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1 Direito Tributário OBJETIVOS: - Apresentar a organização do sistema tributário brasileiro; - Conhecer os princípios e as espécies tributárias; - Conhecer os direitos e deveres dos sujeitos que compõem a relação tributária 2 Antes de conhecermos os principais conceitos e características do Direito Tributário, é necessário relembrarmos que a principal função do Estado é a produção de políticas públicas voltadas para a defesa do interesse coletivo. Porém, não é possível que o Estado desenvolva qualquer tipo de ação sem o seu devido financiamento. Todos nós sabemos que as necessidades sociais são muitas e os recursos são escassos, por isso, o Estado busca elencar todas as necessidades sociais e, posteriormente, escolhe as principais a serem contempladas, sempre com foco no interesse público. Devido a essa necessidade de recursos pecuniários, para a manutenção de bens e serviços, do território e bem estar da população, é que o Estado desenvolve sua atividade financeira. A atividade financeira deve ser entendida como um conjunto de ações desenvolvidas pelo Estado com o objetivo de obter receita para o atendimento das necessidades públicas. A receita pública é o ingresso de dinheiro aos cofres do Estado para o atendimento de suas finalidades (HARADA, 2008). O Estado exerce essa atividade por meio de três frentes: pela arrecadação de tributos; pela gestão e conservação dos recursos e patrimônio público; e pela aplicação dos recursos nas necessidades coletivas. Assim, você deve ter em mente que a arrecadação de tributos é apenas uma das formas, a principal delas, que o Estado tem para garantir sua receita. Como exemplo de outras formas de aferição de Fonte:http://www.freedi gitalphotos.net/images/B usiness_People_g201- Business_Data_Analyzing _p143633.html Acessado em 12/05/14. 3 receita, temos: emissão de moeda, locação de imóveis públicos, indenização ao patrimônio público, etc. Como vimos, o tributo é a principal fonte de recursos financeiros do Estado e o Direito Tributário trata especificamente de regular essa forma de aferição de receita. Essa cobrança de tributos tem duas finalidades: - finalidade fiscal: cuja função principal é a arrecadação propriamente dita como, por exemplo, o pagamento do IPVA e do IPTU. - finalidade extrafiscal: que é a utilização da tributação para fins sociais, econômicos ou políticos. Um exemplo dessa forma de atuação é o aumento do imposto de importação com o objetivo de proteger as empresas nacionais. O Direito Tributário tem como sujeitos o credor ou sujeito ativo, que é responsável pela cobrança, administração e conferência dos tributos, e o devedor ou sujeito passivo, que tem a obrigação de pagar e/ou enviar informações corretas a respeito de um tributo. Assim, temos que a relação jurídica tributária tem um sujeito ativo vinculado a um sujeito passivo em torno de um objeto que é uma prestação de dar ou de fazer ou não fazer. A obrigação de dar sempre vai ser em dinheiro e os remete ao pagamento de tributo propriamente dito. E a obrigação de fazer e não fazer estão relacionadas a algo que o contribuinte está obrigado a fazer, além do pagamento do tributo. Para que você compreenda melhor esses conceitos, vamos analisar o imposto de renda (IR). Esse imposto incide sobre a renda 4 do contribuinte, que deve realizar duas ações distintas para seu pagamento. A primeira delas é preencher e enviar a declaração para que o fisco possa conferir e homologar posteriormente, e a segunda é o pagamento, que pode ser dividido ou em parcela única. Pois bem, assim temos que o envio da declaração é uma obrigação de fazer e o pagamento é uma obrigação de dar, todas de responsabilidade do contribuinte. Se o contribuinte não envia a declaração, ele será intimado a realizar o envio, além de pagar multa. Outra característica importante é que, no Direito Tributário, nós não temos autonomia de vontade, ou seja, a obrigação é sempre imposta pela existência de uma lei. Essa lei deve apresentar todas as hipóteses de incidência de determinado tributo, que é o que nós chamamos de fato gerador. Por exemplo, o fato gerador que enseja o pagamento do IPVA é a propriedade, plena ou não, de veículos automotores de qualquer espécie. As principais leis que regulamentam o Direito Tributário estão na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional (Lei 5172/66), que contêm normas gerais referentes à legislação tributária, de observância obrigatória pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 4.1- LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR A Constituição Federal impôs ao poder público algumas limitações no exercício da competência tributária. A delimitação dessa competência já se configura em uma limitação que impede que um ente federado passe a legislar sobre tributo que não lhe pertença. 5 Para que você visualize melhor essa situação veja o exemplo do IPTU (Imposto Territorial Urbano). Os municípios são os entes que possuem o direito de exigir o pagamento desse tributo, sendo assim, nem União ou Estados podem exigir ou regular tal cobrança porque eles não possuem competência para legislar sobre esse tributo, que é de responsabilidade de cada município. O principal objetivo dessa limitação é, portanto, impedir que o poder de tributar se sobreponha à harmonia federativa. Além dessa forma de limitação, a Constituição Federal de 1988 descreve mais dois tipos: os princípios constitucionais tributários e as imunidades tributárias. Vamos conhecê-los! 4.1.2- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS - Princípio da Legalidade: este princípio tem por objetivo a proteção e a segurança dos cidadãos. Segundo este princípio, é vedado exigir ou aumentar tributo sem lei prévia que o estabeleça. - Princípio da irretroatividade: este princípio veta a cobrança de tributos, cujos fatos geradores tenham ocorrido antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Observe o exemplo: se o fato gerador de um tributo ocorrer hoje e a alíquota prevista em lei for de 5% com data de vencimento para trinta dias, e dentro desse prazo houver aumento do valor da alíquota para 10%, qual delas deve ser aplicada? De acordo com o princípio da Fonte:http://www.freedigitalphoto s.net/images/businessman-holding- money-cash-dollars-in-hands- photo-p236514 Acessado em 12/05/14. 