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Antropologia - Resumo Laplantine

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Antropologia – Laplantine
“O homem nunca parou de interrogar-se sobre si mesmo. Em todas as sociedades existiram homens que observavam homens.” (pg.7)
A história da Antropologia – Campo e Abordagem
A antropologia é uma ciência nascida na Europa e que se constituiu como saber científico a partir do final do século XVIII. Essa ciência apresenta o homem em si (e não mais a natureza) como objeto de conhecimento e aplica a ele os métodos até então utilizados na área física ou biológica. Anteriormente à antropologia, o homem era estudado pelos saberes mitológicos, artísticos, teológicos ou filosóficos, mas nunca científicos. 
Apesar de ter se constituído no final do século XVIII, a antropologia só ganhou legitimidade a partir da segunda metade do século XIX quando se envolveu em estudos sobre as sociedades ditas primitivas – exteriores às áreas de civilização da Europa ou América do Norte. Essas sociedades, primeiramente estudadas, são sociedades longínquas de dimensões restritas, tecnologia pouco avançada, pouco contato com as sociedades vizinhas e menor especialização das atividades e funções sociais que permitiram uma maior compreensão da organização complexa de nossas próprias sociedades. Ou seja, através do simples e restrito houve uma melhor compreensão do complexo.
No entanto, devido à evolução social, as sociedades primitivas foram desaparecendo e a antropologia passou a buscar um novo objeto teórico de estudo, de maneira que pudesse sair do espaço particular e pudesse estudar o homem como ser inteiro, em todas as sociedades, latitudes, estados e épocas. Ou seja, há uma fuga do espaço geográfico, cultural e histórico particular. 
O estudo do homem inteiro
“Só pode ser considerada como antropológica uma abordagem integrativa que objetive levar em consideração as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade.” (pg.9)
A antropologia, então, passa a estudar o homem integrando todos os campos que, até então, eram tratados como separados e particulares. O homem não é mais um objeto de estudo parcelado e a antropologia se divide em cinco principais áreas:
Antropologia Biológica: estudo das variações biológicas do homem no espaço e tempo que busca analisar as mudanças fisiológicas e morfológicas relacionadas ao meio ambiente e levar em consideração as influências da cultura nessas transformações, crescimento e maturação do indivíduo. Segundo essa área, o inato e o adquirido interagem continuamente. 
Antropologia Pré-histórica:estudo do homem através dos vestígios materiais enterrados no solo – ossadas, objetos, marcas de atividade humana – visando reconstituir as sociedades desaparecidas.
Antropologia Linguística: estudo da língua que permite compreender como os homens pensam, vivem, sentem, se expressam universal e socialmente, interpretam o saber e o fazer. Além de estudar a língua, estuda as diversas técnicas modernas de comunicação.
Antropologia Psicológica: estudo dos processos de funcionamento do psiquismo humano que busca compreender os comportamentos, conscientes ou inconscientes, dos seres humanos particulares.
Antropologia Social e Cultural (Etnologia):estudo da sociedade e de tudo aquilo que a constitui. É a antropologia em si.
O estudo do homem em sua totalidade
“A antropologia (...) é o estudo de todas as sociedades humanas (...) das culturas da humanidade como um todo em suas diversidades históricas e geográficas.” (pg.12)
A partir dos estudos de sociedades primitivas, a antropologia adquiriu um modo de conhecimento que observa diretamente os fatos, de maneira lenta e contínua. Esse contato com as sociedades mais distantes possibilitou também o que conhecemos como Estranhamento, ou seja, um tipo de perplexidade provocada pelo encontro de culturas distantes que nos leva a uma modificação de olhar sobre nós mesmos, sobre a nossa sociedade. Com esse estranhamento, podemos perceber que tudo aquilo que tomávamos por natural em nós mesmos, é, na verdade, cultural. 
“(...) presos a uma Única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas míopes quando se trata da nossa.” (pg.12)
Temos uma completa dificuldade de imaginar aquilo que está fora do nosso habitual, familiar, cotidiano e que consideramos “evidente”, e através desse contato com o outro podemos nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, passamos a nos enxergar de outra maneira. Por esse motivo, é inevitável que o conhecimento da nossa cultura passe pelo conhecimento de outras culturas e que o pensamento antropológico saiba aceitar igualmente a diversidade das culturas.
