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Estudo do Método IDEF0 para Modelagem de Processos de Negócios Daniel Paiva Fernandes Instituto de Matemática e Computação – Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) Av. BPS, 1303 – 37500-903 – Itajubá – MG – Brasil danielpfernandes@unifei.edu.br Abstract. This article defines business process, business process modeling technique and its relevance on optimization of an organizational system. Also presents IDEF0 building method, which can be applied in this type o modeling. Resumo. Este artigo define processo de negócios, a técnica de modelagem de processo de negócios e sua relevância na otimização do sistema organizacional. Também apresenta a construção do método IDEF0, que pode ser aplicado neste tipo de modelagem. Palavras-chave: IDEF0, modelagem de sistemas, processos de negócio, processos organizacionais, design de negócio. 1. Introdução Especificar os requisitos de um sistema pode ser uma tarefa árdua e ininteligível, especialmente se não houver conhecimento técnico suficiente para compreender a terminologia e conceitos utilizados na elaboração do documento. Uma maneira de tornar mais compreensível a elaboração de um sistema é através da apresentação por modelos de sistema. Segundo SOMMERVILLE (2003, p. 125), “esses modelos são representações gráficas que descrevem o problema a ser resolvido e o sistema a ser desenvolvido”. Outra vantagem na utilização dessas representações gráficas está na facilidade de visualização das funções e subfunções de um sistema, bem como todo o processo e sua interrelação com outras funções que o compõem. Através deste método é possível mapear modelos de processos, através de diagramação e, de acordo com a finalidade, criar projetos antes de sua implementação, estudar o modelo de processo, ou redesenhá- lo visando a otimização do sistema. Os modelos de sistemas podem ser categorizados em métodos estruturados e métodos orientados à objetos (LAUDON, 2000, p. 360-362). Os métodos estruturados podem ser diagramados por estruturas hierárquicas, de cima para baixo exibindo cada nível do projeto, interconectado com outros níveis e sua posição na estrutura geral. A metodologia orientada à objeto coloca dados e processos encapsulados em objetos interdependentes, de modo que possam interagir entre si livremente quando necessário. Será abordado no presente artigo, a implementação do método estruturado IDEF0 na modelagem de processos organizacionais. 2. Processos de negócio Para definirem processo de negócio (business process), LAGUNA e MARKLUND (2005, p. 1), dividem a interpretação gramatical de “negócio” e “processo”. Os autores, em latu sensu, definem empresa como uma entidade organizacional que dispõe de recursos para prover seus clientes com produtos ou serviços desejados. Segundo GONÇALVES (2000), “a empresa é uma forma pela qual nós organizamos nossos recursos de todos os tipos para realizar o trabalho que nos propusemos a fazer”. Em outras palavras, é a organização formal estabelecida para produzir e oferecer produtos e serviços, gerando resultado pretendido através de suas atividades. Voltando à segunda parte da definição de LAGUNA e MARKLUND, “processo” especifica a transformação de entradas em saídas. Transformações, por exemplo, físicas (matéria-prima em produto final), territoriais (transporte de um produto ou pessoa de uma cidade para outra), transacionais (conversão de dinheiro em ações) e informacionais (dados financeiros em relatórios informativos). Já para LAUDON e LAUDON (2007, p. 11), processos de negócio ou processos organizacionais é um “conjunto de comportamentos e tarefas logicamente relacionados para a execução do trabalho. Desenvolver um novo produto, preencher um pedido ou contratar um novo funcionário são exemplos de processos organizacionais”. Esses processos podem ser sistematizados de modo que possam ser estudados, projetados, aplicados e implementados. É possível compreender o modo como uma empresa funciona, ou seja, o fluxo de informações e atividades, em seus diferentes níveis e setores, das tarefas mais cotidianas às estruturas mais complexas. O estudo de seu funcionamento está relacionado ao resultado e eficiência da empresa, uma vez que se bem planejados e coordenados, os processos resultarão no desempenho qualitativo das áreas funcionais da organização. Portanto, a empresa ainda pode ser vista como um conjunto de processos de negócios. É importante ainda que a empresa integre seus processos de negócios para torná- la mais flexível e produtiva, permitindo assim coordenar suas atividades de maneira mais estreita e agrupada (LAUDON, 2007). 