6 irretroatividade, a alíquota correta é a de 5%, pois era a que estava em vigor na época da ocorrência do fato gerador. Porém, segundo o Código Tributário Nacional (CTN), a retroabilidade da lei em alguns casos, veja: Art. 106 do CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática Por fim, em caso de extinção ou redução de algum tributo, a lei somente retroagirá para alcançar situações passadas se houver previsão expressa na mesma. Alíquota: é o ou valor fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para o cálculo do valor de um tributo. A alíquota será um percentual quando a base de cálculo for um valor econômico, e será um valor quando a base de cálculo for uma unidade não monetária. As alíquotas em percentual são mais comuns em impostos e as alíquotas em valor ocorrem mais em tributos como empréstimo compulsório, taxase contribuição de melhoria. Fonte: www.wikipedia.org 7 - Princípio da anterioridade: este princípio proíbe expressamente que União, Estados, Distrito Federal e Municípios cobrem tributo no mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei que o instituiu ou aumentou. E também antes de ocorridos noventa dias da data em que foi publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Essas regras permitem que o contribuinte planejem suas atividades sem o risco de sofrerem cobrança imediata de tributo. Assim, diante de uma hipótese em que um tributo é instituído ou majorado em um ano, a sua aplicação será possível apenas a partir do exercício financeiro seguinte, com observância do prazo mínimo de noventa dias contados a partir da publicação da lei. Para facilitar a compreensão dessas regras, observe os exemplos: É permitida, pela Constituição Federal, a criação do Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF), mas ele ainda não foi instituído. Dessa forma, se caso ele fosse criado em 01/12/14, ele só poderia ser exigido em 01/03/15, porque observou-se a regra do exercício financeiro seguinte e depois contou-se noventa dias. Agora observe o seguinte: se o IGF fosse criado em 01/06/14, ele poderia ser exigido em 01/01/15, porque, ao aplicarmos a regra dos noventa dias, o prazo continuou dentro do mesmo exercício financeiro mas, considerando a outra regra, sua cobrança só será possível no exercício financeiro seguinte. Conheça algumas exceções à aplicação dessas regras observando o quadro abaixo: Fonte:http://www.fre edigitalphotos.net/im ages/Money_g61- Money_Concept_p80 135.html Acessado em 12/05/14. 8 Exceções ao princípio da anterioridade –regra do exercício financeiro seguinte (art 150,III, “b” e 150,§1º) Exceções ao princípio da anterioridade – regra da noventena (art, 150, III, “c” e 150, §1º) Exceções ao princípio da anterioridade do exercício seguinte e da noventena II, IE, IPI, IOF Imposto extraordinário de guerra Empréstimo compulsório de guerra ou calamidade pública Restabelecimento da cide-combustível e ICMS combustível Contribuições da seguridade social II, IE, IR, IOF Imposto extraordinário de guerra Empréstimo compulsório de guerra ou calamidade pública Fixação da base de cálculo do IPVA e IPTU II, IE, IOF Imposto extraordinário de guerra Empréstimo compulsório de guerra ou calamidade pública - Princípio da Capacidade Contributiva: este princípio diz que é preciso respeitar e considerar a capacidade contributiva de cada cidadão, demonstrada por meio de manifestação de riqueza, de forma que o pagamento de um tributo não seja tão oneroso para o contribuinte de forma a afetar severamente a vida compatível com a dignidade humana. - Princípio da Isonomia: de acordo com este princípio, o ente arrecadador de um tributo deve tratar igualmente os contribuintes que se encontram em situação econômica igual, ou seja, possuem 9 capacidade contributiva equivalente, e os desiguais na medida de suas desigualdades. - Princípio da Proibição do Confisco: este princípio proíbe a tributação abusiva, ou seja, aquela que retira excessivamente do contribuinte seus meios de sustento. -Princípio da Liberdade de Tráfego: de acordo com este princípio, é proibido o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens através da cobrança de tributos interestaduais ou intermunicipais, com exceção da cobrança de pedágio. - Princípio da Uniformidade da Tributação: este princípio proíbe que a União institua tributo que não seja uniforme em todo território nacional ou que, de alguma forma, implique em distinção de Estados, DF ou municípios. Porém, é admitida a concessão de incentivos fiscais para promover o equilíbrio socioeconômico entre as regiões. 4.1.3- IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS As imunidades tributárias são vedações que impossibilitam o legislador de prever uma hipótese de incidência de tributo em determinada situação. São regras, previstas na Constituição Federal, que limitam o poder de tributar que o Estado possui porque excluem uma pessoa ou situação da possibilidade de sofrer tributação. Portanto, a imunidade pode ser objetiva ou subjetiva. A objetiva é concedida em favor de uma coisa como, por exemplo, Fonte:http://www.freedigitalpho tos.net/images/Charts_and_Gra phs_g197- Dollars_And_Bar_Graph_p10957 8.html Acessado em 12/05/14. 