“A abordagem antropológica provoca (...) uma verdadeira revolução epistemológica, que começa por uma revolução de olhar. Ela implica um descentramento radical, uma ruptura com a ideia de que existe “um centro do mundo”.” (pg.13)
Os mais diversos comportamentos humanos e os mais diversos modos de vida em sociedade são produtos culturais.
Dificuldades da Antropologia
Etnologia ou antropologia? 
Qual o nível de cientificidade da antropologia? O homem está em condições de estudar cientificamente o homem?
Relação ambígua que a antropologia mantem com a história.
A mudança constante da prática antropológica e de seu objeto de estudo – a oscilação.
Levi-Strauss acreditava que o saber científico sobre o homem era muito primitivo com relação ao saber sobre a natureza.
Campo de pesquisa muito extenso.
Capítulo 1 – A Pré-História da Antropologia
Com o Renascimento, espaços que até então não tinham sido explorados começam a ser conhecidos, e a religião começa a elaborar discursos sobre os habitantes que povoam estes espaços. Surge a seguinte pergunta: o selvagem possui uma alma? E a partir dessa discussão, surgem duas ideologias que se opõem: a recusa do apreendido (do selvagem) e a fascinação pelo apreendido.
A figura do mau selvagem e do bom civilizado
Ideologia que recusa o apreendido. Faz-se do selvagem o inverso do civilizado.
Durante os séculos XVII e XVIII, o Renascimento falava dos selvagens de maneira que pudesse traçar uma diferença marcante entre o que é animal e o que é humano. A partir dessa maneira de enxergar os selvagens, inicia-se uma exclusão dos mesmos da sociedade.
“(...) não acreditando em Deus, não tendo alma, não tendo acesso à linguagem, sendo assustadoramente feio e alimentando-se como um animal (...).” (pg.28)
Durante essa ideologia, o selvagem é tratado como diferente, anormal, negativo devido às suas influências da natureza, inúteis para si mesmos e para a sociedade. De Pauw e Hegel são pensadores que defendem essa visão.
A figura do bom selvagem e do mau civilizado
“A figura de uma natureza má na qual vegeta um selvagem embrutecido é eminentemente suscetível de se transformar em seu oposto: a da boa natureza.” (pg.32)
Ideologia que fascina o apreendido. Faz-se do selvagem um ser ameaçador ao civilizado, uma vez que aparece como melhor que este. As repulsões contra o selvagem vão se transformando em fascínio e ele passa a ser visto como melhor, positivo, bonitos. 
Os selvagens passam a ser monstros que acrescentam à civilização e que a ela tem muito que ensinar; aqueles que, felizmente, não são obrigados a adquirir tarefas industrias, mas só o contato com a natureza; os trabalhadores e corajosos; profundamente religiosos que vivem em harmonia e que compartilham tudo; o bonito.
Capítulo 3 – O tempo dos pioneiros: os pesquisadores eruditos do século XIX
Após os séculos XVII e XVIII, que foram marcados pela curiosidade e pela coleta de dados alheatória, sucessivamente, inicia-se o século XIX marcado pelas conquistas coloniais, a constituição da antropologia moderna e mudanças de pensamentos.
A partir do aparecimento da “viagem filosófica” no final do século XVIII e das grandes mudanças socioeconômicas geradas pelas Revoluções Francesa e Inglesa (fim do Feudalismo e nascimento do Capitalismo) surgem as grandes dúvidas com relação a distinção entre o cientificismo e o filosófico.
A concepção Evolucionista do século XIX traz uma mudança de pensamento quanto ao selvagem e esse passa a ser visto como primitivo,ou seja, o ancestral do civilizado. A partir dessa mudança de pensamento, a antropologia passa a ficar ligada ao conhecimento das nossas origens, das formas mais simples de organização social e mentalidade que evoluíram para as formais mais complexas. O ser humano passa a ser visto como aquele que se desenvolve em ritmos desiguais para alcançar um único fim: a civilização.
O acesso às civilizações mais primitivas se dá através do conhecimento e da exploração dos parentescos estabelecidos e da religião, sendo que a religião terá mais atenção e se tornará a base do Evolucionismo. Entender as civilizações mais primitivas é compreender a existência das sociedades civilizadas.
Diferentemente da Etnografia que busca a coleta de dados em uma única sociedade, a época evolucionista busca compreender, de forma extensa, todas as culturas. Por esse motivo, podemos considerar o evolucionismo pela origem da antropologia, mas não são por suas técnicas que tentaram explorar as sociedades de forma extensa, ao invés de focar na especialização.
