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O PROCESSO LEGISLATIVO - Dirley da Cunha Jr. - Resumo - 2015

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O PROCESSO LEGISLATIVO
É o instrumento através do qual o Estado cria o Direito, elaborando normas jurídicas. 
É o conjunto de atos, interdependentes e contínuos, preordenados à feitura das espécies normativas. 
Objeto: elaboração das seguintes espécies normativas:
Emendas Constitucionais 
Resultam do exercício do Poder Constituinte Derivado Reformador, realizado através do Congresso Nacional. 
Finalidade: modificação formal da CF. 
Submetem-se a um RÍGIDO processo legislativo (art. 60) dois turnos de discussão e votação em cada casa do Congresso; exigência de quórum especial de 3/5 para a sua aprovação; são promulgadas pelas Mesas da Câmara e do Senado. Não Sanção do Presidente. 
Leis Complementares
Exige um processo legislativo menos rígido (art. 69) quórum especial da maioria absoluta dos membros das casas. 
Têm âmbito material delimitado pela CF: Normas gerais de direito tributário, o sistema financeiro nacional, as finanças públicas, o Estatuto da Magistratura. 
Não são superiores às Leis Ordinárias, pois, inexiste hierarquia entre elas.
Leis Ordinárias
Espécie normativa REGRA. Processo legislativo comum. Exige-se quórum simples de maioria relativa. Art. 47. 
Leis Delegadas
Ato normativo elaborado e editado, exclusivamente, pelo Presidente da República, mediante autorização (em forma de resolução – especificando o conteúdo e termos do seu exercício) e nos limites dados pelo Congresso. 
A Constituição veda algumas matérias. 
A resolução poderá determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional. Se isso ocorrer, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. 
DÚVIDA
A professora disse, em aula, que após a criação da Lei Delegada, poderá o Presidente promulga-la e publicá-la e, nesse caso, se este fugir dos termos apresentados na resolução, poderá haver o controle repressivo de constitucionalidade por parte do próprio Congresso. Quando a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso, antes da promulgação, trata-se de controle preventivo de constitucionalidade? Se sim, me parece a opção mais razoável, ou seja, que toda resolução venha acompanhada da condição de apresentação do projeto antes da promulgação; se não foi assim que o Constituinte determinou, existe alguma restrição para que o Congresso faça isso toda vez que autorizar a criação de uma lei delegada?
Medidas Provisórias
Criação da CF88. 
Art. 62. 
Devem ser editadas pelo Presidente da República em casos de RELEVÂNCIA E URGÊNCIA e serem submetidas, de imediato, ao CN. 
Fonte inspiradora: CR Italiana, de 1947. 
Criadas em substituição aos decretos-lei
 São atos administrativos de caráter normativo.
Segundo jurisprudência do STF, podem editá-las os GOVERNADORES DE ESTADOS e do DF, desde que previstas nas suas respectivas constituições locais e obedecidas as condições formais e materiais estabelecidas na CF. 
Urgência: “quando, comprovadamente, inexistir tempo hábil para que uma dada matéria, sem grandes e inilidíveis prejuízos à Nação, venha a ser disciplinada por meio de lei ordinária” – ROQUE CARRAZA. O menor tempo para que uma lei ordinária seja aprovada é de cem dias (art. 64, §§1º a 3º). Portanto, nessa linha de raciocínio, a medida provisória só pode ser expedida para dispor sobre matéria que não possa, sem grandes e inilidíveis prejuízos à Nação, dentro desse prazo. 
Relevância: A relevância deve ser apreciada e valorada em face dos interesses do povo. 
Havendo a inexistência de uma das condições de admissibilidade, pode o judiciário declarar a inconstitucionalidade da MP (seja em sede incidental, seja em sede concentrada).