10 livros. E a subjetiva alcança qualquer imunidade que leve em consideração a pessoa imune como, por exemplo, templos religiosos. - Imunidade recíproca: esta regra proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Trata-se de uma imunidade subjetiva, pois é direcionada às pessoas políticas e administrativas. Devemos ter em mente que esta imunidade é só para impostos, por isso, taxas e demais contribuições poderão ser cobradas. Esta regra também é válida para as autarquias, que são entidades descentralizadas da Administração Pública, cujo objetivo é a execução de serviços de interesse do Estado ou da coletividade. - Imunidade religiosa: os templos religiosos de qualquer culto também gozam de imunidade que abrange seu patrimônio, renda e serviços prestados relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que esta imunidade também se estende para lotes vagos e prédios comerciais pertencentes a estas entidades. - Imunidade dos Partidos Políticos e Sindicato dos Trabalhadores: esta imunidade atinge o patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, incluindo suas fundações, e as entidades sindicais dos trabalhadores. No entanto, a prática do STF é conceder a imunidade mesmo quando a atividade em questão não for essencial para a entidade, mas a renda decorrente da sua exploração seja destinada a uma finalidade essencial. Fonte:http://www.fre edigitalphotos.net/im ages/Religious_buildi ngs_g294- Church_p20773.html Acessado em 12/05/14. 11 - Imunidade cultural: tem por objetivo contribuir para a disseminação da cultura no país. A imunidade é válida para impostos que incidam sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. Lembre-se de que a renda resultante destas atividades é tributável. A legislação tributária também deliberou algumas imunidades específicas, vamos conhecê-las! - Imunidade do Imposto Territorial Rural (ITR) em relação às pequenas glebas rurais, desde que explorada pelo proprietário que não possua outro imóvel. O objetivo desta imunidade é incentivar os pequenos produtores rurais a permanecerem em suas atividades. - Imunidade do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio da pessoas jurídica em decorrência de fusão, incorporação, cisão ou extinção da pessoa jurídica, salvo se não se tratar de compra e venda, locação ou arrendamento. - Imunidade das receitas advindas de exportação quanto às contribuições sociais e contribuição de intervenção no domínio econômico. Imunidade do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as operações que destinem mercadorias ou serviços ao exterior. Perceba que a concessão dessas imunidades é de extrema importância para as empresas nacionais que se dedicam à exportação de seus produtos, porque contribuem para que os mesmos não sejam agregados ao valor final dos produtos. 12 - Imunidade do ICMS para prestação de serviços de radiodifusão e de sons e imagens de recepção livre e gratuita. O interesse aqui é pela manutenção dessas atividades. -Imunidade de ICMS nas operaçõesque destinem, a outros Estados, petróleo, lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos. - Imunidade do ICMS com relação a sua incidência sobre o ouro. - Imunidade das operações relativas à energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais do país, em relação a qualquer imposto que não seja o ICMS, Imposto de Importação (II) e o Imposto de Exportação (IE). - Imunidade da aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social com relação às contribuições sociais de custeio à seguridade social. - Imunidade para todos os impostos federais, estaduais e municipais nas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. - Imunidade a contribuições para a seguridade social das entidades beneficentes de assistência social. 4.2- OS TRIBUTOS Antes de conhecermos as espécies tributárias, vamos analisar o conceito de tributo que está presente no Código Tributário Nacional. Fonte:http://www.freedigitalphotos.net/i mages/stack-of-thai-coins-baht-photo- p190088 Acessado em 12/05/14. 13 Art. 3º CTN: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda, ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Para fins didáticos, analisaremos este conceito de forma particionada. - Prestação pecuniária compulsória: isso quer dizer que, ocorrido o fato gerador, surge uma relação jurídica (sujeito ativo + sujeito passivo) tendo por objetivo uma prestação (unilateral) estabelecida por meio de lei instituidora do tributo. O caráter compulsório do tributo se mostra claro, já que o contribuinte não pode se eximir de seu pagamento. - Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: “exprimir em moeda” significa poder representá-la como, por exemplo, pagamento em cheque. - Que não constitua sanção de ato ilícito: o fato gerador de um tributo tem que ser sempre um fato lícito. Assim, não é possível tributarmos o tráfico de drogas ou o jogo do bicho, por exemplo, por serem atividades consideradas ilícitas. Porém, se um traficante compra um carro ou uma casa com o dinheiro desta atividade, ele está obrigado ao pagamento do IPVA e do IPTU. - Deve ser instituído em lei: em observância ao princípio da legalidade já apresentado anteriormente. - Cobrança mediante atividade plenamente vinculada: ocorrido o fato gerador da obrigação, o fisco tem que realizar a cobrança do crédito nos termos da lei. Só serão responsáveis pela cobrança e 14 fiscalização dos tributos os entes indicados por lei e que façam parte da Administração Pública. 