberada e direta, independentemente da forma como venha realizada, de um ser humano. 
Neste sentido, aqueles que repudiam o aborto acreditam que a aceitação do aborto na mentalidade, nos costumes e na própria lei, é sinal de uma perigosíssima crise do sentido moral, devendo ser combatido, pois, por mais graves que sejam as justificativas, não é de forma alguma justo suprimir de forma deliberada a vida de um inocente.
Divergindo de uma visão religiosa que pune e restringe a sexualidade humana, muitas católicas reafirmam a identidade religiosa, resgatando na própria doutrina católica argumentos para que mulheres que se regem por eles encontrem conforto e respaldo em sua fé quando decidem que o melhor caminho para elas é a interrupção da gravidez. 
Podemos verificar no próprio magistério católico o recurso à consciência, pois de acordo com o catecismo da Igreja Católica, “o ser humano deve obedecer sempre ao julgamento de sua consciência”, e este juízo será a referência definitiva para estabelecer a moralidade de seu comportamento perante Deus. Por isso as feministas católicas colocam como prioridade a defesa da vida das mulheres e não a defesa de uma posição moral que se fundamenta em princípios absolutos e abstratos (Católicas pelo Direito de Decidir, 2014).
Diante de tais argumentos e reflexões acerca do tema, posiciono-me a favor da legalização do aborto, uma vez que não é aceitável que o Estado legisle acerca do uso que a mulher faz de seu próprio corpo. Conforme mencionado anteriormente, a gestação pode trazer diversas sequelas ao corpo feminino, sendo indispensável que a mulher tenha direito de decidir sobre a gravidez. O direito da gestante, um ser humano que pensa, sente e possui consciência não deve ser suprimido pelo direito de um embrião ou um feto.
Ademais, é importante ressaltar que o aborto trata-se de um problema de saúde pública e sua proibição não elimina sua utilização, pois quando as mulheres desejam interromper a gravidez, fazem-no mesmo que não seja em segurança. Soma-se ainda a questão discriminatória em relação às mulheres de baixo nível socioeconômico, que são levadas ao abortamento clandestino, sendo que as mulheres com maior poder aquisitivo podem sempre viajar para obter um aborto seguro.
Conclui-se, pois, que, apesar da ilegalidade e da proibição no Brasil, o aborto faz parte da realidade de milhares de mulheres que se sujeitam a situações de risco para que possam ter acesso a interrupção de uma gravidez indesejada, que tende a gerar graves problemas físicos, emocionais e psicológicos. Apesar de a Igreja defender o direito à vida, omite-se acerca do direito à vida das mulheres, com garantia de dignidade e bem-estar. Assim, é necessário que nosso Estado laico possa proteger as mulheres que necessitam, como seres humanos dignos, dotados de consciência e capazes de decidir o melhor para seu próprio corpo e sua própria vida.
REFERÊNCIAS
Católicas pelo Direito de Decidir. Uma visão católica a favor do aborto. Disponível em: <http://catolicas.org.br/biblioteca/artigos/visao-catolica-a-favor-do-aborto/>. Acesso em 17 jun.2016.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Declaração da CNBB em favor da Vida e contra o Aborto. Disponível em: <http://www.acidigital.com/vida/aborto/cnbb.htm>. Acesso em: 17 jun. 2016.
FARIA, V. A Legalização do Aborto e a Criminalidade. Disponível em: <http://www.emerj.rj.gov.br/paginas/trabalhos_conclusao/2semestre2011/trabalhos_22011/VivianeMendesdeFaria.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2016.
SOUCASAUX, N. As Gestações Indesejadas e o Direito da Mulher ao Aborto. Disponível em: <http://www.nelsonginecologia.med.br/womenrightabort_port.htm>. Acesso em: 17 jun. 2016.

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