3. Modelagem de Processo de Negócio Modelagem de processo de negócios, ou BPM (Business Process Modeling), é a utilização de ferramentas capazes de expressar de maneira sistemática e padronizada a estrutura dos processos que compõem uma empresa. Para tanto, são utilizados técnicas como a organização em fluxogramas, diagramas de fluxo de controle, entre outras representações gráficas que facilitem o método de modelagem e identificação de processos de negócios. O objetivo desta técnica é facilitar a otimização de processos de negócios e sistemas organizacionais. Com a modelagem de sistemas é possível definir com mais clareza o que a empresa faz, quais são suas operações essenciais, como otimizar seu funcionamento, como agradar melhor os interesses do cliente, visualizar peculiaridades de empresa que podem interferir no seu desenvolvimento, bem como a relação entre objetos que a compõem. Assim, o analista de negócios ou gestor pode gerenciar mudanças nos processos organizacionais. Quando uma mudança numa estrutura ou função ocorre, seja ela planejada ou decorrente de um fator externo ou própria entropia do modelo, é possível visualizar quais funções são afetadas direta ou indiretamente, bem como onde, quando e o quê será necessário alterar para que seja mantida a consistência do sistema ou dos processos de negócio desejado. Também, pela utilização da técnica de modelagem de processos, é mais fácil abstrair um objeto, função ou fluxo existente naquele sistema para o estudo mais detalhado daqueles elementos específicos. 4. IDEF0 Entre as ferramentas de modelagem de sistemas de negócio, existe o método IDEF0 (Integrated Definition Method 0), que foi desenvolvido em 1993 e pertence à uma família de métodos mantida pelos Departamento de Comércio, Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia e Laboratório de Sistemas de Computação dos Estados Unidos. É uma técnica voltada à produção de modelos funcionais, ou seja, num sistema com funções, processos ou atividades. Deriva do método SADT (Structured Analysis and Design Technique), uma técnica para apresentação de ideias proposta por T. Ross em 1977 (in Structured Analysis (AS): A Language for Communicating Ideas”. IEEE Transactions on Software Engineering, vol. 3, no.1, pp. 16-34). Esse padrão foi desenvolvido como um FIPS (Federal Information Processing Standard), baseado no ICAM (Integrated Computer-Aided Manufactoring) das Forças Aéreas Americanas, um programa para desenvolver ferramentas, técnicas e processos que dão suporte à integração em manufatura. Com o IDEF0 é possível, por exemplo, representar sistemas mecânicos ou o funcionamento de grandes organizações. Sua aplicação possui largo espectro, mas seu principal foco consiste em definir, de maneira geral, os requisitos funcionais de um sistema ou empresa (atividades, ações, processos, operações). Seu objetivo é tornar mais compreensível e consistente a modelagem de sistemas “e a relação funcional e dados (sejam objetos ou informações) que suportam aintegração dessas funções.” (Processing Standards Publication 183, tradução livre). 4.1. Estrutura do método O modelo sintático/semântico do método IDEF0 consiste num conjunto de diagramas, hierarquicamente organizados, onde as funções e subfunções de um sistema são descritas dentro de caixas interligadas por setas que representam elementos de entrada, saída, controle e mecanismos. Entradas (inputs) são dados, informações ou objetos obrigatoriamente consumidos ou transformados dentro da função, para gerarem Saídas. As entradas são opcionais. Saídas (outputs), por sua vez, são resultado do processo. Controles (control) são as condições e/ou restrições fundamentais para que o processo derive Saídas corretas. São obrigatórios no processo e representam informações ou comandos, que não precisam ser consumidos no processo, ao contrário das entradas. Se no processo não for encontrado nenhum controle, uma entrada pode ser promovida a controle. Um objeto não pode ser um controle. Mecanismos (mechanisms) são as ferramentas humanas ou mecânicas usadas para que a função seja corretamente executada. Não são consumidas para gerar os dados de saída e não representam uma informação. 