4.2.1- ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS - Imposto O fato gerador que enseja a cobrança de um imposto é uma situação independente de qualquer atividade estatal voltada a atender interesse específico do sujeito passivo/contribuinte. Isso quer dizer que o imposto é um tributo não vinculado, porque quando pagamos o Imposto de Renda (IR), por exemplo, não vamos receber algo do Estado imediatamente. -Taxa As taxas são cobradas pelos entes federativos no âmbito de suas atribuições. Seu fato gerador é o exercício regular do poder de polícia, ou utilização específica ou potencial do serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição Trata-se de um tributo vinculado e sua base de cálculo deve refletir o custo da atividade estatal relacionada. Assim, podemos analisar a taxa paga para emissão de passaporte, onde o contribuinte paga por um serviço público específico de concessão, cujo valor tem que ser uma proporção razoável entre o custo e a manutenção dessa atividade, dividido por todos os usuários desse serviço. Fonte:http://www.fre edigitalphotos.net/ima ges/Money_g61- A_Piggy_Bank_With_E uro_Currency_p38596. html Acessado em 12/05/14. 15 É preciso destacar que o uso de bem público não é fato gerador de taxa, ou seja, o fisco não pode cobrar dos cidadãos uma taxa para todos aqueles que quiserem frequentar uma praça, por exemplo. Base de cálculo é uma ordem de grandeza que se presta a mensurar o fato descrito na forma tributária, possibilitando a quantificação do tributo - Contribuição de Melhoria Trata-se de um tributo vinculado à atividade estatal cujo fato gerador é a realização de obra pública que gere valorização pecuniária ao imóvel beneficiado. Essa contribuição, segundo o artigo 81 do CTN, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Dessa forma, cada beneficiário não pode suportar mais do que o benefício obtido, e a arrecadação não pode ultrapassar o custeio da obra pública. Vamos analisar o seguinte exemplo: a prefeitura da cidade de “Milagres” vai realizar a construção de uma praça como uma tentativa de revitalização do “Bairro da Luz”. Assim, a casa de Maria sofrerá uma valorização de R$ 20.000,00 e a de José R$ 5.000,00, por Fonte:http://www.freedigitalphotos.n et/images/business-man-wealthy- photo-p249497 Acessado em 12/05/14. 16 isso, o fisco poderá cobrá-los apenas este valor, mesmo que o total da obra tenha sido de R$200.000,00. - Empréstimo Compulsório Este tributo é destinado ao atendimento de situações excepcionais e consiste na retirada compulsória de determinada quantia de dinheiro dos contribuintes, a título de empréstimo, e posterior resgate de acordo com o termos estabelecidos na lei que o autorizou. Portanto, é obrigatório que a lei autorizativa do empréstimo compulsório deva fixar obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate pelos contribuintes. Segundo o artigo 148 da Constituição Federal de 1988, a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; para investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Por fim, é necessário dizer que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição, ou seja, se esta arrecadação era destinada a atender problemas de alguma calamidade, ela não pode ser realocada posteriormente para o financiamento de outro programa do governo. - Contribuições Especiais Estas contribuições estão descritas nos artigos 149 e 149A da Constituição Federal e são divididas em contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico, de interesse das categorias 17 profissionais ou econômicas e para custear o serviço de iluminação pública. A principal característica deste tributo é que a própria Constituição definiu expressamente a finalidade de arrecadação, ou seja, o destinado desta arrecadação é vinculado a determinada atividade, exercida por entidade vinculada ao Estado, em função da defesa do interesse público. - Contribuições sociais Estas contribuições se subdividem em contribuições sociais gerais, de competência exclusiva da União, e contribuições sociais dirigidas ao custeio da seguridade social. Elas representam um conjunto constituído de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, que tem como objetivo assegurar direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Como exemplo dessas contribuições, destaca-se a contribuição para a financiamento da seguridade social (Cofins), que incide sobre o faturamento das empresas, e o Programa de Integração Social (PIS), que incide sobre o faturamento e folha de saláriosdas empresas Fonte:http://www.freedigit alphotos.net/images/carto on-businessman-on-top-of- gold-coin-photo-p263984 Acessado em 12/05/14. 18 Vale dizer que somente a União tem a competência para tributar sobre tais contribuições. Os Estados, Distrito Federal e Municípios passam a ter esta competência somente quando se tratar de contribuição para custeio de regime próprio de previdência social cobrado de seus servidores. - Contribuição de intervenção no domínio econômico – CIDE Tratam-se de tributos de competência exclusiva da União e que possuem natureza extrafiscal, ou seja, são destinados não apenas ao abastecimento dos cofres públicos, mas objetiva alcançar fins sociais, econômicos ou políticos através da regulação desses tributos. A contribuição mais relevante é a CIDE-combustível, que incide sobre a comercialização dos combustíveis em geral. O aumento ou diminuição de suas alíquotas gera impacto direto nos preços dos combustíveis e, consequentemente, na economia do país. - Contribuição de interesse das categorias profissionais É de competência exclusiva da União a instituição desta contribuição, buscando favorecer os interesses de categorias profissionais e econômicas para custear suas atividades fiscalizadoras e representativas. Como exemplo, têm-se as contribuições sindicais. - Contribuição de iluminação pública Esta contribuição, destinada ao custeio da iluminação pública, é de competência de Municípios e do Distrito Federal e poderá ser cobrada na fatura de consumo de energia elétrica, devendo respeitar os princípios da legalidade e da anterioridade. 