EC nº32, 2001 Trouxe inovações a esta espécie normativa: antes dela a CF não previa qualquer limitação à edição das MP’s, tampouco estabelecia restrições às reedições; limitou-se a estipular o prazo de 30 dias de vigência da MP e a exigir os pressupostos da relevância e urgência (só se submetia ao judiciário por força da separação dos poderes, excepcionalmente). Acontecia que, no 30º dia da sua vigência, caso o CN não deliberasse as MP’s, elas eram reeditadas inúmeras vezes, perpetuando-se no tempo. A EC nº 32. 2001, fixou limites materiais à MP e alterou o prazo de vigência para 60 dias, prorrogáveis pelo mesmo período (com isso proibiu-se a prática das reedições, pois os eu prazo máximo, agora, é de 120 dias). 
LIMITES MATERIAIS (vedações):
Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, paridos políticos e direito eleitoral. 
Direito penal, processual penal e processual civil
Organização do Poder Judiciário e do ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros
Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento, créditos adicionais e suplementares (ressalvado o previsto no art. 167, §3º)
Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro
Reservada a lei complementar
Matéria já disciplinada por PL aprovado pelo congresso e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. 
Se o CN, até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia da MP, as relações jurídicas constituídas decorrentes de atos praticados durante a sua vigência conservar-se-ão por elas regidas. Ultratividade jurídica das MP’s. 
DÚVIDA:
Essa ideia das relações que foram construídas em consequência da MP não me parece muito prática. Pedir para a professora dar um exemplo. 
O CN tem o prazo de 45 dias, contados a partir da sua publicação, para apreciar a medida provisória. Esse prazo é único e comum para ambas as casas do congresso. Caso não seja apreciada até este dia, entrará em regime de urgência, ficando as casas sobrestadas, até que se ultime a votação. 
A MP será inicialmente apreciada por uma comissão mista que sobre ela emitirá parecer, antes de ser apreciada, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das casas do CN. Trata-se de uma formalidade essencial que não pode ser suprimida. 
Se o PL de conversão for aprovado com alteração do texto original da MP, esta será mantida integralmente em vigor, até que seja sancionado ou veado o projeto. 
Reedição é vedada, tendo em vista o postulado da irrepetibilidade dos projetos rejeitados na mesma sessão legislativa. Art. 67. Não impede o PR de submeter à apreciação do CN, em convocação extraordinária – art. 57, §6º, II -, PL versando, total ou parcialmente, a mesma matéria que constituiu objeto de MP rejeitada pelo parlamento, em sessão legislativa realizada em ano anterior. PORÉM, A RECÍPROCA NÃO É VERDADEIRA: Não pode se valer de MP para disciplinar matéria que já tenha sido objeto de projeto de lei anteriormente rejeitado em sessão legislativa.
A revogação de uma MP através de outra, apenas suspende a eficácia da MP1, que voltará a vigorar pelo tempo que lhe reste para apreciação, caso a MP2 (revogadora) caduque ou seja rejeitada. O ato revocatório NÃO SUBTRAI ao CN o exame da matéria contida na MP1 (revogada). 
Jurisprudência do STF: MP1 é pendente de apreciação do Congresso. MP2 revoga a MP1. MP1 tem a eficácia suspensa até que haja pronunciamento do PODER LEGISLATIVO sobre a MP2. Se a MP2 for convertida em lei, tornará definitiva a revogação; se não o for, retomará os seus efeitos a MP1 até que ainda lhe restava para vigorar. ADIMC – 1665.
Decretos Legislativos
Competência exclusiva do CN. Art. 49. 
Independem de sanção e via de regra, são atos de efeitos externos. 
Resoluções 
Manifestação do CN no exercício de suas atribuições previstas nos art. 51 (Câmara) e 52 (senado). 
Independem se sanções e são atos de efeitos internos. 
ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO
Iniciativa Legislativa
Ato inaugural, o qual desencadeia o processo legislativo. 
É capacidade atribuída pela CF para propor projetos de EC ou de Leis ao Poder Legislativo competente. 