A antropologia da época apresenta uma grande dificuldade em explicar a universalidade e a diversidade dos comportamentos, das crenças, das práticas sociais. Além disso, apresenta a função de mostrar que as disparidades culturais são resultantes de situações econômicas e comparar as práticas sociais da população.
A antropologia só entra no campo da ciência quando rompe com o segmento evolucionista, pois para existir conhecimento científico deve existir um modelo de organização, sistematização e processamento de dados.
Capítulo 4 – Os pais fundadores da Etnografia: Boas e Malinowski
“A etnografia propriamente dita só começa a existir a partir do momento no qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua própria pesquisa, e que esse trabalho de observação direta é parte integrante da pesquisa.” (pg.57)
No século XX, o pesquisador compreende que precisa sair do escritório para compartilhar a intimidade com os objetos de estudos (a sociedade/cultura que deverá ser estudada). Ele aprende não apenas a conviver entre eles, mas a viver com eles, a falar e pensar suas línguas, sentir suas emoções. A antropologia se torna uma atividade ao ar livre que terá como fonte de pesquisa o trabalho de campo.
Boas (Naturalista): era, antes de tudo, o homem do campo.
Boas, como um dos fundadores da Etnografia, acreditava que em trabalho de campo tudo, desde o material das casas até as melodias cantadas, deveria ser anotado de forma detalhada. Para ele, um costume só tem significado se for relacionado com o contexto no qual está inserido e um antropólogo/etnólogo consegue, por si, dar conta de uma microssociedade a partir do momento que tem acesso à língua da cultura estudada. A maneira como as sociedades classificam as suas atividades mentais e sociais deve ser levada em consideração, por isso o objeto da ciência para ele não será nobre nem indigno.
A partir de Boas, o teórico e o observador se unem.
Malinowski (Funcionalista): rompeu, ao máximo, os contatos com o mundo europeu.
Malinowski propõe o isolamento completo da cultura que se pretende estudar para que o antropólogo esteja, exclusivamente, no trabalho de campo. Para ele, penetrar na mentalidade dos outros e compreender de dentro o que sentem os homens e mulheres pertencentes a determinada cultura é essencial para o trabalho da Antropologia.
O costume ou mesmo um objeto, por mais simples que pareçam ser, apresentam o perfil do conjunto de uma sociedade. Além disso, para Malinowski a sociedade deve ser estudada em sua totalidade, tal como funciona no momento em que está sendo observada (Observação Participativa/Participante). 
Essa Antropologia desenvolvida por esse fundador da Etnografia acaba por virar as costas ao evolucionismo, que busca as reconstituições das origens da civilização, e procura se dedicar ao estudo das lógicas particulares de cada cultura, uma vez que cada uma apresenta a sua significação e coerência.
Malinowski irá desenvolver o Funcionalismo que defende a ideia de que a cultura satisfaz as necessidades de seus membros através da elaboração de instituições econômicas, políticas, educacionais. A partir disso, o homem passa a ser estudado através de três articulações: social, psicológica e biológica.
Capítulo 5 – Os primeiros teóricos da Antropologia: Durkheim e Mauss
Durkheim e Mauss surgem para dar à Antropologia um verdadeiro objeto científico, a constituição de um quadro teórico, conceitos e modelos próprios da investigação social. 
Durkheim: acreditava que os materiais recolhidos pelos etnólogos nas sociedades primitivas eram necessários para o entendimento da sociedade atual.
Segundo ele, existe uma especificidade social que foge das fronteiras psicológicas, biológicas, geográficas. Um fato social deve ser buscado em outros fatos sociais anteriores e não nos estados de consciência individual.
“Os fatos sociais são “coisas” que só podem ser explicados sendo relacionados a outros fatos sociais.” (pg.68)
Mauss: acreditava que a sociologia é uma parte da antropologia.
Segundo ele, o fenômeno social é uma integração de diferentes aspectos constitutivos de uma dada realidade social: psicológicos, biológicos, históricos, religioso e por isso devemos observar o ser em sua totalidade para compreender o social. A consciência individual é parte do social e para compreender um fenômeno social em sua totalidade, é preciso enxerga-lo tanto com uma visão de etnólogo quanto com uma visão de ator social que vive aquele determinado fenômeno.

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