19 4.3- OBRIGAÇÂO TRIBUTÁRIA A obrigação tributária é compreendida como um instituto que relaciona diretamente o fisco com o contribuinte e que tem por objetivo uma prestação prevista em lei. Sendo assim, quando o contribuinte pratica algo no mundo real, essa atitude é classificada como um fato. Se este fato praticado for igual ao que está descrito hipoteticamente na lei, a consequência é que ele gerará incidência de um tributo. Portanto, a obrigação tributária surge a partir da ocorrência do fato gerador. O Código Tributário Nacional subdividiu a obrigação tributária em principal e acessória, em que a obrigação principal sempre representará uma prestação de dar, e a obrigação acessória sempre será uma obrigação de fazer ou não fazer. As obrigações acessórias existem para auxiliar as atividades de arrecadação e fiscalização do fisco. Segundo o artigo 115 do CTN, o fato gerador dessa obrigação é qualquer situação descrita na legislação que corresponda à prática ou à abstenção de ato que não configure obrigação principal. Como exemplos de obrigação acessória, destacam-se: a declaração do imposto de renda, a emissão de nota fiscal, a permissão para fiscalização dos livros contábeis por ente público. Fonte:http://www.freedigitalphot os.net/images/Money_g61- Money_Bank_p21495.html Acessado em 12/05/14. 20 Há duas questões importantes a saber: o cumprimento da obrigação principal não exime o contribuinte do cumprimento da obrigação acessória. E quando não há cumprimento da obrigação acessória, ela será convertida em obrigação principal, porque vai ensejar a cobrança de multa que é uma obrigação de dar e, por isso, uma obrigação principal. 4.4- SUJEITO ATIVO É a pessoa jurídica de Direito Público titular de competência para exigir e fiscalizar o cumprimento da obrigação tributária. Essa competência é indelegável. 4.5- SUJEITO PASSIVO É a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade. Com relação à obrigação principal, o sujeito passivo pode ser o contribuinte, quando ele mesmo praticou o fato gerador, ou o responsável, quando mesmo sem ter praticado o fato gerador, ele é obrigado por lei a realizar seu pagamento. Obrigação tributária (relação jurídica) = sujeito passivo (tem o dever de pagar o tributo) + sujeito ativo (tem direito de receber o tributo) + prestação 21 4.6- CRÉDITO TRIBUTÁRIO Conforme já demonstrado anteriormente, a obrigação tributária surge a partir da ocorrência do fato gerador. A partir daí, forma-se uma relação jurídica entre as partes, credor e contribuinte, cujo objetivo é receber uma prestação pecuniária, ou seja, o crédito tributário. Por isso, é possível dizer que o crédito tributário tem a mesma natureza jurídica da obrigação principal, já que também se constitui por uma prestação de dar (dinheiro). Para a formalização do crédito tributário, é preciso que seja realizado um procedimento administrativo denominado lançamento, que tem como foco verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Essa atividade de lançamento é uma atividade administrativa vinculada e obrigatória ao ente responsável pelo recolhimento de determinado tributo, sob pena de responsabilização funcional. Isso quer dizer que o ente responsável pelo recolhimento e administração de um tributo é obrigado a fazer seu lançamento e, posteriormente, recolher o valor devido por ser esta uma atividade de arrecadação essencial para a manutenção do Estado. Você deve ter em mente que a lei a ser aplicada no momento do lançamento será aquela vigente na época de ocorrência do fato gerador. Portanto, é essa lei que vai nos dizer sobre a instituição do tributo e seu fato gerador, se houve majoração ou redução de suas Fonte:http://www.freedigitalphotos.n et/images/tax-pendulum-photo- p265979 Acessado em 15/05/14. 22 alíquotas, quais são as penalidades em caso de descumprimento de algum dispositivo dessa lei, se há possibilidade de exclusão, suspensão ou isenção do crédito tributário. Porém, há uma exceção em que aplica-se ao lançamento legislação posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação, quando ela tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Agora, vamos conhecer as três modalidades de lançamento que estão previstas no Código Tributário Nacional. 4.7- MODALIDADES DE LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 4.7.1- LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO Esta modalidade de lançamento ocorre quando o contribuinte ou responsável tem a obrigação de fornecer informações para a autoridade administrativa competente sobre matéria de fato que seja necessária à efetivação do lançamento. Como exemplo desta modalidade de lançamento, temos o caso do Imposto de Importação (II), em que o contribuinte é obrigado a declarar o que está comprando para que seja possível calcular o valor do imposto que deverá ser recolhido. Assim, o lançamento por declaração possui três etapas: a declaração feita pelo contribuinte ou responsável à autoridade 23 administrativa competente; o lançamento pela autoridade; e a notificação para pagamento do contribuinte ou responsável. A declaração feita pelo contribuinte poderá ser retificada a qualquer tempo, sempre que a mesma não interferir no valor do tributo devido e nem servir para aumentar seu valor. Quando esta retificação ensejar redução do valor ou exclusão do tributo, o prazo para efetuá-la vai até a data do recebimento da notificação do lançamento. A partir desta declaração, nos casos permitidos por lei, o fisco irá atribuir um valor arbitrado à base de cálculo, calcular o valor do crédito tributário e fazer o lançamento de ofício. O contribuinte que discordar dovalor lançado pelo fisco poderá impugná-lo administrativamente ou judicialmente. 