Pode ser concorrente ou geral (art. 60, I, II, III,; 61, CAPUT e §2º): Compete a qualquer membro ou órgão do Poder Legislativo, ao presidente da República ou Povo. Se a inciativa for popular, deve haver assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído em 5 estados, com não menos de 0,03% doseleitores de cada deles (art. 61, §2º). 
Reservada ou exclusiva (art. 61, §1º; arts. 93 e 96): reserva de determinadas matérias à esfera de certas autoridades ou órgãos. 
- Cabe Privativamente ao Presidente da República:
a) a iniciativa de projetos de leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas ou que disponham sobre a criação de cargos, funções, ou empregos públicos na Administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração, a organização administrativa e judiciária
b) matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
c) os servidores públicos da União e Territórios, seus regimes, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) a organização do Ministério Público e Defensoria publicada União, Estados, DF e Territórios; 
e) criação e extinção de ministérios e órgãos da administração pública, observando o disposto no art. 84, VI;
- ao STF:
a) a iniciativa de projetos de leis sobre o estatuto da magistratura
b) (e aos tribunais) iniciativa para criação e extinção dos seus cargos e serviços auxiliares, fixação dos respectivos vencimentos, alteração do numero de membros dos tribunais inferiores. Art. 96. 
- Ao PGR em concorrência com o Presidente da República:
a) iniciativa de propor a Lei Orgânica do MP. 
OBSERVAÇÃO: As regras do processo legislativo, por força da simetria, são de observância obrigatória para os Estados, DF e Municípios. 
Iniciativa legislativa vinculada: aquela em que a apresentação do PL sobre determinada questão é exigida pela CF em prazo certo. Ex. PL Orçamentária, art. 35, §2º, III. 
Casa iniciadora (regra): CÂMARA
Emendas Parlamentares 
São as modificações na matéria contida no PL. 
Emenda supressiva: a qual erradica qualquer parte de outra proposição. 
Emenda Aglutinativa: resulta da fusão de outras emendas, por conta de objetos semelhantes. Ou seja, várias emendas que viram uma. 
Emenda Substitutiva: quando altera substancialmente em seu conjunto. 
DÚVIDA:
Dirley se refere à alteração formal como emenda substitutiva. “Considera-se formal a alteração que vise exclusivamente ao aperfeiçoamento da técnica legislativa”. Não entendi que técnica legislativa ele se refere. 
Emenda modificativa: altera a proposição de forma pequena, sem alterações substanciais. 
Emenda aditiva: acrescenta nova proposição. 
Emenda de redação: quando procura sanar vício de linguagem, erros de ortografia, etc.
É vedada emenda que aumente despesas nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da república (exceto em matéria orçamentária) e nos projetos sobre a organização dos serviços administrativos da Câmara, Senado, Tribunais Federai e MP. 
Votação 
É ato decisório, por meio do qual se aprova oi não o projeto apreciado. 
Princípio da colegialidade: ato necessariamente coletivo das casas do Congresso. 
Art. 58, §2º, I. 
Quórum: 
LO maioria simples ou relativa.
LC quórum de maioria absoluta.
EC 3/5
As casas do congresso deliberam, em regra separadamente. Arts. 64,65. 
Excepcionalmente, as casas deliberam em sessão conjunta. Ex. para inaugurar sessão legislativa; elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas casas; receber o compromisso do Presidente e vice da República; conhecer do veto e sobre ele deliberar. Art. 57, §3º. 
Sessão conjunta ≠ Sessão unicameral: §4º, art. 66 e art. 3º, ADCT. 
Sessão conjunta: casas discutem juntas e votam em separado. (Votos apurados em separado).
Sessão unicameral: casas discutem e votam juntas. (Votos apurados juntos). 
Sanção e Veto
A sanção pode ser tácita – silêncio que ultrapasse o prazo de 15 dias – ou expressa. É ela quem transforma o PL em Lei. 66, caput e §3º. 
Veto: discordância

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