4.2. Notação gráfica Contextualmente, o diagrama do Método IDEF0 segue o padrão do exemplo: Figura 1. Exemplo de diagrama IDEF0 A função descrita deve ser objetiva e, preferencialmente, adotar a fórmula: <verbo no infinitivo> <objeto direto> A descrição da função é inserida dentro de uma caixa, a numeração no canto inferior direito desta caixa indica a ordem hierárquica do diagrama. Esta função é interligada à outras através de setas, conforme a Figura 2. Figura 2. Bloco de função Cada seta possui um significado. A seta entrando pelo lado esquerdo da caixa representa os dados ou objetos de entrada (input); a seta saindo do lado direito da caixa representa os dados ou objetos de saída (output); a seta direcionada na caixa pela parte de cima representa o controle (controle) e a seta direcionada na caixa pela parte de baixo representa os mecanismos (mechanism) para realização da função. Todos esses elementos são desenhado num diagrama, no formato semelhante à página a seguir: Figura 3. Página do diagrama IDEF0 O cabeçalho é composto dos seguintes elementos: no canto superior à esquerda do diagrama é inserido o nome do usuário, juntamente com a área de identificação que indica a autoria do projeto, o nome do projeto, notas, data de criação e de revisão; a seguir há as áreas para anotação do estado do modelo e do nome dos leitores; no canto superior à direita, a área de contexto que mostra o resumo do diagrama de nível superior. No centro há a área de desenho, onde será desenvolvido o processo diagramado. O rodapé do diagrama é dividido em: no canto inferior à esquerda o nome do nó, que deve ser incrementado seguindo as regras do método IDEF0; em seguida, o título da atividade demonstrada; no canto inferior à direita, há o número do nó que é dado de acordo com as regras do método IDEF0 e logo em seguida o número sequencial da página do relatório. 4.3. Construindo o relatório No método IDEF0, a primeira página do diagrama é definido por uma função base. Esta função genérica pode ser “expandida” num diagrama que apresentará como suas subfunções trabalham com maior nível de detalhe. O que pode ser melhor compreendido pela observação do exemplo a seguir: Figura 4. Expansão entre Funções ou Atividades Entre as funções desenhadas no diagrama, existe um fluxo de dados, informações e objetos, cujo tráfego é representado por setas que interconectam as caixas da atividade, conforme Figuras 1 e 2. Este fluxo respeita uma lógica própria, uma vez que as setas sempre partem ou entram de uma mesma posição da caixa. Elas indicam o fluxo de consumo e produção de uma função à outra, representando a interação às atividades daquele processo. Um fluxo demonstrado no diagrama pode ramificar em mais de uma função, criando, deste modo subfluxos, de acordo com a necessidade do projeto. 3. Conclusões Pela pesquisa bibliográfica realizada na elaboração do presente trabalho, foi possível verificar que método IDEF0 garante a construção de modelos bem estruturados em processos de negócio funcionais. Através do método, o analista ou gestor pode identificar com maior clareza cada função, quais seus requisitos, como adaptar o modelo de acordo com as necessidades de modificação das atividades do negócio, onde estão os erros e as melhores condições do sistema. Essa eficiência pode ser alcançada devido a simplicidade do padrão estabelecido na elaboração deste método, que utiliza sintaxe e semântica objetivas e intuitivas, tornando, inclusive, o projeto compreensível aos usuários que não tenham domínio do método, graças à sua inteligibilidade. Dado o modo como a construção dos projetos pode ser feita, é possível alcançar maior grau de abstração dos processos ou funções individualmente, bem como encontrar o escopo na análise do projeto sem maiores dificuldades. Referência bibliográfica Draft Federal Information Processing Standards Publication 183 (1993) “INTEGRATION DEFINITION FOR FUNCTION MODELING (IDEF0)”, http://idef.com/pdf/idef0.pdf, Acesso em Maio de 2013. Gonçalves, José Ernesto Lima (2000), Processo, que processo?, In Revista de Administração de Empresas-RAE, São Paulo: FGV, v.40, n.4, p. 8-19. Laguna, Manuel; Marklund, Johan (2005), Business process modeling, simulation, and design, Upper Saddle River: Pearson Prentice Hall. Laudon, Kenneth C. e Laudon, Jane P. (2007), Sistemas de informações gerenciais, 7ª edição. Oliveira, Mona Liza Moura de (2010), Analise da aplicabilidade da técnica de Modelagem IDEF-SIM nas etapas de um projeto de simulação d eventos discretos, Itajubá: [ s. n.] p. Dissertação(Mestrado em Engenharia de Produção) -Universidade Federal de Itajubá. Sommerville, Ian (2003), Engenharia de software, São Paulo: Addison Wesley, 6ª edição.