4.7.2- LANÇAMENTO DE OFÍCIO Esta é a modalidade mais tradicional de lançamento no país. Nesta modalidade, todo o procedimento é feito pelo sujeito ativo, e poderá ocorrer nas seguintes situações: - quando a lei determina: nesta situação, o fisco não necessita de informação do sujeito passivo para efetuar ou revisar o lançamento já que possui cadastro dos sujeitos passivos e dados relativos à matéria tributável. Como exemplo, temos o lançamento do IPTU e do IPVA. - quando os demais tipos de lançamento não surtirem os efeitos previstos no CTN: neste caso, o fisco tem que fazer o lançamento de Fonte:http://www.freedi gitalphotos.net/images/B usiness_People_g201- Businessman_with_dollar _Head_p84899.html Acessado em 15/05/14. 24 ofício por ser uma atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Este lançamento ocorre, por exemplo, quando o fisco passa a ter conhecimento de uma omissão dolosa ou culposa do contribuinte ou responsável nos tributos sujeitos aos lançamento, por declaração ou homologação. - Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão pela mesma autoridade de ato ou formalidade especial: esta autoridade tem o dever de efetuar novo lançamento de forma a corrigir o erro anterior. 4.7.3- LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO O lançamento por homologação ocorrerá para aqueles tributos cujo recolhimento pelo sujeito passivo deverá anteceder qualquer procedimento de lançamento do fisco. Neste caso, nenhuma notificação é enviada ao sujeito passivo e nenhuma declaração é necessária antes do pagamento, ou seja, o sujeito passivo fica encarregado de realizar todas as operações sem a interferência prévia do fisco. Esta é modalidade de lançamento mais utilizada pela Administração Pública, em que esta deixa a cargo do sujeito passivo (contribuinte) todo o dever de verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação dos sujeitos da obrigação e a quantificação do crédito. Um exemplo de lançamento por homologação é o caso do 25 Imposto de Renda (IR), em que o contribuinte por si só faz o levantamento dos dados, preenche a declaração, faz o pagamento de acordo com o que foi apurado, e a conferência dos dados e do pagamento pelo fisco ocorre posteriormente. Essa homologação por parte do fisco deverá ocorrer de maneira expressa ou tácita dentro do prazo de 5 anos contados a partir do fato gerador. 4.8- SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A suspensão do crédito tributário se configura como uma forma de interrupção, de natureza temporária, da exigibilidade deste crédito. Assim, corresponde a um lapso temporal em que o fisco fica impedido de efetuar atos de cobrança do crédito tributário. Você deve atentar para o fato de que essa suspensão não é válida para as obrigações acessórias, como também não suspende que a autoridade administrativa efetue o lançamento, apenas a cobrança. O artigo 151 do Código Tributário Nacional estabeleceu quais são as causas que suspendem a exigibilidade do crédito tributário, vamos conhecê- las. - Moratória: corresponde à dilatação do prazo, que pode ser concedida pelo credor ou pelo devedor, de forma que a dívida, vencida ou a vencer, passa a ter outra data de vencimento e pode ser cumprida em uma ou mais parcelas. Fonte:http://www.fre edigitalphotos.net/im ages/Other_Business_ Conce_g200- Business_Man_With_ Dollar_p51951.html Acessado em 15/05/14. 26 Para que seja possível a concessão da moratória é necessária a criação de lei autorizativa editada pelo ente competente do tributo. Essa concessão pode ser em caráter geral ou individual, ou seja, pode valer para todos os contribuintes ou apenas àqueles que requerem pela via judicial. A moratória não pode ser concedida por prazo indeterminado e somente irá abranger os créditos que já estavam constituídos na data da lei ou despacho judicial que autorizou sua concessão, ou quando o lançamento já tenha sido iniciado naquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Por fim, é preciso esclarecer que, nos casos em que a moratória for concedida em caráter individual, não gera direito adquirido e será revogada sempre que for apurado que o beneficiado não mais satisfaça as condições exigidas para sua concessão. - Depósito do montante integral do crédito tributário: esta hipótese ocorre quando o sujeito passivo, ou seja, o contribuinte, tem por objetivo evitar a incidência de acréscimos legais (juros de mora e penalidades). Segundo a súmula 112 do Superior Tribunal de Justiça, para ter efeito de suspensão o depósito precisa ser do valor integral e em dinheiro. Porém, é vedada a exigência desse depósito como condição de aceite da ação que discutirá a exigibilidade ou não do crédito tributário. Assim, em caso de decisão judicial favorável ao fisco, ou em caso de extinção do processo sem o seu devido julgamento, o valor do depósito será remetido em prol da Fazenda Pública. 27 - Reclamações e recursos nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo: o sujeito passivo tem o direito de questionar o lançamento regularmente notificado, assim como o fisco tem o direito de rever tal ato via processo tributário administrativo. Dessa forma, enquanto não houver resolução final deste procedimento administrativo, a exigibilidade do crédito fica suspensa. - Concessão de medida liminar em mandado de segurança e concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial: se houver a concessão de qualquer uma destas medidas, o crédito tributário ficará suspenso até a decisão judicial final. - Parcelamento: o Código Tributário Nacional determina que deve ser aplicado ao parcelamento as mesmas disposições aplicadas na moratória, já estudada anteriormente. Ressalta-se que o parcelamento não exclui a incidência de juros e multa que possam existir. 4.9- EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A extinção do crédito tributário ocorre por meio de atos que façam desaparecer a respectiva obrigação. Esses atos estão dispostos no artigo 156 do Código Tributário Nacional, são eles: - Pagamento: corresponde à entrega de dinheiro do sujeito passivo ou terceiro ao credor. O contribuinte deverá cumprir a prestação tributária na repartição Fonte:http://www.freedigitalphotos.ne t/images/Money_g61- Money_p11179.html Acessado em 15/05/14. 28 competente de seu domicílio quando a lei for omissa. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, este ocorrerá 30 dias após a notificação do lançamento ao sujeito passivo. O pagamento antecipado só ensejará desconto quando houver previsão em lei, porém, se o pagamento não for efetuado no prazo, é autorizada a cobrança de acréscimos legais cabíveis. - Imputação do pagamento: ocorre quando existirem dois ou mais débitos vencidos simultaneamente para o mesmo credor e o pagamento não for suficiente para extingui-los integralmente. Nesse caso, o sujeito ativo tem o direito de realizar a imputação do pagamento, ou seja, ele irá escolher qual dívida será quitada primeiro. Segundo a legislação tributária, se houver mais de um débito em que o sujeito é responsável, deverá ser quitado primeiro a contribuição de melhoria, taxa e depois imposto. E se houver débitos de mesma natureza, deverá ser quitado em primeiro lugar o mais antigo para evitar a prescrição. Por fim, se houver débitos em igual situação, porque tiveram origem na mesma data, utiliza-se como critério de escolha a ordem decrescente dos montantes previstos. - Pagamentopor consignação: é uma faculdade que o sujeito passivo tem de efetuar o pagamento quando se encontrar impedido de cumprir a obrigação tributária pelo credor, sem justa causa ou quando existe mais de um ente exigindo o mesmo tributo. É preciso destacar que a ação de consignação só pode ter por objeto o crédito que o sujeito passivo queria pagar e não pôde. - Compensação: esta forma de extinção do crédito só é possível se os sujeitos da obrigação tributária forem, ao mesmo tempo, credor e 29 devedor um do outro. Nesse caso, as dívidas extinguem-se até o ponto em que se compensarem. Para isso, é necessário que os créditos sejam líquidos, determinados quanto ao seu valor e certos quanto a sua existência. - Transação: representa concessões recíprocas, que devem ser autorizadas por lei, entre credor e devedor para a extinção do crédito. - Remissão: é o perdão concedido pelo ente tributante, previsto em lei, para o pagamento de um tributo. A remissão pode ser concedida de forma total ou parcial, em caráter individual, por meio de ato processual da atividade administrativa, que deve ser justificado pelas seguintes situações: situação econômica do sujeito passivo; o erro do sujeito passivo quanto à matéria de fato; o diminuto valor do crédito tributário; e as considerações de equidade e situações peculiares de certa região do país. - Decadência: você deve lembrar que o fisco tem um prazo limite para realizar o lançamento, que, se não for cumprido, ele perde o direito de poder cobrar o crédito tributário. Pois bem, a decadência é uma forma de extinção do crédito tributário porque representa o perecimento deste direito de cobrança pela inércia do fisco em constituir o crédito tributário. O prazo decadencial de constituição do crédito tributário para os tributos sujeitos ao lançamento de ofício ou declaração será de 5 anos contratos: - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, por exemplo, se o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) teve seu lançamento Fonte:http://www .freedigitalphotos. net/images/dollar- sign-isolated-on- white-photo- p259605 Acessado em 15/05/14. 30 no ano de 2014, o início do prazo da decadência, de acordo com esta regra, será em 1º de janeiro de 2015. - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado: vício formal diz respeito ao não cumprimento das exigências estabelecidas para a validação do lançamento. Veja um exemplo: o IPTU teve seu lançamento constituído em 4/9/14, mas o contribuinte percebeu que a metragem do terreno estava errada e pediu que o mesmo fosse reavaliado. Essa reavaliação foi concluída em 31/3/15, por isso, é a partir desta data que se inicia a contagem de 5 anos para o fisco realizar um novo lançamento. - da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Verifique o exemplo: se o IPVA for lançado em 1º de janeiro de 2014, o prazo para sua cobrança se iniciará em 1º de janeiro de 2015. Porém, antes do início do prazo de cobrança, é solicitada informação sobre o ano do veículo para que o lançamento seja efetivado, nesse caso, ocorre a antecipação do prazo decadencial para a data dessa solicitação. Caso a notificação ocorra quando o prazo decadencial já tenha se iniciado, não haverá alteração de data. E no que diz respeito ao prazo decadencial para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo será de 5 anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. Portanto, expirado esse prazo sem o pronunciamento da Fazenda Pública, considera-se 31 homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, se o sujeito passivo declarou e não pagou ou pagou apenas parte do tributo, cabe inscrição do contribuinte em dívida ativa e posterior ação de execução fiscal para o recebimento do valor devido. - Prescrição: este preceito nos diz que a partir da data em que o lançamento torna-se definitivo em relação ao qual não sejam mais cabível recursos, o fisco tem 5 anos para promover ação judicial para a cobrança do crédito tributário. Se, por qualquer motivo, o fisco não fizer neste prazo, irá perder o direito de exigir o cumprimento da obrigação tributária. - Conversão do depósito em renda: neste caso, o depósito do montante integral efetuado pelo sujeito passivo para suspender a exigibilidade do crédito tributário converte-se em renda do fisco, extinguindo a obrigação tributária quando a ação for julgada improcedente e não couber mais recurso. - Pagamento antecipado e homologação do lançamento: o pagamento do crédito tributário e a homologação pelo fisco do lançamento em que o contribuinte já efetuou o pagamento também extinguem o crédito tributário. - Consignação em pagamento: ocorre quando o valor do crédito tributário, consignado por meio de depósito judicial, converte-se em renda da Fazenda Pública, extinguindo o crédito, desde que seja julgada procedente a ação. Fonte:http://www.freedigitalp hotos.net/images/Money_g61- Money_Su_Fondo_Bianco_p13 384.html Acessado em 15/05/14. 32 - Decisão administrativa irreformável e decisão judicial passada em julgado: qualquer decisão, seja ela em âmbito administrativo ou judicial, extingue o crédito tributário, desde que não haja mais nenhuma possibilidade de ser reanalisada. - Dação em pagamento de bens imóveis: a dação em pagamento corresponde à extinção do crédito tributário através da entrega de um imóvel para o pagamento da dívida. 4.10- EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A exclusão do crédito tributário corresponde ao impedimento legal de constituição do mesmo, estabelecido pelo ente tributante. O Código Tributário Nacional, em seu artigo 175, estabeleceu as duas espécies capazes de gerar a exclusão do crédito tributário: a isenção e a anistia. Para que se configure a exclusão do crédito, este precisa ocorrer antes do procedimento de lançamento do tributo. Se ocorrer após o lançamento, estaremos diante de um caso de remissão e não de isenção ou anistia. Assim, há necessidade de lei específica criada pelo ente responsável para que a hipótese da exclusão seja válida e, nesse caso, a exclusão do credito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias. Esta lei deve especificar condições para a concessão, requisitos exigidos e tributos a que será aplicada. - Isenção: a regra geral é que o ente competente responsável por instituir o tributo detém a competência para conceder sua isenção, porém, a Constituição Federal permite que a União conceda a 33 isenção para alguns tributos que não são de sua responsabilidade, como é o caso do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Nos casos de concessão individual de isenção, esta não gera direito adquirido e pode ser revogada sempre que o beneficiado deixar de satisfazer as condições ou deixar de cumprir os requisitos pré-estabelecidos como elementares para a concessão da isenção. A concessão da isenção também pode ser restrita a determinada região em função de condições peculiares, como, por exemplo, impulsionar as atividades econômicas de determinada região. Por último, destacamos que a isenção, que não tenha prazo ou condições estabelecidos, é revogável a qualquer tempo. Assim, não podem ser revogadas, em relação ao sujeito passivo beneficiado, as isenções concedidas por prazocerto e em virtude de determinadas condições que estejam sendo cumpridas. A única exceção, nesse caso, é a revogação da isenção quando o sujeito passivo descumprir a obrigação. - Anistia: representa o perdão das multas impostas em decorrência de infrações praticadas pelo sujeito passivo, cometidas antes da vigência da lei que a concedeu. A concessão da anistia proíbe que as penalidades sejam lançadas, mas o sujeito passivo continuará obrigado a efetuar o pagamento do crédito principal. Não pode ocorrer a concessão da anistia quando os atos forem classificados como crime ou contravenção praticados com dolo, fraude ou simulação. Fonte:http://www.freedi gitalphotos.net/images/F inance_g198- Briefcase_p126323.html Acessado em 15/05/14. 34 E, para encerramos nossa análise dos principais institutos que compõem o Direito Tributário, abordaremos a última temática que trata da restituição do crédito tributário. Vamos lá?! 4.11- RESTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO É possível requerer a restituição do crédito tributário, se o mesmo foi pago indevidamente pelo sujeito passivo, independente se tiver sido pago de maneira espontânea, ou seja, para que ocorra a solicitação da restituição, a forma em que o pagamento foi feito é irrelevante. Sendo assim, de acordo com o art. 165 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo nos seguintes casos: - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; e - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. O prazo para o requerimento da restituição extingue-se em 5 anos, contados da data de extinção do crédito tributário pela 35 cobrança ou pagamento espontâneo, ou identificação de erro, ou da data que tornar definitiva a decisão final administrativa ou judicial. Quando tratar-se de restituição em casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para pleitear a restituição é de 5 anos, contados a partir do pagamento que extinguiu o crédito tributário. Se a restituição for pedida e a autoridade administrativa negar, o contribuinte tem o prazo de 2 anos para pleitear judicialmente a anulação dessa decisão. ATIVIDADES 1- Diferencie obrigação principal de obrigação acessória. 2- Todas as obrigações tributárias estão previstas em lei? Explique. 3- O que acontece com as pessoas que possuem imunidade tributária que não cumprem a obrigação acessória? 4- Produza uma síntese com as principais características das modalidades de lançamento autorizadas pelo CTN. 5- Cite e comente duas formas de extinção do crédito tributário. 6- Explique o conceito de tributo. 36 7- Comente a frase: “A atividade financeira deve ser entendida como um conjunto de ações desenvolvidas pelo Estado com o objetivo de obter receita para o atendimento das necessidades públicas.” 8- O que são imunidades tributárias? 9- Cite e comente sobre 3 princípios constitucionais tributários. REFERÊNCIAS: BRASIL, Código tributário nacional. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.